Glauber rocha é um profeta nem de Deus nem do Diabo, é da humanidade em cada um de nós , mesmo que a câmera seja seu facão e o cinema sua religião!
Por Egidio Guerra
Sabe como se produz um bom perfume? Misturando essências diferentes , nas porções adequadas, para que ele atinja um equilíbrio nas se
nsações que nos provoca. Assim também é o trabalho do gourmet, misturar sabores, o doce e o amargo juntos constrói sabores inesquecíveis.
E o cinema ? Quando Glauber Rocha resolve misturar Deus e o Diabo na Terra do Sol , temos mais do que um filme! Podemos sentir a luz do sol “ estourada “ tocando o olho da vaca, as moscas ,a terra árida. Ela se mistura com a musica e diálogos que conversam sobre as forças políticas, sociais, religiosas ... que criam os personagens. Eles são a síntese de milhares de histórias que dão forma a uma odisséia do sertão!
Manuel , o sertanejo, só conhece o trabalho até encontrar a promessa do milagre no Beato Sebastião. Porem são as bênçãos de Glauber Rocha que vão ensinar que na partilha do gado , a lei esta com o coronel, e não adianta esperar milagre do Céu. A câmera como um olho fixo corre como um faroeste sem xerife!
Assim Glauber como Homero anuncia na boca de Manoel “ não temos nada para levar a não ser nosso destino “ pois nesta época cabe ao cinema fazer o que a política não faz! Anunciar que a terra prometida não viram das orações de São Sebastião, que Deus pode mandar no Céu, mas o homem deve mandar na Terra. Só desta forma o sertão vai virar mar! As cenas ganham forma em homens que apesar de condenados tem coragem, são os anti heróis que constituem procissões de bala e de rezas.
Ícones bíblicos como bezerros, sacrifício de Isaac, a mulher como tentação e maldição do homem e outros aparecem cena a cena. A mulher de Manoel ganha forma em Rosa cheia de espinhos que a realidade se desmonta ,como pétalas , em suas descrenças. Afinal é a Republica das desgraças que é montada para anunciar que ate a igreja vê concorrência nos beatos, que as chicotadas de Cristo nos infiéis na praça ; são o argumento para Antônio das mortes colecionar mais umas na conta do padre!
Como eu disse os personagens vão surgindo a medida que as forças da história exige. Como se estivessem sendo cozinhadas pelo sol, assim como as pessoas e as adversidades em tempos de cólera, como diria Gabriel Garcia Marques neste realismo fantástico brasileiro.
A esperança tem o som do silêncio que o enredo deste povo mude. Porem a esperança só muda de forma , vira penitência, reza, castigo da natureza, sacrifícios que as vezes são a única oportunidade de viver. Essa é a contradição que marca os corpos e a fé do sertanejos e elas são o “figurino de arte” quando transforma um povoado na ironia cinematográfica de um cenário. O sertão em preto e branco sangrando e rezando!
Nós temos que escolher durante o filme assim como Manuel para onde vai nossa fé ? “Porque só depois de lavar a alma, estaremos limpos, estamos possuídos por vários Deuses “ Bem que Glauber pode apontar a câmera ou uma faca para quem compartilha esta jornada de sofrimento no Nordeste. Os gritos, a loucura, a devoção fazem parte do nosso cotidiano assim como os desfechos ; o povo que mata o santo, o cego que vê tudo e anuncia a hora do Diabo, já que o São Sebastião, Canudos, seu povo, estão mortos. Porem só resta Manoel, Rosa e agora Corisco e Dada para nos contar o resto da história.
Corisco anuncia “ to cumprindo minha promessa com Pe. Cícero , não deixar o povo morrer de fome” Lampião continua vivo agora falando através de Corisco e as referências históricas no filme são vitais! A dor cresce com o sol, Manoel é batizado Satanás, já não é um beato é a vez do Diabo ! Manoel é desafiado “a cortar a macheza deste Corno” ele fica entre o crucifixo e a faca ; para mim a melhor cena do filme.
Porem como terminar o filme ? “Fazer justiça na terra com sangue ?”
Corisco não tem duvida de sua fé no facão “ Matei porque não posso ver esta miséria” .
E profetiza “ Um dia vai ter uma grande guerra!” Talvez esta seja a maior dor e esperança de todos como no filme ; que possa haver justiça para este povo.
Portanto Glauber rocha é um profeta nem de Deus nem do Diabo, é da humanidade em cada um de nós , mesmo que a câmera seja seu facão e o cinema sua religião!
Corisco enfrenta o dragão das riquezas, sabe que se morrer nasce outros, e se o sertão não virou mar, o sertão virou periferia nas grandes cidades.
“ Te arespeita homem safado, homem nesta terra só tem validade se pegar nas armas, para mudar o destino. Vai pra lá Satanás” Responde a quem duvidar que ele não escolheu um lado e a forma de lutar.
Antônio das mortes mata Corisco mas o facão de Glauber corta os poderes e despedaça Deus e o Diabo na Terra do Sol.
SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Graças aos Deuses sobre CREPUSCULO DOS DEUSES!
Por Egidio Guerra
Não gostei do filme! Bem , eu não sei se uma critica pode começar assim ? Como também não sei se uma era termina e outra começa, mesmo no cinema. Chaplin que o diga, se estivesse vivo, mesmo fazendo cinema mudo, levaria milhares de pessoas aos seus filmes. Crianças sorririam com o jeito de criança de Chaplin, mesmo velho.
Quando um roteirista começa a escrever um filme, é a história deste filme , pode se dizer é a história de vários roteiros. Ele quer fazer algo singular , único, como diz no filme para ver seu nome aparecer no letreiro! Porem sem pre tem um revisionista para dizer alguém já escreveu isto , ou será um critico de cinema atualizando para os dias de hoje, ou alguém que publica no seu blog algo assim “rsrsrrs já sei o fim “
Já sei o fim de um Deus, ou melhor o crepúsculo , numa sociedade que não há mais tempo para com certo rigor desmontar um Deus nas telas com um roteiro bem escrito. Se esta Deusa for uma estrela de cinema que viu sua arte ou seus filmes serem construídos por uma industria e milhões de dólares ainda teremos centenas delas. O que não teremos infelizmente e são poucos, são filmes que critiquem esta forma de fazer cinema.
Por isso que Crepúsculo dos Deuses se tornou , um clássico! Não porque ele é um filme de 1950, ou ironiza vários diálogos famosos de filmes de Hollywood , ou porque tem novos atores consagrados como novos Deuses pela nova mídia. Apenas porque é um roteiro de um roteirista que talvez não tenha sido encomendado! Um roteiro que não tem uma história linear, que usa metáforas que fazem criticas independentes das palavras, as imagens são o alvo principal.
Imagens que são decupadas para contar uma história de amor , que ainda não tem nome , mas que se inscreve nas relações que são construídas entre Deuses ,seus cotidianos, seus súditos, poderes, vaidades e delírios!
Fico pensando como foi terapêutico para época, a própria industria americana sentar na sala do cinema para se olhar no espelho. O quanto alguns artistas economizaram com psicólogos e viveram cartases, choros, curas, quando na tela apareceu FIM. O fim de sua carreira, o fim de milhões de dólares em filmes, o fim de um cinema de formulas simples que se vendiam sem muito esforço.
Godard, Truffot, o neo realismo italiano e graças a “Deus” ou milhares de outros Deuses vão surgir ; e graças a Deuses também vão viver seus Crepúsculos. Como diz o dialogo no filme “ os melhores roteiros são feitos de barriga vazia” Melhor, nem toda força, dinheiro, fama, conseguiram manter uma estrela ou seu amor imaginário. Porque esta desconexão entre fantasia e realidade, muitas vezes acaba em loucura ou crime.
Na época estas conexões não eram tão claras como hoje, tinha poucos filmes ou roteiros sobre isto. Hoje o desejo se realiza de outras formas, os Deuses quando se tornam criminosos vendem mais, e várias publicações ganham muito dinheiro com isto. O que neste filme é um grande fim é apenas o começo de filmes que não cansam de detalhar os monstros, e qualquer coisa hoje, pode ser Deus, desde que multiplicado em alta velocidade por imagens via celular, internet, propagandas. O sonho de qualquer cidadão comum é ser Deus, e o cinema, games, interatividade, quer lhe dar controles de todas as situações possíveis. O virtual vira real, e os roteiros necessitam cada vez mais de mistura não três boas histórias mais dezenas, os personagens se multiplicam, a tecnologia, efeitos especiais dominam, porque a forma de contar histórias perdeu o controle do roteirista ou do cinema. Um novo crepúsculo?
Lógico Chaplins sobrevivem e várias perolas inesquecíveis sempre existiram e continuam a ser realizadas, graças a Deuses! Bem eu não sou um Deus para dizer isto, não sou critico nem doutor em cinema, sou apenas um apaixonado estudante de cinema. Esperando que as idéias possam valer mais que as patentes ou cargos, que a internet ou blog possam ser tão poderosos como grandes estruturas. Por isso publico no meu Blog na esperança de que o cinema possa contar boas histórias e sinta orgulho de dizer bem este é um bom filme ou não gostei, independente dos Deuses, porque arte como no cinema mudo de Chaplin se constitui de gestos simples as vezes de uma forma de andar diferente!
Não gostei do filme! Bem , eu não sei se uma critica pode começar assim ? Como também não sei se uma era termina e outra começa, mesmo no cinema. Chaplin que o diga, se estivesse vivo, mesmo fazendo cinema mudo, levaria milhares de pessoas aos seus filmes. Crianças sorririam com o jeito de criança de Chaplin, mesmo velho.
Quando um roteirista começa a escrever um filme, é a história deste filme , pode se dizer é a história de vários roteiros. Ele quer fazer algo singular , único, como diz no filme para ver seu nome aparecer no letreiro! Porem sem pre tem um revisionista para dizer alguém já escreveu isto , ou será um critico de cinema atualizando para os dias de hoje, ou alguém que publica no seu blog algo assim “rsrsrrs já sei o fim “
Já sei o fim de um Deus, ou melhor o crepúsculo , numa sociedade que não há mais tempo para com certo rigor desmontar um Deus nas telas com um roteiro bem escrito. Se esta Deusa for uma estrela de cinema que viu sua arte ou seus filmes serem construídos por uma industria e milhões de dólares ainda teremos centenas delas. O que não teremos infelizmente e são poucos, são filmes que critiquem esta forma de fazer cinema.
Por isso que Crepúsculo dos Deuses se tornou , um clássico! Não porque ele é um filme de 1950, ou ironiza vários diálogos famosos de filmes de Hollywood , ou porque tem novos atores consagrados como novos Deuses pela nova mídia. Apenas porque é um roteiro de um roteirista que talvez não tenha sido encomendado! Um roteiro que não tem uma história linear, que usa metáforas que fazem criticas independentes das palavras, as imagens são o alvo principal.
Imagens que são decupadas para contar uma história de amor , que ainda não tem nome , mas que se inscreve nas relações que são construídas entre Deuses ,seus cotidianos, seus súditos, poderes, vaidades e delírios!
Fico pensando como foi terapêutico para época, a própria industria americana sentar na sala do cinema para se olhar no espelho. O quanto alguns artistas economizaram com psicólogos e viveram cartases, choros, curas, quando na tela apareceu FIM. O fim de sua carreira, o fim de milhões de dólares em filmes, o fim de um cinema de formulas simples que se vendiam sem muito esforço.
Godard, Truffot, o neo realismo italiano e graças a “Deus” ou milhares de outros Deuses vão surgir ; e graças a Deuses também vão viver seus Crepúsculos. Como diz o dialogo no filme “ os melhores roteiros são feitos de barriga vazia” Melhor, nem toda força, dinheiro, fama, conseguiram manter uma estrela ou seu amor imaginário. Porque esta desconexão entre fantasia e realidade, muitas vezes acaba em loucura ou crime.
Na época estas conexões não eram tão claras como hoje, tinha poucos filmes ou roteiros sobre isto. Hoje o desejo se realiza de outras formas, os Deuses quando se tornam criminosos vendem mais, e várias publicações ganham muito dinheiro com isto. O que neste filme é um grande fim é apenas o começo de filmes que não cansam de detalhar os monstros, e qualquer coisa hoje, pode ser Deus, desde que multiplicado em alta velocidade por imagens via celular, internet, propagandas. O sonho de qualquer cidadão comum é ser Deus, e o cinema, games, interatividade, quer lhe dar controles de todas as situações possíveis. O virtual vira real, e os roteiros necessitam cada vez mais de mistura não três boas histórias mais dezenas, os personagens se multiplicam, a tecnologia, efeitos especiais dominam, porque a forma de contar histórias perdeu o controle do roteirista ou do cinema. Um novo crepúsculo?
Lógico Chaplins sobrevivem e várias perolas inesquecíveis sempre existiram e continuam a ser realizadas, graças a Deuses! Bem eu não sou um Deus para dizer isto, não sou critico nem doutor em cinema, sou apenas um apaixonado estudante de cinema. Esperando que as idéias possam valer mais que as patentes ou cargos, que a internet ou blog possam ser tão poderosos como grandes estruturas. Por isso publico no meu Blog na esperança de que o cinema possa contar boas histórias e sinta orgulho de dizer bem este é um bom filme ou não gostei, independente dos Deuses, porque arte como no cinema mudo de Chaplin se constitui de gestos simples as vezes de uma forma de andar diferente!
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Os ângulos e a decupagem do poder em Orson Wells
por Egidio Guerra
Qual o melhor ângulo para se filmar o poder ? O de um quebra-cabeça a ser montado peça por peça ? Feitas por um personagem principal ao mesmo tempo autor e ator que simbolize com seu universo todos os fragmentos do poder ? Do novo poder que a mídia inaugurará sobre o dinheiro, o cotidiano, as grandes decisões políticas e a vida dos homens? Este é o convite que Orson Wells nos faz ao entrar no Palácio de Xanadu, conhecer a decupagem do poder na história de Charles kane.
Assim como Charles Kane, Orson Wells terá sua ascensão pela mídia , em um programa de rádio contando a invasão de extraterrestres ao nosso mundo; lógico uma ficção. O presente que ele ganha por esta façanha é realizar seu filme. Ele escolhe filmar Citzen Kane aonde ele vai contar a história do mundo que a própria mídia cria! A ficção que se transforma em realidade ou a realidade que vira ficção ? Está e a metáfora que nos persegue, aonde a escolha dos personagens, os diálogos, os cenários ...são ingredientes necessários para nos contar como o poder da mídia de Kane ou seria Orson Wells nos conta a história do inicio ao fim. Como um dos diálogos diz “não acredite no que o rádio diz, leia Inquire” O mundo começa a conhecer o poder dos jornais e de seus magnatas
Proibido a entrada é um aviso enigmático que abre e encerra nossa jornada pelo mundo de Orson Wells e seu cidadão Kane. Sim ele é um mistério, e tudo que o cerca carrega este ar do poder representado por músicas , objetos e cenários que são decupados por sua presença forte , misteriosa e emblemática; tornam-se assim extensões do personagem que em ca da cena ganha poder com suas ordens , dinheiro e lógico o domínio da imprensa em formar as opiniões. Aqui o preto ao invés da luz é o que dá tom ao que importa no filme. Assim como nos jornais preto e branco da época. O mundo ainda não tinha cores nem TV !
Assim Impérios e seus reis são criados na história , na mídia e nos filmes! Começa a ser relatados , como diria um dos diálogos do filme “mais importante que as notícias era saber que o Charles Kane estava por trás de todas elas“. A mídia era ele ! Apesar dos jornalistas, que podem e são comprados durante o filme, a investigação tem endereço certo, gerar esta última reportagem Assim ao mesmo tempo que é um filme poderia se dizer que é quase um documentário sobre a Realidade que vivemos ? Ou uma grande reportagem ? A verdade tem limites do que pode se mostrado ou dito e o que permanece obscuro! O filme torna-se assim uma grande reportagem que vai resgatar seu passado , seus feitos , as opiniões de todos sobre ele. Uma investigação jornalística para verificar não a veracidade dos fatos ou as estranhas do poder, mas algo mais ameno a ultima palavra que ele disse antes de morrer : Rosebud, o que significa ? Este é um dos grandes enigmas do filme , como a mídia também se transforma , agora a TV tem como prioridade divertir o trabalhador ? Ou será um brinquedo de infância quando a sua vida era mais real que a ficção em forma de palácio que construí-o para si ? Cidadão Kane como diz era apenas um americano e acha que será divertido tem um jornal como um brinquedo de criança.
Charles Kane não significa nada no começo mas aos poucos as imagens , sim as imagens do poder que de uma forma profética vai dominar o mundo durante décadas ,vão ganhando forma, juntando seus pedaços. Tudo que ele quer , ele possui , zoológico, quadra de tênis, obras de arte...Tudo na mesma casa com apenas um significado , poder.
A saga de um jornal nos é contada, perder um milhão por ano e quebrar não é um problema. Existe uma outra mágica que justifica isto mas ainda não podemos ver! É preciso colocar nele algo mais que texto e fotos , uma declaração de princípios! No jornal e no filme é esta a dualidade que caracteriza esta jornada, “ eu farei uma luta sem trégua por seus direitos como cidadãos e seres humanos” Ele mesmo assina , ele mesmo publica, ele mesmo dirige! Sua vida vira agora, noticia de jornal e filme. A verdade esta só!
Os jornais sensacionalistas não podem esquecer suas origens, o Sun tem um pai: Charles Kane.
Ninguém agora pode ter opinião diferente dele! Ele busca o amor que nunca teve , será também um drama psicológico ? O quanto os escândalos passaram a modificar a forma como as histórias são contadas ? Ele agora é candidato a Governador, o amor dos seus eleitores será mais importante que seu jornal ? Os que ganham mal ou comem mal pode acreditar nele ?
Somente Charles Kane ou Orson Wells pode dar a versão final do seu filme, enquanto nós pobres mortais, a opinião pública, repetira os ângulos e a decupagem que ele nos dá sobre o poder do autor, jornalista ou cineasta sobre nossas mentes.
Porem ele esta só , assim como Orson Wells esta à frente de seu tempo e quantos entenderiam sua mensagem ? Os efeitos hoje do grupo Time Warner no mundo , ou o papel que a Rede Globo desempenhou durante anos no Brasil?
Quanto tempo duraria para ver várias Suse Alexander cantar opera sem talento; inflada pelo poder e os magnatas da mídia ? E quantos destes serão políticos construídos pela mídia ?
Bem infelizmente Orsen Welles aprendera que as imagens podem ser usadas da forma que quiser mesmo contra à vontade do cidadão Kane. Assim como no filme a Política impede a mídia ou o cinema de seguir em frente! Em outro filme ,Welles foi impedido pelo Governo Americano e Getulio Vargas de continuar a filmar no Brasil as duras realidades que registrava. Assim como hoje na Venezuela.
Sabe Susan ou agora o novo cidadão comum da opinião pública tem outros desejos , ela quer consumir , e a mídia tem que vender , o que cadê vez menos interessa é a noticia . Ela quer ir a Nova York e não ficar no Xanadu recebendo pessoas , o poder muda de forma .
Será o poder um quebra-cabeça a ser encenado com suas peças feitas de vaidades, vontade de potência, desejos ? Espero que assim como no filme , prédios suntuosos e estatuas virem lixo , e assim possamos contar outra história de justiça social e a verdade possa ser dita já que Kanes são enfraquecidos a cada dia pelo poder da Internet, a verdade de muitos , uma nova mídia, talvez outra história a ser contada. Espero que a opinião publica goste, agora não é mais jornal, postei no meu blog.
Qual o melhor ângulo para se filmar o poder ? O de um quebra-cabeça a ser montado peça por peça ? Feitas por um personagem principal ao mesmo tempo autor e ator que simbolize com seu universo todos os fragmentos do poder ? Do novo poder que a mídia inaugurará sobre o dinheiro, o cotidiano, as grandes decisões políticas e a vida dos homens? Este é o convite que Orson Wells nos faz ao entrar no Palácio de Xanadu, conhecer a decupagem do poder na história de Charles kane.
Assim como Charles Kane, Orson Wells terá sua ascensão pela mídia , em um programa de rádio contando a invasão de extraterrestres ao nosso mundo; lógico uma ficção. O presente que ele ganha por esta façanha é realizar seu filme. Ele escolhe filmar Citzen Kane aonde ele vai contar a história do mundo que a própria mídia cria! A ficção que se transforma em realidade ou a realidade que vira ficção ? Está e a metáfora que nos persegue, aonde a escolha dos personagens, os diálogos, os cenários ...são ingredientes necessários para nos contar como o poder da mídia de Kane ou seria Orson Wells nos conta a história do inicio ao fim. Como um dos diálogos diz “não acredite no que o rádio diz, leia Inquire” O mundo começa a conhecer o poder dos jornais e de seus magnatas
Proibido a entrada é um aviso enigmático que abre e encerra nossa jornada pelo mundo de Orson Wells e seu cidadão Kane. Sim ele é um mistério, e tudo que o cerca carrega este ar do poder representado por músicas , objetos e cenários que são decupados por sua presença forte , misteriosa e emblemática; tornam-se assim extensões do personagem que em ca da cena ganha poder com suas ordens , dinheiro e lógico o domínio da imprensa em formar as opiniões. Aqui o preto ao invés da luz é o que dá tom ao que importa no filme. Assim como nos jornais preto e branco da época. O mundo ainda não tinha cores nem TV !
Assim Impérios e seus reis são criados na história , na mídia e nos filmes! Começa a ser relatados , como diria um dos diálogos do filme “mais importante que as notícias era saber que o Charles Kane estava por trás de todas elas“. A mídia era ele ! Apesar dos jornalistas, que podem e são comprados durante o filme, a investigação tem endereço certo, gerar esta última reportagem Assim ao mesmo tempo que é um filme poderia se dizer que é quase um documentário sobre a Realidade que vivemos ? Ou uma grande reportagem ? A verdade tem limites do que pode se mostrado ou dito e o que permanece obscuro! O filme torna-se assim uma grande reportagem que vai resgatar seu passado , seus feitos , as opiniões de todos sobre ele. Uma investigação jornalística para verificar não a veracidade dos fatos ou as estranhas do poder, mas algo mais ameno a ultima palavra que ele disse antes de morrer : Rosebud, o que significa ? Este é um dos grandes enigmas do filme , como a mídia também se transforma , agora a TV tem como prioridade divertir o trabalhador ? Ou será um brinquedo de infância quando a sua vida era mais real que a ficção em forma de palácio que construí-o para si ? Cidadão Kane como diz era apenas um americano e acha que será divertido tem um jornal como um brinquedo de criança.
Charles Kane não significa nada no começo mas aos poucos as imagens , sim as imagens do poder que de uma forma profética vai dominar o mundo durante décadas ,vão ganhando forma, juntando seus pedaços. Tudo que ele quer , ele possui , zoológico, quadra de tênis, obras de arte...Tudo na mesma casa com apenas um significado , poder.
A saga de um jornal nos é contada, perder um milhão por ano e quebrar não é um problema. Existe uma outra mágica que justifica isto mas ainda não podemos ver! É preciso colocar nele algo mais que texto e fotos , uma declaração de princípios! No jornal e no filme é esta a dualidade que caracteriza esta jornada, “ eu farei uma luta sem trégua por seus direitos como cidadãos e seres humanos” Ele mesmo assina , ele mesmo publica, ele mesmo dirige! Sua vida vira agora, noticia de jornal e filme. A verdade esta só!
Os jornais sensacionalistas não podem esquecer suas origens, o Sun tem um pai: Charles Kane.
Ninguém agora pode ter opinião diferente dele! Ele busca o amor que nunca teve , será também um drama psicológico ? O quanto os escândalos passaram a modificar a forma como as histórias são contadas ? Ele agora é candidato a Governador, o amor dos seus eleitores será mais importante que seu jornal ? Os que ganham mal ou comem mal pode acreditar nele ?
Somente Charles Kane ou Orson Wells pode dar a versão final do seu filme, enquanto nós pobres mortais, a opinião pública, repetira os ângulos e a decupagem que ele nos dá sobre o poder do autor, jornalista ou cineasta sobre nossas mentes.
Porem ele esta só , assim como Orson Wells esta à frente de seu tempo e quantos entenderiam sua mensagem ? Os efeitos hoje do grupo Time Warner no mundo , ou o papel que a Rede Globo desempenhou durante anos no Brasil?
Quanto tempo duraria para ver várias Suse Alexander cantar opera sem talento; inflada pelo poder e os magnatas da mídia ? E quantos destes serão políticos construídos pela mídia ?
Bem infelizmente Orsen Welles aprendera que as imagens podem ser usadas da forma que quiser mesmo contra à vontade do cidadão Kane. Assim como no filme a Política impede a mídia ou o cinema de seguir em frente! Em outro filme ,Welles foi impedido pelo Governo Americano e Getulio Vargas de continuar a filmar no Brasil as duras realidades que registrava. Assim como hoje na Venezuela.
Sabe Susan ou agora o novo cidadão comum da opinião pública tem outros desejos , ela quer consumir , e a mídia tem que vender , o que cadê vez menos interessa é a noticia . Ela quer ir a Nova York e não ficar no Xanadu recebendo pessoas , o poder muda de forma .
Será o poder um quebra-cabeça a ser encenado com suas peças feitas de vaidades, vontade de potência, desejos ? Espero que assim como no filme , prédios suntuosos e estatuas virem lixo , e assim possamos contar outra história de justiça social e a verdade possa ser dita já que Kanes são enfraquecidos a cada dia pelo poder da Internet, a verdade de muitos , uma nova mídia, talvez outra história a ser contada. Espero que a opinião publica goste, agora não é mais jornal, postei no meu blog.
POLANSKI: “ Quanto mais fantástico você é mas real você se torna”
Por Egidio Guerra
Tenho que confessar resolvi estudar o estilo de filmar de Polanski e compara-lo com outros cineastas como Scorsese , Woody Allen, e outros para decifrar enigmas do cinema contemporâneo. Essa é uma linha de pesquisa que sigo para encontrar caminhos dos temas, como foram produzidos os filmes, estilos de filmar e a luz dos porquês por de trás das câmeras.
É importante lembrar que Polanski viveu a aura mística do subterrâneo polonês durante a segunda guerra mundial, e perdeu a mãe para para os horrores de Auschwitz. Alem de ter sua segunda mulher que estava grávida assassinada ; como ele descreveu “o pior e mais prolongado golpe que sofri” Isto tem um peso considerável sobre os ângulos do olhar do homem que filma o Bebe de Rosemary , Chinatown e o Pianista! Como ele descreve “Ate onde minha memória consegue alcançar , a linha entre fantasia e realidade, sempre foi perdidamente imprecisa”
Não são filmes sentimentais , na minha visão uma das principais características da época que vivemos, não adianta procurar injeção de animo com seus heróis falhos, “ sua cenografia alucinógena, e tratamento impávido da paranóia, histeria e violência “Não há respostas fáceis para condição humana é preciso olhá-la mais de perto! Por isso outra característica é que ele trata de pessoas reais , “ como nós “ . Isto também serve para sua relação com os atores de seus filmes . Em um cena de Chinatown , aonde um pequeno fio de cabelo de Fane Dunaway estava refletindo luz , Polanski observou secamente que aquilo “estava custando 200 dólares por minuto “ Foi lá e arrancou quando Dunaway foi a loucura” Não posso acreditar . O f.d.p arrancou meu cabelo“ Polanski retrucou “Você pode brigar comigo mas nunca estarei errado, eu sou diretor.” Nesta cena da vida real e do filme podemos pensar o cinema contemporâneo, já não era tão divas e o orçamento e o diretor importam cada vez mais que os filmes. Ele “ buscava poder através do oficio ....levando sua equipe a si mesmo ao limite” A fama e poder , aliados a sua experiência de ator profissional , sempre atualizavam a sua forma de pensar e fazer cinema, é o que vamos ver. Por isso sua obra também inclui duas adaptações uma de Shakespeare, Macbeth, e Oliver Twist de Dickens.
Porem isto não indica que ele também possa fazer cinema sem pensar muito, o novo entretenimento das massas. Não existe mais uma linha reta a seguir , uma escola como nos velhos tempos , e o pensar e o olhar da câmera por si só não explica mais os filmes. Este é um ponto importante da contemporaneidade, o cinema muda, mas a forma de pensar muda mais ainda, é preciso desenvolver um método que inclua esta complexidade quando tecnologia, linguagens, sociedade do consumo se misturam com roteiro, direção, fotografia e outros; porque agora as imagens pautam o espetáculo o que elas querem e devem ser filmadas. Figuras como o imaginário dominam a razão, o inconsciente de Freud vem as telas de forma múltipla, as relações de poder ficam mais claras e de uma certa forma o cinema liberta o pensamento de poucos referenciais.
Polanski esta no meio desta dança , o cinema se aproxima de diversas formas das realidades e se democratiza neste processo. Chega de vez a hora de contar o cotidiano e o cidadão comum.
A paixão de Polanski era maior pela técnica que pelas questões socialistas como o caso de Godard. Ele teve a maior nota em fotografia e a segunda em edição e som. O seu primeiro roteiro foi com um ex-boxeador que escrevia poesia beat mais ou menos rap. Odiava as interpretações de seus filmes que chamava de “psicioimbeciloides” porque o que olhe interessa é provocar no publico um sentimento de crise, “um abismo”, no coração da vida cotidiana. Uma estranha mistura de ansiedade e fascinação quando a câmera vagava conscientemente de um ator a outro, de um ambiente a outro, com uma musica original, em cenas fortes aonde os atores “relaxavam e se concentravam ao mesmo tempo” Este choque vindo de fora fazia o publico “pensar”
Criando situações de choque que misturavam sempre documentário e ficção. Na faculdade ele e seu câmera combinaram com uma gangue para invadir uma festa da faculdade e aterrorizar as pessoas o que Andrrzej Munk considerou “um drama proto-realista” Uma história bem contada e uma fotografia sensacional: uma colagem de cortes rápidos, movimentos de câmeras inovadores e closes perturbadores era sua forma de fazer cinema.
Polanski não se mostrou tão impressionado com a Nouvelle Vague , escreveu ele, “ me assustavam pelo seu amadorismo e por suas técnicas pavorosas “. No seu caso ele sempre gostava de fazer mímicas com as cenas cridas em seus filmes párea sentir o impacto que isto pode gerar no público.
No seu filme Repulsa do sexo, ele pega uma garota com aparência sonhadora “aonde se esconde uma esquizofrenia caótica, que vai fervendo ate chegar ao climático e derradeiro momento de fúria.” Num ritmo mais lento ele nos deixa perceber o quanto as heroínas esta sujeita as insanidades criminosas e neuroses. Uma cena simples deste filme , um close simples de uma mão, ele chegou a filmar 27 vezes. Ele tinha uma perspectiva cirúrgica do que queria e as imagens dos detalhes da loucura e da morte começavam a dominar o cinema. Não havia muita distância entre o diretor e seus personagens. Entre seus filmes e uma época que eclodiria após os traumas de duas guerras nas manifestações e processos libertários em relação ao sexo, as drogas, a paz , aos direitos das minorias que eclodiram em 1968.
O lema de Polanski era “ Quanto mais fantástico você é mas real você se torna” para ele e seus filmes. Trata-se de um cineasta incansável e insensível, que faz de tudo para conseguir uma tomada, sua liderança e instinto para o ataque são fenomenais. Nos filmes de Polanski a ação e o impacto emocional passam a ser neste caso mais importante que a reflexão o pensamento . Ele sabia que lente usar e como a iluminação aparecia na tela. As suas técnicas dominam a nossa atenção de outra forma em comparação ao cinema moderno. A Revista Time lhe chamou “ um homem do Renascimento, um pop star como autor” Era isto que ele compreende como cinema o que tinha sonhado quando saiu da Polônia. John Lennon disse que “Romam era como um mascote para nós, um garoto que corre na frente do time na final da copa “ Quem pode discordar que era inaugurava uma era boa ou ruim que se estende ate os dias de hoje ? Quais o limites do pensamento nesta nova era do cinema ? Talvez Polanski nos questione .Ele foi um dos primeiros cineastas pop star ainaugura polêmicas sobre sua vida pessoal e misturar com seus filmes.
Tenho que confessar resolvi estudar o estilo de filmar de Polanski e compara-lo com outros cineastas como Scorsese , Woody Allen, e outros para decifrar enigmas do cinema contemporâneo. Essa é uma linha de pesquisa que sigo para encontrar caminhos dos temas, como foram produzidos os filmes, estilos de filmar e a luz dos porquês por de trás das câmeras.
É importante lembrar que Polanski viveu a aura mística do subterrâneo polonês durante a segunda guerra mundial, e perdeu a mãe para para os horrores de Auschwitz. Alem de ter sua segunda mulher que estava grávida assassinada ; como ele descreveu “o pior e mais prolongado golpe que sofri” Isto tem um peso considerável sobre os ângulos do olhar do homem que filma o Bebe de Rosemary , Chinatown e o Pianista! Como ele descreve “Ate onde minha memória consegue alcançar , a linha entre fantasia e realidade, sempre foi perdidamente imprecisa”
Não são filmes sentimentais , na minha visão uma das principais características da época que vivemos, não adianta procurar injeção de animo com seus heróis falhos, “ sua cenografia alucinógena, e tratamento impávido da paranóia, histeria e violência “Não há respostas fáceis para condição humana é preciso olhá-la mais de perto! Por isso outra característica é que ele trata de pessoas reais , “ como nós “ . Isto também serve para sua relação com os atores de seus filmes . Em um cena de Chinatown , aonde um pequeno fio de cabelo de Fane Dunaway estava refletindo luz , Polanski observou secamente que aquilo “estava custando 200 dólares por minuto “ Foi lá e arrancou quando Dunaway foi a loucura” Não posso acreditar . O f.d.p arrancou meu cabelo“ Polanski retrucou “Você pode brigar comigo mas nunca estarei errado, eu sou diretor.” Nesta cena da vida real e do filme podemos pensar o cinema contemporâneo, já não era tão divas e o orçamento e o diretor importam cada vez mais que os filmes. Ele “ buscava poder através do oficio ....levando sua equipe a si mesmo ao limite” A fama e poder , aliados a sua experiência de ator profissional , sempre atualizavam a sua forma de pensar e fazer cinema, é o que vamos ver. Por isso sua obra também inclui duas adaptações uma de Shakespeare, Macbeth, e Oliver Twist de Dickens.
Porem isto não indica que ele também possa fazer cinema sem pensar muito, o novo entretenimento das massas. Não existe mais uma linha reta a seguir , uma escola como nos velhos tempos , e o pensar e o olhar da câmera por si só não explica mais os filmes. Este é um ponto importante da contemporaneidade, o cinema muda, mas a forma de pensar muda mais ainda, é preciso desenvolver um método que inclua esta complexidade quando tecnologia, linguagens, sociedade do consumo se misturam com roteiro, direção, fotografia e outros; porque agora as imagens pautam o espetáculo o que elas querem e devem ser filmadas. Figuras como o imaginário dominam a razão, o inconsciente de Freud vem as telas de forma múltipla, as relações de poder ficam mais claras e de uma certa forma o cinema liberta o pensamento de poucos referenciais.
Polanski esta no meio desta dança , o cinema se aproxima de diversas formas das realidades e se democratiza neste processo. Chega de vez a hora de contar o cotidiano e o cidadão comum.
A paixão de Polanski era maior pela técnica que pelas questões socialistas como o caso de Godard. Ele teve a maior nota em fotografia e a segunda em edição e som. O seu primeiro roteiro foi com um ex-boxeador que escrevia poesia beat mais ou menos rap. Odiava as interpretações de seus filmes que chamava de “psicioimbeciloides” porque o que olhe interessa é provocar no publico um sentimento de crise, “um abismo”, no coração da vida cotidiana. Uma estranha mistura de ansiedade e fascinação quando a câmera vagava conscientemente de um ator a outro, de um ambiente a outro, com uma musica original, em cenas fortes aonde os atores “relaxavam e se concentravam ao mesmo tempo” Este choque vindo de fora fazia o publico “pensar”
Criando situações de choque que misturavam sempre documentário e ficção. Na faculdade ele e seu câmera combinaram com uma gangue para invadir uma festa da faculdade e aterrorizar as pessoas o que Andrrzej Munk considerou “um drama proto-realista” Uma história bem contada e uma fotografia sensacional: uma colagem de cortes rápidos, movimentos de câmeras inovadores e closes perturbadores era sua forma de fazer cinema.
Polanski não se mostrou tão impressionado com a Nouvelle Vague , escreveu ele, “ me assustavam pelo seu amadorismo e por suas técnicas pavorosas “. No seu caso ele sempre gostava de fazer mímicas com as cenas cridas em seus filmes párea sentir o impacto que isto pode gerar no público.
No seu filme Repulsa do sexo, ele pega uma garota com aparência sonhadora “aonde se esconde uma esquizofrenia caótica, que vai fervendo ate chegar ao climático e derradeiro momento de fúria.” Num ritmo mais lento ele nos deixa perceber o quanto as heroínas esta sujeita as insanidades criminosas e neuroses. Uma cena simples deste filme , um close simples de uma mão, ele chegou a filmar 27 vezes. Ele tinha uma perspectiva cirúrgica do que queria e as imagens dos detalhes da loucura e da morte começavam a dominar o cinema. Não havia muita distância entre o diretor e seus personagens. Entre seus filmes e uma época que eclodiria após os traumas de duas guerras nas manifestações e processos libertários em relação ao sexo, as drogas, a paz , aos direitos das minorias que eclodiram em 1968.
O lema de Polanski era “ Quanto mais fantástico você é mas real você se torna” para ele e seus filmes. Trata-se de um cineasta incansável e insensível, que faz de tudo para conseguir uma tomada, sua liderança e instinto para o ataque são fenomenais. Nos filmes de Polanski a ação e o impacto emocional passam a ser neste caso mais importante que a reflexão o pensamento . Ele sabia que lente usar e como a iluminação aparecia na tela. As suas técnicas dominam a nossa atenção de outra forma em comparação ao cinema moderno. A Revista Time lhe chamou “ um homem do Renascimento, um pop star como autor” Era isto que ele compreende como cinema o que tinha sonhado quando saiu da Polônia. John Lennon disse que “Romam era como um mascote para nós, um garoto que corre na frente do time na final da copa “ Quem pode discordar que era inaugurava uma era boa ou ruim que se estende ate os dias de hoje ? Quais o limites do pensamento nesta nova era do cinema ? Talvez Polanski nos questione .Ele foi um dos primeiros cineastas pop star ainaugura polêmicas sobre sua vida pessoal e misturar com seus filmes.
ESTÉTICAS DA MISTURA DE ARTES - A POESIA DE LORCA, OS FILMES DE BUNUEL E AS PINTURAS DE DALI NA JUVENTUDE DELES ; CONTADA NO FILME "POUCAS CINZAS"
Por Egidio Guerra
As vezes os sons tem que transmitir a estética de poesias de Lorca, a musica espanhola , as pinturas de Salvador Dali, as tensões de um país em transformações políticas,o olhar de Luis Bunuel, sim mais são os sons de sua Juventude. Algo que tem que ser leve e encantador, misturadas com o choque de realidades trágicas, moralistas e decadentes. Pode ser o som também surrealista ? Pode assim misturar as poesias de Lorca , o filme de Bunuel e os quadros de Salvador Dali no tecido de atitudes, olhares e sons destes jovens ? Compreender as essências que moldaram estes artistas ? Qual o papel do som nesta estética ?
A dança entre a musica, o silêncio e os ruídos é fenomenal neste filme! Eles se tocam na tela e produzem imagens. Eles antecipam imagens e diálogos. Quase como pinceladas no quadro ou escritas no livro.
“Uma paixão que limita entre a vida e a morte é a gana que move um artista de verdade.” Dali ainda era cubista, não bebia , nem fumava, e passou a conviver nos bares e quartos com Lorca, Bunuel e seus amigos. Regados por bebidas, musicas, poesias, quadros e peles misturadas entre elas. Será que os quadros de Dali e as poesias de Lorca se transformam nos film es de Bunuel ?
O som começa a orquestrar a mudança das temáticas do filme, dos bares para tristeza e a solidão. As imagens vão escurecendo , o som de poucas notas , mais do que a voz , conta a dor de quem exprime seu sofrimento “ Não gosto de sapatos novos “ Lorca lembra quando trabalhadores que protestavam nos campos eram mortos e exibidos em carroças , corpos deitados , usando sapatos brilhantes. A cena é preto e branco e o dialogo “É quando posso escutá-la , a morte respirando por de trás da porta. “
Você pode escutar este som ?
No filme pode.Todo ruído neste filme tem sentido, inclusive gestos simples como cortar sua camisa mas ele dança com a musica incidental. Ele mostra a mudança no comportamento dos personagens e nos acontecimentos na Espanha. A musica dança com os personagens como se fossem marionetes. Acho que o filme tem uma frase que resume e ironiza a “técnica dos sons e dos filmes” Ela diz: “ Esqueçam as regras não há ciência na Arte, sintam o desenho, ( poderia ser o som ) interpretem, interpretem o que vocês vêem. ( ou escutem ) Vejam com a alma, vejam o que sentem, expressem”
De repente a musica para! E agora ? Ah é que eles vão entrar no mundo chato da Sociedade espanhola. De repente também um militar pede para Lorca fazer valer sua refeição em troca de uma poesia . Qual o som do enfrentamento numa sociedade que ainda não tem o rock? A voz do poeta suave assume a estética do som recitando cidade dos ciganos tão leve como a pluma de uma nuvem por ouvidos que odeiam sua passagem , mas não pode evitar suas verdades. Viva a revolução, eles correm ao som de sua alegria e medo. Nada melhor do que a musica espanhola para cantar sentimentos.de paixão, dor e medo. Touradas e fugas de homens do seu destino, desviando os cortes da harmonia. Qual o som que pode harmonizar as igrejas e as lutas entre os homens? Talvez o som que toca dentro deles, que mistura silêncio, em busca de um harmonia impossível com líricas quase angelicais. Quando as poesias assume a tela , elas tem autonomia sobre as imagens , não se reportam a elas mas aos seus sentidos múltiplos. O som da natureza, se une com as líricas, a lua, o mar, e acho que anjos. A tonalidade dos sons é idênticas as cores da tela. Um bale de bolhas que dançam com os corpos que se aproximam.
“ Meu inconsciente devora meu interior “ Será que o inconsciente tem som ? Podemos imaginar isto já que as misturas de sons, cores e paixões são tão fortes no Brasil como na Espanha.
A homossexualidade e o amor entre Dali e Lorca revelam segredos inconscientes e com eles uma fúria de sons, incompreensíveis à época. Só outra poesia com seus sons e sua musica para continuar a jornada . Só que os sons perturbadores não param de tocar e se misturam com a musica e vice-versa recompondo agora pelo inverso o inicio da tragédia entre eles e da época. Os pesadelos em preto e branco com sons de touradas e sons de bordeis sufocam Lorca ,será esta a musica do inconsciente ? Sons misturados sem sentido que demarcam momentos no filme .
Sons e fúrias com gritos e gemidos formam uma “única `musica composta por este filme para recitar em notas o amor entre Dali e Lorca. Ele não tem ritmo nem refrão são ruídos fragmentados dos sentimentos.
Começa a evidenciar a “loucura” de Dali que também é musicada algo em torno da comédia e da tragédia de uma época ao lidar com seus gênios. Dali tem suas pinturas dilaceradas pela dor formando objetos estranhos, surreais , incapazes de lidar ao mesmo tempo com o amor e a dor, ele corta seu cabelo, ele grita, mas os tons “ angelicais não abandonam o filme assim como os ruídos, gargalhadas, entre eles. O som do Inconsciente não abandona o consciente som angelical da moral de uma época.
O sons e as cenas do filme de Luis Bunuel, O cão andaluz, surge na tela para resolver o enigma. Os toques de cumprimento viram sexo, as mãos se transformam em revolveres, uma navalha corta o olho como se cortasse uma nuvem , alguma semelhança com as poesias de Lorca não são meras coincidências ; numa percepção de que existe outra realidade por de trás daqueles ruídos e musicas.Será que Lorca é o cão da Andaluzia de Bunuel e Salvador Dali ?
O sons angelicais voltam a tocar e a nos tocar, os sons do teatro acompanham Lorca por seus espetáculos. Agora os sons mudam para acompanhar os manifestos que lê em lugares públicos contra o fascismo a favor do governo popular, como ele diz a favor da liberdade e não de um ideal romântico.
Chega a hora do último encontro entre Dali e Lorca, a mesma musica em tons diferentes nos acompanha ate aqui. Dali declara a solução da sua época , de seus contrastes, entre fascismo e socialismo, entre o consciente e o inconsciente , entre a razão e a loucura de Dali, a única solução para o Surrealismo é a guerra! Uma limpeza, um grande dilúvio. Portanto de sons angelicais e rápidos ruídos damos um salto em marchas, não há mais musica, a guerra começou em preto e branco. Os últimos momentos refletem uma musica síntese com ritmo, meio maluca, feita de algumas notas angelicais de um piano sempre presente no filme.
Finalmente a musica e o piano de Lorca assume o primeiro plano! O destino de Lorca a ser preso não é mostrado mas falado, ele esta só, Dali esta distante.Será executado enquanto a musica do piano não para de tocar, as pessoas no restaurante, Dali pintando em algum lugar, sua morte é anunciada pelo rádio. A musica como se fosse um funeral de uma sociedade angelical não para de tocar, ela se mistura com as ordens e os grito da execução, mais do que a morte de Lorca , é fim de um amor, de uma terra!
Mata-se amor, mata-se poetas, mas a musica não para de tocar, ela carrega os sentidos que não morrem.
As vezes os sons tem que transmitir a estética de poesias de Lorca, a musica espanhola , as pinturas de Salvador Dali, as tensões de um país em transformações políticas,o olhar de Luis Bunuel, sim mais são os sons de sua Juventude. Algo que tem que ser leve e encantador, misturadas com o choque de realidades trágicas, moralistas e decadentes. Pode ser o som também surrealista ? Pode assim misturar as poesias de Lorca , o filme de Bunuel e os quadros de Salvador Dali no tecido de atitudes, olhares e sons destes jovens ? Compreender as essências que moldaram estes artistas ? Qual o papel do som nesta estética ?
A dança entre a musica, o silêncio e os ruídos é fenomenal neste filme! Eles se tocam na tela e produzem imagens. Eles antecipam imagens e diálogos. Quase como pinceladas no quadro ou escritas no livro.
“Uma paixão que limita entre a vida e a morte é a gana que move um artista de verdade.” Dali ainda era cubista, não bebia , nem fumava, e passou a conviver nos bares e quartos com Lorca, Bunuel e seus amigos. Regados por bebidas, musicas, poesias, quadros e peles misturadas entre elas. Será que os quadros de Dali e as poesias de Lorca se transformam nos film es de Bunuel ?
O som começa a orquestrar a mudança das temáticas do filme, dos bares para tristeza e a solidão. As imagens vão escurecendo , o som de poucas notas , mais do que a voz , conta a dor de quem exprime seu sofrimento “ Não gosto de sapatos novos “ Lorca lembra quando trabalhadores que protestavam nos campos eram mortos e exibidos em carroças , corpos deitados , usando sapatos brilhantes. A cena é preto e branco e o dialogo “É quando posso escutá-la , a morte respirando por de trás da porta. “
Você pode escutar este som ?
No filme pode.Todo ruído neste filme tem sentido, inclusive gestos simples como cortar sua camisa mas ele dança com a musica incidental. Ele mostra a mudança no comportamento dos personagens e nos acontecimentos na Espanha. A musica dança com os personagens como se fossem marionetes. Acho que o filme tem uma frase que resume e ironiza a “técnica dos sons e dos filmes” Ela diz: “ Esqueçam as regras não há ciência na Arte, sintam o desenho, ( poderia ser o som ) interpretem, interpretem o que vocês vêem. ( ou escutem ) Vejam com a alma, vejam o que sentem, expressem”
De repente a musica para! E agora ? Ah é que eles vão entrar no mundo chato da Sociedade espanhola. De repente também um militar pede para Lorca fazer valer sua refeição em troca de uma poesia . Qual o som do enfrentamento numa sociedade que ainda não tem o rock? A voz do poeta suave assume a estética do som recitando cidade dos ciganos tão leve como a pluma de uma nuvem por ouvidos que odeiam sua passagem , mas não pode evitar suas verdades. Viva a revolução, eles correm ao som de sua alegria e medo. Nada melhor do que a musica espanhola para cantar sentimentos.de paixão, dor e medo. Touradas e fugas de homens do seu destino, desviando os cortes da harmonia. Qual o som que pode harmonizar as igrejas e as lutas entre os homens? Talvez o som que toca dentro deles, que mistura silêncio, em busca de um harmonia impossível com líricas quase angelicais. Quando as poesias assume a tela , elas tem autonomia sobre as imagens , não se reportam a elas mas aos seus sentidos múltiplos. O som da natureza, se une com as líricas, a lua, o mar, e acho que anjos. A tonalidade dos sons é idênticas as cores da tela. Um bale de bolhas que dançam com os corpos que se aproximam.
“ Meu inconsciente devora meu interior “ Será que o inconsciente tem som ? Podemos imaginar isto já que as misturas de sons, cores e paixões são tão fortes no Brasil como na Espanha.
A homossexualidade e o amor entre Dali e Lorca revelam segredos inconscientes e com eles uma fúria de sons, incompreensíveis à época. Só outra poesia com seus sons e sua musica para continuar a jornada . Só que os sons perturbadores não param de tocar e se misturam com a musica e vice-versa recompondo agora pelo inverso o inicio da tragédia entre eles e da época. Os pesadelos em preto e branco com sons de touradas e sons de bordeis sufocam Lorca ,será esta a musica do inconsciente ? Sons misturados sem sentido que demarcam momentos no filme .
Sons e fúrias com gritos e gemidos formam uma “única `musica composta por este filme para recitar em notas o amor entre Dali e Lorca. Ele não tem ritmo nem refrão são ruídos fragmentados dos sentimentos.
Começa a evidenciar a “loucura” de Dali que também é musicada algo em torno da comédia e da tragédia de uma época ao lidar com seus gênios. Dali tem suas pinturas dilaceradas pela dor formando objetos estranhos, surreais , incapazes de lidar ao mesmo tempo com o amor e a dor, ele corta seu cabelo, ele grita, mas os tons “ angelicais não abandonam o filme assim como os ruídos, gargalhadas, entre eles. O som do Inconsciente não abandona o consciente som angelical da moral de uma época.
O sons e as cenas do filme de Luis Bunuel, O cão andaluz, surge na tela para resolver o enigma. Os toques de cumprimento viram sexo, as mãos se transformam em revolveres, uma navalha corta o olho como se cortasse uma nuvem , alguma semelhança com as poesias de Lorca não são meras coincidências ; numa percepção de que existe outra realidade por de trás daqueles ruídos e musicas.Será que Lorca é o cão da Andaluzia de Bunuel e Salvador Dali ?
O sons angelicais voltam a tocar e a nos tocar, os sons do teatro acompanham Lorca por seus espetáculos. Agora os sons mudam para acompanhar os manifestos que lê em lugares públicos contra o fascismo a favor do governo popular, como ele diz a favor da liberdade e não de um ideal romântico.
Chega a hora do último encontro entre Dali e Lorca, a mesma musica em tons diferentes nos acompanha ate aqui. Dali declara a solução da sua época , de seus contrastes, entre fascismo e socialismo, entre o consciente e o inconsciente , entre a razão e a loucura de Dali, a única solução para o Surrealismo é a guerra! Uma limpeza, um grande dilúvio. Portanto de sons angelicais e rápidos ruídos damos um salto em marchas, não há mais musica, a guerra começou em preto e branco. Os últimos momentos refletem uma musica síntese com ritmo, meio maluca, feita de algumas notas angelicais de um piano sempre presente no filme.
Finalmente a musica e o piano de Lorca assume o primeiro plano! O destino de Lorca a ser preso não é mostrado mas falado, ele esta só, Dali esta distante.Será executado enquanto a musica do piano não para de tocar, as pessoas no restaurante, Dali pintando em algum lugar, sua morte é anunciada pelo rádio. A musica como se fosse um funeral de uma sociedade angelical não para de tocar, ela se mistura com as ordens e os grito da execução, mais do que a morte de Lorca , é fim de um amor, de uma terra!
Mata-se amor, mata-se poetas, mas a musica não para de tocar, ela carrega os sentidos que não morrem.
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