SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Introdução interdisciplinar às neurociências, tecnologias e violências em mundos, vidas e saberes fragmentados sem diagnóstico.




Eu estou fazendo um curso sobre neurociências e seus métodos de pesquisa, funcionamento do cérebro e outros. Meu objetivo é compreender como as neurociências podem ajudar a lidar com os transtornos da aprendizagem que impactam milhões de crianças e jovens pelo Brasil. Muitos falam em educação com a visão reducionista e míope baseada em métricas e tecnologias; omitindo os verdadeiros desafios de educar alunos, professores e outros profissionais que saem das Universidades incapazes de transformar vidas e realidades, de conhecerem a si e o mundo em que vivemos. 




No início do curso eu buscava criar uma Clínica que lidasse com os transtornos de aprendizagem, tipo um Hospital Sarah Kubitschek vocacionado a lidar com as neurociências e reabilitar mentes, mas como bom aluno de Foucault, eu estudei a história da loucura e das clínicas, e suas múltiplas relações com a sociedade, economia, justiça, tecnologias e claro com a arqueologia dos saberes, as palavras e as coisas. Assim como estudei biologia na UFRJ, fiz ciência de dados na USP, e Cinema, Pedagogia e Economia na UFC, aprendi a misturar os saberes e os métodos com as diversas experiências que vivo em vários setores para lidar com o sabor da aprendizagem da vida e do desafios que o mundo nos coloca.         




A origem dos hospícios, da psiquiatria e das doenças da mente avançaram lado a lado com o trabalho quase escravo nas fábricas no início do capitalismo industrial na Europa. Se os hospícios, ciências e exploração humana produziram loucos em suas relações e consequências, hoje corremos o risco de falsas neurociências, algoritmos e neoliberalismo produzirem loucos nas nuvens e no mundo real. Mas, o que mais me preocupa como educador atuando em Escolas públicas, nas Universidades e em Comunidades pobres há décadas é como o currículo e as fronteiras entre as ciências têm produzido em série, alunos e profissionais reféns de equações que limitam o desenvolvimento humano, somando as violências e desigualdades produzem distúrbios de aprendizagem que escravizam o corpo pela mente.


Mas graças às bibliotecas fomos salvos dos currículos e da sala de aula, graças a corporeidade e as quadras de esporte e festas fomos salvos pelo movimento da disciplina, graças a pesquisa fomos salvos dos dogmas e graças ao Pink Floyd da opressão dos Professores. Graças a sensibilidade fomos salvos da frieza da razão que pelos caminhos da arte, nos ensina verdades e previsões que anteciparam as certezas dos labirintos e métodos da ciência reféns das obsessões tecnológicas. É essencial lembrar que documentos históricos produzem verdades que não cabem apenas no método de uma ciência, quer seja para entender pandemias, saúde, violências, mudanças climáticas e pobreza, esses são problemas complexos, interdisciplinares e que exigem uma visão sistêmica num mundo caótico, irreversível e incerto. E esses conhecimentos sem luta política não transformam vidas nem curam. Nem fazem rir nem chorar como Chaplin calado ou Shakespeare escrevendo sem método.


Renato Russo da Legião Urbana escreveu e cantou a música "Baader-Meinhof Blues" sobre o grupo terrorista alemão mas poderia ter sido sobre uma facção atuando nas periferias do Brasil.  

Já estou cheio de me sentir vazioMeu corpo é quente e estou sentindo frioTodo mundo sabe e ninguém quer mais saberAfinal, amar ao próximo é tão démodé
E esta justiça desafinadaÉ tão humana e tão erradaNós assistimos televisão tambémQual é a diferença?Não estatize meus sentimentosPra seu governoO meu estado é independente

Segundo a ciência a ilusão de frequência é muitas vezes referida como o fenômeno Baader-Meinhof, apesar de não ter diretamente a ver com a Fração do Exército Vermelho (RAF), organização terrorista da antiga Alemanha Ocidental também conhecida como Grupo Baader-Meinhof.

Em 1994, um homem chamado Terry Mullen postou um comentário num fórum de discussão de um jornal americano dizendo que tinha recentemente ouvido falar no Grupo Baader-Meinhof pela primeira vez e que depois passou a ver referências à organização com mais frequência.

Outros leitores começaram então a compartilhar experiências semelhantes, também envolvendo o grupo terrorista. A discussão ganhou força, e, assim, o nome do fenômeno para descrever a ilusão de frequência pegou. Eles deviam ter estudado o funk carioca que impregna ate crianças de 4 anos mas porque associar um grupo politico a uma doença? Afinal Pantera negra é um filme da Disney ?

Um membro do grupo  Baader-Meinhof foi diagnosticado com região afetada do cérebro que leva a violência, talvez devido a transtornos do capitalismo? Assim como milhões de jovens no crime e na pobreza cercados por propagandas que pregam a ilusão de frequência  do consumo como saúde e religião. O diagnóstico silencia as causas, assim como o grupo Baader-Meinhof foi julgado em silêncio, sem participação, nem voz para denunciar o capitalismo em seu julgamento. 



Da mesma forma, Philip K Dick foi diagnosticado esquizofrênico,  autor de Blade Runner e
Minority Report, que aborda como as tecnologias no futuro passam a diagnosticar, julgar e punir, inclusive antes de acontecer os crimes no futuro. O que dizer da obra surrealista de Salvador Dali ? Tanta imaginação em forma de arte que o neurocientista António Damásio em busca de Espinoza, apreendeu que os sentimentos vem antes da razão, mas nós continuamos ensinando o contrário em escolas e currículos que negam a ciência, arte e história em suas formas de organizar as palavras e as coisas, adoecemos as mentes para produzir algoritmos normais em forma de notas adestradoras. Assim para Salvador Dali, uma criança geopolítica via nascer o novo homem, pelos úteros da IA Bio inspired Neocomputing.

























Nenhum comentário:

Postar um comentário