OS " SEM FUTURO" CONSTROEM O FUTURO E OS ARTISTAS DEVEM APOIA-LOS.
Os "sem futuro" constroem o futuro e a arte deve apoiá-los. As grandes ideologias como motores da história após serem vivenciadas perderam o lugar do éden porque as políticas esqueceram que o combustível dos motores é a vida das pessoas e suas diversas relações, pensamentos e imagens, oriundas de experiências subjetivas entre a angustia, as necessidades, os desejos e o vazio.
As imagens do futuro não são matérias mas dão vida e forma a elas. Estas imagens do futuro aparecem e desaparecem e o seu sentido está entre elas em nossa experiência subjetivação destes mundos. Digo que tem pessoas que gostariam de ser escravos ou guerreiros na idade media e lutar por sua liberdade em Games of Thrones do que consumidor no mundo moderno de hoje. O que as pessoas estão buscando é realizar seus desejos, poderes, fantasias, vidas o que a sociedade hoje inviabiliza a arte torna possível. Muitas crianças não obedecem aos pais, professores e padres mas se o Batman surgisse na sua frente com certeza.
Este é o poder da Arte em moldar futuros ou melhor construir futuros em nossas mentes resgatando imagens do passado ou do futuro não importa a arte em si tem poder ideológico.
Os “sem futuro” ao não dispor de bens ou mesmo dinheiro, quando tem mais tempo para assim viver seu ócio e menos regras e modelos a seguir ou ordens e futuros a sustentar possibilita irmos além para subverter as condições materiais e históricas muitas vezes e cada vez mais de forma anárquica e sem ordens como os Black Blocs.
Talvez não seja mais o lugar da dominação que buscamos nem um caminho único formatado por ideologias ou forma de ver, pensar e organizar a sociedade. Talvez temos cada vez mais consciência dos filmes sem fins de nossas vidas que não se encerram em uma ideologia ou papel a exercer. É o que fazemos da vida ou das imagens com as quais interagimos é o que nos define naquele momento infinito sem presente nem passado só futuro. Nós podemos decidir portanto somos todos sem futuro, o não vira sim, o sim vira não, destino e o futuro tem múltiplas direções que compõe a sua forma e trajetórias de vidas por infinitos caminhos e conexões de lugares, imagens, ideias, e gestos. Utopias e distopias.
A ideia de possuir a realidade como um todo e transformar as pessoas em massa perdeu sua validade alguns usam mas os efeitos são cada vez menores e cada vez mais impressíveis. Afinal os sem futuro vivendo entre os medos e as incertezas as suas invisibilidades ganham poder entre os que disputam as novas ordens, as imagens das desigualdades, aparecem e desparecem, mais as subjetividades são construídas.
Não há mais repouso ou segurança é preciso lidar com esta dinâmica e diversidade na vida e na arte, são estas fraquezas, perigos, desigualdades que desenham e compartilham transformações nas relações entre os sujeitos e no mundo. Estes poderes de transformação do futuro redistribui nos lugares reais e virtuais conhecimentos, imaginários, rendas, e outras numa mobilidade aonde o acesso não é garantia de ordem.
E como os artistas podem filmar esta mudança de situações e subjetividades interruptas que não tem um lugar e um horizonte a chegar? Sem a ideia de paraíso, nem de Deus nem de homem, a arte de cada um é que nos resta a viver. “
A criação é revolucionária porque ela emancipa todos aqueles a quem ela se dirige sem distinção.” O estilo de viver é cada vez mais o homem.
A IMAGEM FUTURA DE CADA UM DE NÓS
A imagem não é uma coisa, ela é um meio de comunicação e interação entre pessoas. Quando entre o tudo e o nada resolvemos fazer qualquer coisa, podemos renunciar a fazer coisas que tem o poder de nos transformar em coisa. Entre o desejo e o gesto realizado temos o poder de transformar aquela imagem em algo vivo em nós.
A arte torna visível o poder do pensamento. Portanto ela tem uma responsabilidade ética inerente ao seu destino político, ao poder de suas imagens. Entre o querer tudo e a dominação e o controle que o poder nos convida a exercer devemos buscar a terceira imagem para construir o futuro que buscamos, o da humanidade em transformação, o povo em emancipação. Todos na igualdade de cada um recebe sua proporção de liberdade via arte e deixa de ser espectador para ser ator neste processo. A criação artística nos ajuda a nos criar ou recriar portanto é inseparável de seu destino, ou seja, os seres que dialogam entre si a emergência de outros futuros emancipados distintos ou modificando projetos de poder ideológicos em curso na história. Diante das abundâncias dos infinitos possíveis temos o dever ético e estético de escolher um ou uns.
Diante das propagações via filmes do consumo e dos poderes vigentes em nossa sociedade representados muitas vezes por novos monstros, zumbis, traidores e outros devemos construir outros personagens principais para recriar a História do espectador, fortalecendo o dialogo dele consigo ou com outras imagens, evitando o inverso que estas imagens poderosas dos filmes consuma ele.
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