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terça-feira, 2 de dezembro de 2025
Jangurussu: Uma Sinfonia Inacabada de Lutas e Conquistas – Um Modelo para o Brasil por Egidio Guerra.
Algumas histórias levam décadas para serem contadas. Esta começa com uma tragédia silenciosa e persistente: há mais de 30 anos, milhares de mães no Grande Jangurussu, em Fortaleza, choram a perda de seus filhos para a violência e a pobreza. Mas dessa dor nasceu uma das mais potentes e organizadas respostas da sociedade civil brasileira. Uma história que não é de um herói solitário, mas de uma rede de bravos, uma verdadeira "teia de personagens" que precisa ser ouvida e contada coletivamente.
Enquanto Muhammad Yunus recebia apoio global, aqui no Jangurussu, o Banqueiro Joaquim Melo (Banco Palmas) construía, com a comunidade e sem recursos institucionais, a luta por moradia, luz, água, escola, saúde, crédito e renda. Paralelamente, a EDISCA transformava a realidade brutal do lixão em arte, com o Ballet Jangurussu, inspirando futuras iniciativas como a Somos Um, da empresária Ticiana Rolim. Unindo forças, várias organizações comunitarias do Grande Jangurussu criaram a REAJE, uma frente para combater a violência e exigir políticas públicas dignas. Esse é o cerne do exemplo: uma "cidade insurgente" que, de baixo para cima, construiu os alicerces de sua própria emancipação.
O Segundo Movimento: A Sinfonia das Vozes e Oportunidades
Agora, a comunidades orquestram seu futuro. Com o apoio de pessoas como Severino Pires (BNB), Reitor Custódio (UFC), professores como Fabio Sobral, Otoniel (Economia Ecológica), Luis Fabio (LEV) e Renato Pequeno (Arquitetura/UFC), que mapeou a comunidade, e com a colaboraçao do então presidente do CENTEC, Acrisio Sena, uniram-se jovens idealistas (80% residentes no Jangurussu), a Empresa Junior da FGV e o Professor Francisco (USP). Juntos, estão criando uma plataforma que conecta os objetivos de vida da juventude a oportunidades concretas em 12 áreas (trabalho, educação, arte, saúde), organizadas como um cardápio acessível de políticas públicas, Sistema S, ONGS, Projetos de extensão das Universidades e outros. É um "encontro" entre uma vida e uma oportunidade, gerando cidadania, dados para avaliação de políticas e narrativas de conquista.
Um Modelo para as Políticas Públicas Nacionais
Esta rede viva é um laboratório perfeito para os Ministérios do Governo Lula. Para o Ministro Boulos, é um modelo de como a sociedade civil constrói políticas habitacionais e de urbanização. Para o Ministro Alckmin no MDIC e Esther, na Gestão e Inovação, é a demonstração prática de como integrar demandas comunitárias a plataformas como o gov.br, além de um campo fértil para bioeconomia e hortas comunitárias com recursos para negócios de impacto. Para o Sistema S (SENAI/SESI), cuja porta foi aberta pela empresária Graça Dias Branco via FIEC, é a chance de otimizar recursos e somar competências para ampliar impactos reais.
O Grito Urgente: Escutar para Transformar
Enquanto isso, a realidade grita. No Ceará, mais de 128 mil jovens foram mortos em duas décadas – um genocídio silencioso. A maior renda no Nordeste vem de aposentadorias, depois de bolsas sociais, e só em terceiro lugar do trabalho. Excluímos 60% dos jovens do ensino médio, criando um exército de reserva para o crime. O Estado gasta mais com presídios, polícia e UTIs do que investiria em prevenção pela vida. O dinheiro é público, mas seu fluxo historicamente seca oportunidades e irriga a violência.
A pergunta que ecoa do Jangurussu é: Conseguimos ouvir?
Conseguimos ouvir as comunidades, a empresária Graça Dias Branco (que também apoia a EDISCA), os professores dedicados à ciência e ao desenvolvimento regional, e os movimentos sociais? Conseguimos entender que, do ponto de vista econômico e capitalista, é mais barato e eficiente garantir vida digna, trabalho e cidadania do que perpetuar um ciclo caríssimo de morte e encarceramento?
O Legado que Nos Guia
Seguimos as lições de Celso Furtado (desenvolvimento para os pobres), de Paulo Freire (autonomia), de Amartya Sen (capacidades), de Joseph Stiglitz (assimetrias), Elinor Ostram ( governança)
e de John Nash (cooperação). Unimos a Economia Ecológica da UFC a novos modelos de gestão pública.
O Convite Final
Esta história não é passado. É escrita todos os dias. O convite ao Governo Federal, aos ministérios, ao Sistema S, à academia e ao setor privado é único: Juntem-se a esta sinfonia. Deixemos que as vozes humanas, como na Nona Sinfonia de Beethoven, guiem a melodia das políticas públicas. Que o Grande Jangurussu, essa área de maior densidade demográfica e pobreza do Brasil, deixe de ser um exemplo de abandono e se torne o grande laboratório nacional de transformação social, onde a vida, finalmente, vence a morte.
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