SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

sábado, 4 de janeiro de 2025

OS LIMITES DA EDUCAÇÃO CONTEUDISTA, REPETITIVA E ADESTRADORA.

 



Quando verificamos os resultados do Brasil no PISA e no Timss, a posição em rankings internacionais, e comparamos com índices nacionais, temos que fazer sérias reflexões sobre os vencedores. Entre os 56 países participantes (membros da OCDE e parceiros) no PISA, o Brasil ficou no fim da lista, na 44ª posição, atrás de outras nações latino-americanas, como Uruguai, Colômbia e Peru. O Brasil está entre os piores países em ranking global, Timss, que apresenta o desempenho de estudantes do 4º e 8º anos do ensino fundamental na área de matemática. A primeira pergunta é: nós estamos nos enganando ou queremos enganar quem ? Como reduzir a educação a duas notas e negar o impacto de outras variáveis sobre o ensino e o aprendizado ? E tenta-se apagar a História e as políticas educacionais que geram não apenas boas notas mas cidadania, justiça social, riquezas, inovação, tecnologias, políticas públicas e outras.
Os marqueteiros ou coaches educacionais vendem falsos modelos de educação conteudistas, repetitivos e adestradores. Essa má educação destrói escolas e as vidas de alunos e professores. Esse modelo além de destruir a capacidade crítica e reduzir a criatividade, tem por critério passar no vestibular, conseguir um diploma de falsas universidades precárias em ensino, pesquisa e extensão; afetando nossa economia e mais do mesmo em relação aos nossos desafios econômicos, sociais e ambientais. 


Já a educação duradoura está alicerçada no fortalecimento de indivíduos e coletivos a médio e longo prazo, se enraíza na cultura e necessita desenvolver autonomia freiriana, interações sociais a luz de Vygotsky em torno do bem comum, afetos que reduz as violências como fez Wallon, a imaginação que ilumina inovações, o processo de individuação que é necessário ser potencializado na escola, caminhos múltiplos de aprendizagem, e outros. Esses processos educacionais se somam, regem e fortalecem o estudo das ciências, português e matemática, capazes de produzir pensamentos complexos, interdisciplinares e sistêmicos com capacidade crítica e criativa. Não apenas como instrumentos para uma prova e notas. O letramento em português , matemática e ciências se dá por múltiplos caminhos nas escolas, casas e sociedade. As aulas requerem inovações educacionais que dialoguem com o cotidiano e a vida dos alunos e professores, os desafios são bem vindos, assim como práticas que lidem além da razão com a coragem, liberdades, e a imaginação de exercer seus caminhos intelectuais com autonomia.


O foco nas respostas das questões, depois de ler livros didáticos e aulas expositivas, foco nos conteúdos que perde seus contextos e relações, é reforçado com mais questões do mesmo, e funciona como um processo de repetição e adestramento. Ao invés disso, o amor ao saber deve ser o horizonte que a educação e as escolas alicerçam e pavimentam os caminhos da vida.


Porém os limites de nossa educação não está nas escolas, professores e alunos, mas sim muitas vezes nos gestores dito educacionais, seus interesses, falsas propagandas e corrupções. É sobre essas ignorâncias e brutalidades que devemos canalizar o diálogo e ser escutados de forma democrática e republicana. A educação não pode ficar refém de tecnocratas, oligarquias e gangues partidárias que atuam como máfias. 


A História e a educação mudam com ideias, inovações, múltiplas vozes, respeito aos contextos onde as escolas atuam, ampliando os limites que reduzem o ser humano, o saber, a cidadania e a nação. Lutamos contra os ridículos poderes e interesses que durante 525 anos negam uma educação de qualidade ao seu povo, incluindo o acesso a creches, educação superior e outras. E infelizmente assim continuamos a viver de vender commodities, diversos tipos de crimes e corrupções, sustentando os privilégios de elites com escravidão, baixos salários e desigualdades da maioria, continuamos a exportar cérebros, o autoritarismo domina, sem a mesma chance de oportunidades para todos. Enquanto a política pública exclui, geramos a segunda população carcerária do mundo, uma das maiores desigualdades, destruindo a natureza brasileira e sofrendo os impactos da pobreza, violências e mudanças climáticas. A Educação é o caminho mais barato e eficaz em relação aos custos das consequências de uma educação conteudista, repetitiva e adestradora de lidar com todos esses problemas de uma vez só; como fizeram outras nações pelo mundo. A responsabilidade da Educação no Brasil é de todos os setores, Governos, Empresas, ONGs, Movimentos sociais, gestores, professores, alunos, famílias e comunidades. Uma Educação para todos contra os privilégios, corrupção, violências, desigualdades. Pílula vermelha ou azul ?               




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