Seguindo o pensamento de Martin Buber sobre a nova e antiga comunidade. Ele que foi um dos grandes renovadores do pensamento comunitário para ele não é mais possível voltar à comunidade tradicional. É preciso lutar por uma comunidade nova que não seja pré-social mas pós social. A principal diferença entre elas é que não seria fundada no parentesco de sangue. O que gera castas e oligarquias na direita e esquerda como na Alemanha Nazista, India, Estados Unidos e Brasil como nos Estados de Pernambuco e Ceara, e os respectivos projetos de poder econômicos e políticos em benefício delas; incluindo o enfraquecimento da democracia e o silêncio sobre corrupção. O pensamento de Martin Buber como caminho se une ao de Isabel Wilkerson sobre os problemas gerados pelas organizações econômicas e políticas geradas no Estado pelas Castas, onde se encontram as origens de nosso mal estar.
As comunidades e cidades novas é resultado de afinidades eletivas ou livre escolha como tem acontecido antes da pandemia por comunidades fundadas por jovens na Europa ( eu visitei uma perto de Viena ) que juntos se educam e trabalham para garantir a segurança alimentar, energética, hídrica e outras usando tecnologia e se conectando ao mundo pela internet. Essas comunidades não são limitadas por fronteiras religiosas, regionais e nacionais; muitas delas se conectam em redes, numa visão cosmopolita e mística de Gustav Landauer, "a comunidade mais antiga e universal com a espécie humana e o cosmos". Uma Terra da Sabedoria, gerando uma educação que integra a relação com a natureza, espiritualidade e a tecnologia para ter como princípios o cuidado da família, saúde e a habitação que dialoga com a economia, arte, e a política que emerge dessa relações um ethos comunitário.
Hoje as pessoas estão querendo abandonar os formigueiros das grandes cidades e as lições da pandemia nos apontam como um caminho para se mudar para pequenas cidades mais perto da natureza e da terra sem as escravidões que as castas impõem. Comunidades autônomas que não resultam mais do crescimento primitivo mas de uma ação consciente. É importante frisar que esse pensamento não é capitalista, nem comunista ou socialista. A ideia é ultrapassar a própria cidade, uma terceira forma de vida comum, distinta da aldeia rural e da cidade, gerando uma nova organização do trabalho integrada às outras dimensões da vida e da comunidade. Um comportamento criador de comunidade que une cultura e espiritualidade, evitando poderes coercitivos do Estado ou da Economia para fortalecer a relação entre eu e o outro pelo diálogo e encontro. Modelo diferente das formas rígidas e ritualizadas das religiões, instituições políticas e Estado. Buscando a fusão do ser humano com o mundo, a natureza e seu semelhante. Um futuro capaz de transformar a realidade passada e presente. Uma vida perfeita e verdadeira, o advento de um mundo da unidade em que a separação do bem e do mal seria abolida pelo aniquilamento definitivo do pecado. Não se trata de um acontecimento histórico mas algo tecido pela história, uma reviravolta sem progressos medíocres, sem projetos de poder autodenominadas vanguardas.
O último Isaías fala as palavras de Deus “com efeito, criarei novos céus e novas terras”. É uma experiência direta em convívio com a natureza, espiritualidade, comunidade e outros que nos transforma para mudar nossas formas de ser, viver, educar e nos autogovernar. A ação do homem é profética e participa da redenção do mundo. Não devemos apenas esperar, contemplar e sim agir agora, unindo as centelhas da luz divina dispersas no mundo. Segundo Buber, Deus quer a mudança do mundo com a participação da humanidade atuando juntos de forma cooperada. O dever de todo homem que habita em Deus é maior que o Estado e a Economia, desejamos submeter o Estado ao espírito não a religião. Esse caminho torna possível a superação do Estado por uma forma superior de sociedade onde criatividade e ordem se unem no povo. Condenamos a tirania do Estado e Empresas que sugam o sangue das veias das pessoas e comunidades. Essas bonecas mecânicas que querem substituir a vida humana e orgânica. As formas centralizadas e mecânicas destroem o pensar, ser e a vida em comunidade.
Aqueles que têm fome e sede de justiça serão saciados. O anarquismo tem um fundamento espiritual e de liberdade. Enquanto o capital quer lidar com o indivíduo, o Estado tira autonomia da vida em grupo. Na sociedade medieval tínhamos redes de comunidades e trabalho associadas entre si, essa rede foi esvaziada pela coerção do capital e do Estado que desarticulam as formas orgânicas e atomizam os indivíduos. Porém não queremos voltar nem ao comunismo agrário primitivo, nem ao Estado corporativo da Idade Média, temos que unir as resistências de nosso tempo para nos salvar e ao planeta das brutais injustiças, desigualdades e violências. Existem nesse caminho vários obstáculos econômicos e políticos, e uma mudança interna necessária da vida social, a reestruturação comunitária das relações humanas. A regeneração das células do tecido social, será o renascimento de forma descentralizada de pequenas comunidades e cidades.
Nessa transição de civilização que estamos vivendo temos que seguir em frente enquanto o mar se abre, as revoluções acontecem, os Reis e Ditadores caem, os Robôs e a inteligência artificial ainda não estão no controle de nossa Distopia, ainda não alcançamos o carbono zero e vamos sofrer todas as consequências das mudanças climáticas e as brutais violências e desigualdades que nos acostumamos. Como escreve Isabel Wilkerson “ quem tem uma casa velha sabe que aquilo que prefere ignorar não irá desaparecer. O que está escondido virá à tona, quer decidimos olhar ou não. A ignorância não protege das consequências da inação. Aquilo que queremos que desapareça continua nos incomodando até reunimos coragem para encarar o que preferimos não ver.” E a pior delas são as ideias que carregamos que mantém a destruição da Terra e da humanidade pois isso lutamos de um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria.
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