SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

O Peso do Sofrimento em Tempos de Violência e Desigualdade .

 

Estamos cercados por uma realidade que muitas vezes nos choca e nos entristece: a violência, a desigualdade e a barbárie que parecem se manifestar em todos os lugares, inclusive no que deveria ser um porto seguro, a escola. Diante desse cenário, o sofrimento é uma resposta natural e, de certa forma, necessária. É a dor que nos alerta para o que está errado e nos impele a buscar a mudança. 

A escola, espelho da sociedade, reflete essa realidade cruel. A violência física e psicológica, o bullying, a exclusão social e a falta de oportunidades para muitos estudantes são feridas abertas que precisam ser curadas. O educador Paulo Freire, em sua obra Pedagogia do Oprimido, nos lembra que a educação não pode ser neutra. Ela é uma ferramenta de libertação ou de dominação. Ele nos desafia a ser educadores que ensinam a pensar criticamente e a lutar pela justiça, em vez de apenas reproduzir o status quo. 


Fora da escola, a sociedade enfrenta seus próprios demônios. A violência urbana, a pobreza extrema e o preconceito são mazelas que ceifam vidas e destroem sonhos. A música, em sua essência, nos ajuda a expressar a dor e a esperança. A canção "Admirável Gado Novo", de Zé Ramalho, com a frase "Vocês que fazem parte dessa massa, que passa nos telejornais", nos faz refletir sobre a alienação e a passividade diante da injustiça. Outra canção, "Mãe", de Fafá de Belém, nos comove e nos lembra do luto de tantas mães que perderam seus filhos para a violência. 

O cinema também aborda essa temática de forma poderosa. O filme "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger, retrata a vida de um garoto judeu em São Paulo durante a ditadura militar. O filme mostra a violência e a repressão política sob o ponto de vista inocente de uma criança, nos lembrando que a barbárie não escolhe idade. Já o filme "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, é um retrato cru da violência nas favelas do Rio de Janeiro, nos forçando a confrontar uma realidade que muitos preferem ignorar. 


A Bíblia, por sua vez, oferece um consolo e uma perspectiva de esperança. No livro de
, lemos que "há tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de dançar". Essa passagem nos lembra que o sofrimento é parte da experiência humana, mas que ele não é o fim da história. A esperança se baseia na promessa de que, apesar da dor e das injustiças deste mundo, haverá um dia em que "ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor" (Apocalipse 21:4). A fé nos convida a não nos conformar com o sofrimento, mas a lutar por um mundo mais justo, espelhando a compaixão e o amor que Jesus demonstrou por todos, especialmente pelos mais vulneráveis. 

É diante desse sofrimento que nos tornamos mais humanos. A dor nos une e nos mobiliza a buscar um mundo onde a escola seja um lugar de acolhimento e a sociedade um espaço de justiça e paz. 

Nas escolas, crianças e jovens deveriam encontrar esperança, mas muitas vezes encontram medo. Bullying, discriminação e até ataques brutais transformam corredores e salas de aula em espaços de angústia. Professores, sobrecarregados e desamparados, lutam para manter viva a chama do ensino em meio ao caos. E os mais vulneráveis — os pobres, os negros, os LGBTQIAP+, os diferentes — sofrem duplamente, pois a violência do mundo lá fora se repete dentro dos muros escolares, amplificada pela crueldade do preconceito e da exclusão. 

E a sociedade? Muitos fingem não ver. Outros normalizam a barbárie como se fosse inevitável. Há os que se comovem por um instante, compartilham uma hashtag, mas seguem adiante sem agir. Enquanto isso, famílias choram filhos perdidos para a violência, estudantes têm sua infância e juventude roubadas pelo trauma, e comunidades inteiras são deixadas à própria sorte, sem políticas públicas eficazes que combatam as raízes do problema: a desigualdade social, a falta de oportunidades, a cultura da intolerância. 


É cansativo viver sob o peso dessa realidade. O sofrimento, quando coletivo, pode paralisar — mas também pode unir. Porque só há saída quando olharmos uns para os outros não com indiferença, mas com compaixão e urgência. Quando exigirmos educação digna, saúde mental e um futuro em que a violência não seja a regra, mas a exceção. 

Enquanto houver gente sofrendo, não podemos nos calar. Enquanto houver injustiça, não podemos cruzar os braços. A dor pode nos esmagar, mas também pode nos mover — para lutar, para cuidar, para transformar. Porque no fim das contas, a única resposta possível ao sofrimento é a resistência. E a esperança, por mais frágil que pareça, ainda é nossa maior benção. 

 

 

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