SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quarta-feira, 10 de maio de 2023

LETRAMENTO DOS ALUNOS NA VIDA E NA COMUNIDADE!




Eu passei 30 anos da minha vida atuando em comunidades pobres acompanhando o desenvolvimento de crianças e jovens onde muitos deles foram letrados pela vida e pelas comunidades. Eu sei onde muitos deles estão hoje, alguns são dirigentes de ONGS, Secretários de Estado, Doutores nas Universidades, Empresários, Artistas, funcionários públicos, juízes e outros. É importante entender como se dá esse relacionamento entre escola, comunidade e vida nos processos de letramento de crianças e jovens. Por exemplo Einstein, que era visto como um aluno medíocre na escola, usou a imaginação e brincadeiras para desenvolver todo seu potencial.  A Economia, Sociedade e Educação falam tanto da importância da criatividade, e já foram realizados muitos estudos e pesquisas sobre esse assunto, cito o trabalho de Domenico de Masi sobre a emoção e a regra, mas quantos e quais desses estudos ajudaram a mudar a escola, integrar e potencializar o letramento dos alunos na vida e nas comunidades? Outras pesquisas falam da importância da diversidade, experiências, afetos, corporeidade, mas nos rendemos a regra conteudista de razões vazias de vida sem letramento.



Hoje o ensino médio tem produzido uma geração apática e apolítica que chega nas Universidades, isso é ruim quer seja na política e economia como na falta de desenvolvimento de líderes, pensadores livres e empreendedores. Isso é ruim para o Brasil pois não podemos educar uma geração para se acostumar às condições em que vivem, baixar a cabeça e não procurar modificar suas vidas e condições sociais e econômicas. O letramento crítico e criativo, ensina ética e estética, é essencial para o despertar e individuação do ser humano, como as melhores escolas fazem não separando mundos com muros e grades, mas integrando escola, família, comunidade e cidade com ecossistemas educacionais através de processos de letramento vivos que extrapolam a sala de aula. 



Porém o que vemos nas escolas não é esse diálogo democrático de ideias e melhores caminhos de formação e aprendizagem dos alunos. Os professores não são escutados, o que impera na escola é a geopolítica de vários interesses de políticos, fundações, editoras e outros. Afinal uma vaga em uma creche e na escola nas comunidades pobres vale votos, os interesses das construtoras para os políticos são maiores que os dos estudantes, os professores que baixam a cabeça e se rendem para o sistema e os capitães do mato são premiados, incluindo os pedidos dos Governos às Universidades que inclui a formação e a promoção dos amigos da nobreza feudal escolar. Mas querem falar em notas e meritocracia para os alunos quando não são frutos deles e sim de acordos políticos de submissão? O nome disso não é educação. Os Professores que mais criticam e querem mudar as escolas são isolados, como se o dinheiro público fosse dos gestores? E a escola fica NORMAL, enquadrada, adestradora e submissa às operações políticas em nome da educação pública? Ou dos interesses privados não confessos? 



A tese de Einstein tinha sete páginas, não 70 nem 700. A escola assim como a Universidade tem valorizado a repetição de palavras do que a crítica e a criação que andam juntas com o letramento na vida e na comunidade. Eu li várias obras que usam pesquisas e o método científico propondo mudanças e inovações no currículo e didáticas através do letramento visto como um processo contínuo, mas as escolas resistem a isso devido aos poderes que vivem dela. A autobiografia é um deles. E assim vamos formando e convivendo com empresários que só viveram em empresas, políticos a vida toda na política, professores que só viveram na academia e outros sem o letramento na sociedade como um todo e expressão dos seus seres em outros mundos. Caminhos vazios que destroem saberes mais complexos, existências e uma vida com maior interação social e cidadania.  

 


Eu conheço cada um dos meus alunos, sobretudo os que têm mais energia e criatividade, que se revelam em brincadeiras e interação social mas não em violências. Violências na escola contra outros estudantes e professores atrapalha o aprendizado e a vida de todos. Mas a violência nas comunidades também faz o letramento das pessoas para o mundo do crime, por isso é preciso conhecer como vivem, moram, a família de nossos alunos visando conectá-los a outros caminhos e oportunidades de vida e letramento. O melhor caminho na escola para eles será um elogio, afetos, um 10 e outros para o aluno ver que está conquistando seu espaço por outros desafios e aventuras escolares onde pode gastar sua energia no seu letramento para vida e cidadania plena.





ENQUANTO ISSO ESSAS PESSOAS NA SALA DE AULA SEM LETRAMENTO!

Eu quis cantar minha canção iluminada de solSoltei os panos sobre os mastros no arSoltei os tigres e os leões nos quintaisMas as pessoas na sala de jantarSão ocupadas em nascer e morrer
Mandei fazer de puro aço luminoso um punhalPara matar o meu amor e mateiÀs cinco horas na avenida centralMas as pessoas da sala de jantarSão ocupadas em nascer e morrer
Mandei plantar folhas de sonhos no jardim do solarAs folhas sabem procurar pelo solE as raízes procurar, procurarMas as pessoas da sala de jantarEssas pessoas da sala de jantarSão as pessoas da sala de jantarMas as pessoas da sala de jantarSão ocupadas em nascer e morrer

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