SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

sábado, 25 de setembro de 2021

DEPOIS DE VIENA NASCE O CÍRCULO DE PORTO ALEGRE .

 



O círculo de Viena nasceu de um grupo de pensadores de várias ciências que eram contrários a forma como as Universidades na época buscavam o saber em seus respectivos “ departamentos” , guerras de vaidades e poder, repetição de teses enterradas pela ciência e história, em benefício de Professores e seus amigos de pesquisa que usam de forma corporativa a Universidade não para cumprir sua missão do ensino superior, mas muitas vezes em aparelhar e guerras ideológicas que reduzem a Universidade a disputa de grupos. No mundo de Bolsonaros, fake news, terra plana e outros é importante também discutir que a Universidade não pode estar refém de grupos que negam a pluralidade e diversidade do saber como Stalin, reduzindo a ilhas que perseguem quem pensa diferente e busca outros caminhos para dar continuidade a história da ciência. 



O círculo de Porto Alegre atua como semente da Multiversidade que se propaga em rede abrindo mentes e sistemas fechados que buscam excluir as diferenças, visões sistêmicas, interdisciplinares e complexas que dão outro fluxo e movimento ao saber indo além das estruturas que destroem o saber. 



Já foi possível discutir a ciência e a teoria do conhecimento a partir da filosofia, matemática e da física, hoje cada vez mais a biologia, a genética, a neurociência ocupam esse espaço de validade no mundo que quer reduzir tudo a dados e algoritmos, e que sofre os ataques das mudanças climáticas que modificam ecossistemas e com eles nossas formas de pensar a vida, a natureza, e o mundo. As brutais desigualdades e violências impactam o acesso, à produção e a difusão do conhecimento que não serão resolvidas pelas inovações tecnológicas e cabe a Universidade a democratização do conhecimento que não tem donos, assim com o mesmo direito os espaços que buscam em suas pesquisas dar os próximos passos em suas ciências. O círculo de Porto Alegre busca dialogar sobre esses assuntos e outros com os jovens visando uma participação mais ativa, plural e livre na produção do conhecimento nos libertando daqueles que escravizam alunos e suas mentes usando podres poderes em ambientes educacionais. 



Entre os estudiosos do Círculo de Viena, estavam o físico alemão Moritz Schlick (1882-1936), os matemáticos alemães Hans Hahn (1979-1934) e Rudolf Carnap (1891-1970) e o sociólogo e economista austríaco Otto Neurath (1882-1945). As reflexões desse grupo de estudiosos versavam a respeito da importância da lógica, linguagem, matemática e física teórica na construção de teorias científicas. O Círculo escreveu um manifesto, em 1929, motivado pela discussão promovida em um congresso em Praga. O manifesto, redigido por Schlick, Hahn e Neurath, atacava a metafísica como ultrapassada. As pesquisas desenvolvidas pelos pensadores do Círculo de Viena foram divulgadas na revista Erkenntnis, fundada em 1930 e dirigida por Carnap e Hans Reichenbach. Os interesses intelectuais do grupo partiam do positivismo de Ernst Mach e Auguste Comte, da lógica de Russell, Whitehead, Peano e Frege e de teorias físicas, principalmente as de Einstein. A partir da leitura da obra fundamental de Wittgenstein, o Tractatus Logico-Philosophicus, o grupo enveredou pelo desenvolvimento de uma lógica incorporada a uma verificação empírica dos fundamentos do conhecimento. 



O Círculo de Viena pertencia a um movimento intelectual conhecido como neopositivismo, também chamado de positivismo lógico e empirismo lógico. Segundo esse movimento, era preciso retomar o ideal clássico e partir da base empírica para se construir uma teoria do conhecimento. O projeto neopositivista do Círculo de Viena encontra-se nas seguintes linhas de Schlick em “O fundamento do conhecimento”:



“As proposições fatuais são, pois, o fundamento de todo saber, mesmo que elas precisam ser abandonadas no momento de transição para afirmações gerais. Estas proposições estão no início da ciência. O conhecimento começa com a constatação dos fatos” (p. 46)¹. 




Pela interpretação do trecho acima de Schlick, entendemos que o conhecimento parte de proposições fatuais. Em outras palavras, o conhecimento deve partir de uma observação dos fatos. Aquilo que não pode ser verificado é considerado desprovido de sentido, como a afirmação “A alma é imortal” e outras de ordem metafísica, religiosa e estética. Nisso consiste o princípio de verificabilidade. O positivismo lógico dos pensadores do Círculo de Viena postulava que, para uma teoria ser considerada “ciência”, ela deveria ser unificada em linguagem e fatos que a fundamentarem. As proposições científicas, assim, são apenas aquelas que se referem à experiência e podem ser verificadas. O papel da Filosofia seria interpretar as proposições científicas – ou seja, a Filosofia deveria ser uma “Filosofia da Ciência”, que, inclinada para a objetividade e mediada por uma linguagem provida de sentido, encerraria os debates metafísicos e a atenção a proposições não passíveis de verificação. Isso (a interpretação das proposições científicas) está de acordo com o pensamento de Ludwig Wittgenstein em suas Investigações Filosóficas (1975, p. 112)²: "Qual o seu objetivo em filosofia? - Mostrar à mosca a saída do vidro." Podemos perceber que, para os pensadores do Círculo de Viena, só é possível conhecer o sentido de uma proposição se for possível determinar se ela é verdadeira ou falsa, e isso só é possível se ela for verificável. Aquelas proposições que não podem ser verificadas também não têm significação. Assim como os relatórios protocolares de uma experiência laboratorial, há proposições que são feitas a partir da experiência e expressam um fato. A essas proposições, os pensadores do Círculo de Viena referiam-se como “proposições de base”. As proposições de base descrevem casos particulares de fenômenos observáveis, como enviar uma nave até Marte para investigar se há petróleo. A partir de um número considerável de proposições de base encadeadas logicamente e aplicando o método indutivo, é possível estabelecer uma teoria científica, ou seja, uma proposição geral. A ascensão do nazismo repercutiu na formação do Círculo de Viena: Carnap e outros membros mudaram-se para os Estados Unidos; Hahn, Neurath e Schlick morreram, esse último assassinado por um aluno nazista. Mesmo com o fim do Círculo em 1939, as teorias desses pensadores ainda são discutidas. Entre os pensadores que apresentaram contestações às teses do Círculo de Viena, destaca-se Karl Popper.



O Círculo de Porto Alegre propõe ousar caminhos não lineares para essa dinâmica tāo própria da criação, produção e despertar do conhecimento que não se reduz aos muros da Universidade mas que podemos aprender com as biografias de pensadores e cientistas, seus respectivos métodos que não se reduzem a modernidade de alguns séculos, mas que além da razão, a imaginação, sentimentos, espiritualidades, causas , coragem política e outros foram importantes ingredientes em suas hipóteses, trajetórias, buscas, conhecimentos, inovações e desafios que deixaram como legado a humanidade. 



Libertar o conhecimento das grades curriculares, de suas formas de disciplinar e controlar o saber, afirmando que as condições históricas atuais mudaram o acesso e a produção do conhecimento, incluindo a necessidade de práticas pedagógicas que dialoguem com a mente de milhões de mentes e a necessidade de avaliar o aprendizado, indo além de notas e a redução das disciplinas desconectadas de um fluxo que desconsidera o saber e a singularidade de cada aluno. A Universidade adora criticar a Democracia e a Política, mas é um dos espaços menos democráticos assim como as empresas no mundo em que vivemos. Os donos herdam feudos e privilégios que consideram direitos em afirmar suas verdades sem o contraditório e as respectivas contradições que emergem e devem ser dialogadas, escutadas e respeitadas. O círculo é um símbolo universal do conhecimento é não o triângulo ou as pirâmides que seus faraós e elites negam existências visando manter sua nobreza em nome dos trabalhadores e dos excluídos ? Não existe educação e conhecimento sem política mas existem milhares de conhecimentos e políticas que não se reduzem a Dogmas, Deuses, ideologias; e não podemos negar milhares de caminhos que toda pessoa tem o direito de aprender e não ser reduzido as verdades ditas únicas que tentam apagar e anular as reflexões, críticas e os múltiplos caminhos que a história foi escrita. 




O círculo de Porto Alegre tem a missão de se expandir por várias cidades, escolas e universidades brasileiras com a missão de colocar a busca e o amor ao conhecimento no debate. Numa educação brasileira que historicamente sempre foi dominada pela Igreja, exército, elites empresariais, partidos e outros mas que deve prevalecer o laico assim como o Estado. Não somos ingênuos e conhecemos as condições históricas, econômicas, políticas, e sociais que afetam as vidas da maioria da população brasileira mas sabemos o papel que os intelectuais e cientistas tiveram na liberdade política, transformação da sociedade e produção de riquezas em seus países como Leonardo da Vinci, Voltaire, Goethe, e outros pensadores e cientistas italianos, franceses, alemães, ingleses, americanos, africanos, asiáticos, brasileiros...Indo muito além de uma hegemonia gramsciana, a luta e cooperação nacional e internacional é política, econômica, cultural, tecnológica, e a ciência tem um lugar próprio nessa dinâmica que deve semear e cultivar as mentes e corações de nossas crianças e jovens nas Escolas, Universidades e em tornar as cidades educadoras. Buscamos unir espaços educacionais escolares e não escolares numa educação integral para existências em busca da verdade, da ciência, do bem, do belo e do justo de forma interdisciplinar, intersetorial e internacional. A soma entre pesquisa científica e experiências indizíveis escritas em nossas autobiografias nos tornam universais em nossas formas de dialogar e construir o conhecimento. O círculo de Porto Alegre busca a formação de Polímatas e não a redução do saber e vidas a caminhos lineares que mais castram do que torna livre a busca do conhecimento por caminhos múltiplos e isso pode ter um impacto significativo em nosso Brasil e no mundo em profundas transformações que desafiam o conhecimento.  




POR AMOR AS CAUSAS AINDA NÃO PERDIDAS MAS DESPERTAS EM CADA SER. 

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