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segunda-feira, 1 de julho de 2024

Resenha sobre Neurociências e o Ensino da Matemática por Maria Ingredy Barbosa

 


Resenha sobre Neurociências e o Ensino da Matemática

Autora: Maria Ingredy Barbosa

Pedagoga

Psicopedagoga

Membro do Grupo G-tercoa/ UFC/ CNPQ

O estudo da neurociência tem oferecido insights valiosos sobre como o cérebro humano processa informações matemáticas, proporcionando novas perspectivas e métodos para o ensino da matemática. A integração de conhecimentos neurocientíficos na educação pode transformar a maneira como os alunos aprendem e compreendem conceitos matemáticos, levando a um ensino mais eficaz e personalizado.

 

O Cérebro e a Matemática

A neurociência cognitiva tem revelado que a matemática envolve várias áreas do cérebro, incluindo o córtex pré-frontal, o giro angular e o sulco intraparietal. Estudos mostram que estas áreas são ativadas durante tarefas que envolvem cálculos numéricos e resolução de problemas matemáticos. De acordo com Butterworth, Varma e Laurillard (2011), "o córtex intraparietal é crítico para a representação e manipulação de números". Isso significa que compreender como essas áreas funcionam pode ajudar os educadores a desenvolver métodos de ensino que alinhem melhor com o funcionamento neural dos alunos.

 

O Papel da Memória e da Atenção

A memória de trabalho e a atenção são componentes essenciais no aprendizado da matemática. Pesquisas indicam que déficits na memória de trabalho podem levar a dificuldades em tarefas matemáticas complexas. Como destacado por Swanson e Jerman (2006), "crianças com dificuldades em matemática frequentemente exibem limitações na capacidade de memória de trabalho". Estratégias educacionais que fortalecem a memória de trabalho, como o uso de exercícios de repetição espaçada e técnicas de visualização, podem melhorar significativamente o desempenho dos alunos.

 

Aprendizado Individualizado

Uma das grandes vantagens do uso de neurociência na educação é a capacidade de personalizar o aprendizado de acordo com as necessidades individuais dos alunos. Estudos de neuroimagem têm mostrado que diferentes alunos podem usar estratégias variadas para resolver problemas matemáticos, dependendo de suas redes neurais individuais. Conforme relatado por Dehaene (2011), "os cérebros dos alunos reagem de maneira diferente a várias estratégias de aprendizado". Isso sugere que um modelo único de ensino pode não ser eficaz para todos os alunos, e métodos personalizados, que consideram as variações individuais, podem ser mais bem-sucedidos.

 

Implicações para a Prática Educacional

A aplicação de princípios neurocientíficos no ensino da matemática pode levar a práticas educacionais mais eficazes e inclusivas. Por exemplo, o uso de ferramentas visuais e interativas pode facilitar a compreensão de conceitos abstratos, como sugerido por Gersten et al. (2009). Além disso, a incorporação de pausas regulares e atividades físicas pode melhorar a concentração e o engajamento dos alunos, promovendo um ambiente de aprendizado mais dinâmico.

 

Conclusão

A neurociência oferece uma base sólida para a inovação no ensino da matemática, destacando a importância de compreender os processos cerebrais envolvidos na aprendizagem. A implementação de estratégias baseadas em evidências neurocientíficas pode não apenas melhorar o desempenho dos alunos, mas também tornar o aprendizado mais acessível e interessante. O futuro da educação matemática está, portanto, intimamente ligado aos avanços na compreensão do cérebro humano.

 

Referências

Butterworth, B., Varma, S., & Laurillard, D. (2011). Dyscalculia: From brain to education. Science, 332(6033), 1049-1053.

Swanson, H. L., & Jerman, O. (2006). Math disabilities: A selective meta-analysis of the literature. Review of Educational Research, 76(2), 249-274.

Dehaene, S. (2011). The Number Sense: How the Mind Creates Mathematics. Oxford University Press.

Gersten, R., Beckmann, S., Clarke, B., Foegen, A., Marsh, L., Star, J. R., & Witzel, B. (2009). Assisting students struggling with mathematics: Response to intervention (RtI) for elementary and middle schools. National Center for Education Evaluation and Regional Assistance, Institute of Education Sciences, U.S. Department of Education.

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