As interações socio políticas ou ausência delas entre vários setores ou interesses da sociedade brasileira, organizadas a nível do Governo Federal, Estaduais ou locais ampliam nossa integração socio cultural ou nos leva ao colapso. Os fluxos de forças econômicas, políticas, jurídicas, midiáticas, religiosas, trabalhadoras, movimentos sociais e outras como o crime organizado e a corrupção podem destruir o tecido social de uma nação .
O Estado e as nações cometem uma boa quantidade de erros e conflitos e obviamente tem consequências para todos, os jogos vorazes do poder. O Brasil por si só é bastante complexo por buscar unir há tempos culturas distintas dos indígenas, portugueses e seus descendentes, afro descendentes e outras culturas imigrantes como judeus, árabes, japoneses, alemães, espanhóis, franceses, ingleses, holandeses, chineses e outros que de diversas formas em diversas regiões brasileiras impactaram nossa história. Não temos uma cultura que nos unifique e sim somos frutos dessa diversidade cultural, racial, histórica, frutos de diversos povos que compartilham o mesmo território do tamanho de um continente. O importante frisar nesse sentido é que culturas interagem e mudam!
O Brasil não chegou a maturidade e se expandiu pouco em comparação com outras nações ; a energia de seu povo sempre foi explorada e escravizada, e pode ser usada para o colapso brasileiro. Porém assim como foi declarado o declínio americano e europeu diante do avanço asiático, qual o lugar brasileiro no Século XXI ? Vamos reagir aos desafios tecnológicos, econômicos, ambientais, políticos e outros ou vamos apenas reagir sem liderança ou propósito de nação ?
Temos água e capacidade de produção alimentícia com capacidade de abastecer o mundo, porém continuamos vendendo commodities sem tecnologia, enquanto exportamos nossos cientistas. Na outra ponta vemos todos os dias o crime organizado dominar nossas periferias e cidades urbanas e rurais, enquanto a corrupção brasileira se impõe como sistema de governo e falsa democracia sem garantir politicas públicas de qualidade aos brasileiros. Debilitamos todos os dias nossas capacidades de gerar e distribuir riquezas , nosso espírito criativo, fruto da diversidade, e a respectiva alienação dos intelectuais em relação as massas.
Porém não são apenas os desafios externos que nos ameaçam mas principalmente nossos problemas internos, os bárbaros que criamos como oligarquias, gangues partidárias e elites que enricam roubando o Estado e as vítimas da pobreza e das violências.
Compartilhar valores culturais, crenças sobre a politica e o papel do Estado numa sociedade são os alicerces de uma nação. E nossos líderes políticos e burocratas tem um papel essencial na difusão desses valores e na adaptação flexível há diversas e novas circunstâncias e desafios.
As ligações entre governo, economia e organizações sociais tem que acontecer de forma sistêmica e complexa dentro de uma visão, estratégia e valores compartilhados numa mesma direção e ritmo. Enquanto no colapso, observamos instituições, líderes e burocratas fracassarem em suas missões, dedicando tempo a politicagem , guerras de grupo e corrupção através dos quais usam o Estado para seus interesses em detrimento do Brasileiro mais simples ou de nossas capacidades econômicas, intelectuais, culturais e outras.
Hoje na ausência de líderes e de um projeto de nação que unifique a todos, necessitamos reestruturar nossas instituições sociais e seus elos e leis para que sirvam a nação e não a grupos que vivem de assaltar o Estado.
Hoje a relação entre o poder central, estaduais e locais está comprometida pelo nível de segregação , violências e desintegração social que produz em nossa sociedade. As autoridades centrais tem que agregar propósito e criar novas possibilidades para as autoridades locais, justificando a existência do Governo Federal; assim como as autoridades locais não podem tornar as autoridades centrais reféns de seus poderes e corrupção, num Brasil aonde a maioria vive do Estado.
Algumas autoridades no Brasil se consideram mais importantes que a nação e em seus delírios destroem esta nação em nome de suas famílias, gangues partidárias e interesses econômicos. Eles destroem a flexibilidade de nossas instituições para lidar seletivamente com os acasos e pressões. O fracasso numa parte do sistema como poder executivo ou jurídico afeta todas as outras partes e a respectiva quebra da confiança nos poderes locais onde se produz, estuda, cuida da saúde , arrecada impostos e outros tornam-se refém dos delírios de alguns.
A hierarquia brasileira esta desmoronando como um castelo de cartas de baralho que perderam seus sentidos e missões. Necessitamos produzir novos equilíbrios diante desses desafios internos e externos. As ordens locais de nossa sociedade tem que avançar em seus graus de autonomia e ser respeitadas sem se render a politico A, B ou C. Necessitamos estabelecer sistemas de metas e valores amplos , ampliando nossas capacidades regulamentadoras de criar ordens mais elevadas.
Porém o tamanho do Brasil e a diversidade de nossa cultura exige sistemas complexos e dinâmicos , e não apenas se render a sistemas conectados e especializados em roubar juntos. Hoje infelizmente estamos exaurindo nossos recursos e não distribuindo adequadamente entre quem produz , quem tem impacto ou necessidade para viver com mínimo de dignidade.
Muito mais do que revolta precisamos criar caminhos hoje para população brasileira se organizar e canalizar sua energia para construir e empreender um novo Brasil. Muito mais que abstrações, precisamos de dados e empreender arranjos sociais complexos . As desigualdades e as lutas politicas andam juntas assim como nossas capacidades de superar desafios coletivos com justiça e igualdade de oportunidades.
Hierarquias executivas, legislativas, judiciárias, militares, religiosas e outras sobrevivem as mudanças na história porém se ajustam em arranjos sociais complexos como outras nações fizeram como Alemanha, Canada, Japão, EUA e outras. A luta politica sempre existira entre os poderes e instituições da mesma forma que alguns consensos não podem ser ultrapassados sem gerar o colapso do sistema. A tensão entre cento e periferia sempre existe, entre controlar a ação politica e a total autonomia entre os atores. Não podemos reduzir uma nação as relações de parentescos ou troca de favores entre amigos, nem ao poder das igrejas, mídias, empresários ou partidos.
Os recursos de uma nação principalmente os de livre circulação que superam os recursos de subsistência e as atividades socialmente prescritas pelos grupos. Estes recursos devem buscar defender, integrar e expandir nossa sociedade sem brutais exclusões e violências que negam a maioria de nossa população dignidade; enquanto alguns concentram renda e poder para guerrear seus interesses as custas do colapso brasileiro. Os recursos nacionais não podem se transformar em privilégios de alguns e sim beneficiar quem produz e quem sofre as desigualdades para que possa também produzir riquezas com seu trabalho, conquistando sua dignidade com igualdade de oportunidades.
A circulação de bens anda com o Direito e a justiça de mãos dadas, assim como a criação de bens públicos, valores e símbolos que proporcionem o bem estar e a qualidade de vida para todos. Quem produz se preocupa com a destinação dos recursos e claro com a corrupção deles.
Colapsos surgem quando o centro se recusa a incorporar as necessidades e orientações das lideranças locais na formulação de metas politicas. Muitas elites governamentais em momentos históricos distintos desconsideram essa lógica simples para que o Estado sirva aos seus interesses e delírios políticos. Nesta mesma lógica, lideres políticos tentam reduzir o espaço ou eliminar o acesso de outros grupos a luta politica.
Acontece assim o colapso, a dissolução das instituições centralizadas que haviam facilitado a transmissão de recursos e informações, a resolução de litígios inter grupais, e a legitima expressão de grupos diferenciados de uma nação e com ela morre a Democracia. Manter a democracia exige uma flexibilidade e elasticidade de reações as pressões continuamente exercidas, quase sempre de maneira contraditória, por parte de vários grupos competitivos de periferias e centro, bem como de ameaças externas e politicas expansionistas de outras nações.
No colapso o desastre econômico, a subversão política e desintegração social são os produtos do colapso, mas são dois lados da mesma moeda da integração ou desintegração social. Necessitamos de instituições que restaurem com eficácia e legitimidade a produção e a distribuição de recursos com igualdade de oportunidades e leis para todos. Enquanto isso no Brasil, apoiadores leais ao reis de plantão ocupam uma hierarquia burocrática nos Governos, na qual a auto perpetuação organizacional é subserviente aos interesses de alguns as custas do colapso da nação brasileira.
Necessitamos refazer a presente realidade por mais corrupta e imperfeita que seja, de acordo com os ditames de uma ordem moral mais elevada. Necessitamos acolher novos tipos de grupos aonde suas existências, recrutamentos e legitimidade não dependem do establishment politico nem dos tradicionais laços de parentescos, mas de qualificações individuais, especialmente da capacidade intelectual e moral. Criando, promulgando e refinando nossas instituições e formas de governar.
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