SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

terça-feira, 26 de agosto de 2025

“Peter Drucker, o que o senhor diria sobre o etarismo?”

 



Peter Drucker, o que o senhor diria sobre o etarismo?”

Uma homenagem crítica e respeitosa ao pai da administração moderna
Por Jeferson Motta

Se Peter Drucker estivesse hoje entre nós, com sua mente estratégica, humanista e provocadora, certamente olharia o etarismo com a mesma inquietação com que questionou os excessos da burocracia, da hierarquia e da miopia gerencial. Drucker não apenas observava o mundo dos negócios. Ele interpretava suas contradições e antecipava os dilemas éticos do futuro. E, neste futuro-presente, o preconceito etário se tornou um dos mais silenciosos e cruéis nas organizações.

Drucker foi um dos primeiros a afirmar que o maior ativo de uma empresa é o capital humano. Não o jovem, nem o velho, mas o ser humano enquanto portador de conhecimento. Para ele, a experiência não era um custo, era um valor acumulado. A obsolescência, portanto, não está na idade, mas na estagnação da aprendizagem.

O etarismo, sob o olhar de Drucker, não seria apenas um problema social, mas um erro estratégico. Em seus escritos sobre gestão por objetivos, ele insistia que o desempenho era mais relevante que a demografia. Negar oportunidades a profissionais 50+, 60+ ou 70+ seria, para ele, desperdiçar talentos formados ao longo de décadas. Seria, em última instância, um tipo de ineficiência organizacional travestida de modernidade.

Imagino, com reverência, perguntando a ele:
“Peter, como combater o etarismo sem cair na armadilha do revanchismo etário?”

E ele talvez respondesse:
“Não se trata de exaltar uma geração em detrimento de outra. Trata-se de reconhecer que nenhuma organização prospera quando despreza a diversidade de olhares. A inovação precisa do impulso dos jovens, mas também da prudência dos maduros. A sabedoria nasce do encontro.”

É nesse espírito que atuamos no Movimento 50+ Contra o Etarismo. O “50+” é apenas um marco simbólico, não uma trincheira. Nossa luta não é contra ninguém, é a favor da convivência intergeracional como caminho de futuro, produtividade e dignidade.

Drucker nos ensinou que a pergunta certa importa mais que a resposta rápida.
E talvez a pergunta mais urgente nas empresas de hoje seja:
“Estamos contratando por idade ou por competência?”

Porque o verdadeiro gestor, aquele inspirado por Drucker, não discrimina cabelos brancos. Ele enxerga neles um acervo de lições que não se aprende em cursos rápidos.

Que sigamos, portanto, com coragem para provocar, com respeito para construir pontes e com lucidez para lembrar que o tempo não é inimigo da inovação, é parte essencial dela.

Jeferson Motta

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