É possível que a busca da verdadeira fala do professor obrigue a calar tanta gente que quer falar por ele? Políticos, gestores, empresários, fundações, pais e outros. Vivemos jogos de dominação, resistência e indignação dentro das escolas. Indo muito além dos intelectuais acadêmicos que escrevem sobre educação e da mentira dos políticos, existe uma autonomia de uma palavra e de uma pratica pedagógica tecida pelos professores. Assim fazemos de nossa habilidade educacional o instrumento de resistência aos senhores da guerra que usam as escolas para manter seus poderes.
Essa tem sido a missão dos professores mas infelizmente temos visto os eleitos do sistema tomarem o lugar dos condenados que se sacrificam nas escolas, e os diabos se tornarem santos em sistemas de avaliação. O verdadeiro retrato do professor passa pelos seus sonhos esmagados pelo sistema. E para manter o professor em seu lugar eles tem negado nossos sonhos e lutas. A Hierarquia da escola e dos gestores nega o trabalho em equipe e cooperativo entre professores, enquanto os poetas do futuro querem substituir educação por imagens, dados e inteligência artificial. Um mundo sem história, ou igrejas, quartéis e empresas no lugar de escolas.
Mas o que é ser Professor hoje no dia do trabalho? Stress, gritos, cansaço, doenças, desemprego, baixos salários... A nossa pobreza tem sido definida pelo cansaço permanente sem escolhas, diante do desafio de educar crianças em seus sonhos criadores e destruidores de suas vidas buscando ampliar suas existências de trabalhadores úteis a serem explorados e sacrificados. Quando vamos celebrar esse desafio de educar quando a existência de nossos alunos esta refém dos caprichos dos poderosos? Como despertar o olhar, o sentir, a mente e as mãos dos professores a se libertar do espetáculo do faz de conta dos poderosos? De que adianta gemidos sem força, sonhos sem consistência, se insistimos em lutar sozinhos cada um isolado da realidade e da dor do outro?
E se voltar a sermos os professores que sonhamos e vivemos quando crianças? Estamos prontos para a educação do ser de nossos alunos ou nos renderemos as elites, oligarquias e tecnocratas que querem usar as vidas indefesas das crianças em suas garras de tigres? em jogos vorazes.
Os professores da educação infantil têm o poder de fortalecer esses seres a expressarem sua autonomia, linguagens e saberes, e talvez eles possam construir robôs para que todos vivam de renda mínima como artistas expressando o bem, o belo e o justo juntos!
Mas temos que fazer isso ensinando pelo exemplo na escola, onde os trabalhadores da educação, incluindo os da limpeza ou os cozinheiros possam atuar com dignidade nessa república pedagógica e possam se tornar cientistas ou artistas também. Mas muitas vezes a escola desce pelos caminhos do inferno de tantas violências cometidas contra a comunidade escolar apesar do céu das idéias de políticos, fundações e gestores que tentam negar e apagar os efeitos da pobreza, fome e violências na escola. Porém a verdade encarnada do professor que relata os machucados da carne do povo e as tatuagens da revolta que se misturam nas comunidades com o crime e suas conseqüências no cotidiano da escola.
No tempo que nos sobra entre o trabalho e o sono, a partilha entre o verdadeiro e o falso, o cálculo dos prazeres e das dores, lembramos que Dante não viajou pelo inferno real, pelo inferno sem poesia, onde a educação é cultivada sem amor nem sonhos, onde nossa tristeza é suprema porque é pensada. Muitos falam das dores dos professores sem conhecer sem escuta-las. Observamos calados o aniquilamento da educação pela sala de aula, enquanto o dia a dia dos espetáculos para tirar fotos e votos é celebrado. Jogos vorazes de serpentes que cantam como pássaros.
Saberes vazios de gestores educacionais tecnocratas que não tem nenhum grão de sabedoria mas que carrega violências em nome de políticos, empresas, editoras, e construtoras que não conseguem entregar espaços simples para crianças brincarem. Nós professores preferimos a luta que nos fez experimentar os frutos da arvore do conhecimento, saberes desconhecidos, um mordida que precisa de um alma educadora para ser curada. O mundo não muda sem nos insurgir para um tipo de deseducação que tenta nos devorar. Não é apenas o conhecimento da exploração que devemos ter mas um conhecimento de si como professores e nosso papel em educar ditadores gestores educacionais a escutar o que realidade grita em suas dores e sofrimentos, e os saberes produzidos na roda viva da Escola. Não vamos nos deixa enganar pelo discursos dos gestores que falam em amor e agridem com seus atos, ociosidade e omissão; isso nos lembra a todo instante a necessidade urgente de lutar com todos os trabalhadores.
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