Esse gráfico mostra uma das principais razões do atraso da ciência brasileira: boa parte dos estados investe pouco — ou nada — em pesquisa.
Com exceção de São Paulo, Paraná e alguns poucos outros, a maioria simplesmente vira as costas para o desenvolvimento científico. Veja o caso do Rio Grande do Sul, um estado com a população de Portugal, investindo menos de 1% do que São Paulo investe.
E o mais interessante é que o Rio Grande do Sul já sonhou em ser um país...
O cenário é ainda mais crítico no Norte e Nordeste. Alagoas, por exemplo, investe R$ 9 milhões — para um estado com 3 milhões de habitantes. Dá 3 reais por ano por habitante em ciência. Literalmente, migalhas.
Há quem diga que o alto investimento de São Paulo se explica apenas pela arrecadação. Faz sentido, mas não é só isso. Lá atrás, quando o estado ainda era majoritariamente agrário, foram criados a POLI (1893) e o IPT (1899), impulsionando a formação técnica e científica.
Nos anos 60, a criação da FAPESP, com recursos garantidos na Constituição, consolidou a política de fomento. A própria USP nasceu em 1934, logo após a derrota paulista na Revolução Constitucionalista de 1932.
Ou seja, o Estado de São Paulo investiu em P&D no passado para alcançar essa arrecadação. Nada veio de mão beijada. E vice-versa, os estados que não fazem a lição de casa dificilmente vão avançar.
Agora uma coisa é comum aos estados: todos cobram bastante CAPES, CNPq e FINEP — e devem cobrar. Mas temos que lembrar que é muito difícil que órgãos federais cuidem da micro-gestão da ciência regional. Muita coisa deveria ser incentivada pelo próprio estado. Inclusive é muito salutar que os investimentos federais sejam acompanhados de contrapartidas.
E tem mais, se os estados não investirem, como vão reter os talentos? Vão formar para outros estados ou para o exterior.
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