SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

domingo, 20 de maio de 2018

A tragedia das oligarquías e dos sertanejos de Suassuna cantada pela Barca dos corações partidos.



A guerra das oligarquias mata milhões de sertanejos, mas mata também Coronel . Porem, nem a família, nem Ariano Suassuna, vingaram a morte de seu pai morto, consequência das brigas politicas com a família de outro Governador morto, João Pessoa. E para falar da tragédia nem precisamos ir buscar longe nossos auto proclamados reis e nobres, nem precisamos de Shakespeare pois podemos rir deles com nossos bobos da corte Chicó e Joao Grilo. 

Talvez pela morte de seu pai, a vingança dele foi ser poeta. Ele sempre buscou se transformar no palhaço, repentista, vidente, cavalheiro, profeta, jagunço, monge, no teatro, no circo, em histórias de amor e de guerras. Suassuna que tanto amava Dom Quixote e Shakespeare deu vida a uma Pedra no Reino, colocando no auto da compadecida o sofrimento, a sabedoria e as alegrias do povo sertanejo numa terra seca e violenta que enriquece as oligarquias. 

O nosso destino neste sertão nordestino, o melhor mundo que há, é chegar naquela vila tão moderna e tão tranquila chamada Taperoa. 

Ate chegar lá em nossa terra prometida talvez uma Terra da Sabedoria, muito temos que conhecer destas bandas do sertão e da saga de retirantes quando a seca bebe os rios deixando só caveiras.

Aonde havia comida, fartura e paz agora só se vive com armas, a paz dura pouco tempo e com ela a esperança. Tudo aqui termina em guerra por água, terra, poder, ambição ou vingança. 

O sertão vira brasas soltadas por Satanás. Toda historia de tragédia envolve amor e poder. Enriquecer e se apaixonar. Duas forças inimigas com dois projetos de vida, tentando prevalecer num jogo de regras desconhecidas de alguma velha canastra esquecida. 

Isto aqui é uma prisão, lugar de erro e castigo, pois pra viver no sertão tem que ser seu inimigo. Travar com ele uma guerra, onde a mulher é escrava do mundo inteiro e do homem. Onde quem planta não colhe e quem trabalha não come. Onde o poder e a fortuna repousam num sobrenome. 

Onde quem manda é a bala. E toda vida tem preço para quem puder pagar. E onde a própria verdade muda de nome e de lei. Onde o que eu sei, eu não digo, e o que eu vi, eu não sei. Aqui a luta do mundo. Não dá descanso para faca. Sem respeitar quem tem medo. Nem perdoar gente fraca.

Enquanto os poderosos vivem sozinhos, ninguém quer fazer companhia com seus destinos de crueldade. Cortaram tantos pescoços para chegar a monarquia de duas famílias brigando que nem gato e cachorro.

Estrelas da noite cadê o futuro deste povo? Quem sente no sangue paixão verdadeira. Salta no abismo não volta jamais. O amor é como vento só existe enquanto passa. E tudo que eu vivi virou mentira. E a estrela de Ariano brilha a eterna poesia.

Eu sou atriz. A mulher descobre a própria natureza quando precisa usar a voz de um homem. Buscar dentro de si o que não é. Cada pessoa é dez é cem é mil. O mundo esta crescendo ao meu redor. Que coisa boa eu sou tudo que eu faço. Hoje eu preciso ser tudo, sendo eu mesma. Ser Iracema é ser tudo que eu quis . Essa será minha nova natureza. Ola muito prazer. Eu sou atriz. 

Vim aqui reencontrar minha vida minha gente. O efêmero sagrado, as energias desperdiçadas, a luta sem grandeza, o heróico assassinado em segredo, o que foi marcado de estrelas.

O teu espinho a me furar irá sangrar banhando todo o sertão. Quando eu conversar com Deus, vou querer lhe perguntar, se deixou que esse mundo virasse um triste lugar.  E a vida fosse somente esta dívida que tem que morrer para pagar.

Vou dizer que a injustiça começa no nascimento, uns tem berço em colchão fino, outros num chão de cimento. Uns tem amor e carinho e outros crescem num ninho de medo e sofrimento. 

Toda noite o mundo escuta o choro dos ofendidos. Notícias que não vieram para as mães que ainda esperam filhos desaparecidos. Retirantes maltrapilhos em frente ao portão dourado batendo com toda força ninguém ouve seu chamado. Chamam há mais de cem anos de fome e de desenganos mas Deus é muito ocupado.

Enquanto isso as oligarquias tem medo de não ter em quem mandar, de não ter dinheiro, nem poder, nem se eleger com os votos comprados pelo diabo da corrupção. Lá vem o poeta trazendo o povo para liberdade que se conquista. Planta felicidade na vida da nação coisa de poeta navegar na contramão. Viva Ariano Suassuna!
   

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