SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

VIVO POR UMA NOVA FORMA DE GOVERNAR

VIVO POR UMA NOVA FORMA DE GOVERNAR

Semana passada entrevistado por um jornalista na TV, o Deputado Ivo Gomes disse em relação a Fortaleza que “o arranjo institucional adotado não permite que se adote outro modelo”. Algumas reflexões são importantes sobre o que podemos considerar uma nova forma de governar , outro arranjo institucional , para que possamos inovar nos modelos baseados no espírito público e na ética da vida.

Felizmente aos poucos a democracia nos ensina a dizer NÃO, assim como hoje acontece no Egito e Líbia, velhas ditaduras, modelos carcomidos pela história se apagam como ilusões no deserto diante de tantas brutalidades e misérias que destroem a vida de milhões ; em nome de prioridades de governo inconfessáveis mesmo diante de Alá!

Isto graças a pontos de resistência moveis e transitórios que quebram poderes vazios e despertam na sociedade novos horizontes. Interpretar estrategicamente estas resistências e as mudanças que ocorrem em nossa sociedade é o caminho para uma nova correlação de forças. Ela emerge de estratégias e táticas que fazem os governos funcionarem de outra forma . Os governos e suas políticas públicas devem cumprir novos papeis , à luz de uma agenda que integrem e potencializem elos, vidas, e ativos que recompõe o tecido social e a eficácia dos projetos. Como nos lembra Ivo, “o arranjo institucional” refere-se a aparelhos estatais, leis, hegemonias que foram cristalizadas em torno de demandas e contextos sócio-econômicos, inclusive tecnológicos, que não respondem mais a complexidade de nossos problemas e desafios coletivos.

As desigualdades na cidade de Fortaleza e no Ceara, resultam em estados de poder sempre instáveis para seus governantes, elites, intelectuais e outros que reclamam da falta de controle do poder público. Discursos e práticas fáceis devem ser ridicularizados diante da necessidade de dar respostas objetivas a estes desafios coletivos de preferência em sinergia com outros setores , ligando um ponto ao outro, compartilhando tarefas, responsabilidades, recursos, e saberes. Este exercício em si ampliara o impacto e a sustentabilidade desta ação em rede, ao potencializar o papel de cada ator neste processo, das vidas envolvidas nesta dinâmica, reconstruindo éticas coletivas.

Portanto integrar correlações de forças desequilibradas, desiguais, heterogêneas, tensas, instáveis é um esforço permanente, pois compreendemos que as musicas que garantem a vida , para além dos poderes, é um resultado dos instrumentos , pessoas e organizações , que devem buscar apreender sempre a tocar de forma orquestrada nossos desafios como povo e sociedade.

Compreendemos que bons diagnósticos facilitam o desenho de boas políticas, e isso não pode ser feito apenas por demandas de burocracias partidárias ou interesses exclusivamente privados mesmo que legitimados por pressões da imprensa ou academias que acham que o saber esta acima do bem e do mal . Compreendemos que determinados projetos ou políticas públicas são frutos de determinados consensos e colaborações de vários atores a luz de seus potenciais e ativos o qual buscamos dar forma em rede ; assim como tem funcionado a wikipédia, wikieconomics, as redes sociais e outros empreendimentos coletivos que ampliam velocidades e impacto reduzindo o investimento e o risco para todos. Traduzindo para os governos a melhoria da qualidade de ensino das escolas, a preservação da natureza, a redução da violência e das drogas, a geração sustentável de trabalho e renda, entre outros só vão melhorar se cada um dos setores efetivar sua contribuição nos espaços onde atuam, se os equipamentos fornecidos pelos governos forem potencializados de forma pública e democrática na qualidade de seus serviços por aqueles que mais precisam dele, e se no processo de descobrir estas e outras formas de governar tenhamos a coragem de olhar os problemas de frente e não reduzi-los a lógicas maniqueístas e lineares , que nos afirmam como o bem e os outros como o mal. Devemos ter o espírito público e a ética da vida como algo gratuito e uma benção em nossas vidas.

Por Egidio Guerra

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