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quinta-feira, 31 de julho de 2025

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O culpado Bolsonaro vendeu a alma e o Brasil

 

Medidas de Trump contra Brasil são 'grande vitória' para Bolsonaro, diz New York Times

Donald Trump

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,New York Times destacou que Trump agravou "drasticamente" a crise entre Brasil e EUA
    • Author,Daniel Gallas
    • Role,Da BBC News Brasil em Londres

O jornal americano The New York Times disse que os Estados Unidos cumpriram suas ameaças de aplicar tarifas de 50% a todos os produtos que vêm do Brasil e de sancionar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes agravando "drasticamente" a crise entre os dois países, em reportagem publicada na quarta-feira (30/7).

O presidente americano, Donald Trump, assinou na quarta o decreto que formaliza tarifas de 50% para produtos brasileiros, com uma série de exceções às taxações.

Segundo a Casa Branca, as medidas foram tomadas considerando que "a perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivados pelo governo brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores constituem graves violações dos direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil".

New York Times destacou que "as duas medidas demonstraram que, enquanto as autoridades brasileiras buscavam o diálogo, a Casa Branca agravou drasticamente a crescente crise diplomática entre os dois países mais populosos do Hemisfério Ocidental".

"As tarifas contra o Brasil são as mais altas já impostas pelo presidente Trump neste ano, embora excluam muitas das principais exportações brasileiras para os EUA, como aeronaves comerciais, produtos energéticos e suco de laranja."

O New York Times destacou a disposição de Trump de confrontar o Brasil.

"Dadas as amplas isenções tarifárias, as ações de quarta-feira podem acabar sendo menos paralisantes do que parecem — mas são um sinal claro do governo Trump de que está preparado para uma briga com o Brasil."

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A publicação ainda destacou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos principais vencedores após o anúncio de Trump de quarta-feira.

"As medidas dos EUA representam uma grande vitória para Bolsonaro, que pode enfrentar décadas de prisão se for considerado culpado [em julgamento por suposta tentativa de golpe de Estado]", diz o jornal.

"Durante meses, Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, vem pressionando a Casa Branca para aplicar sanções contra o ministro Moraes e outros juízes, argumentando que o Supremo Tribunal Federal está visando injustamente seu pai e outras vozes de direita."

O New York Times afirma que "Bolsonaro sugeriu que uma imunidade para ele e seus aliados seria o caminho para uma trégua econômica com os EUA".

"Parlamentares alinhados a Bolsonaro pressionam por um projeto de lei de anistia, embora Lula provavelmente vetaria isso", diz o artigo.

O jornal também destacou a gravidade das sanções contra Moraes — que foi enquadrado na Lei Global Magnitsky — uma das mais severas disponíveis para Washington punir estrangeiros que considera autores de violações de direitos humanos e práticas de corrupção.

"As ações contra Alexandre de Moraes, um juiz da Suprema Corte brasileira, são um uso altamente incomum de algumas das mais graves sanções de direitos humanos que o governo dos EUA tem à disposição", escreveu o New York Times.

O New York Times disse que Moraes se "tornou talvez a figura mais polêmica do Brasil" — relembrando episódios em que o juiz agiu contra seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro que atacaram instituições brasileiras e acusaram fraude nas eleições de 2022.

"Mas, em sua luta para proteger a democracia, ele também foi visto, por vezes, como alguém que tomou medidas autoritárias", escreveu o jornal, citando ordens para empresas de tecnologia removerem contas de redes sociais, prisão de pessoas por ameaças na internet e sua ação como "juiz e promotor" em alguns casos.

"No entanto, muitas de suas decisões também foram apoiadas pela maioria dos juízes do Supremo Tribunal Federal, que disseram que seus poderes extraordinários são necessários para combater uma ameaça extraordinária à democracia brasileira", disse o jornal.

Resistência de Lula dá resultados e Trump atenua tarifas ao Brasil', diz agência americana Bloomberg

 

'Resistência de Lula dá resultados e Trump atenua tarifas ao Brasil', diz agência americana Bloomberg

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva gesticula ao assinar uma lei que proíbe testes de cosméticos em animais, no Palácio do Planalto, em Brasília, em 30 de junho de 2025.

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Algumas das maiores exportações do Brasil para os EUA, de aeronaves civis a suco de laranja, não sofrerão aumentos além da taxa de 10% imposta anteriormente, diz Bloomberg
    • Author,Luiz Fernando Toledo
    • Role,Da BBC News Brasil em Londres

A resposta "desafiadora" do presidente Lula à tarifa imposta pelo governo Donald Trump de 50% sobre produtos brasileiros foi validada na quarta-feira (31/7), com mercados e empresas "respirando aliviados com a longa lista de isenções às taxas", diz a agência americana Bloomberg.

Decreto de Trump divulgado na quarta-feira detalha 694 produtos específicos isentos. Em geral, minerais, produtos energéticos, metais básicos, fertilizantes, papel e celulose, alguns produtos químicos e bens para aviação civil estão isentos da tarifação adicional.

Carne, frutas e café não entraram na lista de exceções - produtos exportados em grandes quantidades por Estados que concentram eleitores de Bolsonaro.

Na terça-feira (29/7), o secretário de ComA agência publicou que "foi um choque para o governo brasileiro, que teve contato limitado com a Casa Branca nas últimas semanas, confiando em um grupo de líderes empresariais, incluindo o presidente da fabricante de aviões Embraer SA, para defender o caso do Brasil em Washington."ércio dos Estados Unidos abriu possibilidade de tarifa zero para produtos agrícolas que os americanos não cultivam — algo que seria aplicado a todos os parceiros comerciais, não apenas o Brasil.

A Bloomberg afirmou que Lula "se manteve firme contra a pressão dos EUA para interferir no sistema judicial e interromper o processo contra o ex-presidente de direita Jair Bolsonaro" e reforça que Lula sequer teria poder sobre o Supremo Tribunal Federal. "Sua decisão de defendê-lo, embora popular no Brasil, também pareceu tornar os aumentos de tarifas inevitáveis", diz o texto.

Julgamento de Bolsonaro pode impactar as tarifas?

O ministro do STF Alexandre de Moraes em sessão na corte, olhando para o lado

Crédito,ANDRE BORGES/EPA-EFE/REX/Shutterstock

Legenda da foto,Sanções norte-americanas a Moraes são uma das pautas mais defendidas por apoiadores de Bolsonaro

As novas tarifas entrarão em vigor a partir do dia 6 de agosto. Antes a previsão era que as novas taxas seriam implementadas já na sexta-feira (1º/8).

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A agência diz que o desafio de Lula agora "é transformar o adiamento em uma distensão mais duradoura com o segundo maior parceiro comercial do país" e que o julgamento de Bolsonaro poderia fazer com que Trump suspendesse as isenções.

A Bloomberg lembra que Trump e os EUA têm se manifestado repetidamente sobre o caso nas últimas semanas, com a imposição de sanções da Lei Magnitsky contra o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, "que já entrou em conflito com plataformas de mídia social americanas como Trump Media & Technology Group, Rumble Inc. e X, de Elon Musk."

A Lei Magnitsky é uma das mais severas punições disponíveis para Washington contra estrangeiros considerados autores de graves violações de direitos humanos e práticas de corrupção.

Há três consequências principais para quem é colocado na lista de sancionados pela legislação: proibição de viagem aos EUA, congelamento de bens nos EUA e proibição de qualquer pessoa ou empresa nos EUA de realizar transações econômicas com o indivíduo penalizado.

Não há definição clara sobre se ele seria impedido de usar cartões de crédito. Segundo especialistas, decisões como essa costumam ser analisadas caso a caso pelas instituições financeiras.

Moraes já estava impedido de entrar em território americano. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, já havia anunciado, em 18 de julho, a revogação do visto do ministro, seus familiares e "aliados" — sem detalhar quem são esses.

Também existe a possibilidade do ministro ser impedido de manter conta em bancos brasileiros com ligação ao sistema americano, já que instituições financeiras de qualquer país que mantêm contas ou cartões para pessoas punidas pela Lei Magnitsky podem ser alvo de sanções.

Estados 'bolsonaristas' serão os mais afetados por tarifas de Trump, mesmo com isenções

 

Estados 'bolsonaristas' serão os mais afetados por tarifas de Trump, mesmo com isenções

Porto do Rio de Janeiro

Crédito,Getty Images

    • Author,Luiz Fernando Toledo
    • Role,Da BBC News Brasil em Londres

tarifaço de 50% anunciado pelo presidente americano Donald Trump sobre produtos brasileiros, oficializado na quarta-feira (30/7) pelo governo americano, pode ter impacto econômico maior nos Estados brasileiros em que houve mais apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro na última eleição presidencial.

O valor real do impacto ainda não foi calculado. E nem toda exportação será afetada: o texto do decreto que formaliza a medida traz uma série de exceções às taxações. Os setores de petróleo, polpa e suco de laranja e aviões, por exemplo, aparecem na lista de produtos brasileiros isentos.

O decreto de Trump detalha 694 produtos específicos isentos. Em geral, minerais, produtos energéticos, metais básicos, fertilizantes, papel e celulose, alguns produtos químicos e bens para aviação civil estão isentos da tarifação adicional.

Sete Estados brasileiros concentraram, no ano passado, mais de 80% de toda a exportação para os EUA: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Desses, com exceção de Minas, em que Lula ganhou por margem apertada (50,2% dos votos válidos), todos deram vitória a Bolsonaro no segundo turno do pleito de 2022 (veja mais detalhes no gráfico), segundo dados compilados pela BBC News Brasil.

Carne, frutas e café não entraram na lista de exceções - produtos exportados em grandes quantidades pelos Estados que concentram eleitores de Bolsonaro.

Na terça-feira (29/7) o secretário de Comércio dos Estados Unidos abriu possibilidade de tarifa zero para produtos agrícolas que os americanos não cultivam — algo que seria aplicado a todos os parceiros comerciais, não apenas o Brasil.

As novas tarifas entrarão em vigor em sete dias, a partir do dia 6 de agosto. Antes a previsão era que as novas taxas seriam implementadas já na sexta-feira (1º/8).

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Foram cerca de US$ 40 bilhões exportados no ano passado aos EUA, sendo os mais comuns os combustíveis minerais, café, ferro, aço, carnes e outros. Só São Paulo concentra mais de 30% dessas exportações - foram US$ 13,5 bilhões em 2024, ao todo.

Um dos motivos citados por Trump para a taxação foi o tratamento dado a Bolsonaro pela Justiça brasileira no processo em que ele é acusado de tramar um golpe de Estado. O ex-presidente chegou a fazer uma publicação no X em que sugere que a sua anistia seria uma forma de resolver a ameaça das tarifas.

"Em havendo harmonia e independência entre os Poderes nasce o perdão entre os irmãos e, com a anistia também a paz para a economia", escreveu Bolsonaro, em postagem no X em 13 de julho.

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) calcula que a lista de exceções ao tarifaço representa 43,4% do total das exportações brasileiras.

"Embora essas exceções atenuem parcialmente os efeitos da tarifa de 50% anunciada, a Amcham reforça que ainda há um impacto expressivo sobre setores estratégicos da economia brasileira", diz nota da entidade.

"Produtos que ficaram de fora da lista continuam sujeitos ao aumento tarifário, o que compromete a competitividade de empresas brasileiras e, potencialmente, cadeias globais de valor."

Para cientistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil, o efeito político do tarifaço pode desgastar a imagem do bolsonarismo, mas abre uma oportunidade para presidenciáveis à direita no espectro político para se descolarem da imagem do ex-presidente.

Eduardo Bolsonaro diz que tarifas foram 'resposta legítima' dos EUA

O filho do ex-presidente Jair Bolsonardo, Eduardo, publicou em sua conta no X uma defesa das tarifas aplicadas por Trump.

Para ele, as medidas "foram uma resposta legítima às agressões do regime brasileiro contra interesses e cidadãos americanos".

Disse ainda que "a insistência na repressão política levará a um isolamento crescente, com efeitos duradouros sobre a economia e as relações internacionais do Brasil". Eduardo assina o texto como "deputado federal em exílio."

O aumento da taxação das exportações foi anunciado poucos meses após Eduardo Bolsonaro se licenciar do cargo de deputado federal e se mudar para os Estados Unidos.

Ele disse que se dedicaria em tempo integral a convencer o governo Trump a atuar pela anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro no Brasil e obter sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, sancionado pela Lei Magnitsky.

Ele chegou a publicar uma nota dizendo que a carta de Trump "apenas confirma o sucesso na transmissão daquilo que viemos apresentando com seriedade e responsabilidade."

Em suas redes, Eduardo tem feito críticas a políticos que criticaram o tarifaço dos EUA sobre os produtos brasileiros, mas não se posicionam pela anistia de seu pai e dos presos pelas manifestações de 8 de janeiro.

"É impressionante que políticos se movam mais orientados por questões econômicas do que de liberdade", escreveu no X.

Em maio, o STF abriu inquérito para investigar Eduardo por suas ações nos EUA.

O inquérito foi instaurado a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que diz que "as retaliações buscadas, concatenadas e anunciadas intrepidamente contra as autoridades responsáveis pela condução dos casos mencionados nesta peça se assomam como graves atos de interferência sobre o livre exercício dos Poderes Constitucionais."

Eduardo Bolsonaro

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Eduardo Bolsonaro disse que medidas 'foram uma resposta legítima às agressões do regime brasileiro contra interesses e cidadãos americanos'

'Janela de oportunidade para a direita'

O professor de Ciência Política da FGV Carlos Pereira afirma que as tarifas impostas por Trump podem afetar setores que historicamente são aliados de Bolsonaro.

"Esse tarifaço teve como motivação uma tentativa de fragilizar a suprema corte perante a sociedade e, consequentemente, fortalecer a direita. Só que o tiro saiu pela culatra, não foi isso que aconteceu", diz Pereira.

"Como demonstrado nesses dados levantados pela BBC, vários desses Estados em que Bolsonaro foi muito bem votado são os que mais vão perder."

Ele vê a situação, no entanto, como uma janela de oportunidade para outras lideranças de direita.

"A direita tem uma chance de ouro de se livrar de Bolsonaro. É algo que a esquerda teve no passado, quando Lula foi preso. Mas não conseguiu e Lula conseguiu sendo a principal figura carismática da esquerda."

'Direita ficou batendo cabeça nas redes'

Beto Vasques, diretor de relações institucionais do Instituto Democracia em Xeque e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), avalia que a disputa narrativa sobre o tarifaço nas redes tem sido desfavorável a Bolsonaro.

Ele citou um estudo produzido pela organização que coordena, entre 10 e 18 de julho, que avaliou a quantidade de interações sobre o assunto em cinco redes sociais (Facebook, Instagram, Youtube, X e Tiktok).

Os usuários foram divididos nos seguintes grupos: conservadores, progressistas, imprensa e outros.

Segundo o levantamento, houve três vezes mais interações dos conservadores do que dos progressistas, mas com mensagens divergentes e até contraditórias entre si.

"Nesse episódio do Trump, até porque a realidade facilitava, a esquerda passou uma mensagem muito simples: a de que o vilão é Donald Trump e que o propósito é salvar a pele da família Bolsonaro da cadeia. Uma mensagem simples, com vilão característico", disse.

"Enquanto isso, direita e extrema direita ficaram batendo cabeça, uns dizendo que o vilão era Moraes, outros que era o Lula. Quem tem dois inimigos não tem nenhum."

Uma pesquisa divulgada pela Quaest/Genial Investimentos após o anúncio do tarifaço indicou que a maioria dos entrevistados (59%) não acredita que Trump é capaz de inverter a inelegibilidade de Bolsonaro.

Mesmo entre eleitores do ex-presidente há um empate técnico: 46% acreditam que pode haver impacto, contra 45% que disseram que não haverá mudança.

Pesquisas da Quaest/Genial também indicam efeito negativo do tarifaço sobre as pretensões eleitorais de Bolsonaro em 2026, e uma melhora na popularidade de Lula, que antes estava em queda.

No último levantamento, Lula aparece vencendo Bolsonaro num segundo turno, enquanto na pesquisa anterior eles apareciam empatados. Mas Carlos Pereira, professor da FGV, avalia que, com o tempo, os impactos econômicos do tarifaço podem acabar prejudicando Lula.

"A questão é saber, se no médio e longo prazo, quando essas empresas começarem de fato a perder e houver impacto na economia, se o governo vai conseguir sustentar essa sensação positiva por muito tempo", diz.

"Eu não acho que é sustentável. No curto prazo foi ótimo para o governo, que estava perdido, sem narrativa. Em que pese pesquisas de opinião ainda mostrarem que a taxa de rejeição ao governo é maior do que a aprovação, mas a diferença diminuiu."

Governadores de Estados que mais exportaram aos EUA miram Lula nas críticas

Lula acena

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Presidente Lula foi criticado por governadores de alguns dos Estados que mais podem ser atingidos por tarifas

Os governadores de alguns dos Estados que mais podem ser atingidos pelo tarifaço têm repetido críticas ao presidente Lula nos últimos dias pelo que avaliam como falta de diálogo com os EUA.

Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Jr. (PSD-PR) destacaram em falas públicas o que chamaram de falta de negociação do governo brasileiro com o americano. Já Eduardo Leite (PSD-RS) condenou também a articulação da família Bolsonaro no país.

Em evento organizado pela XP no último sábado, Tarcísio disse que seu governo tem tentado dialogar diretamente com autoridades americanas e criticou o governo federal por politizar a questão das tarifas.

"Estamos buscando parlamentares americanos, as empresas americanas, tentando pegar agentes do governo americano que possam sensibilizar pro tamanho do problema. E estamos fazendo isso de uma forma profissional, silenciosa, pra ver se a gente consegue atenuar esses efeitos. Porque infelizmente hoje a gente vive um momento onde se busca tirar proveito político de tudo, se busca dividir o país", disse.

Tarcísio é um dos principais cotados a suceder Jair Bolsonaro na disputa presidencial de 2026, já que o ex-presidente está inelegível por duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral.

Em Minas Gerais, o governador Romeu Zema (Novo) usou as redes sociais para defender Bolsonaro, criticar Lula e pedir a suspensão do tarifaço.

"Eu não tenho dúvida de que tem motivação política no julgamento de Jair Bolsonaro, por isso tenho estado ao lado dele desde o início. O STF, estamos vendo, já passou dos limites. As provocações e intromissões de Lula em assuntos dos Estados Unidos são lamentáveis. Mas esses erros e essas injustiças não devem ser consertadas com mais injustiça e erro. A taxação imposta pelo presidente Trump a produtos brasileiros é uma medida errada e injusta. Ela precisa ser revista porque penaliza todos os brasileiros, gente que votou contra e a favor do Lula."

Segundo a analista política e antropóloga Isabela Oliveira Kalil, professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), governadores de Estados afetados pelo tarifaço estão em posição delicada.

Por um lado, eles têm dificuldade em criticar abertamente o lobby de Eduardo Bolsonaro com Trump, porque poderiam perder votos entre eleitores de Jair Bolsonaro. Por outro, precisam defender os interesses econômicos de seus Estados, que podem sofrer perdas importantes com o tarifaço.

"Eles ficam em uma posição de dizer, basicamente, que a culpa é do Lula, que Lula não pegou o telefone e ligou para os EUA. Que tipo de candidatura (na eleição de 2026) eles teriam sem a base bolsonarista?", avalia Kalil.

"É muito difícil imaginar esses governadores dizendo publicamente que Eduardo Bolsonaro está errado, que a família Bolsonaro está fazendo algo que prejudica o Brasil. Precisam contar com a base".

A exceção foi no discurso de Leite. Em entrevista ao UOL News, o governador do Rio Grande do Sul afirmou que a articulação da família do ex-presidente nos EUA foi "absolutamente imperdoável" e que colocar o país em sacrifícios "em função de um interesse pessoal não pode ser admitido."

Ele tampouco poupou Lula. Para Leite, o presidente "tem tido manifestações recorrentes ao longo da sua trajetória de alinhamento a ditaduras, de países que também não são democráticos, e de um discurso muitas vezes antiamericano, que fragiliza essa relação com um parceiro comercial importante."

Kalil avalia que postura dos governadores contrasta com a do restante da política, citando o exemplo da comitiva de senadores que foi aos EUA para tentar negociar sobre as tarifas, incluindo os ex-ministros de Bolsonaro Tereza Cristina (PP-MS) e Marcos Pontes (PL-SP).

"Sinalizam que, à frente da lealdade ao Bolsonaro está à lealdade às suas bases, aos seus interesses econômicos. Ninguém vai rifar suas relações com setores produtivos que ajudaram eles a se eleger, como o agro, para ficar defendendo a família Bolsonaro, por mais que publicamente não coloquem nesses termos."

Gráficos por Carla Rosch, Equipe de Jornalismo Visual da BBC Brasil.