O historiador Dominique Kalifa no livro “ Os Bas- Fonds” ou “ A Tinta e o Sangue" nos fala sobre as origens da pobreza e as violências como conhecemos. Esses personagens históricos, os pobres e os criminosos, tem uma história que se consolidou por volta de 1840 e foi divulgada por jornais, livros, panfletos, folhetins e outros conquistando nosso imaginário para classificar e achar normal pessoas vivendo na pobreza ou praticando crimes e violências. Para citar apenas alguns exemplos, muitos na época conheceram a pobreza ou o crime lendo "Os Miseráveis" de Victor Hugo, "Grandes expectativas" de Charles Dickens, "Manifesto do Partido comunista" de Marx e Engels ou lendo jornais específicos que tratavam sobre a história de crimes.
Muitas poucas pessoas foram conhecer as comunidades pobres e buscar transformá-las, assim como ainda hoje poucas pessoas têm vivências com pessoas pobres , negras, imigrantes ou presidiários. Falam muito sobre o que leram nos livros sobre racismo, violências, desigualdades ou aprenderam na mídia. Infelizmente seus seres foram educados apenas pela leitura de livros ou razão letrada com poucas vivências. Essas vivências mais do que seu imaginário e razões, educaria seu corpo, sentimentos, valores e outros. Por esses caminhos letrados até Marx e Engels trataram os mais excluídos da sociedade como Lumpen e escreveram sobre eles como a escória da sociedade, e não como pessoas, o que interessava a eles era a vanguarda e os trabalhadores que podiam fazer a revolução.
Hoje, vejo garotos dominados pelo imaginário produzido por games, filmes de cinema, youtubers, tik tok e outros no mundo das imagens que domina a razão, o consumo, e a vida. Conheci garotos que largaram a Escola e a Universidade para viver de YouTuber, tik tok, e games. Eles ganham mais com isso do que se tivessem trabalhando em suas profissões. Outros exemplos também são jovens da periferia que já nascem com seu imaginário conquistado pelo crime como nos relata o filme Cidade de Deus de Fernando Meirelles. Aqui além dos filmes, mídia, e músicas, a própria realidade do mundo do crime e das periferias em várias cidades desde 1840 até hoje, acompanhando a industrialização e a urbanização, vem crescendo ao nosso redor como um mundo paralelo. Onde as regras e a lei são outras, comunidades abandonadas pelas políticas públicas e pelo Estado de Direito.
Talvez quem tem que viver no mundo do crime, olha para sociedade oficial e se pergunte “ Como eles ganham dinheiro se aqui onde moro não tem trabalho ?", "Como vivem no luxo que vemos nas ruas ou pela TV se aqui entre os “ Bas-fonds” falta o que comer e condições mínimas de viver ?". Sim a sociedade oficial tem seu imaginário de que tudo está bem e o que o problema é ser milionário, andar com roupas de marca, consumir nos shoppings e viajar pelo mundo. Muitos desses ricos são educados dessa forma, enquanto outros cientistas vivem do imaginário que vamos colonizar Marte amanhã , ou viver numa sociedade de robôs e ciborgues como Blade Runner.
Mundos imaginários que não precisam da maioria da humanidade, ou seja 99 % , hoje excluída por 1% de muitos ricos. Esses 1 % criam seu imaginário e vendem pela mídia e propaganda como verdade ao mundo, e excluem os que pensam e são diferentes. Essa minoria como nazistas de outras épocas ditam quem pode viver pelo mercado financeiro ampliando seus rendimentos sem precisar trabalhar . Enquanto isso, "O Estado" está se tornando imaginário de algumas corporações e políticos que vivem dele, muitos pela corrupção tão criminosos quanto o narcotráfico, muitas vezes se associam entre si, enquanto o que compreendemos como humanidade vai se tornando imaginário de poucos.
Games, Youtubers, traficantes, milionários, políticos corruptos, esquerdas aguardando a revolução comunista lideradas por suas vanguardas em seus partidos sem democracia, cientistas e sua inteligência artificial, turistas viajando pelo universo, enquanto o planeta Terra é destruído e os pobres vivendo nas violências se tornaram bilhões de pessoas no mundo real. Cada um desses personagens com sua indústria cultural vivendo no seu mundo bolha, reféns dos seus imaginários, sem vivências com os outros que pensam e vivem de outras formas. Buscamos assim incluir todos numa Cidadania Global
Esse se torna o maior desafio da educação no Século XXI. Como estourar as bolhas de infinitos mundos particulares que não conseguem nem dialogar entre si, porque suas linguagens, imagens e sonhos, se referem quase de forma exclusiva ao mundo ervilha que vivem sem conseguir enxergar ou aprender sobre as diversas realidades que os cercam? Como os Metaversos podem se referir a uma única forma de viver no mundo gastando criptomoedas e bilhões em imagens para satisfazer egos e existências vazias ?
Existências essas que não foram educadas para compreender o mundo que vivemos, não só a parte que interessa, porque o mundo tem outras formas de se expressar pelas mudanças climáticas, aumento das desigualdades e criminalidade, inovações tecnológicas que excluem bilhões de pessoas ao seu acesso, e assim outros mundos baseados no crime, na corrupção, em fake news, autoritarismo e outros acham que podem tudo afinal os milionários podem excluir bilhões e viver em mundos paralelos.
Metaversos é uma nova linguagem que somada a Big Datas, Inteligência artificial, realidade expandida, moedas virtuais, e Hubs poderia mudar o mundo de verdade, ligando o mundo real e imaginário de cada um para dialogar com outros que pensam e são diferentes. Aprender a se educar e empreender em rede para tirar bilhões da pobreza em economias circulares e ambientalmente sustentáveis que ousem escrever a história com os "Bas- fonds", os pobres, não os excluindo ou matando, não fugindo para outros planetas ou vivendo vazios existenciais, se drogando ou suicídios. Apenas se educando para integrar seus metaversos e imaginários de verdade de um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria. Há essa missão tenho dedicado os últimos 8 anos de minha vida, vamos empreender juntos um Ecossistema digital Terra da Sabedoria.
A maior pandemia que vivemos é educacional, nos falta sabedoria, coragem e amor, quando o vírus somos nós propagando visões egoístas e míopes que excluem bilhões de pessoas, gerando Coronavírus e suas cepas. Quando todos podemos viver existências belas, boas, justas, verdadeiras e economicamente sustentáveis em nosso Lar Terra! Essa é a missão que podemos imaginar, compartilhar e empreender juntos. É preciso ter coragem para apreender, agir, filmar, gamificar e mudar a educação, imaginação e realidades juntas.
Ao criar nosso Metaverso e dialogar com outros Metaversos podemos criar juntos nosso Universo expandido que denomino Terra da Sabedoria. Uma jornada pela Metacognição ampliando nossas vivências com os outros, e mundos diversos e diferentes, expandindo nosso ser, até compreendermos que todos somos um. A metacognição é um campo de estudos relacionado à consciência e ao automonitoramento do ato cognitivo. Consiste na aprendizagem sobre o processo da aprendizagem ou apropriação e comando dos recursos internos se relacionando com os objetos externos. A metacognição consiste na capacidade do indivíduo de monitorar e autorregular os próprios processos cognitivos.