Nunca encontrei o meu lugar na política da forma como a maioria das pessoas nos diz que deve ser. Entre a rebeldia de um guerreiro disposto a lutar por causas e a submissão voluntaria a um grupo, um status quo de um Estado, aonde buscam manter o poder do grupo.
Sabemos que todo poder tem um lado mago do profeta e outro legislador que organiza a casa. O profeta segue em frente enquanto o legislador estabelece as normas para que a casa funcione todo dia. Dois polos: um claro outro escuro, um violento outro calmo, porem complementares e necessários um ao outro.
Porem a guerra na sociedade acorda a todos e continua, de que lado você esta ? dos que passam fome ou dos que tentam organizar os alimentos que sabemos que não dá para todos! Os exércitos, os bandos, os bárbaros sempre invadem a organização de seu Estado, de seu poder de controlar e de sua soberania, em busca de algo que lhes faltam, que necessitam, usam a força, a violência.
O que nao é possível trocar, dialogar, fazer política, resta a luta, o conflito, eu diria o sonho do paraíso de bandos conduzidos por guerreiros ou profetas em busca de tomar o Estado, o poder, através de outras justiças, através muitas vezes de crueldades incompreensíveis.
Este jogo do poder se dá como um xadrez, aonde cada peça tem seu papel num espaço determinado, o Estado , ou numa guerra sem papeis e espaços determinados. Uma peça do Estado cumpre seu papel interiorizado em sua função, enquanto um guerreiro irrompe em todos os lugares, em busca de outra justiça, outros movimentos.
Os poderosos se assustam quando eles chegam, de onde saíram ? não estavam todos controlados, negociados ? Não conseguem enxergar as grandes obras e os poderes do Estado ? e aonde esta a policia, a mídia, a justiça ? O guerreiro não respeita nossos nobres, sacerdotes e leis? Ele trai tudo ? não compreende o Estado e as cidades ? Os Guerreiros impõe uma velocidade a lógica do poder, talvez porque conheçam Maquiavel, e sabem que a justificativa do poder não é a vida da maioria, apenas o poder que nunca se satisfaz , muitas vezes as custas do sofrimento da maioria, as causas da maior parte das guerras, as injustiças, a miséria, as dores que tentam calar suas vozes.
Esta guerra é infinita e em algum momento o guerreiro tem que parar. Ele pode condenar seu futuro e impor seu furor contra si mesmo . Ele luta por sua independência mas cria o Estado e pode ser julgado por ele. A sua luta exterior por dias melhores para todos pode ser vencida pelo seu Estado interior que necessita se organizar e legislar para viver em um mundo sem guerras. Ele não pode trair a luta e a conquista de seu povo, a lei coletiva, a paz.
Sim! mas os nossos sentimentos são arrancados de nossa interioridade, a dor do outro, as injustiças, que nos levam de volta a guerra, aos sonhos, as profecias de que este Estado não é suficiente para declarar paz a todos. De que precisamos de heróis, de guerreiros, talvez mais do que legisladores, que se somam aos milhares sem respostas e vazios diante dos desafios que nos acordam a noite, antes mesmo de dormimos na solidão do consumo de um planeta destruído sem feliz cidades.
E nesta hora que o amar ou odiar das maquinas de guerras nos fazem repensar, criar, outras formas de Estado, que incorporem novos desafios, lutas, vidas, sonhos. Não podemos nos pautar que as relações humanas evoluem de forma progressiva , como podemos observar pelas guerras, que o Estado ao buscar manter seus órgãos de poder garanta a paz, que o guerreiro ao colecionar façanhas também muitas vezes morre só e sem poder, ás vezes o chefe não são os mais fortes, mais os que amam mais.
As vezes mais do que o Estado, precisamos de bandos bons para enfrentar os bandos que controlam o Estado. O centro do poder não comove mais e não consegue socializar o que o mundano alcança. Os bandos são maquinas de guerra diante da insensibilidade política e da ausência de justiça social de frágeis poderosos. Eles querem a disciplina de todos , quando eles são os primeiros a trair os compromissos do Estado com seu povo. Um Estado como Atenas fundado na Democracia , mesmo cercado pela escravidão , ainda sobrevive como exemplo do processo civilizatório do que foi possível naquela época.
Unir nômades guerreiros em torno de propósitos comuns é melhor que uma servidão voluntaria. As vezes o Estado é o inimigo do povo, de seus direitos e liberdades, quando é corrompido por seus chefes. O Estado sempre se fez presente nos tempos mais remotos da historia assim como comunidades livres dispostas a lutar pelos seus ideais e vidas. Não podemos abrir mão de nossa autonomia, ate porque isto enfraquece a soberania do povo; o Estado. Temos que ter clareza de nossos poderes, direitos e capacidades de transformar e melhorar o Estado. De demitir e prender corruptos que usam Estado para o privado ou os poderes de suas gangues partidárias ou Oligarquias.
Não podemos reduzir nosso papel politico ao Estado ou a independência dos guerreiros, mas sim as coexistências e concorrências com guerreiros e legisladores , muitas vezes dois papeis que devemos exercer em nossas cidades e vidas. Devemos interagir , nos transformar e transformar o Estado em sua capacidade de desenvolver cidadãos que transcendam a servidão voluntaria em prol do bem comum e prosperidade de todos.
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