SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

AS DIFERENÇAS ENTRE OS GESTORES EDUCACIONAIS E AS CRIANÇAS SOBRE O QUE PENSAM SOBRE EDUCAÇÃO!

 



Eu fico com a pureza da resposta das crianças é a vida... Ás vezes fico pensando e até sonho com situações que passei em sala de aula com a fala de meus alunos sobre fome, a falta do lápis, não saber ler, abandono, situações de violências e mortes que presenciaram, doenças sem apoio, muitas vezes provocadas pelas reformas na escola, sobre ficar em casa sozinho encontrar a mãe ou avó a noite, entre outras e tantas histórias que acontecem todos os dias em várias escolas. Eu também fico pensando nos discursos de muitos gestores educacionais e líderes que usam a educação para manter suas posições e outros interesses sobre uma das melhores educação do Brasil, SPAECE e a melhor rede do mundo, tudo está ótimo. É importante lembrar na História que os nazistas deliravam sobre os seus poderes enquanto negavam a realidade que as pessoas viviam. Eles repetiam palavras, ideologias, tudo que os chefes mandam, a rede dos que obedecem, os capitães do mato eram brilhantes, mesmo que isso não apaga a realidade de milhares de crianças e suas escolas. Eu fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita, viver sem ter a vergonha de ser feliz. Eu acredito que é possível educar criança sem sua FAMÍLIA inteira, sem se render a RELIGIÃO A ou B, sem PÁTRIA mas como humanidade, desde que a educação não se renda a interesses de políticos, de fundações empresariais, nem de gestores educacionais que se perpetuam no poder há anos cometendo os mesmos erros contra o direito das crianças e professores em acordos das casas grandes as custas das senzalas. 



Muitos educadores sentem prazer em se deixar guiar pelos chefes e combatem juntos qualquer sinal de sensibilidade e verdade que vai contra os discursos oficiais. Um Nazista da SS alemã como Rudolf sonhava em se tornar missionário para levar a civilização branca para África. Ainda hoje impomos uma educação branca as crianças e jovens negros que sofrem todos as consequências do racismo estrutural. Fortaleza e Ceará matam mais jovens que São Paulo com 4 vezes a população, muitos deles passaram vários anos na escola, e suas vidas não mudaram, somos a cidade mais rica do Nordeste e de bilionários, onde a maioria da população vive na pobreza há décadas com esse mesmo modelo de educação que não deu certo nos EUA. Mas somos a cópia da cópia, negamos Paulo Freire todos os dias que alfabetizou pessoas em 40 dias, aqui duram décadas e nada. Ainda usam as estatísticas para enganar as pessoas falando de pequenos ganhos dos últimos anos que não alteram a exclusão da maioria no acesso à educação, sem se alfabetizar e concluir o ensino médio, mas as prioridades continuam novos prédios, propaganda e outros interesses eleitorais nas escolas com o silêncio dos vereadores sobre a realidade.  



A liberdade mental e de expressão é diferente da repetição para provas. O poder das palavras do português é tão grande que o menor acontecimento, traumas ou sofrimentos em nossas vidas pode mudar seu significado e nos fazer ver um mundo diferente. E podemos fazer isso com o ensino do português e matemática falando de suas vidas, é assim que educo. É possível mudar o destino de vidas escutando e apoiando as necessidades dos alunos, mas também podemos compreender o mundo dos gestores educacionais para enfraquecer suas certezas fanáticas. Dar sentido às coisas para sair do caos permite um trabalho de reconstrução. Quando a representação que o ferido faz de seu trauma está de acordo com as narrativas circundantes familiares, escolares e culturais, o prazer e o orgulho de voltar a viver, superam a infelicidade de ter sido mutilado. “Você não é mais uma folha levada pelo vento, você adquiriu um grau de liberdade" Quem escreve isso é um especialista em educação infantil, o psiquiatra Dr. Boris Cyrulnik, autor do livro O lavrador e os comedores de vento. Ele perdeu os pais e foi preso para ser levado à morte aos 6 anos na segunda guerra mundial pelos nazistas que são comedores de vento. Eu fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita, viver sem ter a vergonha de ser feliz. 



A novidade da educação agora é a tecnologia? A sereia ou a fome ?Todos sabemos que a falta de alimentação prejudica o aprendizado na “era da neurociência”? A escola aprendeu isso? Aprendeu sobre a importância do brincar na educação infantil? mas sem brinquedos e espaços lúdicos? É mais barato comida e brinquedos que propaganda falsa. Mas há décadas no poder políticos e gestores educacionais pactuam e negam essa triste realidade. Sim, é possível escapar do destino biológico e social, mas não pela ausência de caminhos. Enquanto isso culpam as crianças? que não conseguem apreender? Que crescem em ambientes que destinam prisão? Que brigam muito e são indisciplinados? Gostaria que os políticos e gestores educacionais ouvissem a República das crianças e não a Oligarquia deles e dos amigos da SEDUC. A arte e o esporte são prioridades nos melhores sistemas educacionais do mundo e não o português e a matemática, o debate de ideias na escola fortalece a democracia e o pensamento não a repetição. Eu fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita, viver sem ter a vergonha de ser feliz.  


 


As crianças não devem ser excluídas dentro da escola, proibidas de viver na escola, de se calarem sobre suas vidas fora da escola ou não ser escutadas, não adianta culpar suas famílias, temos que transformar essas realidades em ações educacionais e políticas para mudar vidas e pensamentos incluindo dos gestores educacionais. As nossas crianças já são expulsas de nossa sociedade assim como suas famílias e comunidades. A insurreição pedagógica é necessária quando a criança é humilhada pela sociedade. A Dignidade é recuperada quando a revolta restabelece a confiança da criança dilacerada pela vida.  Buscar que as crianças falem sobre suas vidas faz sofrer, mas se ninguém escuta elas se calam. Os sonhos nos salvam de loucas realidades em que é normal matar crianças e jovens. É preciso aprendermos a compartilhar dores e sofrimentos na escola e na sociedade. Isso é saúde mental. Não nos acostumarmos com a infelicidade de morrer, sofrer, viver na miséria ou educar para isso é preciso compreender para transformar. A compreensão do horror nos faz dominar melhor os agressores. Para dar sentido ao sem sentido é preciso colocar em ordem e educar nossas almas. 


 


Desconfiar de ideias claras como SPAECE é urgente, ela é uma ideia sombria. De onde vem essa maneira de tentar dizer o que é o saber? Dos principais pensadores da educação não! É na infância que colocamos os problemas fundamentais que formam nossa vida. Algumas crianças nascem ouvindo histórias nazistas, racistas e excludentes de seus pais como se fossem heróis e reproduzem seus comportamentos, enquanto a maioria vive na miséria. A maioria se for falar de suas vidas a memória sangra. Os nossos heróis educacionais da elite ou capitães do mato tem feito muita gente sofrer e sangrar com suas proezas que nos afastam do real dos efeitos da educação da mentira e da morte. Os detalhes do banal dos brinquedos, lápis, comida os incomodam por suas grandiosidades são perturbadas pelas verdades que não aparecem nas propagandas. Eles buscam impedir os questionamentos e vivem de delírios. E preparam a guerra contra os que não pensam como eles, tipo eu.




As primeiras palavras das crianças designam objetos do contexto, tipo bola, aos poucos elas se afastam no espaço para brincar, e entre cinco e seis anos seu cérebro permite a representação do tempo, a idade da narrativa. Eu fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita, viver sem ter a vergonha de ser feliz. Somente continuar nosso caminho de educadores e das crianças rumo a autonomia é que temos acesso a um grau de liberdade interior e exterior. É que podemos julgar ou avaliar as narrativas que ouvimos de políticos e gestores educacionais, alguns se rendem às narrativas dos gestores e se calam ou omitem em relação à realidade das escolas e das crianças. A maioria dos educadores preferem tocar as pedras, sentir o cheiro da vida, e experimentar o prazer de compreender a realidade do que se render aos discursos podres dos poderes. Nós ficamos com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita, viver sem ter a vergonha de ser feliz.     




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