Resenha sobre Neurociências e o Ensino da
Matemática
Autora: Maria Ingredy Barbosa
Pedagoga
Psicopedagoga
Membro do Grupo G-tercoa/ UFC/ CNPQ
O estudo da neurociência tem oferecido insights
valiosos sobre como o cérebro humano processa informações matemáticas,
proporcionando novas perspectivas e métodos para o ensino da matemática. A
integração de conhecimentos neurocientíficos na educação pode transformar a
maneira como os alunos aprendem e compreendem conceitos matemáticos, levando a
um ensino mais eficaz e personalizado.
O Cérebro e a Matemática
A neurociência cognitiva tem revelado que a matemática
envolve várias áreas do cérebro, incluindo o córtex pré-frontal, o giro angular
e o sulco intraparietal. Estudos mostram que estas áreas são ativadas durante
tarefas que envolvem cálculos numéricos e resolução de problemas matemáticos.
De acordo com Butterworth, Varma e Laurillard (2011), "o córtex
intraparietal é crítico para a representação e manipulação de números".
Isso significa que compreender como essas áreas funcionam pode ajudar os
educadores a desenvolver métodos de ensino que alinhem melhor com o
funcionamento neural dos alunos.
O Papel da Memória e da Atenção
A memória de trabalho e a atenção são componentes
essenciais no aprendizado da matemática. Pesquisas indicam que déficits na
memória de trabalho podem levar a dificuldades em tarefas matemáticas
complexas. Como destacado por Swanson e Jerman (2006), "crianças com
dificuldades em matemática frequentemente exibem limitações na capacidade de
memória de trabalho". Estratégias educacionais que fortalecem a memória de
trabalho, como o uso de exercícios de repetição espaçada e técnicas de
visualização, podem melhorar significativamente o desempenho dos alunos.
Aprendizado Individualizado
Uma das grandes vantagens do uso de neurociência na
educação é a capacidade de personalizar o aprendizado de acordo com as
necessidades individuais dos alunos. Estudos de neuroimagem têm mostrado que
diferentes alunos podem usar estratégias variadas para resolver problemas
matemáticos, dependendo de suas redes neurais individuais. Conforme relatado
por Dehaene (2011), "os cérebros dos alunos reagem de maneira diferente a
várias estratégias de aprendizado". Isso sugere que um modelo único de
ensino pode não ser eficaz para todos os alunos, e métodos personalizados, que
consideram as variações individuais, podem ser mais bem-sucedidos.
Implicações para a Prática Educacional
A aplicação de princípios neurocientíficos no ensino
da matemática pode levar a práticas educacionais mais eficazes e inclusivas.
Por exemplo, o uso de ferramentas visuais e interativas pode facilitar a
compreensão de conceitos abstratos, como sugerido por Gersten et al. (2009).
Além disso, a incorporação de pausas regulares e atividades físicas pode
melhorar a concentração e o engajamento dos alunos, promovendo um ambiente de
aprendizado mais dinâmico.
Conclusão
A neurociência oferece uma base sólida para a inovação
no ensino da matemática, destacando a importância de compreender os processos cerebrais
envolvidos na aprendizagem. A implementação de estratégias baseadas em
evidências neurocientíficas pode não apenas melhorar o desempenho dos alunos,
mas também tornar o aprendizado mais acessível e interessante. O futuro da
educação matemática está, portanto, intimamente ligado aos avanços na
compreensão do cérebro humano.
Referências
Butterworth, B., Varma, S., & Laurillard, D.
(2011). Dyscalculia: From brain to education. Science, 332(6033), 1049-1053.
Swanson, H. L., & Jerman, O. (2006). Math disabilities:
A selective meta-analysis of the literature. Review of Educational Research,
76(2), 249-274.
Dehaene, S. (2011). The Number Sense: How the Mind
Creates Mathematics. Oxford University Press.
Gersten, R., Beckmann, S., Clarke, B., Foegen, A., Marsh,
L., Star, J. R., & Witzel, B. (2009). Assisting students struggling with
mathematics: Response to intervention (RtI) for elementary and middle schools.
National Center for Education Evaluation and Regional Assistance, Institute of
Education Sciences, U.S. Department of Education.
Nenhum comentário:
Postar um comentário