SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Sobre a Máfia Cearense! A Cobiça que Nos Come Vivos por Egidio Guerra

 



Não é "azar". Não é "falta de esforço". Não é um "desígnio divino". É roubo. Pobreza, na sua forma mais brutal e desnecessária, é um projeto. Um crime meticuloso, perpetrado a luz do dia, com a canetada de um corrupto, o silêncio de um cúmplice e a bala de um miliciano. 

Enquanto uma criança abre um lixo em busca de restos que um cachorro de raça recusaria, um homem de terno fino assina um desvio de milhões que pagaria escolas, postos de saúde e moradias. O dinheiro que deveria virar tijolo, remédio e merenda, vira champagne em iate, vira apartamento em Miami, vira propina para enterrar o processo. É um canibalismo social. Eles devoram o presente e o futuro do povo, cospem os ossos na nossa cara e chamam isso de "gestão" ou "mercado". 

A impunidade é o combustível diabólico dessa máquina. É o que transforma o ladrão de colarinho branco em estadista, o torturador em herói, o miliciano em empresário. Eles riem. Sabem que o sistema é uma teia que os protege. A lei é uma faca cega para os de baixo e uma porta giratória para os de cima. A justiça, quando vem, vem lenta, cansada e seletiva — um espetáculo para acalmar os ânimos, nunca para refundar a ordem. 

Não somos pobres. Fomos empobrecidos. 
Nossos salários não são baixos. Foram roubados. 
Nossos direitos não são caros. Foram sucateados. 
Nossa dignidade não é frágil. Está sob ataque diário. 

Eles nos vendem a ideia de que a miséria é natural, que uns nascem para vencer e outros para servir. É a mentira mais perversa. É a desculpa para a barbárie. A pobreza é a violência mais fundamental: nega o direito à vida, ao descanso, à beleza, ao pensamento. Transforma seres humanos em sombras sobreviventes, consumidos pela ansiedade de amanhã não ter pão. 

Chega de piedade. Chega de caridade que limpa a consciência dos opressores. Não queremos migalhas. Queremos o banquete inteiro que nos foi furtado. 

A libertação não virá de um salvador. Virá da fúria organizada, do conhecimento que incendeia, da solidariedade que é um escudo. É saber que o suor do trabalhador sustenta o mundo, e que sem ele, o castelo de cartas dos poderosos desaba. É ocupar o que é nosso por direito. É cobrar cada centavo, com juros e correção, em forma de educação pública de excelência, saúde que trate vidas, não números, e moradias dignas onde se possa respirar e sonhar. 

A pobreza é uma arena construída para nos colocar uns contra os outros, brigando por ossos enquanto eles repartem a carne. Recusemos a arena. Quebremos seus muros. 

A revolta não é só um direito. É um dever humano, sagrado e urgente. Enquanto houver um único ser humano reduzido à condição animal pela ganância de outro, não haverá paz. Haverá, sempre, o fogo latente da insubmissão. E esse fogo vai queimar as cordas que nos prendem e iluminar o caminho para um mundo onde a riqueza, finalmente, sirva à vida, e não à morte. 

Que nossa raiva seja construtora. Que nossa liberdade seja coletiva. O inferno não é abaixo. É aqui ao lado, onde permitem que se sofra por nada. E vamos derrubá-lo. 

 

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