
- Redação
- BBC News Mundo
O governo do presidente americano, Donald Trump, anunciou na terça-feira (02/12) a suspensão dos pedidos de imigração apresentados por cidadãos da Venezuela, de Cuba, do Haiti e de outros 16 países não europeus. Esses grupos já haviam tido a entrada nos Estados Unidos restringida no início de 2025, segundo memorando interno obtido pela emissora americana CBS, parceira da BBC.
A decisão paralisa os pedidos de residência e cidadania pendentes de pessoas desses países e exige que todos os imigrantes dessa lista "passem por um processo de revisão completa".
Além dos países latino-americanos citados, a medida afeta cidadãos de: Afeganistão, Burundi, Chade, Eritreia, Guiné Equatorial, Irã, Laos, Líbia, Mianmar, República do Congo, Somália, Sudão, Iêmen, Serra Leoa, Togo e Turcomenistão.
A medida foi formalizada por um memorando do Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA, que anuncia um processo de reavaliação abrangente para analisar "ameaças à segurança nacional e pública, bem como quaisquer outros motivos de inadmissibilidade ou inelegibilidade".
Segundo a CBS, a suspensão é uma medida provisória enquanto o governo americano prepara novas diretrizes para a verificação dos imigrantes afetados.
A diretriz enviada às unidades do órgão afirma: "A suspensão inclui todos os tipos de formulários e a tomada de qualquer decisão final (aprovações, negações), além da realização de qualquer cerimônia de juramento".
O texto oficial cita o ataque armado ocorrido na semana passada na capital americana, Washington, D.C., que deixou um integrante da Guarda Nacional morto e outro ferido.
O homem detido sob acusação de ter cometido o ataque é Rahmanullah Lakanwal, afegão que colaborou com as forças americanas em Cabul (Afeganistão) e entrou nos EUA em 2021, beneficiado por programa de proteção especial após a retirada das tropas do Afeganistão.
O governo Trump já havia anunciado a suspensão das decisões sobre pedidos de asilo e iniciado revisão de residências permanentes para essa lista de países, mas ainda não aplicava a política a todos os casos do Serviço de Imigração, incluindo pedidos de cidadania.

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Matthew Tragesser, porta-voz do Serviço de Cidadania e Imigração, confirmou a suspensão ao jornal americano The New York Times. "O governo Trump está fazendo todo o possível para garantir que aqueles que se tornam cidadãos sejam os melhores. A cidadania é um privilégio, não um direito", afirmou.
Segundo a emissora americana ABC News, advogados de imigração afirmaram que alguns de seus clientes da Venezuela, do Irã e do Afeganistão tiveram audiências de cidadania canceladas nesta semana.
A cerimônia de naturalização, última etapa de um processo que pode durar até cinco anos, costuma reunir grandes grupos portando pequenas bandeiras americanas para o juramento de lealdade aos EUA.
A nova medida da Casa Branca ocorre em um momento em que Trump culpa cada vez mais imigrantes e refugiados pelo que chama de "disfunção social" dos EUA.
Desde que voltou à Presidência, em janeiro, Trump assinou uma ordem executiva para "proteger cidadãos americanos de estrangeiros que possam tentar cometer atos terroristas, representar ameaças à segurança nacional, promover ideologias de ódio ou explorar as leis de imigração com fins maliciosos".
Nesse contexto, Trump ordenou o envio de dezenas de agentes federais às principais cidades do país com o objetivo de deter imigrantes indocumentados e realizar deportações.
Política sobre cidadãos somalis
Por outro lado, Trump declarou ainda que não quer imigrantes somalis nos EUA e disse a jornalistas que eles deveriam "voltar ao seu país de origem" e que "o país deles não serve para nada".
"Para ser sincero, não os quero no nosso país", afirmou durante reunião de gabinete nesta terça-feira (02/12).
Trump acrescentou que os EUA "irão pelo caminho errado" se continuarem "permitindo a entrada dessas pessoas".
As declarações depreciativas ocorrem no momento em que, segundo relatos, autoridades planejam operação na numerosa comunidade somali de Minnesota, voltada a pessoas com ordens de deportação.
Autoridades de Minnesota condenaram o plano e afirmaram que ele pode afetar injustamente cidadãos americanos que, pela aparência, podem ser confundidos com pessoas originárias do país do leste da África.
Minneapolis e St. Paul, conhecidas como Cidades Gêmeas, abrigam uma das maiores comunidades somalis do mundo e a maior dos EUA.
Ao final da reunião de gabinete, transmitida pela TV e com várias horas de duração, Trump reiterou: "Eu não os quero em nosso país. Vou ser honesto com vocês, ok? Alguém vai dizer: 'Ah, isso não é politicamente correto'. Não me importa. Eu não os quero em nosso país".
"A Somália, que mal é um país, sabem? Eles não têm nada. Simplesmente ficam por aí se matando. Não há nenhuma estrutura", disse Trump.

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