SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

A DIVERSIDADE DA ARTE DO POVO BRASILEIRO! DÁ VIDA A ESCOLA E O CURRÍCULO!

 


Ficamos fascinados vendo o povo africano dançar, esquecemos que somos um dos países que mais recebeu descendentes de africanos no mundo. Os prendemos, escravizamos e matamos no Brasil vidas negras não importam.  



As raizes do Jazz assim como do samba contada pelos historiadores vem da saudade do passado, sofrimento e alegria do nosso povo negro com muito orgulho. Eles inauguram novas estéticas, sons, danças, diálogos profundos com a natureza que celebram a diversidade de nosso povo mas essa arte e estas historias estão distantes de nossas escolas e currículos.


Negamos nossa cultura para celebrar e ser colonizados por outras.



Chamamos de Escolas e Universidades as grades curriculares que aprisionam a liberdade de nosso povo e outras formas de pensar e viver, necessitamos nos descolonizar principalmente através da arte que transforma nossas razões, sentimentos, atitudes e imaginações .



A Amazônia brasileira sobreviveu em nossa terra graças a cultura do povo indígena, devemos a eles a conservação das florestas, devemos a eles a celebração da natureza com sua arte através das danças, pinturas, artesanato, histórias e outros. Essa arte que não requer tecnologia, nem grande escolas artísticas, mas apenas a clareza de que ela faz parte de nossa vida, cultura e DNA.  



Sim a cultura européia faz parte de nossa história mas nem ela é toda ocidental, são culturas e artes híbridas que se misturam devido a migrações e guerras. Nela celebramos a música, teatro, cinema, pintura, literatura e outras que foram se tornando brasileiras com as misturas com as culturas africanas, indígenas, asiáticas, americanas e claro latino americanas. Latino americanos que juntos vivemos um realismo fantástico em nossas vidas e infelizmente em nossa política e economia. Aqui é o país do possível e do impossível, do futuro e do presente, onde a fome, miséria, brutais violências e desigualdades se transformam em samba, carnaval e rap como os racionais. Como escreveu Machado de Assis aqui se muda tudo para tudo permanecer no mesmo lugar. O Brasil das ilusões é uma país que não valoriza a sua identidade, cultura, arte e povo. Por isso o ensino da arte é essencial.



O nosso ensino da arte tem que ser diverso assim como nossa cultura brasileira. A imaginação e a criatividade de nossas crianças e jovens dependem do cultivo da arte em suas mentes e corações assim como a capacidade crítica em entender a história de nosso povo e dos povos que imigraram para compor nossa diversidade. O ensino da arte não pode ser reduzido a uma técnica mas uma jornada de despertar e descobertas onde a arte expressa um olhar para vida e para o mundo. 




Aprender a ler, e compreender a arte que vive e sobrevive em nosso cotidiano, educar nosso olhar, palavras e gestos para se abrir e dialogar com outros olhares, palavras e gestos faz parte da prática pedagógica artística. Como disse Goethe e Nietzsche ao viajarem a Itália “ perdi minha subjetividade, mas encontrei o mundo”. Não foi a cultura alemã que produziu os pensamentos desses grandes autores mas o diálogo com outras culturas, artes e formas de ser e viver que ampliaram seus horizontes.



O inesperado, o milagre, a miragem simbólica, novos sentidos, e alegrias educam a razão pela arte . A revolução francesa foi antes cantada em versos, literatura e livros considerados proibidos na época. A socialização da aristocracia e burguesia violenta se deu pela arte. A hegemonia do trabalho em nossa cultura vem perdendo sua centralidade pelo amor a arte, a natureza e a espiritualidade . Essas são razões que buscam que a arte liberte as escolas e currículos do sonho americano para criar e vivermos o sonho brasileiro. 



A arte não pode ser pensada como uma história intelectual e teoria política muito menos transformada em ciência como querem alguns cursos de graduação formadores de artistas ? Ironia de um tempo que massacra a cultura e querem domesticá-la e racionalizá-la para dominar sua explosão natural e humana. 



Hoje todos nós vivemos nossa dimensão artística e nem a escola nem o currículo consegue mais isolar ou dominar a arte. Uma sociedade em rede que se move e busca interiorizar sentidos através de narrativas que circulam nas redes sociais, em nossa capacidade de produzir vídeos para propagar nossa arte, realizamos eventos em busca de socializar nossas vidas em nossas tribos, portanto há tempos e como sempre a arte sobrevive sem as escolas e currículos mas que bem elas fariam cumprindo suas missões de educar, transformar vidas e não aprisionar e negar suas existências, cotidiano e culturas. 



Por isso que resolvi criar um instrumento artístico usando tecnologia no celular para as pessoas expressarem seu ser de diversas formas, se tornando personagens de sua própria história, tornando a vida o próprio currículo e o mundo uma sala de aula para que as pessoas vivam existências belas. Esse foi o meu TCC e projeto de formação em Cinema pela UFC.



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