SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

SOBRE OS 70 ANOS DA UFC E A PERSISTÊNCIA DA EXCLUSÃO, VIOLÊNCIAS E DESTRUIÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO CEARÁ.





O que define o conhecimento superior nas Universidades no mundo é a capacidade crítica e criativa. Se faz necessário refletir o contraditório, a antítese do que em 70 anos as Reitorias da UFC não fizeram ou poderiam ter feito mais. Afinal muitos discursos públicos são em nome dos pobres, dos estudantes, suas famílias, e das comunidades mais vulneráveis onde muitas vezes são produzidos e negados os conhecimentos. Sobre a função social da UFC. 

Carcará
Pega, mata e comeCarcaráNão vai morrer de fomeCarcaráMais coragem do que homemCarcará
Pega, mata e come.



A homenagem a Maria Bethânia é um bom começo sobre as razões de sua arte, cultura e poesia. As letras falam por si mesmas, assim como sua crítica aos muros da Universidade no discurso que agradeceu o Doutorado e o pedido de outra educação na Universidade que enfrente a exclusão, que una sentido, sentimentos e razão. Mas o quanto as Reitorias em 70 anos fizeram  em prol dessa mudança na educação ? O quanto reforçam um modelo de educação em que 60 % dos cearenses não concluíram o ensino médio, que reforça bilionários e uma economia que privilegia poucos em detrimento da pobreza e desigualdades que atingem a maioria da população, uma UFC que lutou contra a ditadura militar mas cala para Ditadura da corrupção e oligarquia que mantém esses modelos nas últimas décadas. É simbólico que um prédio da UFC funcionará no antigo Aquário, onde se enterrou centenas de milhões em corrupção no Governo da Oligarquia. No Ceará, com milhares de jovens mortos pela violência, o crime enterra corpos, não podemos como sociedade nos calar para corrupção e enterrar os direitos de vidas dos pobres cearenses roubados em prédios. Nem fazer parte de uma política cultural comandada pela oligarquia que privatizou equipamentos culturais sobre o controle da Oligarquia, e nega a democracia, o acesso à cultura e a falta de transparência como vimos recentemente na lei Paulo Gustavo. O corredor cultural para além da Avenida da Universidade, Reitoria e Dragão do Mar tem que ser pensado no que gera a exclusão e negação da autonomia de milhares de produtores de culturas neste estado. 

Afinal a violência histórica no Ceará se dá pela construção de prédios, praias para estrangeiros, bilhões em incentivos fiscais, que nega um mínimo de cidadania e dignidade para maioria dos cearenses. Ao invés disso, fortalecemos privilégios de famílias que vivem da política há décadas com péssimos resultados sociais, morte de milhares de jovens e mulheres. Negando inclusive a ciência e a crítica social como nas politicas públicas, apesar da existência dos cientistas chefes, ou no caso do TCE com um fake news da futura conselheira sobre a luta das mulheres. 

A política de construção e abandono de prédios na UFC merece uma pesquisa, principalmente se comparado com a política de extensão e estudantil que exclui e leva ao abandono de jovens pobres e das comunidades onde moram. Jovens que levaram décadas de suas vidas estudando para chegar à Universidade merecem condições melhores de ensino, aprendizagem e permanência na Universidade. Assim como o conhecimento que melhore as vidas das comunidades pobres que pagam os salários dos professores e mantém a Universidade pública. A extensão é um dos melhores caminhos agora por lei.  

Nos últimos dois anos temos lutado com a Reitoria da UFC para levar projetos de extensão com ciência para o Jangurussu com poucos avanços. Assim como no último mês levar a comunidade para comemorar os 70 anos na UFC, não com cursos e projetos sociais que não mudam vidas, conforme os parâmetros da ciência ou as vozes democráticas da comunidade, poucos escutadas e negadas. Não se trata de um grande evento, nem da entrega de homenagens a privilegiados, nem de prédios, nem vender projetos de professores para o Governo, mas um ato para escutar o que pensam as comunidades sobre a Universidade, mas que também não teve nenhum apoio, pelo contrário.

Claro que vários professores da UFC ao longo de 70 anos dedicaram suas vidas às lutas políticas e sociais, a extensão e produção de conhecimento em nome dos excluídos e trabalhadores. Em nome deles, uma outra Universidade é possível como Maria Bethania homenageada nos 70 anos da UFC clamou a gestão universitária presente no evento. Essa é a maior homenagem que a UFC pode fazer nesses 70 anos; essa é a maior diferença que o atual Reitor Custodio pode fazer é plantar um legado social que olhe de frente para a pobreza e as desigualdades que sofrem os cearenses, quer seja para propor caminhos ou denunciar.  Nunca mais a omissão de gestões anteriores é a nossa esperança.         



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