Epicuro nasceu em 342 antes de Cristo, seu pai era professor. Epicuro ensina Filosofia e funda uma escola chamada “ O Jardim “.
As sabedorias na Antiguidade são consideradas “ gêneros de vida” visando estabelecer regras para condutas dos seres humanos. Elas são métodos para alcançar uma existência aprazível. Numa visão materialista consiste em organizar a vida do filósofo de acordo com sua realidade mundana, levando em conta os critérios físicos da felicidade e prometendo a felicidade aqui e agora.
Ao ser eliminada a crença em uma providência divina ou ordem sobre natural das coisas, o que servira de estrutura à natureza e às sociedades humanas, desde a origem ?
A vida feliz aqui e agora do epicurismo será lançada a execração pública por ser incompatível com os princípios teóricos e práticos do Cristianismo na época.
Epicurismo é uma doutrina que disputa a verdade com outras escolas como o estoicismo e o ceticismo. Os membros dessas seitas compartilham uma vida comunitária durante a formação. O jardim de Epicuro é um lugar fechado, protegido, afastado do frenesi do mundo porque o sábio epicurista desconfia da politica, mas considera a filosofia e a educação, uma relação de amizade, a philia.
Uma dimensão essencial do epicurismo é a constituição de uma comunidade universal estruturada pela amizade. Isso porque Epicuro considera a vida pública um flagelo, gerando várias representações que causam a infelicidade do homem, tendo sua origem na emulação nociva, na competição e nos falsos desejos suscitados por certa concepção da sociabilidade. Portanto o Jardim é um refúgio, um lugar que é possível seguir a via da natureza, curar a alma, e desse modo alcançar a felicidade.
O Sábio para Epicuro é o único capaz de praticar de maneira cabal a amizade, ele sofre com os amigos, garante-lhes apoio na adversidade e confere a felicidade deles um valor semelhante a que atribui a sua.
A nossa caminhada para sinfonia educacional em nossas vidas seguindo os passos de Epicuro se dá entre amigos que compartilham afeição e saber. A comunidade de amigos é onde se apreende e compreende a doutrina, em que se educam as almas. A pratica da parêssia entre os amigos ou seja a franqueza exerce um papel essencial onde os amigos se educam mutuamente. Existe a obrigação de repreender um amigo que se engana para lhe dar um ensinamento, ate mesmo uma reprimenda, quando a necessidade se fizer sentir.
O discurso da amizade é um discurso livre, diferente do discurso politico de persuasão e sedução, que pretende lisonjear em vez de corrigir. Essa palavra livre pode se revelar dolorosa , mas continua sendo a arma da amizade. O verdadeiro amigo é aquele que sabe fazer sofrer no momento propicio para tirar daí , em seguida, um bem mais importante que a dor causada eventualmente por ele. O fato de ser vencido por um raciocínio pode se revela-se doloroso, mas necessário, em vista da obtenção da felicidade.
“ Mas nada há de mais agradável do que habitar os altos lugares fortificados solidamente pelas doutrinas dos sábios, templos de serenidade donde se pode ver os outros errar sem trégua abaixo, buscando ao acaso o caminho da vida, lutando à força de talento, tendo rivalidades de nobreza, esforçando-se dia e noite mediante um labor intenso por alcançar a opulência e apoderar-se do governo “
Epicuro observa a humanidade incapaz de discernir o verdadeiro do falso, o bem do mal, desorientada e obcecada por seus próprios desejos. A essa confusão generalizada opõe-se a serenidade do sábio que chegou a um estado de ausência de perturbação da alma, igualdade de humor que é idêntico ao estado de felicidade. Esta felicidade é adquirida por um trabalho de desapego, isolamento e distanciamento a ponto de tornar ridículos os fantasmas que assustam a
humanidade.
A peste que dizimou Atenas em 430 a.C. oferece, de fato, o espetáculo de uma cidade inteira entregue ao terror, e cujos comportamentos criminosos são uma imagem ampliada da doença mental e moral que Epicuro pretende curar. A descrição impactante da Epidemia, ao mesmo tempo que apresenta de forma bastante precisa e documentada as suas causas, o seu desenrolar e sua “clinica”, indica que não é tanto a enfermidade em si, mas as reações psicológicas provocadas por ela que vieram a torna-la, para humanidade, uma catástrofe atemorizante: pessoas se suicidam levadas pelo pavor, jogando os corpos dos familiares pela janela ou fogueira, santuários profanados, casas saqueadas, êxodo em massa.
A maneira irracional consiste em não considerar o acontecimento em si mesmo, dando espaço a ilusão de um sentido meta natural do acontecimento. A busca pela verdade fixa um limite a cobiça e ao temor. É preciso não diagnosticar e sim prognosticar pela identificação de certos sinais confirmados, o desfecho do mal: fatal ou, pelo contrario, benigno resolvido em alguns dias.
Assim Epicuro pode dissertar longamente sobre a natureza do homem e de sua doença, e propor a cura. Portanto a educação é uma arte que busca curar o homem para uma vida feliz.
Epicuro introduziu uma identidade solida entre mal moral e dor fisica. A distinção entre alma e corpo para Epicuro carece, na realidade de pertinência. A alma é um corpo dentro do corpo, em simpatia com o conjunto do organismo, ou contato mais intimo com ele, designa a união tanto desses dois corpos quanto das partes da alma entre si. A sensibilidade do corpo é resultado dessa mistura, sendo condicionada pela estreita relação das partes da alma entre si e com o resto do corpo.
As causas do males praticados pelos seres humanos são o ódio, a inveja e o desprezo, sentimentos que, no caso do sábio, são dominados por meio do raciocínio.
A parrêsia, a liberdade de expressão com a obrigação de dizer a verdade para o bem comum, é uma noção política. Trata-se da franqueza e do rigor necessários do discurso do educador, que deve reformar seu aluno sem poupar. A parrêsia é inspirada pela virtude, fortalecido moralmente por um ascetismo que suscita admiração e respeito, é bela como a verdade que enuncia, mas igualmente severa para quem a recebe.
Em nossa sinfonia e caminhada educacional pela vida buscamos o prazer mas podemos nos iludir a respeito do ganho pretendido, esperar mais do que o razoável e ficar decepcionado, pode igualmente negligenciar as consequências, a longo prazo, de um prazer imediato que irá custar um preço bastante elevado; pode, enfim, enganar-se ainda muito mais gravemente perseguir com obstinação quimeras que serão apenas causa de sofrimento. Em cada uma dessas situações, o que faz falta é uma apreensão racional e um domínio dos desejos. A Ética e educação epicurista pretende realizar sobre os desejos um trabalho minucioso de identificação e seleção, e em virtude disso ensina uma educação para vida.
O que acontece comigo se eu atingir aquilo que o desejo persegue e que acontecera se não atingir ? A felicidade passa, portanto, por um domínio de temporalidade, que se exprime, no sábio, por uma capacidade para se projetar no futuro, mas também pela perspectiva de conectar cada uma de suas projeções no presente. O sábio epicurista não o é por ser virtuoso, mas, antes, é virtuoso por ser sábio.
Por fim para Epicuro em sua caminhada propõe que as inovações técnicas são o resultado de um movimento espontâneo da natureza. Epicuro toma a convenção (thesis) consequência de uma revolução da natureza (physis). Seguindo o mesmo princípio as concepções epicuristas da virtude, mas também da justiça e, mais amplamente do direito. Estamos longe de uma visão em que o contrato social seria apenas a expressão histórica de uma consciência moral comum a todos os indivíduos. Se justiça se tornou necessária, foi , ao contrário, por falta de senso moral. A virtude é o produto de uma decisão comum, resultado de uma mudança voluntária na organização das sociedades, após terem sido constatadas as violências próprias dos seres humanos e a necessidade dos indivíduos se preservarem mutuamente dessa violência.
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