Mais do mesmo !
Ei menino branco o que é que você faz aquiSubindo o morro pra tentar se divertirMas já disse que não temE você ainda quer maisPor que você não me deixa em paz?Por que você não me deixa em paz?
Desses vinte anos nenhum foi feito pra mimE agora você quer que eu fique assim igual a vocêÉ mesmo, como vou crescer se nada cresce por aqui?Quem vai tomar conta dos doentes?E quando tem chacina de adolescentesComo é que você se sente?Como é que você se sente?
Em vez de luz tem tiroteio no fim do túnelSempre mais do mesmoNão era isso que você queria ouvir?Bondade sua me explicar com tanta determinaçãoExatamente o que eu sinto, como penso e como souEu realmente não sabia que eu pensava assimE agora você quer um retrato do paísMas queimaram o filme, queimaram o filmeQueimaram o filmeE enquanto isso, na enfermariaTodos os doentes estão cantando sucessos popularesSucessos popularesSucessos popularesSucessos popularesHum, oh ohHum, oh ohTodos os índios, índios, índios foram mortos, mortos, mortos
ÍNDIOS
Quem me dera ao menos uma vezTer de volta todo o ouro que entreguei a quemConseguiu me convencer que era prova de amizadeSe alguém levasse embora até o que eu não tinha
Quem me dera ao menos uma vezEsquecer que acreditei que era por brincadeiraQue se cortava sempre um pano de chãoDe linho nobre e pura seda
Quem me dera ao menos uma vezExplicar o que ninguém consegue entenderQue o que aconteceu ainda está por virE o futuro não é mais como era antigamente
Quem me dera ao menos uma vezProvar que quem tem mais do que precisa terQuase sempre se convence que não tem o bastanteFala demais por não ter nada a dizer
Quem me dera ao menos uma vezQue o mais simples fosse vistoComo o mais importanteMas nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Quem me dera ao menos uma vezEntender como um só Deus ao mesmo tempo é trêsE esse mesmo Deus foi morto por vocêsSua maldade, então, deixaram Deus tão triste
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entendaAssim pude trazer você de volta pra mimQuando descobri que é sempre só vocêQue me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vícioDe insistir nessa saudade que eu sintoDe tudo que eu ainda não vi
Quem me dera ao menos uma vezAcreditar por um instante em tudo que existeE acreditar que o mundo é perfeitoE que todas as pessoas são felizes
Quem me dera ao menos uma vezFazer com que o mundo saiba que seu nomeEstá em tudo e mesmo assimNinguém lhe diz ao menos obrigado
Quem me dera ao menos uma vezComo a mais bela triboDos mais belos índiosNão ser atacado por ser inocente
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entendaAssim pude trazer você de volta pra mimQuando descobri que é sempre só vocêQue me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vícioDe insistir nessa saudade que eu sintoDe tudo que eu ainda não vi
Nos deram espelhos e vimos um mundo doenteTentei chorar e não consegui
HÁ TEMPOS
Parece cocaína, mas é só tristezaTalvez, tua cidadeMuitos temores nascem do cansaço e da solidãoDescompasso, desperdícioHerdeiros são agora da virtude que perdemos
Há tempos tive um sonhoNão me lembroNão me lembro
Tua tristeza é tão exataE hoje, o dia é tão bonitoJá estamos acostumadosA não termos mais nem isso
Os sonhos vêm e os sonhos vãoO resto é imperfeito
Disseste que se tua voz tivesse força igualÀ imensa dor que sentesTeu grito acordariaNão só a tua casaMas a vizinhança inteira
E há tempos, nem os santosTêm ao certo, a medida da maldadeE há tempos, são os jovens que adoecemE há tempos, o encanto está ausenteE há ferrugem nos sorrisosE só o acaso estende os braçosA quem procura abrigo e proteção
Meu amorDisciplina, é liberdadeCompaixão, é fortalezaTer bondade, é ter coragem (e ela disse)Lá em casa tem um poçoMas a água é muito limpa (limpa)
TEMPO PERDIDO
Todos os dias quando acordoNão tenho mais o tempo que passouMas tenho muito tempoTemos todo o tempo do mundo
Todos os diasAntes de dormirLembro e esqueço como foi o diaSempre em frenteNão temos tempo a perder
Nosso suor sagradoÉ bem mais belo que esse sangue amargoE tão sérioE selvagemSelvagemSelvagem
Veja o sol dessa manhã tão cinzaA tempestade que chega é da cor dos teus olhosCastanhos
Então me abraça forteMe diz mais uma vez que já estamosDistantes de tudoTemos nosso próprio tempoTemos nosso próprio tempoTemos nosso próprio tempo
Não tenho medo do escuroMas deixe as luzesAcesasAgoraO que foi escondido é o que se escondeuE o que foi prometido, ninguém prometeuNem foi tempo perdidoSomos tão jovensTão jovensTão jovens
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