Anos 1980. São Paulo.
A indústria brasileira enfrentava crise.
Inflação alta.
Greves.
Demissões em massa.
A maioria das empresas respondeu com controle.
Mais regras.
Mais chefes.
Mais burocracia.
A Semco, não.
Seu líder, Ricardo Semler, fez o oposto do que qualquer manual mandaria:
tirou cargos, tirou chefes, tirou controle…
e entregou a empresa nas mãos das pessoas.
Parecia suicídio organizacional.
A primeira decisão radical:
Funcionários escolheriam o próprio salário.
Sim.
O funcionário olhava para o próprio desempenho,
comparava com colegas,
via o caixa da empresa,
e definia quanto deveria ganhar.
Sem aprovação.
Sem RH decidindo.
Sem diretor revisando.
Consultores corporativos chamaram de loucura.
“Vão pedir fortuna.”
“Vai virar anarquia.”
“A empresa não dura seis meses.”
Não aconteceu nada disso.
O que aconteceu foi:
1. As pessoas se tornaram mais responsáveis.
Quando você decide o próprio salário,
você passa a se cobrar mais do que qualquer chefe cobraria.
2. A transparência eliminou política interna.
Todos viam números, margens, custos.
Salário virou consequência — não negociação.
3. Os melhores ficaram.
Os piores pediram para sair.
Autonomia assusta quem vive de esconder incompetência.
E a Semco não quebrou.
Cresceu.
Triplicou o faturamento.
Virou referência global.
Foi estudada em Harvard, MIT, London Business School.
Virou livro famoso: Maverick.
Tudo isso no Brasil —
em plena turbulência econômica —
com um modelo de gestão que o mundo inteiro dizia que não funcionaria.
A lição?
A maioria das empresas não sofre por falta de talento.
Sofre por falta de confiança.
Controle demais gera infantilidade.
Autonomia gera responsabilidade.
Ricardo Semler mostrou algo simples e desconfortável:
Quando você trata adultos como adultos,
eles se comportam como donos.
E quando você trata como crianças,
eles esperam que alguém diga o que fazer.
A pergunta é:
O seu time está pedindo permissão para tudo…
porque quer?
Ou porque foi treinado a não pensar?
(Em 2025 a Semco foi vendida para a indiana GMM Pfaudler)
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