SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.
terça-feira, 17 de dezembro de 2024
SOBRE OS 70 ANOS DA UFC E A PERSISTÊNCIA DA EXCLUSÃO, VIOLÊNCIAS E DESTRUIÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO CEARÁ.
sábado, 16 de novembro de 2024
A epidemia de ansiedade com matemática no Brasil e no mundo revelada por estudo da OCDE.
A epidemia de ansiedade com matemática no Brasil e no mundo revelada por estudo da OCDE
![Professora mostra lousa com cálculos para aluno](https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/640/cpsprodpb/3b41/live/a45a4280-a1a1-11ef-bdf5-b7cb2fa86e10.jpg.webp)
Crédito,Getty Images
- Author,Letícia Mori
- Role,Da BBC News Brasil em São Paulo
- Twitter,@_leticiamori
A principal pesquisa internacional sobre educação, feita pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), mostra que os estudantes estão desenvolvendo uma postura cada vez mais negativa em relação ao aprendizado de matemática.
O Pisa (Programa para a Avaliação Internacional dos Estudantes, na sigla em inglês) mostra que houve um aumento acentuado no nível de ansiedade em relação à matemática entre os alunos da grande maioria dos 81 países avaliados, especialmente no Brasil.
Na média dos países da OCDE e parceiros, 65% dos estudantes têm ansiedade em relação às suas notas em matemática e cerca de 40% dos estudantes ficam nervosos, tensos ou desamparados resolvendo problemas matemáticos. No Brasil, esses índices são ainda mais altos: 79,5% e 62,3% respectivamente.
Divulgados nesta quarta (13/11), os dados mostram uma análise mais profunda dos resultados dos testes aplicados em 2022, pouco após o fim da epidemia de covid-19.
O relatório é a continuação da primeira parte do estudo, publicada em 2023. O Pisa é realizado a cada três anos pela OCDE em 81 países, entre membros e parceiros da organização. Na edição de 2022, que teve participação de cerca de 700 mil estudantes de 15 e 16 anos, a matemática foi o foco da prova.
Na maioria dos países houve um aumento nesses índices de ansiedade em relação à matemática em comparação com 2012, com Europa e América Latina tendo aumentos significativos. Coreia do Sul, Singapura e Tailândia foram os únicos países onde os índices de ansiedade caíram entre 2012 e 2022.
Segundo a OCDE, esses resultados são preocupantes. “Isso pode impactar não apenas desempenho, mas sua prontidão para o aprendizado ao longo da vida”, diz o relatório. “Essa descoberta também sugere que o bem-estar dos jovens se deteriorou, e são necessárias políticas públicas para cuidar da saúde mental dos alunos.”
A cada edição, o Pisa escolhe um tema para fazer um aprofundamento — em 2022, o estudo se dedicou a entender como os alunos lidam com estratégias de aprendizado e quais suas posturas em relação à vida.
Questão de confiança
![Logo: A Raposa](https://ichef.bbc.co.uk/images/ic/512x512/p0k38tc4.jpg.webp)
Uma tonelada de cocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
Episódios
Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa
Um dos principais índices analisados foi a chamada autoeficácia dos alunos: “o quanto os alunos acreditam em suas habilidades e capacidades de praticar certas atividades e realizar tarefas, mesmo quando encontram dificuldades”.
“A autoeficácia tem a ver com o aluno aprender a controlar seus impulsos e emoções para ter disciplina de aprendizagem voltada para o atingimento de metas”, explica a especialista em educação Cláudia Costin, ex-diretora global de Educação do Banco Mundial.
“Tem a ver com o quanto o aluno consegue ser o protagonista da própria vida escolar para realizar seu projeto de vida”, explica Costin.
O Pisa 2022 mostrou que paises com os menores níveis de autoeficácia foram também os que tiveram maiores níveis de ansiedade com a matemática. É o caso da Argentina, do Brasil, de Brunei, Camboja, Chile, Costa Rica, República Dominicana, Guatemala, Malásia, México e Filipinas.
“Alunos mais confiantes e alunos menos ansiosos fazem mais perguntas quando não entendem algo que está sendo ensinado”, diz o relatório. “Eles são mais proativos e mais motivados em seu aprendizado.”
“Todas as estratégias de aprendizado e motivações sustentadas ao longo da vida estão relacionadas a alunos que se sentem mais confiantes para resolver tarefas matemáticas e menos ansiosos sobre matemática, independentemente de seu desempenho”, destaca o trabalho.
![Alunos em sala de aula](https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/640/cpsprodpb/3a29/live/1e758ff0-a163-11ef-bdf5-b7cb2fa86e10.jpg.webp)
Crédito,AFP
Pensar matematicamente
No Brasil, os problemas no ensino da matemática vão ainda mais longe, afirma Claudia Costin.
“Temos um problema grave de ensino de matemática independentemente de ansiedade e independente da pandemia”, afirma ela.
Nos resultados da primeira parte do Pisa 2022, que mostravam o desempenho dos alunos nas provas, a média de pontos do Brasil (veja os gráficos abaixo) foi de 379 em Matemática, 93 pontos abaixo da média da OCDE (de 472 pontos).
![gráfico](https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/640/cpsprodpb/dbcc/live/e6c609e0-a162-11ef-8ab9-9192db313061.png.webp)
Como em todas as outras edições da avaliação, realizada desde 2000, os resultados de 2022 mostram que a condição socioeconômica dos alunos está diretamente relacionada ao desempenho em matemática. O fator socioeconômico é responsável por 15% da variação no desempenho dos alunos tanto no Brasil quanto na média da OCDE.
No entanto, mesmo os alunos mais ricos no Brasil tiveram um desempenho em matemática abaixo da média da OCDE. Os alunos brasileiros em todos os estratos sociais tiveram um desempenho em matemática abaixo dos alunos com perfil socioeconômico parecido em países com o mesmo perfil do Brasil, como Turquia e Vietnã, diz o relatório da OCDE.
“Os resultados mostraram que 73% dos alunos brasileiro não chegaram ao nível básico de conhecimento. Isso é gravíssimo, realmente inaceitável”, diz Costin.
A especialista aponta que este resultado está ligado ao fato de que no Brasil não ensinamos os alunos a pensar matematicamente.
“É uma questão de método e de preparo do professor. É preciso que os professores tenham uma didática específica para matemática, que ensine os alunos a pensar matematicamente em vez de apenas resolver exercícios”, afirma ela.
Como o ensino de matemática no Brasil é muito focado em fórmulas e na resolução de exercícios, diz Costin, o aluno memoriza e sabe responder nas provas, mas em uma prova minimamente diferente, como a do Pisa, ou na aplicação do conhecimento na vida real, o aluno fica perdido.
Os resultados do Pisa sobre a ansiedade mostraram essa dificuldade: mesmo os alunos que se mostraram confiantes em sua habilidade de resolver exercícios na sala de afirmaram ter pouca confiança para aplicar os conhecimentos no dia a dia.
Para mudar esse cenário, é fundamental que o Brasil mude a formação que os professores têm recebido na faculdade, segundo Costin. Além de uma didática específica para matemática, é preciso maior diálogo entre teoria e prática.
“Os professores precisam ser ensinados da mesma forma que vão ensinar os alunos”, afirma. “Como o professor vai passar confiança, melhorar a autoeficácia dos alunos, se muitas vezes ele próprio não tem essa autoeficácia?”
Para Costin, outro fator é o tempo de aula.
“Países com bons sistemas educacionais têm entre sete e nove horas de aula por dia. No Brasil, o ensino fundamental tem só quatro horas de aula. Isso é muito insuficiente”, afirma Costin.
Segundo a OCDE, países que tiveram menores índices de ansiedade e melhor desempenho em matemática, como Coreia do Sul e Singapura, se destacaram também pela relação positiva dos professores com os alunos.
“Países como Coreia e Singapura demonstraram que é possível estabelecer um sistema educacional de primeira linha mesmo partindo de um nível de renda relativamente baixo, priorizando a qualidade do ensino e com mecanismos de financiamento que alinham recursos com necessidades”, escreve Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE, no relatório.
Para garantir que todos os alunos atinjam um nível mínimo de conhecimento, Singapura oferece opções de aulas diferentes para alunos de acordo com seu grau de aprendizado.
Segundo o estudo, isso faz com que os alunos com mais dificuldade recebam o reforço necessário para ter os conhecimentos que vão usar durante a vida, ao mesmo tempo que fornece aprofundamento para os que têm mais interesse e aptidão.
quarta-feira, 6 de novembro de 2024
UM MAL EXEMPLO PARA O MUNDO! AS ELEIÇÕES VIROU BUSINESS DE APRENDIZES SEM LEI, INSENSÍVEIS ÀS VIDAS E A MISSÃO DO ESTADO, CONSTITUIÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS.
Têm ao certo, a medida da maldade
E há tempos, são os jovens que adoecem
E há tempos, o encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
E só o acaso estende os braços
A quem procura abrigo e proteção.
terça-feira, 22 de outubro de 2024
4 dados que mostram por que Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, segundo relatório.
4 dados que mostram por que Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, segundo relatório
![Pessoas buscando comida entre alimentos descartados, em foto de outubro de 2021](https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/640/cpsprodpb/28BD/production/_121992401_gettyimages-1236344907.jpg.webp)
Crédito,Getty Images
- Author,Daniela Fernandes
- Role,De Paris para a BBC News Brasil
O Brasil permanece um dos países com maior desigualdade social e de renda do mundo, segundo o novo estudo lançado mundialmente nesta terça-feira (7/12) pelo World Inequality Lab (Laboratório das Desigualdades Mundiais), que integra a Escola de Economia de Paris e é codirigido pelo economista francês Thomas Piketty, autor do bestseller O Capital no Século 21, entre outros livros sobre o tema.
O novo Relatório sobre as Desigualdades Mundiais é o segundo realizado desde 2018 e teve a colaboração de cerca de uma centena de pesquisadores internacionais.
O documento de mais de 200 páginas inclui análise sobre o impacto da pandemia de covid-19, que exacerbou o aumento da fatia dos bilionários no total da riqueza global. Pela primeira vez o estudo inclui dados sobre as desigualdades de gênero e ecológicas (a pegada de carbono entre países ricos e pobres, mas também entre as categorias de renda).
O estudo se refere ao Brasil como "um dos países mais desiguais do mundo" e diz que a discrepância de renda no país "é marcada por níveis extremos há muito tempo".
O texto afirma que as diferenças salariais no país foram reduzidas desde 2000, graças sobretudo à política de transferência de renda do Bolsa Família e ao aumento do salário mínimo. Ao mesmo tempo, os níveis extremos de desigualdade patrimonial no país continuaram aumentando desde meados dos anos 90.
"Entre os mais de 100 países analisados no relatório, o Brasil é um dos mais desiguais. Após a África do Sul, é o segundo com maiores desigualdades entre os membros do G20", disse à BBC News Brasil Lucas Chancel, principal autor do relatório e codiretor do Laboratório das Desigualdades Mundiais.
A seguir, quatro dados do novo relatório que mostram por que a desigualdade de renda e de patrimônio no Brasil é uma das maiores do mundo:
1. Os 10% mais ricos no Brasil ganham quase 59% da renda nacional total
No Brasil, a renda média nacional da população adulta, em termos de paridade de poder de compra (PPP, na sigla em inglês), é de 14 mil euros, o equivalente a R$ 43,7 mil, nos cálculos dos autores do estudo. Os 10% mais ricos no Brasil, com renda de 81,9 mil euros (R$ 253,9 mil em PPP), representam 58,6% da renda total do país. O estudo afirma que as estatísticas disponíveis indicam que os 10% mais ricos no Brasil sempre ganharam mais da metade da renda nacional.
![Área mais rica do Rio de Janeiro em contraste com favelas](https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/640/cpsprodpb/D7BD/production/_121992255_gettyimages-150590553.jpg.webp)
Crédito,Getty Images
O Chile, que não integra o G20, tem números equivalentes (58,9%) ao Brasil em relação à fatia de renda dos mais ricos. O país sofreu nos dois últimos anos uma onda de violentos protestos por melhores condições de vida. Nos Estados Unidos, país com fortes desigualdades sociais, os 10% mais ricos ganham 45% da renda geral do país, ressalta Chancel. Na China, esse índice é de 42%. Na Europa, ele se situa entre 30% e 35%, completa o economista.
Já o 1% mais rico no Brasil, com uma média de renda de 372 mil euros (quase R$ 1,2 milhão), em paridade de poder de compra, leva mais de um quarto (26,6%) dos ganhos nacionais.
2. Os 50% mais pobres ganham 29 vezes menos do que os 10% mais ricos
A metade da população brasileira mais pobre só ganha 10% do total da renda nacional. Na prática, isso significa que os 50% mais pobres ganham 29 vezes menos do que recebem os 10% mais ricos no Brasil. Na França, essa proporção é de apenas 7 vezes.
"O Bolsa Família conseguiu reduzir uma parte das desigualdades nas camadas mais pobres da população", diz Chancel. Mas em razão da falta de uma reforma tributária aprofundada, além da agrária, a desigualdade de renda no Brasil "permaneceu virtualmente inalterada", já que a discrepância se mantém em patamares muito elevados, aponta o estudo.
3. A metade mais pobre no Brasil possui menos de 1% da riqueza do país
As desigualdades patrimoniais são ainda maiores do que as de renda no Brasil e são uma das mais altas do mundo. Em 2021, os 50% mais pobres possuem apenas 0,4% da riqueza brasileira (ativos financeiros e não financeiros, como propriedades imobiliárias). Na Argentina, essa fatia da população possui 5,7% da fortuna do país.
4. O 1% mais rico possui quase a metade da fortuna patrimonial brasileira
Os 10% mais ricos no Brasil possuem quase 80% do patrimônio privado do país. A concentração de capital é ainda maior na faixa dos ultra-ricos, o 1% mais abastado da população, que possui, em 2021, praticamente a metade (48,9%) da riqueza nacional. Nos Estados Unidos, o 1% mais rico detém 35% da fortuna americana.
O relatório afirma que a desigualdade de riqueza cresceu no Brasil desde meados dos anos 90, em um contexto de desregulação financeira e falta de uma reforma fiscal mais ampla.
![Sem-teto em São Paulo, em foto de arquivo](https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/640/cpsprodpb/18401/production/_121992399_gettyimages-691213448.jpg.webp)
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De acordo com o estudo, o patrimônio do 1% da população mais rica do planeta vem crescendo entre 6% e 9% ao ano desde 1995, enquanto, na média, o crescimento de toda a riqueza gerada no mundo foi de 3,2% ao ano. Esse aumento global, diz o relatório, foi exacerbado durante a pandemia de Covid-19. O Brasil seguiu essa tendência: o patrimônio do 1% mais rico no Brasil passou de 48,5% em 2019 para 48,9% do patrimônio total em 2021, afirma Chancel, que considera a progressão "significativa".
Segundo ele, os ultra-ricos no mundo aumentaram suas fortunas porque há uma desconexão entre a economia real, duramente afetada pela crise sanitária, e as bolsas de valores.
Sistema tributário
O estudo sobre a Desigualdade Mundial sugere opções de políticas para redistribuir renda e riqueza, como a taxação progressiva de multimilionários, o que permitiria investimentos em educação, saúde e transição ecológica. O texto defende que o surgimento de Estados de bem-estar social no século 20 estava ligado ao aumento de impostos progressivos.
O principal autor do estudo à BBC News Brasil defende que a falta de uma reforma fiscal ambiciosa no Brasil, que tornasse o sistema tributário mais progressivo, dificulta a redução das desigualdades.
O Brasil é um dos poucos países no mundo que não cobra imposto sobre dividendos (uma parcela do lucro das empresas distribuído aos acionistas), por exemplo.
Para Lucas Chancel, a criação de um imposto sobre dividendos, paralisada no Congresso, é uma boa iniciativa, mas é necessário ir além. Ele sugere o aumento da tributação sobre a herança no Brasil (na França, a alíquota pode chegar a 60%) e a taxação progressiva do estoque de capital, o que poderia incluir um imposto sobre a fortuna.
![Notas de real](https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/640/cpsprodpb/191D/production/_121992460_7eefd7ab-b709-41d7-84be-27856d5e274a.jpg.webp)
Ele diz que o Bolsa Família, uma iniciativa positiva que contribuiu na redução de parte das desigualdades, acabou sendo pago, em parte, pela classe média e camadas populares. Isso porque o programa de transferência de renda não foi acompanhado de uma reforma fiscal que aumentasse a contribuição da elite econômica de acordo com suas capacidades.
O país, diz ele, acaba sendo "um exemplo infeliz da adoção de um programa de redistribuição de renda sem modificar estruturalmente, ao mesmo tempo, quem vai pagar o imposto" que financia a medida, ressalta. O mesmo ocorre agora em relação ao novo Auxílio Brasil.
Dados globais do estudo
Na Argentina, que vem enfrentando graves crises econômicas, as desigualdades se situam um pouco abaixo da média na América Latina, embora permaneçam elevadas, ressalta do estudo. Os 10% mais ricos do país ganham quase 43% da renda nacional e possuem 58,2% da fortuna (no Brasil esse número é de 79,8%).
As regiões com maiores desigualdades sociais no mundo são a África e o Oriente Médio. Na Europa, a renda dos 10% mais ricos representa cerca de 36%% do total, enquanto no Oriente Médio e Norte da África, ela atinge 58%, número similar ao do Brasil.
Os 10% mais ricos do mundo ganham 52% da renda mundial, enquanto os 50% mais pobres recebe apenas 8,5% do total. As diferenças são ainda maiores em relação ao patrimônio: a metade mais pobre possui apenas 2% da riqueza mundial (no Brasil é menos de 1%), enquanto os 10% mais abastados possuem 76% da fortuna global.
Desde 1995, o 1% mais rico do mundo levou 38% do aumento da riqueza global, enquanto os 50% mais pobres ficaram com apenas 2% da fortuna adicional acumulada no mundo nesse período.
A pandemia de covid-19 exacerbou as disparidades. O ano passado marcou o maior aumento na fortuna dos bilionários, que cresceu US$ 3,7 trilhões, o equivalente aos orçamentos de saúde do mundo todo, segundo o relatório.
O estudo afirma que após três décadas de globalização comercial e financeira, as desigualdades globais permanecem extremamente significativas. Em 2021, elas estão no mesmo nível do que eram no início do século 20, época do chamado imperialismo moderno ocidental, com colônias e territórios que criaram disparidades econômicas entre os países. Além disso, a renda dos 50% mais pobres no mundo hoje é a metade do que era em 1820.
O relatório também leva em conta a desigualdade de renda relacionada ao gênero. No mundo, as mulheres ganham, em geral, um terço dos homens. O Brasil tem desempenho igual à média dos países ricos da Europa: os salários da população feminina brasileira representam 38% da renda total do país.