Fortaleza tem camadas brilhantes de riqueza e escuras massas de pobreza. A comunicação das campanhas falam “olho no olho “, justiça, mas não conseguiram colocar o posto de saúde para funcionar, nem escutar as propostas da população, apenas dar ordens de seus quartéis, agências publicitárias e burocracias partidárias.
Sem vínculos sociais com o cotidiano das comunidades, sem potencializar a capacidade das pessoas de se organizarem politicamente, não são solidários com as vidas destas pessoas, apenas em seus discursos e não em suas práticas.
Como gerar estas conexões sociais entre a TV e a vida? Cada candidato com suas verdades e valores dado como certos, pouco dispostos a lidar com o diferente. Seria tão bom se apreendessem que a vida com os outros é maior, mais rica. A frieza racional o impede de entender o que o outro está sentindo.
Quais de nós saberia lidar com as situações difíceis que as comunidades pobres em Fortaleza enfrentam no seu dia-a-dia? Tão simples seria ouvir com tranquilidade o que eles têm a dizer. Descobriríamos que não existe um plano de governo que solucione, mas vários. Reconhecer as feridas destas comunidades pode ajudar na cura, ao invés de fragmentá-las em disputas, o político deve ajudar a uni-las. A consciência mútua é um passo anterior a atuação conjunta. Ao invés da disciplina exigida pelos partidos e grupos de interesse, a ética deve deixá-los livres para construir seus caminhos autônomos. Ao invés da unidade na marra, devemos buscar a inclusão dos diferentes e livres. Essa é a grande diferença entre a esquerda política e a esquerda social. Uns seguem a rainha, a burocracia, outros o poder local.
Não existe uma guerra como Lenim pregava necessitando de soldados militantes, mas de pessoas com sensibilidade e solidariedade que é construída de baixo para cima. A política de cima para baixo só cria imbecis, babões e gangues. As ameaças são mais usadas do que a construção de vínculos. A cooperação deve ser um fim em si mesmo. Temos que respeitar as comunidades, a sociedade civil e não querer rendê-las usando o poder do dinheiro e das máquinas dos políticos e partidos. Não existe socialismo com este tipo de moral e ética, é uma farsa, uma vergonha, uma mentira.
A busca da igualdade nas oportunidades, o direito a voz, a educação e o acesso a cultura e trabalho tem que ser fortalecidos nas comunidades. Isto é uma democracia social de fato e não apenas um nome, um discurso, olho no olho. Abrir espaço para vozes diferentes e até mesmo conflitantes. Um realismo prático que exige construir juntos.
Porém a maior parte dos políticos não querem cooperar, porque perdem o controle; para outros, até a identidade, a vaidade; preferem as negociações por de trás do pano, as complexidades burocráticas que produzem falsos líderes; e lógico, a perda do vínculo do topo com a base. Mais escritórios, mais chefes, menos contato pessoal. Mais necessidade de marketing, de Duda Medonça, mais Lula, mais imagem, mais aparência, menos dignidade. Uma colisão forjada entre a política e os meios de comunicação.
Por isso é preciso dizer a verdade ao poder para acordá-los de seus delírios. Defender os oprimidos, mas também os comuns, que julgamos inimigos por serem diferentes, e não privá-los de seus direitos e respeito. Isso vem antes da união e luta dos candidatos, dos partidos. O Lula mais do que ajudar a Luizianne tem que ajudar os pobres. Focalizar a experiência cotidiana das pessoas ensina mais que um livro de Marx, que muitos por terem lido este livro, julgam-se no direito de ter poder, cargo público e burocracias doentias. Ridículo, pois criticam os padres e agem como Bispos.
Enfim, para as pessoas deixarem a passividade que tanto reclamamos, temos que ser maestros ao envolvê-las em seus problemas e soluções, apoiá-las e não comandá-las. Nutrir a trama comunitária é o desafio da classe trabalhadora que cria as condições reais para emancipação e lutas econômicas.
Excelente post, Egídio! Muitos parabéns!...
ResponderExcluir