Sim somos todos personagens e nossas
vidas roteiros de várias histórias. Imagine se podemos vivê-la e
apreendê-la virtualmente podemos jogar com ela em cenários e
circunstâncias impossíveis na vida real mas que ilumina decisões
que tenho que tomar no dia a dia.
Qual a melhor forma de interagir num
jogo para além dos movimentos performáticos ou de imagens já
desgastadas pelo cinema que projetam ser mais reais que a proporia
realidade que compartilhamos na vida e nas cidades. Ao ponto que o
Batman se veste da vida de várias pessoas na vida real ou nos games.
As várias situações de um jogo
constituem a motivação global para a iconografia e os
acontecimentos com que nos deparamos. Porem estas situações nos
jogos e cada vez mais nos filmes mainstreans de hoje são quase
sempre as mesmas. Já sabemos o final e a sequencia dos próximos
lançamentos. Portanto o desafio é inovar nas situações eu diria
na trajetória dos personagens o que inclui os acontecimentos,
imagens, tomada de decisões e eu diria tornar o imprevisível
possível nos games e na interação deles com a vida real através
das redes sociais, flash mob e outros.
Ampliar a noção de presença nos
jogos não apenas através dos personagens e da modelagem dos corpos
e de suas ações o que Santaella chamou de identificação
encarnada. Indo muito além também do que chamamos jogos de
simulação “que procuram recriar modelos de sistemas
suficientemente complexos e baseiam o jogar na experimentação com o
comportamento global do sistema a partir de interações com seus
elementos e subsistemas mais simples.”
Na minha visão o desafio da imersão
num jogo tem a ver com os desafios que compartilhamos na realidade.Os
jogos hoje focam cada vez mais na criação de obstáculos e tipos de
inimigos além das barreiras físicas que testam as capacidades do
corpo virtual no jogo. Mais do que vencê-las jogar consiste em
enfrentá-las, a resistência e as habilidades domesticadas pela
repetição é o êxtase.
Porem o que buscamos é para além
disto como podemos fortalecer a autonomia do jogador pela qualidade
se possível literária da narrativa com imagens surrealistas ou de
outras escolas de nossa pintura em universos jogos sistêmicos que
dialogam com desafios do mundo de hoje.
É necessário o jogador ter condições
de recriar internamente movimentos que apenas observa tornando seu
corpo e inteligência mais orgânicos. Interagir com o que o ambiente
oferece ao organismo que nele habita virtualmente. A maneira como o
ambiente é representado na mente do organismo se torna o escopo
possível de interação operacional com seu ambiente. Uma interface
que começa em processos puramente físicos e termina em processos
altamente sofisticados e sígnicos. Trata-se da possibilidade de
vivência de um ambiente alternativo, virtual e simulado que a
natureza do game nos abre. Um game como a vida que nos ensina outras
formas de viver e aprender histórias.
Porem como podemos construir ambientes que tenham a nossa “cara” quer seja virtual ou real ? Ou seja como jogar na pele de um outro e ter a mínima experiência de alteridade a partir do corpo deste avatar ? Novas visualidades pode engendrar outras vivências. Temos que quebrar a hegemonia das imagens pintando, escolhendo ou desenhando nossas imagens e transformando estes ambientes em games.
No mundo em que muitos vivem sem
imagens de si porque não construí-las virtualmente e no real ? Não
copiando poses mas ousando movimentos impossíveis em nossas vidas
com o gosto do real e do imaginário. A janela do mundo tem que se
abrir a partir da compreensão de nosso ser. Se podemos fazer isto no
game da vida podemos construir outras formas de viver e histórias a
contar. Porem não se esqueça que após o desafio de vencer o jogo
da vida a recompensa não é sua sequencia mas a eternidade.
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