SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quinta-feira, 13 de abril de 2023

QUEM ESTÁ ATIRANDO EM QUEM ? NA ESCOLA E NA SOCIEDADE! UMA DEFESA DAS HUMANIDADES! POR EGIDIO GUERRA E JOÃO VICTOR GUERRA!



 A educação tem como missão no mundo humanizar as pessoas, socializar, viver valores, aprender sobre o mundo, a natureza, a vida, a história, mas também português, matemática, ciências... Despertar nossa potência, gastar nossa energia, curiosidades em coisas boas. Aí vem os ignorantes e brutos coronéis oligarcas Ferreira Gomes, Camilo Santana e Lemann, que nunca foram educadores, ambos herdeiros de uma das maiores desigualdades e injustiças econômicas e políticas do mundo. A classe dominante vem mercantilizar e usar a educação brasileira para seus interesses políticos e econômicos, e delirar achando que seus interesses são da nação. O Estado público se torna um balcão de negócios privados. 


Nosso sistema tende sempre as violências, são esses os exemplos de nossas elites corruptas que vivem do Estado, privilégios, dos juros mais altos do mundo, desastres ambientais, tragédias humanitárias há 523 anos. Inviabiliza a democracia com o golpe, usa violências políticas para aprovar a nova lei do Ensino médio, e depois no governo de esquerda querem manter na força? Bolsonaristas propagam armas e ódio, depois crianças atiram? Todos os atos têm consequências, eles se reverberam pela cultura e política.  Infelizmente, os que mais precisam são os mais violentados, não os educamos, mas formamos pequenos coringas que atacam enquanto sorriem sem alegria.



Hoje no mundo de brutais desigualdades e violências quem ensina enxergar as dores e sofrimentos do outro? No Brasil que mata milhares de pessoas por ano pelo crime, pobreza e corrupção... Quem é o mais violento para não enxergar e não denunciar essas tragédias? Entram no jogo em nome do dinheiro, poder, e até Deus? 



Uma lembrança importante... Estudantes, professores(as), servidores da escola... São seres humanos. A organização do sistema educacional, ou melhor, do sistema social como um todo, permite esses humanos serem humanos? Se humanizarem? O que pode a escola e o ensino formal de educação fazer diante da emergência social que vivemos?

Matamos a humanidade na escola diariamente. Agora nos surpreendemos com jovens se matando na escola. Diariamente tratamos professores(as) e estudantes como máquinas. O professor tem como seu papel principal como passar conteúdo. Agora educar... humanizar... Ter uma conversa honesta, aberta e profunda sobre os dilemas, problemas e conflitos que passamos na nossa vida... fica de lado. Fica apenas com pequenas brechas entre conteúdos.



E que conteúdos estamos falando? Porque o problema não está nos conteúdos em si, pois eles podem e devem ser uma sistematização e aprofundamento de áreas da vida com sentido para nossas realidades. Todavia, esses conteúdos são desumanizados ao máximo. Ao mesmo tempo que são transmitidos para a turmas como se fossem uma engrenagem de decodificação informacional. 

 

Há tempo para algo diferente? Há espaço para a conversa? Há espaço/tempo para desentendimentos, para idas, vindas e contornos? Há espaço para a escuta do(a) professor(a)? Há espaço para a escuta das/dos estudantes? Há tempo para a escuta real de suas questões, conflitos, problemas? Somos espremidos entre conflitos sociais, dificuldades econômicas, políticas privadas, conteúdos alienantes, burocracias sem sentido, enquanto nossa humanidade é sufocada dia sim e dia também. Corremos com o conteúdo sem saber para onde. Ou pior... Sabemos. Só olhar para o lado mais atentamente e ver onde estamos chegamos.



O tráfego usa os elos mais frágeis para cumprir as tarefas, ou é o chefão que vai? Assim os políticos mandam os cabos eleitorais comprar votos, empresários usam tecnocratas para conseguir seus privilégios e contratos. Juízes mandam alguém vender a sentença.  Assim os mais violentos chegam ao poder e dinheiro pelos piores caminhos possíveis, e os seres mais frágeis e isolados na marra sofrem as consequências e muitos deles atiram e matam nas escolas, crime, ou em casa contra seus familiares. Sim, não há inocentes... Mas há culpados e estão em nossa classe dirigente, fazendo a gestão de uma selva sem lei, direitos, amor, diálogo e educação.



Naturalizamos as violências e ficamos cegos diante delas. Como mudar isso?

 

Numa sociedade desigual, violenta e injusta se produz relações desiguais, violentas e injustas. A escola é um microcosmo dessa sociedade e tem sido cobrada para resolver o que sociedade, se nega, a escutar essas dores. Temos que lidar com alunos e seus conflitos pessoais, com os pais, com sua pobreza material e os professores se tornam psicólogos, amigos, assistentes sociais, e educadores que lidam com didática, conteúdo, avaliação e outros.  Tem que ser tudo ao mesmo tempo! Mas as pessoas, incluindo professores, falta espaço para dialogar sobre seus problemas e vidas e o salvador é uma arma ou Bolsonaro? ou Hitler? É PRECISO HUMANIZAR ÁTE A MATEMÁTICA POIS TUDO TEM UM LADO HUMANO. Se vivemos em ambientes tóxicos você pode se tornar violento. É OBVIO! PARECE QUE NOS JORNAIS NÃO!



Naturalizamos as violências e ficamos cegos diante delas. Como mudar isso? Um primeiro passo é exatamente falar sobre as violências, mas não como um jornal abutre que só as elenca de maneira sensacionalista. Precisamos de tempo e espaços. Precisamos ser sensíveis e perceber onde nos toca e afeta. Aprofundar em suas origens e consequências. Deixar que as pessoas se expressem em suas diferentes e singulares formas. E não calar as pessoas e jogar tudo para debaixo do tapete. Isso não é um debate a parte, esse é o debate principal. Quem disse que o foco da educação é um ensino de técnicas? Isso sim se dar de forma “paralela”. A técnica deve servir a vida e não a vida servir a técnica. 



Agora, diretamente falando... Quem melhor aborda a nossa humanidade e suas questões se não as humanidades/ as ciências humanas? Quem melhor lida com a expressão humana se não as artes? Quem melhor lida com toda a explosão física dos corpos dos jovens se não a educação física? Certamente as pessoas precisam das linguagens para aprenderem a ler e escrever as próprias questões humanas. Precisam do raciocínio lógico e abstrato da matemática para decifrar as complexas questões sociais. E, inclusive, das ciências da natureza porque cada vez se vê que fechar os olhos para a “natureza” e coloca-la como algo a parte é algo suicida. Todavia, essas próprias áreas sofreram um processo de desumanização com o avanço da economia capitalista que tende a ver tudo como números e máquinas. 



Nesse sentido, as/os estudantes são tratados como máquinas que devem apenas aprender a decodificar o básico sejam números ou letras. Sem uma leitura de mundo. Enquanto, ao invés disso, a leitura de códigos formais devia servir a leitura de mundo. E não o mundo se reduzir a códigos abstratos sem contato com a realidade social das pessoas. A técnica das ciências naturais vir em segundo plano, seguindo a leitura do mundo natural em conexão com o mundo social de cada realidade da comunidade escolar. E que todas abram mais espaço e tempo para a expressão das/dos estudantes seja em forma de números, letras, mas também desenhos, histórias, músicas e até expressões corporais. 

 

Contudo, apesar das possibilidades de humanização dessas áreas que estão desumanizadas, se faz urgente a necessidade de permitir que as humanas, artes e educação corporal se humanizem de fato. E para isso é preciso que lhes dê tempo. A falta de tempo é um debate fundamental quando se fala em humanidade. As classes trabalhadoras ao longo da história sempre tiveram seu tempo roubado pelas classes dominantes, as quais vivem da vagabundagem e exploração. Do mesmo modo, as humanidades (as disciplinas) sempre tiveram seu tempo expropriado destas mesmas classes dominantes que interferem em todo o sistema de ensino dia sim e dia também.



Diante disso, é urgente a luta pela ampliação da carga horária das humanidades no sistema de ensino formal. E além disso, mas não menos importante outro debate fundamental é a necessidade de psicopedagogas(os), psicólogas(os) e assistentes sociais nas escolas. Essas(es) profissionais têm outras especialidades de escuta para com as/os estudantes. A escuta por um profissional desse faz total diferença na trajetória das pessoas. E com isso a/o professor(a) não precisa acumular mais funções do que já acumula (de mãe/pai, amigo(a), cudador(a), etc.).

 


Se fala tanto em saúde mental e não se faz o básico. Muitos jovens e crianças se veem sozinhos nas escolas sem ninguém que as/os escute de fato. E encontram, às vezes, ouvidos por exemplos em grupos de extrema direita na internet. Sem a visão crítica e sem o acolhimento que deviam, jogam todas suas raivas e angustias do mundo nesses caminhos extremistas. O fascismo e violência cotidiana que nos negamos a ver, brincam e manipulam as dores das pessoas. Apontam caminhos sem saída, mas ainda assim caminhos e com reforço de grupo. E quando a pessoa está frágil e num canto sem saída... quando há grupos que se identificam com certas dores, a manipulação e o caminho sem saída são quase imperceptíveis.



E isso acontece pois nos negamos ao debate. Enquanto sociedade falhamos com a juventude e nos negamos discutir isso diariamente. Não somos formados para tal. Reflexão é vista como perda de tempo. Enquanto isso corremos diariamente, mas não sabemos para onde. Queremos vencer na vida, mas vencer quem e o que? Enquanto a maioria está perdendo. Perdendo tudo, inclusive a humanidade.



No amor assim como na educação nossa vida está a serviço do outro. Porque é preciso coragem para levar um tiro pelo outro, mas o melhor será educá-lo a amar desarmado (pela escola e pela sociedade).

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