Dialogo digital com Ikeda e Dellano sobre o cinema
das novíssimas gerações!
A moldura
do quadro é uma tela de computador , o processo de pintar é uma mostra de
cinema de garagem transformado em arquivo PDF e site com vídeos. As novas
gerações são de pessoas, mas também de tecnologias, formas de
produzir, distribuir, de ver, sentir, nomear ou não. Enquanto Ikeda tece
seus fios na tela descrevendo o processo social e histórico, Dellano dá cores
as poesias em forma de conceitos e imagens de uma geração.
Como
diria Zé Ramalho “E as borboletas estão invadindo os apartamentos, cinemas
e bares.... Se sentam e pousam em meio à fumaça De um arco-íris, se sabe o que
é”. Fumaça que para Ikeda são nevoeiros provisórios no meio do arco iris de
Dellano. Estas novíssimas gerações chegam das garagens ao mundo,
passando por modos de produção que também são dramaturgias.Graças a enfase
na diversidade contra o poder hegemônico da razão e
a superação de fronteiras entre pensar, sentir e agir. Tornam a vida
e as resistências possíveis, contraponto ao dinheiro e ao
mercado como regulador de tudo e de todos.
Estas
solidariedades em redes lutam no meio do nevoeiro contra corporações de
diversas ordens. Ordens que buscam a todo momento , tornar inúteis, as
decisões e formas diferentes de ver o mundo das pessoas!
Portanto o manifesto é digital, o sonho não! Existe hoje uma poderosa inovação cultural e estética construída por jovens, imigrantes, ONGS, comunidades criativas, que de baixo pra cima, se apropriam do mercado, das instituições públicas, das Universidades e outros. Não para fazer mais do mesmo ou seguir ritos e condutas institucionais; mas para libertar das grades a arte que nasce do ser , apesar do capital, do poder , das religiões, dos críticos, curadores, e outras formas de controle e fortalecimentos de condutas.
Uma jornada rumo as diferenças, dissonâncias, as primaveras árabes, occupys, estudantes chilenos e espanhóis. Eles são capazes de mudar conceitos e dispersar fumaças , não todos de uma vez, mas por novos caminhos alimentados pelas diferenças. Estas diferenças tendem a se agrupar em resistências, movimentos, e milhares de outras formas de viver que não ocupam a agenda oficial, cientifica, midiática ..Enfim mundos que de vez em quando dialogam, dançam, cooperam ou se chocam.
(In) felizmente há uma decomposição do que chamamos de público, de democracia, de massa , de mercado de consumidores, de espectadores , de alunos... No momento em que singularidades se expressam e se multiplicam, influenciando outras. Iniciando suas jornadas em velocidades que os os conceitos e arte já não consegue explicar com palavras mágicas ou totalizantes , buscam pelo menos descreve-las. Não é porque o mercado, mídias, ou determinadas formas de fazer cinema dominam, que anulam as histórias ou outras formas de fazer e olhar a vida e a arte; como nos lembra Walter Benjamim, que vive no meio de nós, apesar do seu suicido e do genocídio de gerações.
Cada vez
mais, mal entendidos, desordens sociais, reações, vão proliferar diante de
propostas criticas, insurreições locais, recepções céticas de
promessas hegemônicas, artes e a busca de vias distintas fora da organização
legal, para satisfazer necessidades e encontrar sentidos. Todos lutaram de
várias formas para sobreviver diante de desafios econômicos, sociais,
ambientais...e disto emergira os filmes das novíssimas gerações.
Acho
que novíssimos caminhos passam em como levar o processo artístico ou
as metalinguagens de como fazer filmes descritos por Ikeda e Dellano para
educação, economia, politica e outros. Isto nos apontaria novos horizontes em
como a estética e a ética podem contribuir com seres e artes
mais sustentáveis ao longo da vida e das obras dos jovens artistas.
Portanto
este dialogo estético de Dellano e ético de Ikeda aponta a
nós alunos os desafios de unir estes caminhos e transformar
o estético em ético e a ética em estética ou
seja temos que dar beleza ao que hoje se chama mercado e concretude as nossa
poesias e filmes. Afinal marcos históricos se constroem nas expressões vividas
e no embate com as forças que buscam desorganizar ou destruir estes processos na
tentativa de serem de fato únicas . Esta é a melhor ilusão que estas
forças buscam nos vender . Por isso apreender a combinar de
forma flexível várias praticas , oficiais e informais , se
torna urgentes.
Assim
ampliaremos as transgressões ou passagens que desintegram formas
mantidas pela força para liberar arte em novas formas de ser e viver os
ambientes que compartilhamos.
Isto
acontece hoje bem ao nosso lado, entre o que o mercado não oferece,
a família desatende e as escolas deixa de dar. Porem considero que os
jovens não se sentem descontentes com as mudanças sociais
ou relações pouco estruturadas incompreendidas pelos
governos e outras instituições. Varias distinções entre o publico e
privado , legal e ilegal , estão se desvanecendo. Mesmo assim nesta
geração com recursos escassos e violências diversas pode se encontrar muita
diversidade buscando a sobrevivência e o desenvolvimento de
modos muitos distintos do que vimos há apenas alguns anos atras .
A flexibilidade desta geração não é inconstância oportunismo, incoerência, contradições, ou desestruturação e sim uma redistribuição dos poderes culturais. A arte e a produção de seus filmes e imagens são realizados por vários caminhos as vezes vividos ao mesmo tempo.Os jovens habitam mundos plurais. Usam em suas praticas criativas fontes heterogêneas que podem parecer contraditórias para aqueles mais velhos que aderiram a relatos unificados como nos lembra Canclini. Vivemos num mundo sem promessas ,sem projeções racionais. O intuito destes novos universos não é assustar, nem moralizar, nem distribuir culpas, prêmios ou redenções. Os festivais e estes mundos tornam-se efémeros , o ápice se tornar menor numa velocidade cada vez maior. Este efemeridade não consegue encerrar em si mesmo, sinal de vitória , pois o mesmo mercado e mídia criticados atuam como comercializadores de egos que visam lhe dar alguns momentos inúteis de gloria enquanto vendem os artistas como produtos não como arte.
Os clichês que nos davam paz foram esvaziados de seus poderes e agora se misturam com outros independentes de nossa vontade ou razão; do que achamos ou os classificamos. Saímos da cidade das letras para o mundo das telas por uma geração que foi construída e moldada de várias formas por elas. Portanto eles são nativos nestas linguagens diferentes de nós que as consideramos novas. Pertencemos e saímos ao mesmos tempo de vários espaços, logicas, universos, diferenças sobre as quais escolhemos ou não os ingredientes que precisamos para dar sabor a arte que nos alimenta. Enquanto o apocalipses de alguns mundos não chegam nos associamos pra construir outros mundos. E porque temer o futuros quando podemos construí-los ? Ikeda e Dellano nos aponta as raízes destas história éticas e estéticas de uma geração e suas novíssimas formas de fazer cinema daqui pra frente com mais fogo e mais fumaça.
http://www.cinemadegaragem.com/catalogo.html
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