Quem está investigando e pesquisando o problema da educação pública de forma profunda? Mas tem muita gente interessada em material didático e prédios porque dá dinheiro. Mas quantos estão interessados em quantas crianças estão analfabetas em sala de aula, crianças com problemas de aprendizagem sem apoio, violências e indisciplinas? Mas todo mundo sabe! Os gestores da educação sabem, o Estado sabe, os professores sabem mas quem quer trabalhar para consertar as coisas que não dá dinheiro mas que milhões de vidas dependem disso? O Estado está corrompido em não mudar a vida dos pobres. Assim como a polícia prende os pequenos enquanto os grandes roubam e estão impunes. É como consequência crianças e jovens atiram contra o mundo que lhe destroem, como relatou uma professora que sobreviveu ao ataque na escola em São Paulo.
Prezados Professores da Escola X eu ensino em 4 escolas em 9 turmas de matemática, em 8 delas nenhum problema, mas na série A, eu e a Professora tentamos de todas as formas com disciplina, afetos, brincadeiras, e pequenas punições mudar o comportamento de 2 alunos que atacam outros alunos, afetando e prejudicando a turma inteira. Eu falei diversas vezes sobre o conselho de pais, mandei o aluno para direção e coordenação mas depois de minutos retornam para mesma sala, conversei com outros professores que sofrem o mesmo problema em suas turmas e nada é feito.
Como ensinar quando dois alunos fazem o que querem sem nenhuma consequência? O nome disso não é educação. Nas outras escolas onde ensino existe apoio da área administrativa, coordenação e direção em relação a indisciplina e violências em sala de aula. A Escola Y é um exemplo de como toda escola age junta e não faz de conta que o problema não existe. Hoje eu e a Professora estávamos juntos na sala e mesmo falando DEZENAS de vezes não mudam o comportamento, isso desde o início das aulas até hoje, 2 ou 3 alunos podem prejudicar uma turma?
Hoje no final da aula quando uma aluna rasgou o livro, jogou a tarefa no chão, e outro bateu no amigo pela décima vez dei um grito alto para que parassem porque tinham passado todos os limites. Em todas as turmas os alunos me abraçam quando chego pois converso muito com eles se estão bem, mas isso não é suficiente para alguns, é necessário os pais e apoio do AEE tem que fazer sua parte. Na Escola B atuou com um apoio em sala de aula, conseguimos juntos incluir um estudante em várias atividades, até um aluno cubano tenho em sala de aula que só fala espanhol, tudo isso no diálogo encontra-se caminhos, mas na omissão em relação a casos de indisciplina não.
O acontecimento em São Paulo de violência contra os professores é o mais trágico de milhões de violências que se acumulam sem atitudes. Hoje com o grito! A Diretora, coordenadora e professora vinheram ajudar. Tenho apenas uma aula de matemática nessa turma por semana, tenho que dar o conteúdo e passar os exercícios, a maioria faz o exercício, presta atenção, se esforça para aprender, acerta as questões, apesar de níveis de alfabetização distintos e crianças necessitando de apoio em seus processos de aprendizagem. Na outra escola que ensino conquistamos hoje 5 pessoas para apoiar crianças, recebemos jogos depois de oficializar a necessidade urgente para trabalhar com outras Didáticas fora o livro e o quadro, e considero a Escola B um bom modelo para aprender com práticas de gestão escolar que são feitas lá e tem alcançado bons resultados em relação a indisciplina e violências em sala de aula, lidando com alunos que agem com violência e indisciplina contra professores e outros alunos. Nessa turma do ocorrido hoje eu e a Professora há tempos solicitamos o apoio.
Enfim, muitos concursados estão pedindo para sair diante das condições surreais que encontram nas escolas. Na Escola C que sou representante do SINDIUTE, os professores que estão há anos sofrendo isso além da falta de alfabetização dos alunos, nós conversamos e todos concordarem em criar outras práticas de gestão escolar diante desse desafio, assim como na Escola D, e em nossas conversas no intervalo relatamos os mesmos problemas sofridos pelos professores da Escola A.
Tenho compartilhado esses problemas com SINDIUTE, SME, UFC e Câmara de vereadores que façam algo pois se houver um teste por sala de aula sobre falta de alfabetização, crianças que precisam de apoio, indisciplina e violências sabemos o que vai ser encontrado e não é culpa dos professores. Essa não é a melhor forma de gastar o dinheiro público e de educar crianças negando todas as teorias e a história da educação no mundo pois crianças não aprendem nessas condições.
Em resumo, a lição que aprendi hoje é que a questão central na educação é a ética. Eu não vou deixar de incentivar a autonomia, interação social e expressão do ser das crianças porque 2 ou três alunos aproveitam esse espaço para brigar e atacar. Não será por dois alunos que enquadramos como o sistema quer, isolando e mantendo no grito. Na Terceira série onde ensino, o mais indisciplinado da turma e inteligente hoje é meu auxiliar e me ajuda a ensinar os outros. Ele gasta sua energia assim, mas gastar energia rasgando livros, atacando outros, esse é o limite do que não é educar.