SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

terça-feira, 3 de junho de 2025

VOLTAR A LER PARA MELHOR CUIDAR DE SI PELA PRIMEIRA VEZ, DA VIDA, DO QUE AMAMOS E DO MUNDO QUE VIVEMOS.


 

A revolução molecular traça um diagnóstico do nosso tempo, antecipando muitas das questões que estão hoje no primeiro plano do debate político. Guattari mira uma transformação sociopolítica de grande escala que começa no nível molecular. Com textos publicados entre 1972 e 1979, o livro apresenta uma nova forma de pensar a vida social, onde os problemas dizem respeito à felicidade das travestis, à autonomia italiana, à luta antimanicomial em toda a Europa, às relações Norte e Oeste, Leste e Sul. Da geopolítica ao cinema, Guattari faz um panorama do início do neoliberalismo nas diversas frentes de luta política que ele produz: greves selvagens e ocupações na campo e na cidade, movimentos de auto-gestão, luta de imigrantes, minorias radicais, subversão nas escolas, hospitais psiquiátricos, prisões, luta por liberdade sexual, etc. O autor procura nessas lutas a energia e o desejo capazes de produzir uma mudança social efetiva. Uma ótima introdução ao pensamento de Félix Guattari



A cultura do narcisismo: Uma era de expectativas decrescentes 


Nesta análise clássica e visionária publicada originalmente em 1979, o historiador Christopher Lasch parte do conceito psicanalítico de narcisismo para destrinchar a relação entre indivíduo e sociedade, sintetizando o que rege os tempos contemporâneos. Segundo o diagnóstico de Lasch, os indivíduos perderam o vínculo entre si, fosse ele o pertencimento à família tradicional ou a grupos políticos e movimentos sociais, para dedicar-se cada vez mais ao próprio bem-estar. A cultura do narcisismo parte da origem do movimento de autoconsciência e autocuidado nos anos 1970, passa pela ética protestante, que persegue o sucesso profissional e celebra a figura do self-made man, até chegar em discussões que só se intensificaram nas últimas décadas, como a da responsabilidade pela educação dos cidadãos; a degradação do espírito esportivo, que deu lugar ao culto a atletas celebridades; a fuga de sentimentos e vínculos afetivos e a teatralização da política. Ao circundar essas esferas sociais, Lasch mostra que a personalidade narcísica corrói a possibilidade de um presente satisfatório e gera uma visão desesperançosa do futuro. O autor propõe ainda uma reflexão surpreendentemente atual sobre o consumo desenfreado de imagens; o culto à personalidade; a preocupação exacerbada com o autocuidado e a saúde mental; e sobre o modo como tais características ― próprias de um individualismo competitivo e angustiante ― não têm colaborado para a construção de uma sociedade mais saudável. Pelo contrário, Lasch mostra como a ideia de que o mundo deve espelhar as ânsias do sujeito para que este esteja satisfeito é vacilante e deságua na “era de expectativas decrescentes”. Além disso, o historiador critica a incapacidade do liberalismo de ocupar o lugar deixado pelo Estado de bem-estar social, e ainda que situe sua análise nos Estados Unidos dos anos 1970, diz muito sobre a contemporaneidade nos mais diversos países em de mundo globalizado. Embora muitas vezes polêmico em suas colocações, Lasch tornou-se referência no debate acadêmico ao contribuir com um pensamento fervilhante, preciso nos diagnósticos e provocativo nas propostas.


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