Uma palavra serve para despertar novos horizontes, assim como a história pode ser contada de diversas formas e por múltiplos caminhos podemos conhecer a teia do qual somos frutos da colheita da aprendizagem de outros. Por outro ângulo entender como fomos formados ou deformados é tão importante, o olhar crítico sobre a história da educação, assim como compreender como pensamos, aprendemos ou como criticamos ou criamos nosso próprio discurso. A nossa trajetória de vida se une com a história da educação e as raízes como ela foi moldada em estruturas e processos pedagógicos.
Muitos pensam que a educação é tudo mas esquecem que a história, a política, os poderes, os pensadores e personagens de uma época buscam moldar a educação para alimentar um sistema que eles dominam. Talvez essa seja a principal história da educação que temos que apreender como ela foi se libertando dos sistemas e das épocas onde surgiram para emergir outras épocas, outros desafios, outras histórias e libertar o potencial de cada ser humano para construir suas vidas com mais autonomia, dignidade e amor.
Infelizmente muitos querem apenas que a gente decore e repita palavras sem libertar das correntes muitas vezes camufladas por conceitos, autores e metodologias que foram significativas em suas épocas mas que hoje exigem nossa capacidade de atualizar os conhecimentos para os seres e desafios de nossa época. Essas correntes querem nos punir antes de pensar e assim formamos decoradores ao invés de educadores.
É importante lembrar que pensar é também imaginar, sonhar e viver. As trajetórias de vidas dos melhores educadores da humanidade refletem muito mais sua caminhada pela floresta da vida como fez Rousseau,o biólogo Jean Piaget e seu amor pela natureza, a paixão pelo Cinema e a resistência francesa durante a segunda guerra mundial de Edgar Morin , ou a luta por justiça do advogado Paulo Freire. Todos foram profanos em suas épocas para iluminar nossa vida e Educação hoje.
Assim como ao estudarmos o que acontecia com a Educação antes de existirem Escolas ou Universidades nos jardins da Grécia, no Egito ou nas sinagogas hebraicas onde se aprendeu a ler e escrever a Bíblia que educou muitos, da mesma forma como a educação foi sendo moldada pela idade média, renascimento e o mundo moderno. Porém mesmo nestas épocas muitos pensadores escaparam e lutaram contra as correntes e poderes de sua época para gerar outros caminhos de libertação. Sócrates bebeu cicuta, Giordano Bruno foi queimado, Spinoza expulso do Judaísmo, Walter Benjamin se suicidou antes que os nazistas os matassem, Paulo Freire difamado por bolso minions, e outros pagaram ou pagam ainda hoje um preço com suas vidas pela ideia simples de que cada ser humano tem um poder maior de se educar muito além do que as instituições e métodos oficiais de ensino e avaliação querem impor.
Talvez seja esse o desafio de nossa época nos libertar das novas correntes da tecnologia, quebrar as paredes da sala de aula e ofertar às crianças e juventude vivências que amplie suas trajetórias de vidas como fizeram os melhores educadores, porque tão importante quanto aprender a história da educação é ter coragem e capacidade de continuar a escrevê-la como educador. Essa é a maior lição que o Professor Ary nos convidou a caminhar com ele em sua jornada pela história da educação , um olhar livre e desperto para dialogar questões atuais e desafios de nossa época, nos fez misturar esses ingredientes para criticar, imaginar e criar novos caminhos que também foram dialogados com a participação de todos. Ele foi Maestro e Mestre dessa sinfonia onde cada um pode expressar sua voz, instrumentos e ideias para que juntos pudéssemos aprender e ensinar a história da educação , refletindo com ele o impacto sobre nosso processo de formação como educadores. Não podia ser diferente a última nota dessa sinfonia quando ele nos convida a expressar nosso pensamento, nosso aprendizado nesta jornada, a fazer sua parte para nos libertar das correntes que negam nossas vozes, existências e plantar assim as sementes em nosso corpo, mente e corações de que a educação deve caminhar lado a lado com o despertar e a realização de nosso potencial crítico e criativo como seres humanos para lutarmos juntos contra os poderes de nossa época que destroem e castram bilhões de vida e destroem nossa casa a Terra.
Nosso desafio não é passar na disciplina e sim seguir os bons passos e colher as sementes de educadores como o Professor Ari nos deixam, em virtude desse legado com sabedoria podemos plantar e gerar novas colheitas por outros caminhos, métodos e histórias em mais corações e mentes ousando novas formas de ser, viver e nos governar.
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