SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Mudanças climáticas: os preocupantes sinais que unem frio recorde no Brasil a enchentes e calor pelo mundo



João Fellet - @joaofellet

Da BBC News Brasil em São Paulo


A onda de frio extremo que chega ao Sul e Sudeste do Brasil nesta semana poderá fazer com que alguns brasileiros questionem se o planeta está, de fato, aquecendo. Sim, está — e há fortes indícios de que a onda de frio seja ela mesma intensificada pelas mudanças climáticas em curso.


A onda deve derrubar as temperaturas nos Estados do Sul, Sudeste e de parte do Centro-Oeste até o próximo domingo (1º/8).


Nas serras catarinense e gaúcha, as mínimas previstas são de -10ºC, com sensação térmica de até -25ºC, enquanto Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Campo Grande, São Paulo, Belo Horizonte e Vitória devem registrar as menores temperaturas do ano.

Será a segunda onda de frio intenso a atingir a região em menos de um mês. Em 30 de junho, várias cidades do Sul e Sudeste tiveram as menores temperaturas dos últimos anos — marcas que agora poderão ser batidas pela nova onda.


No Canadá, os termômetros na cidade de Lytton mediram 49,6ºC no fim de junho — marca que superou em 4,6ºC a temperatura mais alta registrada no país até então.

Poucas semanas depois, chuvas muito acima dos padrões inundaram cidades na Alemanha e na China. Os eventos extremos nos três países provocaram centenas de mortes.


É mais fácil entender como as mudanças climáticas favorecem recordes de calor e de chuva.


Intensificados nas últimas décadas, a queima de combustíveis fósseis (como o petróleo e o carvão) e o desmatamento ampliam a quantidade na atmosfera de gases causadores do chamado efeito estufa.


Esses gases dificultam a dispersão do calor dos raios solares que atingem o planeta, o que tende a aumentar a temperatura no globo como um todo.

Temperaturas mais altas, por sua vez, aceleram a evaporação da água, o que facilita a ocorrência de temporais.


A temperatura da Terra já subiu cerca de 1,2ºC desde o início da era industrial, e as temperaturas devem continuar aumentando a menos que os governos ao redor do mundo tomem medidas para reduzir as emissões. Porém, o aumento das temperaturas médias não quer dizer que ondas de frio não continuarão a ocorrer — nem mesmo que elas não possam se intensificar em situações específicas.


É o caso da massa polar que chega ao Brasil nesta semana, diz à BBC News Brasil o geógrafo e climatologista Francisco Eliseu Aquino, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS).


Aquino foi um dos primeiros pesquisadores a estudar as conexões climáticas entre o sul do Brasil e Península Antártica — tema de sua tese de doutorado, em 2012.


Ele diz que, ao longo do ano, massas de ar circulam em sentido horário entre as duas regiões: o sul do Brasil envia à Antártida massas de ar quente e recebe dela massas de ar frio.


Segundo Aquino, a velocidade dessa circulação se acelera conforme a mudança climática eleva a temperatura no Brasil no inverno, época do ano em que a Antártida está bem gelada por não receber qualquer insolação.


Além disso, o calor acima do habitual no sul do Brasil "perturba" o sistema de trocas, induzindo o ar quente a entrar na Antártida e abrindo o caminho para a chegada de ar frio.


Não por acaso, diz ele, exceto pelas ondas pontuais de frio de 2021, o centro-sul do Brasil tem tido um inverno mais quente que a média — o que também tem ocorrido nos últimos anos.


Na véspera da chegada desta massa polar, os termômetros em cidades como Porto Alegre e São Paulo beiravam os 30ºC. Em pleno inverno.


Imagem computadorizada da última terça (27/7) mostra massa de ar quente deixando a América do Sul rumo à Antártida enquanto massa de ar frio deixa a Antártida rumo à América do Sul


Outro ponto que tende ampliar o impacto desta onda de frio, diz Aquino, é que a massa que chega ao país se resfriou ainda mais ao passar pelo mar de Weddell — uma das regiões mais geladas da Antártida.


As condições são tão propícias ao avanço da massa, diz ele, que a onda deve derrubar as temperaturas até o sul da Amazônia.


Aquino afirma que especialistas já previam há cerca de 15 anos a ocorrência dos eventos que hoje observamos no centro-sul do Brasil — incluindo ondas de frio extremo em meio a invernos quentes e secos.


"Caminhamos para um cenário de estiagens mais longas e secas no Brasil, com o desmatamento e as queimadas intensificando esses processos", ele diz.

Aquino afirma que o planeta caminha rumo aos "limiares mais perigosos possíveis" dos cenários projetados para 2030 ou 2050.


Embora o Acordo de Paris tenha estabelecido a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos padrões pré-industriais, ele diz que os esforços foram comprometidos pelos anos em que Donald Trump exerceu a Presidência nos EUA.

Trump retirou os EUA do acordo e estimulou setores poluentes, o que atrasou a implantação das metas mundo afora.


"O que a comunidade científica entende hoje é que com certeza vamos ultrapassar os 1,5 ou 2 graus."


Para Aquino, os eventos extremos em curso "já dão sinais de que as mudanças podem ser mais intensas do que as previstas pelos cenários mais ruins".


terça-feira, 27 de julho de 2021

É OURO PELO TALENTO E SUOR ! Sobre Economia e Educação no Brasil, numa Sociedade de ladrões ou Máfia. 1580 dias.






Enquanto assisto as Olimpíadas no Japão, fui comparando o resultado de nossos atletas que ocupam esses espaços pelo talento e suor com pouco ou nenhum apoio comparados com outros países e suas respectivas Economias e Educações , ou seja como a politica afeta todas áreas do nosso Brasil. O Brasil é o celeiro do mundo enquanto 19 milhões de pessoas passam fome. 14 milhões de desempregados enquanto na política brasileira prosperam os que mais roubam e mentem há décadas. O absurdo é que diferente de outros países de economias desenvolvidas, eles não podem ser presos nem em primeira nem segunda instância, são alimentados por fundos bilionários por partidos sem democracia onde dirigentes se perpetuam vivendo do Estado brasileiro. Não temos direita nem esquerda pois ambos negociam seus votos e apoios, independente de ideologia, se mantendo no poder a qualquer preço. O nome disso no mundo todo ou estudados nas Universidades é Sociedade de ladrões ou Máfias compostas por Oligarquias políticas, elites e gangues partidárias que trocam moedas entre si enriquecendo pelo Estado.





Como pensar a economia e a educação neste Brasil ? Sem regras e sem leis, salve se quem puder, cada um nos seus feudos. Infelizmente possuímos instituições públicas aparelhadas incluindo Escolas, Universidades, Bancos públicos e outros. Muitos funcionários públicos se julgam donos das instituições e fazem acordos com políticos, gangues partidárias e elites para definir prioridades e demandas privadas com recursos públicos. Em qualquer país do mundo isso inviabiliza a economia, produtividade, acesso e igualdade de oportunidades. Porque mais importante que ter um Doutorado ou ter estudado no Brasil é ter um amigo, aliado político, ou ser membro de um partido ganhando ou herdando privilégios, contratos, cargos ou sendo empresário membro de um esquema de corrupção.



Eu gostaria de frisar as desigualdades, criminalidades e violências ; isso gera crime organizado de drogas e outros. Os cartéis são apenas mais uma das Máfias existentes, incluindo empresariais, políticas, judiciárias, e outras que se associam entre si, produzindo uma Sociedade de Ladrões. Infelizmente em nossas Escolas e Universidades não se ensina muitas vezes o verdadeiro, o bem, o belo, o justo, os valores da cidadania. Até a Escola e Universidade é aparelhada por interesses corporativistas ora dos funcionários públicos, ora de empresas, ora de políticos, ora de igrejas, quase nunca dos direitos e deveres constitucionais daquele cidadão que lá estuda. Não é novidade para ninguém que a mesma casa ou comunidade pobre que uma pessoa nasceu há décadas vai morrer lá em piores circunstâncias sem ascensão social muitas vezes escravizada e violentada de diversas formas apesar dos discursos da direita e esquerda brasileira. 



As políticas públicas econômicas, educacionais e outras são ilusões para grande maioria pois elas atendem minorias de forma fragmentada, apesar de bilhões gastos com a mídia para alimentar egos e disputas de interesses entre a sociedade de ladrões. Hoje sabemos que morreram mais de 550 mil pessoas pela Covid mas ninguém comenta 1 milhão de jovens mortos nos últimos anos porque numa Sociedade de ladrões, as vidas não importam apenas o circo e o teatro que cada um representa sem esclarecer ao povo todas as consequências de seus roubos pagos com vidas e brutais desigualdades.



O que outras sociedades fizeram diante de um banquete para poucos e fome e miséria para maioria? Fizeram a Revolução Francesa e cortaram a cabeça do rei. O que outras sociedades fizeram diante de tanta pobreza e violências ? Fizeram as Revoluções russa, cubana, chinesa e outras em benefício de burocracias partidárias, e fome e miséria para maioria. Outros países mesmo saindo de guerras como EUA, Japão, Alemanha, Canadá e outros preferiam investir de verdade em suas economias, educação e leis. Sim eles prenderam os ladrões ou sonegadores de impostos como Al Capone. No Brasil empresários enriquecem com incentivos fiscais e financiamentos públicos escondidos em caixas pretas de bancos públicos dominados por burocratas com ensino superior. Nos países com economias desenvolvidas como Europa as políticas educacionais se somam com políticas sociais, saúde, alimentos e crédito para que as pessoas alcancem o desenvolvimento humano e alavanquem sua economia. Uma receita simples mas que depende de que a maioria assuma o controle do Brasil e não os ladrões. Por exemplo, quem mantém o futebol no Brasil são milhões de torcedores e sonhos das crianças, mas uma minoria controla a CBF.



Bem eu tive um sonho com milhões de pessoas olhando para um pedaço de carne que não podiam comer, enquanto os bois voavam, outros massacrados por sua cor, outros estavam presos por crimes bem menores do que os cometidos por políticos que mentiam sem falar de como são eleitos e como ficaram ricos mesmo falando em justiça, outros milhões estavam presos em suas próprias casas cercados pelo crime sem viver, em situações semelhantes as vividas no México e Colômbia, vi igrejas lotadas onde pastores roubam seus fiéis em nome de Deus, vi funcionários públicos em Bancos e Universidades silenciaram sobre corrupção e aparelhamento em suas instituições falando de esquerda e democracia, eu vi empresários ricos financiando campanhas em troca de privilégios, contratos, e financiamento falando de mercado, enquanto a maioria das empresas disputa cada centavo no mercado com seus clientes e pagam impostos. Não era um sonho, é a verdade de como se vive numa sociedade de ladrões e Máfias no Brasil. 




Eu acordei há tempos e fui vendo como pequenas comunidades e cidades mesmo com a luta de poucos começaram a mudar sua realidade não apenas para si, mas para todos que lá vivem ou visitam como Gramado e aprendi a lutar, vi como educadores conseguem desenvolver as capacidades criticas e criativas de seus alunos que hoje fazem a diferença nos espaços que ocupam, e aprendi e estudar não penas por notas e sim por cidadania, vi funcionários públicos se rebelarem e denunciarem poucos que dominam e corrompem as empresas públicas, e aprendi a apoia-los, vi empresários negarem facilidades e corrupção, questionarem contratos públicos e denunciarem Bancos públicos em busca de transparência, e aprendi a denunciar corrupção, eu vi políticos de direita e esquerda serem presos, vaiados e abandonarem a politica como devem fazer Coronéis de direita e esquerda, Oligarquias e gangues partidárias que vivem do Estado há décadas gerando pesadelos na vida da maioria do povo brasileiro. E aprendi a votar. 



Eu despertei e aprendi principalmente a empreender, inovar e construir novos caminhos com milhares de pessoas em vários projetos de liberdade, igualdade e fraternidade na economia, educação, social, arte, saúde, esporte, tecnologia, meio ambiente, habitação, apoio às famílias transformando o maior número de vidas em diversas cidades e estados brasileiros; gerando novas formas de ser, educar, viver e governar. 




Eu acordei bem cedo e vi a Fadinha do Skate NORDESTINA e o surfista brasileiro E NORDESTINO, Ítalo Ferreira, ganharem medalhas na Olimpíada de Tokyo mesmo disputando com outros atletas de Economias e Sistemas educacionais bem melhores que as nossas. Esses atletas nos lembram que mesmo diante da Sociedade de ladrões e Máfias que ainda domina nosso país que esses poderosos, ricos, doutores ou não são apenas ladrões e mentirosos sem ética e mérito; e que seus lugares não são liderando nosso Brasil e sim presos e expulsos como fizeram outros países porque só assim ganharemos medalhas de ouro por mérito e não por roubo como fazem os poderosos em nosso Brasil. É OURO PELO TALENTO E SUOR !





domingo, 25 de julho de 2021

O princípio do fim




MARIO VARGAS LLOSA

25 JUL 2021 - 14:27 BRT




As manifestações contra o regime não vão acabar com a Revolução, mas os cubanos já começaram a sair às ruas e tudo indica que, com mais repressão, haverá mais protestos por liberdade


As manifestações contra o regime castrista que ocorreram em várias cidades e vilas de Cuba em 11 de julho e, mais diluídas, em 12 de julho, não acabarão com a Revolução Cubana, mas constituem um avanço considerável para sua deterioração e destituição final. Após 62 anos de progressivo empobrecimento, o povo cubano, estimulado pelo caos em que se encontra a ilha, sem alimentos, com a incerteza do coronavírus e a deterioração de todas as instituições, sem trabalho e escassez de vacinas, perdeu o medo.


Embora a repressão, exposta nos relatos oportunos dos correspondentes, entre eles os do jornalista Mauricio Vicent, do EL PAÍS, logicamente irá incrementar-se nos próximos dias, semanas e meses, é provável que Cuba vá se transformando na típica ditadura militar latino-americana, ou, batamos na madeira para que assim seja, em uma democracia, como aconteceu com as repúblicas satélites da União Soviética, depois da desintegração do império fundado por Lenin e Stalin.

Já havia alguns antecedentes de que as coisas não andavam muito bem para o regime dos Castro, desde o famoso “maleconazo” de 1994, e, muito mais importante, quando em 27 de novembro de 2020 centenas de intelectuais e artistas se plantaram diante do Ministério de Cultura para pedir que cessasse a perseguição aos membros do independente Movimento San Isidro. As mancadas do novo presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, que, em plena agitação nas ruas, pediu aos “revolucionários” que saíssem para enfrentar os “mercenários” —e estes foram vistos desfilando descalços e armados de porretes— indicam que, como costuma acontecer nas sociedades totalitárias, ele será o responsável pelo que aconteceu, de modo que sua carreira política, iniciada com tão bons auspícios sob a sombra de Raúl Castro, terminará logo e da forma que costuma suceder nos países comunistas: acusando-o de tudo o que ocorreu e despojando-o do conjunto de seus cargos. Aqui está um personagem que, apesar de estar vivo, já cheira a cadáver.


Por que a Revolução Cubana durou tanto? Porque 62 anos é muito tempo, mesmo para um paraíso comunista. Antes de tudo, porque Cuba é uma ilha, ou seja, um país muito mais fácil de vigiar por uma ditadura do que um território cercado não de água, mas de terra, e, em segundo lugar, pelo carisma e, digamos com clareza, a genialidade de Fidel Castro, que, aparentando primeiro um social-cristianismo avançado, depois o socialismo democrático e, por último, o comunismo, enganou todo o mundo, e foi capaz de moldar pouco a pouco a população da ilha a seu capricho. Sem muito êxito material —a renda per capita não é mais alta hoje do que era na ditadura de Batista—, mas não havia então a distribuição da pobreza que existe hoje no país, com a exceção dos altos funcionários do Partido, que gozam de muitos privilégios e são, sem dúvida, muito impopulares, como demonstra a vaia ao comandante Ramiro Valdés, duas vezes ministro do Interior, que teve de se retirar ante a multidão que o vaiava gritando “Pátria e vida” e liberdade. Essa palavra, liberdade, ressoou com força nesses dias nas manifestações nas cidades e vilas de Cuba, embora já fosse ouvida, com frequência, em sua imprensa digital, bastante livre, diga-se de passagem, e é por isso que a primeira medida tomada pelo Governo, quando começaram os protestos, foi bloquear o acesso ao Facebook, WhatsApp, Instagram e Telegram, que, agora, o Governo dos Estados Unidos está tentando restabelecer para toda a ilha.


As acusações do Governo cubano, e de seus satélites no resto do mundo, se voltam contra o embargo que os Estados Unidos impõem à ilha, que, depois de atenuado pelo presidente Obama, foi posteriormente agravado por Trump, e novamente, agora, com Biden. Em que consiste esse embargo? Em que o Governo dos Estados Unidos proíbe a seus empresários investir em Cuba e dificulta —mas não impede— que seus residentes e cidadãos viajem de férias à ilha, como tem direito a fazer todo país que se sinta afetado pelas disposições de outro. No caso cubano, pelas muitas empresas e terras que foram estatizadas pela Revolução sem que os Estados Unidos recebessem compensação por isso. Os Estados Unidos permitem a venda de alimentos e remédios e a remessa de dólares à ilha, o que os tornam um importante parceiro comercial de Cuba.


O embargo passou por diferentes alternativas, mas, em geral, serviu ao Governo cubano para explicar milagrosamente que, por causa dele, a Revolução nunca pôde decolar economicamente. Viveu da caridade da URSS durante muitos anos —na verdade, enquanto ela existiu—, de maneira que levantar o famoso embargo norte-americano não seria um ato de justiça e reciprocidade, mas, sim, uma forma de ajuda à incompetência do Governo dos Castro, e, agora, Díaz-Canel. Quando o socialismo não funciona, algo prototípico acontece: o capitalismo, a causa de todos os males possíveis na história da humanidade, deve vir para salvá-lo de sua própria incompetência. Não para de acontecer em todas as sociedades transformadas pelo marxismo-leninismo.


O que vai acontecer agora em Cuba? Dependerá da repressão. A coisa mais inteligente para o regime seria abrir as comportas e deixar que a oposição expresse seu desejo de liberdade, assim a iria apaziguando e talvez se extinguisse. No pior dos casos, se a repressão cresce, irá exacerbar esse espírito libertário, até que ela, que já é ou logo será majoritária na nação, acabe de explodir, arrastando o Exército, a força armada da ilha. Mas, pelas informações que enviam os correspondentes, tudo indica que, com maiores manifestações, virá maior repressão. Ainda assim, no momento de escrever estas linhas, as autoridades não disseram quantas pessoas foram detidas. Indicam uma única morte, embora as torturas físicas tenham sido numerosas, a julgar pelos testemunhos que conseguiram chegar aos países ocidentais. Os mais dramáticos, sem dúvida, o da jovem esposa que passou o dia percorrendo delegacias, sem que em nenhuma reconhecessem manter seu marido prisioneiro, e o do jovem torturado por um oficial que o chutava —esmagou seu braço— gritando “mercenário!”.


O que se pode fazer para ajudar os cubanos em sua —enfim— justa luta pela liberdade de Cuba? Tudo o que se diga em favor deles é positivo, mas devemos estar cientes de que todas as críticas serão contestadas pelas pequenas minorias que ainda veem no comunismo a salvação do Ocidente das desigualdades e corrupções que o corroem, e que —o pior é que muitos acreditam nisso— virá do socialismo radical que advogam, sem assumir que só houve fracasso após fracasso nesse modelo que ainda se fia em uma economia estatizada, ou, como ocorre atualmente na China e na Rússia, em praticar um capitalismo de confrades, que deixa alguns empresários discretos enriquecerem com empresas privilegiadas, em um regime supostamente de livre concorrência. Este sistema também fracassará —já fracassou na Rússia, sem dúvida, e amanhã será na China se o adotar— porque, sem verdadeira livre concorrência e a possibilidade de agir sem a camisa de força do Estado, dificilmente pode prevalecer a visão criadora do sistema de livre empresa.


O mais importante é que Cuba já começou a sair às ruas para protestar. Aconteceu em muitas cidades e vilas onde a maré humana —vimos na televisão— superava as forças oficiais enviadas para reprimi-la. Ao longo dos próximos meses, tudo indica que, com mais repressão, haverá mais manifestações de liberdade. A longo prazo, o povo cubano triunfará, e tomara que seja para recobrar sua liberdade e que não a menosprezem de novo, como tem acontecido ultimamente em tantos países da América Latina.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

LIBERTA O ESTADO BRASILEIRO! Quando a inovação social sistêmica, disruptiva e em rede significa sobrevivência econômica, política, social, cultural e ambiental brasileira.

 



Um amigo meu me perguntou se eu queria ser político? Respondi que não, mas me inspiro nas lutas de Mandalla pois vivermos um apartheid social e em Gandhi pois a liberdade de um povo através da fraternidade pode gerar igualdade de oportunidades. Essa mesma chance para todos ainda não alcançadas nem no BRICS da Rússia, Índia, África do Sul nem no Brasil das castas, feudos e fundos eleitorais mantidos com corrupção e aparelhamento do Estado das instituições públicas como até as Escolas e Universidades para fins privados. Mandela e Gandhi, ambos advogados em busca de ascensão social, sofreram profundas injustiças que eram consideradas normais pelos poderosos da época e seus privilégios que escravizam um povo com brutais violências, assim como hoje ou há séculos no Brasil. A Revolução francesa representa na história a ideia simples que as nobrezas, frutos de oligarquias e gangues partidárias de direita e esquerda com seus 01, 02, 03…e parentes que enriquece pelo Estado, incluindo elites empresariais com incentivos fiscais e financiamentos públicos tem seus limites.



Porém esse ideal político não depende de exércitos, armas e revoltas e sim de nossas capacidades  e movimentos que são feitos ao mesmo tempo em redes, em várias direções e sinergias no jogo de xadrez das cidades e comunidades, quando ações do verdadeiro , do bem, do belo e do justo tem que avançar mais rápido que as injustiças, desigualdades e o mal. Essas ações têm que ser repostas concretas aos objetivos e planos de vidas das pessoas somadas as demandas das comunidades em seus processos de garantir segurança alimentar, hídrica, energética, trabalho, educação, acesso à cultura, lazer, tecnologia, saúde, esporte, habitação, apoio às suas famílias, e superação dos desafios socioambientais onde residem. Um plano para o Brasil não começa nem por Coronéis de Direita ou Esquerda mas de baixo para cima pelas pessoas, comunidades e cidades pelo empoderamento e respectivas capacidades das pessoas se organizarem cumprindo suas missões individuais e coletivas. As ações complementares, otimizando recursos, somando competências e ampliando impactos em redes com auxílio das tecnologias podem vir das sinergias entre Políticas públicas, Universidades, ONGs, Empresas e Cooperação internacional mas devem vir orquestradas para ouvir as vozes da sociedade civil com dados e construir juntos as prioridades urgentes. Por exemplo numa cidade de 35 mil pessoas ou bairro de uma grande cidade com o mesmo número de pessoas quantas estão rendidas pelo crime organizado, desempregadas, sem educação, saúde ou habitação ? As políticas públicas chegam fragmentadas sem impacto ou capacidades de transformar vidas e superar desafios coletivos, elas são dominadas pelas oligarquias e gangues partidárias para manter seus privilégios com corrupção e aparelhamento do Estado há décadas. 



O exército, não militar, mas o do bem, do belo e do justo, mesmo feito por 350 pessoas ou seja um por cento do local onde vivem 35 mil pessoas precisa de uma boa educação e cidadania que infelizmente não é dada pelo Estado, Escola ou Universidade no Brasil. É preciso mais do que conteúdo A ou B ou C para aprender a pensar, interpretar, criticar e criar, apreender o verdadeiro, o bem, o belo e o justo pois cada vez mais nossas crianças e jovens estão expostos a milhares de conteúdos independentes das Escolas e currículos. É preciso compreender que devido às inovações tecnológicas, mudanças climáticas, brutais desigualdades e avanço do crime organizado o lugar e a missão da Escola e Universidade assim como de outras instituições mudaram, quando já vivemos numa sociedade em rede sem hegemonia ou controle de nenhum dos poderes como os conhecemos nos últimos séculos. A transição tecnológica, civilizacional e humana começou e se acelera, mas ainda somos reféns de poderes ultrapassados com seus reis, nobres e múmias. 



O chip na computação quântica pensa para além e ao mesmo tempo o 0 e o 1. Os algoritmos conseguem identificar e mapear entre um mal maior e um menor, no mundo onde o bem e o mal estão misturados, assim como as ideologias, religiões, nem os sonhos são mais ou mesmos. As imagens avançam sobre as letras, a realidade virtual sobre o real, a robótica e inteligência artificial sobre as profissões, incluindo os professores, setores da economia são destruídos na mesma velocidade que o planeta. Necessitamos pensar no uso da tecnologia para fins sociais, mas principalmente como podemos ter uma visão sistêmica da sociedade em que vivemos, o papel da Escola, Universidade, Economia, Política, Tecnologia e outros infelizmente como o crime e mudanças climáticas estão impactando negativamente vidas e os lugares que moramos. Pois a partir desse diagnóstico ao mesmo tempo das vidas, comunidades e cidades, e das missões de cada setor da sociedade e da educação que extrapola a escola com espaços educacionais não escolares podemos construir novas formas de ser, educar, viver e governar, incluindo princípios, valores humanos e pós humanos numa formação e estratégia que transforme vidas e cidades, ao mesmo tempo, assim podemos sobreviver ao colapso do planeta, instituições e saberes. 



É preciso apreender que verbo é conceito, conceito se soma com outros mas o resultado tem validade histórica, que as letras é apenas uma forma de apreender e que a vida e o território é sala de aula.



É preciso apreender como as ideias mudam o mundo e ganham vida, ter a paixão por fazer existir as coisas quando a materialidade se une com a política e o conhecimento.


É preciso apreender com os fragmentos, as ruínas, os sonhos, os projetos de futuro, entre nossa vida e as relações econômicas, sociais, políticas e de saberes dos lugares que compartilhamos. Uma relação sempre aberta em múltiplas direções, dimensões, sentidos, forças, ritmos e imaginações em busca de vivências , re existências, resiliências transformando aquilo que o Estado e o Mercado nos afeta com os afetos e vínculos sociais e comunitários.  



Infelizmente hoje cada um no seu quadrado com uma formação linear e fragmentada, loucos apenas por dinheiro, estão olhando para seus respectivos umbigos enquanto gastam trilhões sem impacto e destroem vidas. Necessitamos inovar caminhos com novas tecnologias sociais, inaugurando no Brasil com apoio do mundo: Um VALE de Inovação global em políticas públicas e impacto social de um pequeno grão de terra à Terra da Sabedoria. Quando a inovação social sistêmica, disruptiva e em rede significa sobrevivência econômica, política, social, cultural e ambiental brasileira e mundial com projetos e talentos que emergem de baixo para cima nas comunidades e cidades, isso apesar dos donos do poder brasileiros e suas respectivas oligarquias, gangues partidárias e elites que vivem do Estado.



segunda-feira, 5 de julho de 2021

A PESQUISA COMO UMA ATITUDE ESPIRITUAL EM RELAÇÃO AO MUNDO E A VIDA. 1588 dias.



Pesquisar os pesquisadores é uma ousadia como usar a cura para descobrir a doença ? No nosso caso é mais como avaliamos o desafio de pesquisar como instrumento de ensino e extensão na aprendizagem dos alunos.  Ensino porque a pesquisa torna o ensino mais questionador das hipóteses que aprendemos pela jornada vivenciada, muitas vezes em áreas e projetos de extensão onde os alunos atuam profissionalmente sem questionar suas práticas e criar novos horizontes.  


Um Diagnóstico que muito mais que cura nos revela quantos e como professores usam a pesquisa em sala de aula, às vezes suas próprias pesquisas, outras estimulando os alunos a desbravar seus objetos e hipóteses. 



A pesquisa deve se tornar assim “uma determinada atitude espiritual em relação ao mundo e a vida, uma forma e modo funcionais de apanhar as coisas e proceder mentalmente com elas.” Seguimos assim o conceito de cultura filosófica do sociólogo Simmel.  Pois de pesquisa em pesquisa o que buscamos não é o que há de comum entre elas mas o que as diferencia e seus fragmentos únicos que fortalecem nosso espírito e jornada científica. Nesta jornada vamos encontrar vários conteúdos e resultados expressos dogmaticamente em teorias , sem os quais o processo de pesquisa enquanto tal e por si mesmo não pode com certeza se desenrolar. A separação entre os conteúdos e a função da pesquisa, entre o processo vivo e seu resultado conceitual, significa uma orientação inteiramente universal do espírito moderno.



Nietzsche e Bergson consideram a vida enquanto tal a realidade verdadeira e o valor último, não determinada por algum conteúdo como substancial, senão que o conteúdo é por sua vez criado e ordenado de forma complexa pela própria vida.  Portanto o espírito humano não pode nem deve ser moldado por alguns conteúdos mas por uma atitude do espírito que os perpassa redefinindo objetos, teorias e desbravando a ciência . Essa atitude espiritual de pesquisar é um valor que não é atingido pelas contradições e incoerências de seus conteúdos e resultados gerados por pesquisas e teorias distintas.



A atitude espiritual da pesquisa busca orientação por profundidade somada ao ritmo do processo do pensamento como aquilo que o torna filosófico, então seus objetos são de antemão ilimitados e obtêm, naquela comunidade do modo de pensar ou da forma de pensamentos unidade para investigações mais heterogêneas em relação ao conteúdo. A experiência histórica indica que cada fixação do juízo sobre um conteúdo sistemático deixou enormes domínios científicos para além da interpretação e aprofundamento filosófico; e isto não somente  como consequência da sempre relativa capacidade daquele princípio absoluto, mas sim sobretudo de sua fixação e ausência de plasticidade. Porém os diversos conteúdos das pesquisas não devem nos conduzir a uma teoria fundamental singular mas questionar essas teorias e desbravar novas.  Se  a escolha dos objetos de pesquisas e conteúdos devem partir efetivamente da amplitude universal da existência , então ele parece antes necessitar correr em muitas e ilimitadas direções. 



Há portanto evidentemente uma relação mais íntima entre toda multiplicidade da existência dada e toda multiplicidade dos absolutos possíveis. A articulação flexível entre as duas, a ligação possível a fim de relacionar cada ponto de uma com cada ponta da outra em múltiplas pesquisas, é proporcionada por aquela mobilidade do espírito, não determinada por nenhum absoluto.  Não é a diversidade dos dogmas que proporciona essa jornada ao pesquisador, mas sim da unidade do movimento do pensamento que é muito comum a todas essas diversidades, até que elas se solidifique precisamente em um novo dogma ou teoria que por enquanto deixa de lado a riqueza de todas as possibilidades de movimento e abrangência do pensamento.



Porém neste caminho de pesquisadores podemos ficar presos a um radicalismo de uma atitude formal da vida que se funde com conteúdos de modo indissolúvel e intolerante. Simmel compara essa atitude com a religiosidade de todo homem realmente religioso, significando na verdade um ser e uma conduta íntima sempre iguais; mas no individuo, e na verdade especialmente naquele religioso criativo, com uma individualidade determinada, precisamente esta individualidade, cunhada por um conteúdo de fé , torna-se uma unidade tão orgânicas que para esses homens  apenas aquele dogma pode ser religião ou Ciência no nosso caso. Um pesquisador precipita-se em uma concepção de mundo absoluta, que exclui as outras. 



O pesquisador deve viver um relacionamento espiritual contínuo em relação a toda existência, em uma mobilidade intelectual até a camada em que ocorrem, nos mais variados graus de profundidade e ligado aos dados mais universais, sem ser refém de dogmas, assim como uma cultura religiosa não se constitui no reconhecimento de um dogma, mas sim na concepção e confirmação da vida em contínua  consideração com o destino interno da alma; assim como a cultura artística não se constitui na soma das obras de arte singulares, mas sim naquilo em que os conteúdos da existência em geral são sentidos e formados de acordo com as normas dos valores artísticos ou os métodos de cada época.


A pesquisa assim avança contra partidos dogmáticos sem perder sua funcionalidade de retroceder de cada teoria singular identificando o que há de funcionalmente comum a todas elas. 



Simmel conclui sua análise com uma parábola . Em uma fábula, um camponês à morte diz a seus filhos que há em suas terras um tesouro enterrado. Em consequência disso, os filhos escavam e reviram profundamente a terra por toda parte, sem encontrar o tesouro. Mas no ano seguinte a terra assim trabalhada produz três vezes mais frutos. Isso simboliza a linha da metafísica indicada aqui. Nós não iremos encontrar o tesouro , mas o mundo que escavamos a sua procura trará ao espírito três vezes mais frutos.   

domingo, 4 de julho de 2021

O QUE EU APRENDI, LUTO E SONHO COM PAULO FREIRE !

 


Eu aprendi com Paulo Freire que antes da Pedagogia da autonomia, seu último livro, tem a problematização da realidade e a pedagogia da conscientização e da esperança. Portanto antes da autonomia é preciso problematizar a realidade, conscientização e esperança atuando de forma orgânica no desenvolvimento desse ser, transformando a realidade. Resumindo, a dialogicidade é processo e não técnica porque antes de tudo é uma forma de educar sem a educação bancária.    


Porém indo além de Freire a vida é plural de sentidos sem perder os fragmentos únicos e singulares que durante nossa caminhada pela Terra aprendemos, muitos deles além dos dogmas pontuais para enxergar que nossa jornada filosófica e educacional nos convida a aprender sempre. 



Aprendemos muito onde ninguém estudou mas a vida nos ensinou. As dinâmicas sociais principalmente econômicas e políticas nos convidam a problematizar a realidade para entender a condição de oprimidos para nos libertar dela. Freire nos ensina a denunciar situações limites que oprimem, a agir pelo caminho da práxis resultado da ação-reflexão, a buscar a participação, o diálogo, a conscientização, o anúncio do inédito viável, a utopia, o sonho, a esperança, transformando realidades.


Não há diálogo para Freire sem um profundo amor pelo mundo e a humanidade, valores que antecedem sua pedagogia com humildade. O diálogo com esperança se une ao processo de conscientização. 



“A conscientização nos convida a assumir uma posição utópica perante o mundo [...]. Para mim, a utopia não consiste no irrealizável, nem é idealismo, mas, sim, a dialetização dos atos de denunciar e anunciar, os atos de denunciar a estrutura desumanizante e de anunciar a estrutura humanizante. Por essa razão, a utopia também é engajamento histórico. [...] Quanto mais conscientizados somos, sobretudo pelo engajamento de transformações que assumimos, mais anunciadores e denunciadores nos tornamos. (FREIRE, 2016, p.58-59). 



Seguir os passos de Paulo Freire é apreender a ler o mundo antes das palavras, através do valor que elas têm no mundo dos sujeitos. Em Angico ele ensinou ao Embaixador norte americano Lincoln Gordon que em 40 dias pode alfabetizar 300 pessoas. O Embaixador americano aconselhou e o Presidente Joāo Goulart decidiu levar a experiência para todo o Brasil, mas veio o Golpe. Angico devido a esse processo de alfabetização ganhou 280 novos eleitores que antes a legislação proibia votar mas esse resultado levou a uma greve de trabalhadores e a acusação de que Freire e sua experiência era uma praga comunista. Hoje Freire é um dos autores mais citados em Educação no mundo com uma estante de seus livros em Harvard, várias homenagens no mundo e sendo referência no desenvolvimento de educação em vários países ricos.


Por essas razões devemos aprender os passos de seu método de alfabetização !


1.Levantamento do universo vocabular do grupo com quem se trabalhará; 

2. A segunda fase é constituída pela escolha das palavras, selecionadas do universo vocabular pesquisado; 

3. A terceira fase consiste na criação de situações existenciais típicas do grupo com quem se vai trabalhar; 

4. A quarta fase consiste na elaboração de fichas-roteiro, que auxiliem os coordenadores de debate no seu trabalho; 

5. A quinta fase é a feitura de fichas com a decomposição das famílias fonêmicas correspondentes aos vocábulos geradores (FREIRE, 1983, p. 112-115). 



“É mediante reflexão sobre sua situação, sobre seu ambiente concreto, que o homem se torna sujeito. Quanto mais refletir sobre a realidade, sobre sua situação concreta, mais ele “emergirá”, plenamente consciente, engajado, pronto a intervir sobre e na realidade, a fim de mudá-la [...] São situações locais que abrem perspectivas à análise de problemas nacionais e regionais (FREIRE, 2016, p. 81).” 


A principal lição de Paulo Freire é criar outro método para além da educação bancária.  


Para o educador-educando, dialógico, problematizador, o conteúdo programático da educação não é uma doação ou uma imposição — um conjunto de informes a ser depositado nos educandos —, mas a devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo daqueles elementos que este lhe entregou de forma desestruturada. (FREIRE, p.85) 

 

Neste sentido é que a investigação do tema gerador, [...] se realizada por meio de uma metodologia conscientizadora, além de nos possibilitar sua apreensão, insere ou começa a inserir os homens numa forma crítica de pensarem seu mundo. (p.97) 



Nosso papel como educadores é colaborar para que as pessoas pensarem seu mundo de forma crítica e a sonhar assim temos alguns papéis para cumprir nossa missão:


A tarefa do educador dialógico é, trabalhando em equipe interdisciplinar este universo temático recolhido na investigação, devolvê-lo, como problema, não como dissertação, aos homens de quem recebeu. (p.103) 


Se a programação educativa é dialógica, isto significa o direito que também têm os educadores-educandos de participar dela, incluindo temas não sugeridos. A estes, por sua função, chamamos “temas dobradiça”. (p.116) 


• As crianças precisam crescer no exercício desta capacidade de pensar, 

de indagar-se é de indagar, de duvidar, de experimentar hipóteses de ação, de programar e de não apenas seguir os programas a elas, mais do que propostos, impostos. As crianças precisam de ter assegurado o direito de aprender a decidir, o que se faz decidindo (FREIRE, 2019, p.67-68) 



Sonhar não é apenas um ato político necessário, mas também uma conotação da forma histórico-social de estar sendo de mulheres e homens. Faz parte da natureza humana que, dentro da história, se acha em permanente processo de tornar-se. Fazendo-se e refazendo-se no processo de fazer a história, como sujeitos e objetos, mulheres e homens, virando seres da inserção no mundo e não da pura adaptação ao mundo, terminaram por ter no sonho também um motor da história. Não há mudança sem sonho, como não há sonho sem esperança (FREIRE, . 


Referência :


FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. 14 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. 


FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 13 Ed. Rio de Janeiro, Paz e terra, 1983.


FREIRE, Paulo. Conscientização. Tradução de Tiago José Risi Leme. São Paulo: Cortez, 2016. 


FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. Organização e participação de Ana Maria de Araújo Freire. 5 Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2019. 160 p.