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sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

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A Agenda 2030 em um Mundo em Colapso: ODS, Desigualdade e os Novos Desafios Globais.




Introdução: A Promessa de 2015 e a Realidade Atual 

Em setembro de 2015, a comunidade internacional adotou a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, um plano ambicioso com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir prosperidade para todos. Quase uma década depois, o mundo enfrenta uma encruzilhada histórica: enquanto avanços tecnológicos como a Inteligência Artificial (IA) oferecem ferramentas sem precedentes, uma conjunção de crises – climáticas, políticas e econômicas – ameaça descarrilar o progresso. 




O Estado dos ODS: Dados Alarmantes e Progresso Insuficiente 

Segundo o Relatório dos ODS 2023 da ONU, apenas cerca de 15% das metas estão no caminho certo. A pandemia de COVID-19 reverteu anos de avanços, e a recuperação tem sido desigual. 

  • Pobreza: Pela primeira vez em décadas, a pobreza extrema aumentou. O Banco Mundial estima que, em 2022, mais de 700 milhões de pessoas viviam com menos de US$ 2,15 por dia. 

  • Fome: O número de pessoas afetadas pela fome global subiu para entre 691 e 783 milhões em 2022, pressionado por conflitos, choques climáticos e desigualdade econômica. 

  • Desigualdade: O Relatório da OXFAM "A Desigualdade não Sobe por Acaso" (2024) revela que a fortuna dos cinco homens mais ricos do mundo dobrou desde 2020, enquanto quase 5 bilhões de pessoas ficaram mais pobres. O 1% mais rico detém 43% dos ativos financeiros globais. Essa concentração mina a democracia, a coesão social e a capacidade de investir em serviços públicos. 

 

Desafios Emergentes e Obstáculos Estruturais 


1. A Ascensão da Extrema Direita e o Desgaste do Multilateralismo 


Movimentos políticos de extrema direita, em vários países, frequentemente colocam agendas nacionalistas e anti-imigração acima da cooperação global. Tendem a deslegitimar instituições multilaterais (como a própria ONU), negar a ciência climática e propor cortes em políticas redistributivas e de proteção social. Isso fragmenta a resposta coletiva necessária para problemas globais, como ilustrado pelas dificuldades em acordos climáticos e migratórios. 


2. O Poder dos Bilionários e a Aversão a Tributação Progressiva
 

A influência política desproporcional de grandes corporações e bilionários, via lobby e financiamento de campanhas, bloqueia reformas fiscais essenciais. A OXFAM e economistas como Thomas Piketty e Gabriel Zucman defendem um imposto sobre a riqueza extrema e o fim dos paraísos fiscais. A ONU estima que os países em desenvolvimento percam até US$ 600 bilhões anualmente com fluxos financeiros ilícitos e erosão da base tributária – recursos vitais para saúde, educação e infraestrutura verde. 


3. A Inteligência Artificial: Uma Faca de Dois Gumes
 

A IA pode otimizar cadeias de suprimentos de alimentos, modelar mudanças climáticas ou personalizar a educação. No entanto, sem regulação, amplifica riscos: automação de empregos em massa, viés algorítmico que perpetua discriminações, vigilância em massa e concentração de poder tecnológico nas mãos de poucas corporações. O desafio é garantir que a IA sirva aos ODS, e não os sabotem. 


4. A Emergência Climática: A Maior Ameaça Multiplicadora 

Os ODS ambientais (13, 14, 15) estão entre os mais desviados. Ondas de calor extremo, incêndios florestais e inundações já custam vidas e trilhões em danos, atingindo primeiro e mais gravemente os mais pobres, que menos contribuíram para o problema. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) é claro: sem cortes drásticos e imediatos nas emissões, os limites de segurança serão ultrapassados, tornando inalcançáveis vários ODS. 



Vozes e Lideranças na Resposta 

Apesar dos obstáculos, há vozes proeminentes e ações concretas: 

  • António Guterres (Secretário-Geral da ONU): Tem sido incansável em alertar para os perigos da desigualdade e da crise climática, defendendo um "Pacto de Solidariedade Global" e um "Plano de Estímulo dos ODS" de US$ 500 bilhões anuais para países em desenvolvimento. 

  • Lideranças Progressistas: Políticas como a proposta do presidente colombiano Gustavo Petro de um tratado de não-proliferação de combustíveis fósseis, ou os esforços da primeira-ministra barbadiana Mia Mottley pela reforma da arquitetura financeira global (Iniciativa Bridgetown), apontam caminhos. 

  • Sociedade Civil e Economistas: Movimentos como o Fundo Monetário Global para Pandemias e a Aliança Global para Impostos e Direitos (inspirada pelo trabalho da OXFAM e de economistas como Jayati Ghosh) pressionam por justiça fiscal. A economista Mariana Mazzucato defende um Estado inovador e orientado por missões para enfrentar esses desafios. 

 Conclusão: O Caminho a Seguir em Tempos de Tempestade 

A Agenda 2030 está sob estresse, mas não é obsoleta. Ela permanece o roteiro mais abrangente para um futuro justo e sustentável. Sua implementação, porém, exige uma mudança de paradigma: 

  1. Financiamento: Cumprir promessas de ajuda e promover reformas fiscais globais ousadas para taxar a riqueza extrema e os setores mais poluentes. 

  1. Governança: Reforçar o multilateralismo inclusivo, resistindo ao isolacionismo. A Cúpula do Futuro da ONU (2024) é um teste crucial. 

  1. Regulação: Estabelecer marcos éticos e legais robustos para a IA e a atividade corporativa, alinhando-as aos ODS. 

  1. Ação Climática Acelerada: Transição energética justa e ampliação maciça do financiamento climático para adaptação nos países vulneráveis. 

A busca pelos ODs hoje é, acima de tudo, uma luta política. É uma disputa entre visões de mundo: uma de curto prazo, nacionalista e extrativista, e outra de solidariedade global, justiça intergeracional e desenvolvimento digno para todos. Os dados e os relatórios estão lançados. A questão que define nossa era é se a vontade coletiva será capaz de superar os interesses concentrados e as ideologias divisionistas para resgatar a promessa de 2015. O tempo, como alertam os cientistas do clima, está se esgotando.