SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

domingo, 19 de dezembro de 2010

CASA GRANDE E SENZALA - A “DEMOCRACIA” DOS PARTIDOS NO BRASIL

CASA GRANDE E SENZALA - A “DEMOCRACIA” DOS PARTIDOS NO BRASIL- artigo a ser publicado na Folha de São Paulo.

Já tentaram me explicar um milhão de vezes, mas nem eu nem Juquinha, um garoto esperto de 12 anos, presidente do grêmio de sua escola, conseguimos entender.

Nós sempre soubemos que se herda empresas de pai para filho , isso é o capitalismo, mas mesmo nele a empresa pode quebrar se não apresentar uma boa gestão e conquistar resultados. "Já herdar partidos é uma prática socialista, Juquinha". Alguns ativos, o cartório, o curral eleitoral são transferidos de pai para filho. De forma que a Casa Grande partidária possa negociar entre si o controle da Senzala. Hoje os chicotes, as correntes, são Ministérios, Secretarias e cargos púbicos! Os capatazes são escolhidos por beijar a mão do senhor feudal, pelo serviços prestados a Casa grande e não a Senzala.

Sei que você é criança, Juquinha, e daqui a pouco vai estar correndo pelas favelas atrás de seus amigos da escola que se entregaram para o crack. A verdade é o que futuro de vocês é controlado por uma duzia de pessoas que comandam os partidos, isto é o lado negro da Democracia Brasileira. A maioria dos dirigentes partidários quando jovens não lutavam por nenhuma causa, grande parte nunca teve um voto, e outros até se elegeram da mesma forma que a Casa Grande faz há 500 anos no Brasil.

Juquinha me dizia que a eleição na escola foi apertada tinha 5 candidatos que tinham chances. Fiquei pensando mais disputada que o Brasil! Ele teve que fazer política, entender os problemas da escola e dos estudantes, conversar com as pessoas, fazer discursos, e até ver que papel poderia ter para pressionar por políticas públicas em educação no seu município. Teve que estudar isto, ler livros, e lutar muito! No dia da eleição chegou um garoto da Casa Grande e disse que ele não ia participar, ele não tinha sido homologado pelo partido, a não ser que ele discutisse antes quem ia ocupar os conselhos da escola, a lanchonete, a portaria, construir a nova sede do grêmio (construtora do seu amigo ) e organizar claro as festas! Sabe o DEDOMETRO indica tudo, ocupa cargos, forma conselhos entre amigos, e todo mundo grita as mesma palavras ou gritos de ordem. Algumas cenas são necessárias para ficar “legal” o espetáculo. Vários alunos da escola gritaram com ele e explicaram em maioria no pátio que o caminho não era esse. Foi aí que ele percebeu que não estava em Brasília, em uma de suas reuniões fechadas, falando com outros senhores feudais sobre a Democracia Brasileira.

Não sei a história mudou mas em outros tempos o nome disto é Ditadura , desta vez não é o exercito que está no poder, nem tem os EUA para culpar. Somos nós, democratas que agora temos outros referenciais, o Partido Comunista Chinês, Venezuela e outros senhores e suas Casas Grandes.

Antes na Senzala, Juquinha, todos lutavam por liberdade e seus direitos não podiam ser negociados. Hoje, vários líderes da Senzala, negociam sua permanência na Casa Grande. É Juquinha essas são as lições que fica para nova geração no Brasil. Já ocupou sua cadeira ? Os Líderes partidários vão cantar, a música parou, cuidado para não cair no chão? E ir chorando para casa porque os brinquedos destas crianças adultas são tão ridículos e podres como seus projetos de poder vitalicio. Viva a Monarquia, Juquinha, o Brasil sabe! O rei está nu!

Egidio Guerra- Escritor , Empreendedor Social ( fellow Ashoka ) , ex-dirigente da UNE no Impeachiment de Collor, Consultor do Banco Mundial, eleito Empreendedor de um novo Brasil pela VOCE S.A, ganhou prêmios na Espanha e Chile por sua atuação com projetos sociais.  Escreve  artigos e falas como esta sobre o absurdo da Democracia Brasileira.

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