Um dia fiquei pensando em como me tornei o que sou? Qual a trajetória
de vida e escolhas que construíram o que julgo hoje como regras do que
sou. Ah eu sou assim, este é o meu mundo, minha personalidade, coisas
assim que nos fazem mais nos conformar, do que nos atrever, mais
silenciar do que despertar, mais fugir do que encontrar o caminho que
percorremos e multiplicar as possibilidades que temos a frente.
Sobre um encanto de um papel que temos na sociedade, de um amor, de
uma religião, de um modelo de educação, evitamos nos questionar e nos
despojamos de nossos sonhos para viver realidades que nos confirmam
destinos pré-fabricados pela sociedade em que vivemos.
A História mais importante que você tem que apreender é a sua, seus
enigmas e mistérios, e que as razões sozinhas não preenchem. Ela só
pode ser descoberta com algum tipo de mágica que viver oferece
gratuitamente. Afinal tudo muda e as correntes e prisões que nos
encantam com suas razões viram ferrugem com o tempo, só nos restando
lembranças delas que atuam como verdadeiras regras.
Algo vital numa trajetória de vida é entender que parte dela realmente
somos nós. Quanto ganhamos de presente, asfaltando os caminhos e
muitas vezes dirigindo por nós, com um conjunto de proteções e
paisagens iludindo que os pés e as razões eram nossas.
Outra questão é como um pensamento evolui em nossa cabeça e rompe
direções de nosso viver. Como um ciclo de ideias passa a destinar
nossa vida ou como sentimentos escrevem nossa trajetória. Não é fácil
decidir muito menos se calar quando o assunto é que rumo de vida
tomar, porém é mais fácil quando tomamos consciência de que rumos de
vida tomamos.
Enfim não há segredos nem receitas nem vidas iguais. A imaginação é um
caminho que muitas vezes determina as realidades que construímos em
nossa vida, assim como causas, saberes, espiritualidade e lógico
grana. Porem tentar reduzir a vida a um ou mais ingredientes é
esquecer que o sabor que buscamos e o desejo de outros sabores faz dos
ingredientes coadjuvantes da receita da vida. É na trajetória,
diferente de um self service, que construímos o que nem sabíamos nem
saboreamos mas que ao viver degustamos sempre na expectativa que o
prazer seja eterno mas ele se repete e morre.
Um novo filme, nova música, nova viagem, novo amor, na verdade não tem
nada de novo é muitas vezes mais da mesma trajetória.
A visão, os propósitos, a imaginação, colhem no jardim do Éden
pequenas sementes do paraíso que ao prová-las queremos entregar-lhes a
vida. O problema é que não existe uma só árvore e nem todas elas
preenchem os deuses que carregamos dentro de si. As árvores somos cada
um de nós e são seus frutos que constroem trajetórias. Colocar o eu, o
homem, como Verdade ou Juiz, é não compreender que em ecossistemas o
que existe é fluxo de energia. O máximo que uma trajetória de vida
consegue é potencializar seu ser em desafios e colheitas maiores que
sua jornada, inclusive a sua energia é regada pelas capacidades
apreendidas ao viver com intensidade este fluxo.
Os frutos amadurecem na medida em que compreendemos as trajetórias dos
que plantam, colhem ou destroem as colheitas. Mas você consegue enxergar a
floresta? Ou continua olhando para árvores esperando que elas vivam ou
morram independente do Ecossistema que o mundo está se transformando?
A sua trajetória acompanha ou dança com a vida e a evolução? Em que
instantes se eu se conecta a todos os presentes de sua vida e
ecossistemas que compartilha? Acho que temos algumas pistas desta
jornada. Boa viagem!
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