SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

INSTALAÇÃO A CARA DA VIOLÊNCIA! - texto conceitual.


Os Desafios da violência necessitam de respostas criativas e não mais do mesmo em serie. Transformar a energia da violência em paz significa potencializa-la em outras direções para transformar os ambientes e as vidas que a compartilham. A arte é essencial nas várias dimensões e níveis deste processo.  

Dizem que a violência é instinto mas também a arte desde que pintamos as cavernas. Algumas artes descritas por Deleuze como do pintor Francis Bacon são expressões diretas da intensidade da violência sobre uma imagem. Ela expõe a brutalidade dos fatos contra narrativas. A variedade caótica dos fatos e sentidos. Onde a violência se cria e reproduz por variações múltiplas em nossas vidas e cidades.

Cercados hoje como estamos diante de catástrofes e histerias com o aumento da criminalidade e da violência, cada vez mais somos inseridos neste contexto ao vivenciarmos algo, assistirmos ou pelo medo. De várias formas, incluindo a arte, nos também desenhamos a violência em nossas vidas e cidades. Cada um de nós, e não apenas os criminosos, somos a cara da violência.

Em filmes como Sin City de Robert Rodriguez e Frank Miller assim como nos filmes de Tarantino observamos personagens emergirem a ícones da cultura pop das novas gerações. Se eles foram criados pela arte do cinema ou são reflexos de pessoas reais que vivem no mundo do crime pouco importa. O que me interessa nesta instalação é saber por que eles nos atraem? O que eles despertam em cada um de nós? Quanto carregamos em nossos instintos da violência apesar de todo processo civilizatório, também forjado pela violência, das leis, cultura de paz e do valor que atribuímos a arte do belo que deveriam ser antídotos a violência.


Na instalação A CARA DA VIOLÊNCIA vamos registrar pequenas atitudes que em contextos de maior perigo, medo, necessidade, raivas, ou mesmo de disputa pelo poder, mulheres ou homens, sexo, dinheiro e outros nos transformaria em seres violentos e perigosos. Sem hipocrisia hoje vários psiquiatras afirmam que em sociedades como a nossa a probabilidade de psicopatas chegarem ao poder em suas organizações tem sido cada vez mais maior e natural, que vença o mais forte, o que não tem sentimentos pela dor ou sofrimentos dos outros. E assim como filmes psicológicos retratam psicopatas como Haniball também se tornaram ícones pop. Cada vez mais este processo se propaga em outros filmes e personagens como Zumbis ou games como o GTA ocupando lugares centrais em nossa cultura. As caras dos lutadores no UFC nos revelam muito mais sobre a pós-modernismo das violências .

Dentro de nossa Sociedade “oficial” outras sociedades tem ganhado cada vez mais espaço como a do narcotráfico que funcionam sobre outras regras, leis, violências, crimes, e impactos sobre nossas vidas e da sociedade oficial que vivemos. O narcotráfico entra no cotidiano das cidades e ser reverbera na vida de milhões de pessoas, na arte, no imaginário do poder, consumo, dinheiro e outros reduzindo as violências, crimes e vidas como meros efeitos colaterais sem importância e sem tempo a perder.

Na minha visão a arte tem um papel de expressão e mediação diante destes desafios em nossas vidas e cidades. Antes dele serem expressões corporais são políticas, estéticas, econômicas, e culturais, mas exatamente o que isso quer dizer?

Quantas caras a violência tem? Incluindo a nossa em nossos comportamentos? Elas conseguem dialogar entre si? Conseguimos compreender este fenômeno complexo que a violência se torna cada dia mais? A arte ou uma Educação ética, estética ou política pode reduzir a violência nas cidades não só entre pobres mas entre ricos também?


As reconfigurações das sensações, dos olhares, palavras, comportamentos traduzem a violência no cotidiano, nas artes, nos desejos, na política, cultura, consumo ou em qualquer meio que ela possa se propagar e expressar suas formas. Registar e interagir com estes indícios no momento em que se produzem e por vários meios como ao assistir um filme violento, nos terminais de ônibus ao pegar um ônibus lotado, nas escolas, no convívio entre assassinos nos presídios, nos amores e ciúmes, na disputa política pelo poder, na guerra dos traficantes, na luxuria e desperdício dos ricos, nas incapacidades de amar e sentir os sofrimentos dos outros, e na busca de apreender o bem e o belo podemos registrar AS CARAS DA VIOLÊNCIA. E mais do que isto podemos ver as reações, opiniões, Caras dos que assistem e compartilham estes vídeos e ou experiências realizadas em locais públicos.

Desta forma um terceiro olho pode registrar esta dinâmica de culpados e inocentes, das relações que nos formam e deformam, do lado silencioso que não conhecemos ate explodir e deixar suas marcas e consequências em nossas vidas e cidades.

Sim devemos apreender a dançar com a violência obedecendo em primeiro lugar seu ritmo para conhecê-la, apreendê-la, observa-la e perceber como ela se constrói e se desfaz, afirmá-la e negá-la em sentidos e contextos diversos. Não ter medo de olhar sua cara nem a nossa, não negando o lugar e a cultura de onde vivemos, talvez possamos ajudar a transformá-la. Não com a cara de anjos, Deuses ou mágicos mas usando a própria arte para expressar nossas violências e nos tornar conscientes e inconscientes delas.



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário