Educar é compreender a si, a vida, o mundo em que vivemos, a história de como chegamos até aqui. Porém as disciplinas não são caixinhas como Legos que se encaixam umas nas outras e "produz" o pensamento. As caixinhas ou disciplinas são feitas de fios que se entrelaçam uns nos outros e geram um pensamento, percepção, imaginação em rede. Se esse processo de compreensão e educação for como a vida orgânica, mais próximos estaremos da natureza, da vida, do mundo e melhor vamos interagir, transformar nossas vidas e o mundo na medida em que compreendemos melhor. O português tem mais a ver com a expressão do ser e seu letramento com ampliação de palavras e vocabulário do que gramática. O pensar de forma matemática nos dá mais precisão em tudo que fazemos na vida, ciências, economia, política, saúde e cada vez que tivermos mais dados, mais o pensamento se torna mais preciso e orgânico como uma DNA que gera um corpo. Sim o pensamento biológico nos educa a compreender o processo da vida ou vivo, como nascem e se desenvolvem, interagem entre si vários elementos químicos e processos físicos modelando espécies, seres humanos, ecossistemas, ecologias; minha compreensão disso é maior se pensar matematicamente e expressar meu ser e o mundo. Posso falar de um pensar sociológico, histórico, econômico, artístico e outros, mas principalmente de como esses fios se entrelaçam num mesmo pensamento, percepção, imaginação. Portanto, educar a pensar é muito mais que passar conteúdos de forma isolada e gastar bastante tempo nas escolas e Universidades com esse método, numa sociedade em que o conteúdo é cada vez mais abundantes, porém o pensamento, capacidade crítica e criativa não! Educar para pensar e não para repetir é essencial, aprender a entrelaçar os fios que a realidade e a vida nos ensinam com diversos conteúdos é vital com autonomia, corporeidade, interação social por caminhos múltiplos, semeando pensamentos complexos, sistêmicos e interdisciplinares que geram diferenças no mundo e nas nossas vidas, aprofundando nosso processo de individuação e de reflexão, autocrítica e metacognição de nossos pensamentos.
Um dos primeiros cursos criados na Universidade no Ocidente foi Antropologia dada a importância de compreender outras culturas. Pensar antropologicamente se torna uma necessidade nas Escolas e Universidades, devido às mudanças climáticas e inovações tecnológicas, precisamos aprender com outras culturas e civilizações de como viveram durante séculos em harmonia com a natureza apesar dos seus perigos. Em pouco mais de 200 anos, o pensamento ocidental e o capitalismo destruíram o planeta, tamanha violência e desigualdades. Este pensamento ocidental fragmentado, linear, reducionista, pobre em sabedoria, apesar da caixinha da antropologia, negou e tentou destruir outras culturas. A decolonidade busca resgatar o pensamento africano e indígena visando enriquecer nossos pensamentos como humanidade, e devemos incluir o que de bom o ocidente gerou, incluindo várias tecnologias e economia, mas não como mais um caixa nas Escolas e Universidades. Assim como o pensamento tecnológico que perpassa e transborda várias disciplinas, nenhuma teoria é completa e aprender a pensar é saber criticá-la. A tecnologia e a antropologia exigem matemática, física, química, biologia e imaginação, essa rede de saberes e experiências muitas vezes foram geradas e pensadas fora dos muros da Universidade. Essa cultura ocidental do saber localizado e departamentalizado na Escola e Universidade, numa sociedade em rede e nas nuvens, onde os meios de acesso aos conteúdos, extensão e instrumentos de pesquisa, tende a ser democratizados, clama por necessidade de repensarmos para além da nossa cultura como educamos e pensamos. Esse pensamento antropológico que aqui realizo pode ser enriquecido com números e dados com o pensamento matemático, com fatos históricos, com relatos de mutações e evoluções biológicas, incluindo a sintética, provocados por esses fatores, incluindo tecnológicos. Os fios e os feedbacks entre esses saberes geram uma compreensão maior do mundo em que vivo e de quem somos, incluindo as recentes revelações de extraterrestre pela Nasa. A educação deve ser realizada para nos educar a pensar, e não a repetir os mesmos erros, ficar cegos ou míopes, incluindo sobre as consequências de nosso pensamento como bombas atômicas ou ignorâncias artificiais produzidas por algoritmos/robôs sem alma. Enxergar o invisível é necessário, toda luz que não podemos ver, conecta o imprevisível, o incerto, e o caos nos dando razões para pensar nossas vidas e o mundo de milhões de outra formas, integrando mundos, culturas e saberes, de forma complexa, viva e democrática, gerando novas formas de ser, viver e nos governar, ampliando nossas escolhas de vida, vivendo em ecossistemas educacionais, escrevendo outras narrativas e cartografias na História do Século XXI. Outras palavras para explicar e pensar o mundo.
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