SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A CIDADE, A JUVENTUDE, SEUS DESAFIOS PESSOAIS E COLETIVOS. GERANDO UMA ECONOMIA COM DIREITOS PARA INCLUSÃO ECONÔMICA E SOCIAL DOS JOVENS.


                                                                                              Por Egidio Guerra

Discurso proferido em Bilbao na Espanha ao receber do Ex-presidente da UNESCO Zagaroza o Prêmio Novia Salcedo pela atuação com Jovens em várias areas e outros países há 20 anos.

http://www.terradasabedoria.blogspot.com.br/2009/05/discurso-premio-espanha.html

“Debemos construir entre nosotros un diálogo de generaciones. Mi generación recibió un planeta destruido, la mayor concentración de ingresos de la historia de la humanidad, el aumento de la violencia, las drogas y el crimen en la misma proporción que la soledad y el distanciamiento de las familias en nuestros hogares. De esta manera nos han prohibido amar.

¿Cómo amar un trabajo que no desarrolla nuestro potencial?
¿Cómo amar la política dominada por dinero y grandes lobbies?
¿Cómo amar una educación repetitiva y casi sin sabor?

Esas razones nos convencen y nos convierten cada vez más en seres apáticos. Por eso buscamos a nuestros amigos, las Tribus a las que pertenecemos, las relaciones de igual a igual, el amor y los sentimientos que estas instituciones nos ofrecen. No obstante, no estamos parados, estamos construyendo de abajo hacia arriba con alma y pasión, otra sociedad.”

A CIDADE, A JUVENTUDE, SEUS DESAFIOS PESSOAIS E COLETIVOS.

Fica a pergunta. Como canalizar a energia e a paixão dos jovens para transformarem suas vidas e a Sociedade ? Diante das drogas, violências, solidão e distância das famílias ?

É preciso ampliar seu ser com oportunidades e desafios, expandir seus horizontes, abrir novos caminhos e trajetórias para que eles possam viver seus potenciais, sonhos, talentos, desejos, vidas. Como tirar os jovens do egoismo, apatia, ociosidade, do eu isolado que não consegue se conectar com os diferentes, abrir e se permitir novos caminhos, outras possibilidades.

O que buscamos é que a maioria dos jovens que tem reduzido suas vidas e expectativas , tenham alternativas, ao invés de canalizar suas energias para violências, diversões e consumo.

É hora de desperta-los a partir de seus mundos, amigos, internet, e outros para que em grupos utilizando um cartão que circula moeda social em vários lugares e um game na internet , ele possa desenvolver e realizar objetivos de vida. Ele possa vivenciar no mundo real através de novas trajetórias/missões , se comunicando pelo virtual dos seus feitos com relatórios , fotos e vídeos,  canalizando sua energia para desafios pessoais e coletivos. Ao mesmo tempo que ele pode dar saltos em sua educação, trabalho, e na realização pessoal na artes e esportes. Ele pode ao fazer isto impulsionar desafios coletivos em sua comunidade atuando em projetos sociais, na melhoria da educação, economia, na participação politica que significa transformações sociais, preservação da natureza, e outros. Afinal tudo esta conectado, os seres, famílias  escolas, comunidades, empresas, politica, a saúde das pessoas e a sustentabilidade do planeta. Tudo que fazemos em nossas vidas, tem impacto nos lugares ao nosso redor, da mesma forma tudo que acontece ao nosso redor, tem impacto sobre a gente.

Portanto o que buscamos é integrar as varias áreas da vida de um ser através do planejamento e objetivos de vida aonde ele experiencia valores como amor, justiça, utilidade, liberdade, fé, fraternidade e outros em projetos que são integrados para atender de forma personalizada demandas de suas vidas em Politicas Públicas, ONGS, Empresas, Universidades, Comunidades e outros lugares. Fazemos isto construindo novos caminhos na cidade , aonde ele possar acessar novas trajetórias e objetivos em sua vida, transformadas em missões. Ele forma um grupo, cumpre tarefas se preparando para jornada , vive as experiências, e recebe prêmios. A partir de um diário  que escreve incentivado com perguntas, reflexões e atitudes , visualiza de forma lúdica as missões, lugares na cidade, prêmios, e outros através de um game que constroem o filme de sua vida com as imagens das pequenas vitorias que alimentam as grandes transformações.

Ele vive estes objetivos de vida acessando pelo cartão , um “bolsa família que circula Direitos com Deveres “ as Politicas Públicas, Projetos sociais em ONGS, Ações de Responsabilidade Social em Empresas, Capacitações em Universidades, Empreendimentos nas Comunidades e outros lugares. Porem ele busca integra-las em sua vida, transforma-las, personaliza-las de acordo com seu plano de vida, objetivos, desejos, sonhos, de baixo para cima e não imposto de cima para baixo por vários poderes.

É preciso criar meios para que as pessoas realizem suas vidas e a sociedade. Os Governos tem que criar estes caminhos ao menor custo possível  jornadas de seres por vias novas e emocionantes, capazes de transformar vidas que mudem a sociedade. E por incrível que pareça isto é mais barato que o custo da violência e a destruição do planeta. Gerar uma Economia da Inclusão com Direitos e Mercado.
    
GERANDO UMA ECONOMIA COM DIREITOS PARA INCLUSÃO ECONÔMICA E SOCIAL DOS JOVENS.

Uma Sociedade em transformação necessita de Novas Instituições ou meios de integração que gerem sinergias entre os diversos papeis dos atores sociais potencializando novas formas de Ser, Viver,  e Governar. Isto é possível quando criamos um Portal/ game na internet para gerar interação entre os atores e canalizamos as energias dos jovens para desenvolver uma Economia que gere em rede a inclusão da juventude.Alicerçada no Desenvolvimento de Capacidades, conquista de Direitos com Deveres e instrumentos  de planejamento de vidas , gestão de desafios coletivos e trocas econômicas e sociais entre jovens.

No contexto de aumento da concentração de renda, violência e crime é urgente democratizar  a Informação e Inovação no acesso aos Direitos e ao Mercado. O Conhecimento e a ética na Economia são vitais para atendermos a demanda por Direitos em nossas Cidades .

O caminho que encontramos é desenvolver Planos de Vidas Coletivos atendidos pela oferta de serviços/projetos sociais de ONGS, Politicas Públicas, Ações de Responsabilidade Social de empresas integrados ou seja o Mercado como o Estado ampliado.

A Inclusão econômica e social de jovens gera a circulação de renda necessária para gerar equilíbrio social e desenvolver novos mercados. O que tem como consequência o Investimento e a Inovação em Ciclos Econômicos, Sociais e Ambientais Sustentáveis.

A. ECONOMIA DA EXPERIÊNCIA E TEORIA DOS JOGOS

Visando gerar novos caminhos / experiências em rede os diversos atores sociais atuam via Portal/game. Cada um desempenhando seu papel neste processo:  

1.            O Cidadão e as capacidades de planejar sua vida e comunidade de forma ética e estética.( AS DEMANDAS )
2.            Os Universitários : A Difusão do Conhecimento, Experiências  e Inovação no Desenvolvimento das Capacidades nas Comunidades. ( Agricultura, Habitação popular, Psicologia, Direitos, Esportes, Artes...)
3.            Os Investidores : A redução dos riscos e ampliação da sustentabilidade e impactos econômicos, sociais e ambientais nas comunidades.
4.            As ONGS:  A Inovação Social e a personalização dos Serviços públicos.
5.            As Pequenas empresas : A Geração de trabalho, Desconcentração de Renda, Inovação e Ampliação da Competitividade em Redes, “Shoppings” e Clusters nas comunidades.
6.            Os Projetos: Geração de trabalho e melhoria dos indicadores sociais nas comunidades com foco em demandas pontuais.
7.            As Prefeituras e Governos : Maestros e Catalizadores de Estratégias e Politicas Públicas de Desenvolvimento.
8.            As Cidades: Modelagem de Ecossistemas sociais baseados em capacidades nas Comunidades.
9.            O Portal e o Conselho Gestor: O  virtual como pedagogia , gestão e integração entre os atores sociais para construção participativa das comunidades.

Esta interação entre os atores sociais ocorrera via Portal na Internet, Transmídias digitais ( fotos e videos relatando os planos de vida e projetos nas comunidades feitos pelos jovens em parceria com universitários) integrados pelo cartão e potencializado pela publicidade da Economia da Inclusão. ( @i  ) .

B. O PORTAL TEM AS SEGUINTES AREAS:

1.            A Formação em Módulos e Jornadas para Missões, Objetivos e metas da Economia da Inclusão.
2.            A Difusão e a Publicidade dos Impactos da EI ( @i ) via videos , arte de rua e outros.
3.            A Gestão e Monitoramento em Rede via Portal e mensagens por celulares da EI ( @i ).


C. O PORTAL , O CARTÃO ENERGIA SOCIAL E O JOGO TERRA DA SABEDORIA.

1.            A Estrutura e funcionamento do Portal / Jogo Terra da Sabedoria e do cartão Energia Social.
2.            O plano de vidas coletivas: Missões e objetivos
3.            As metas, indicadores e ofertas de serviços/produtos econômicos e sociais nas Comunidades / Cidades.
4.            O Sistema de apoio as ONGS, PMES e Projetos na Economia da Inclusão ( @i ): Mobilização de Recursos, Elaboração de projetos, Assessoria jurídica e contábil  Consultorias, Pesquisas, Auditorias, Divulgação na Imprensa e outros em grande parte via Universitários.
5.            O Cartão Energia Social e a pontuação pelo alcance dos objetivos de vida com pagamentos em Terras ( moeda social ) que circulam entre os Cidadãos, ONGS, PMEs, Projetos e Universitários.
6.            O Investimentos em Ações e Títulos das Comunidades/ Cidades ou Ações das ONGS, PMES e Projetos.
7.            O Sistema de benefícios para pessoas, empresas e Governos que investem na Economia da Inclusão ( @i )

D. INDICADORES,  CONTROLES, AVALIAÇÃO E INVESTIMENTOS NA ECONOMIA DA INCLUSÃO ( @i )

1.            Títulos das Cidades e Comunidades.
2.            Ações das ONGS, PMES e Projetos.

E. O ESCOPO DO PROTÓTIPO:

1.            Bairros de Fortaleza e Curitiba..
2.            Cidade de Acarape no Ceara.

F. INVESTIMENTOS, RETORNOS E IMPACTOS.

1.            Cooperação Internacional – Retorno financeiro.
2.            Governos e Prefeituras- Aumento da Receita com Impostos.
3.            Empresas- Expansão e formação de mercados
4.            ONGS/ Projetos- Expansão e reaplicação das tecnologias sociais.
5.            Indivíduos e Comunidades- Ativos e capacidades na Economia da Inclusão.

G.   MATRIZ  DE SUSTENTABILIDADE  DA  ECONOMIA  DA  INCLUSÃO ( @i )

1.            Coalizões, Instituições e líderes.
2.            Processos complementares e integrados.

H.  ESTRATÉGIA DE INTEGRAÇÃO,  EXPANSÃO E EVOLUÇÃO DE LONGO PRAZO.

1.            Integração de Cidades/ Comunidades via atuação em rede entre ONGS, PMEs e Projetos.
2.            Expansão via Formação de multiplicadores.
3.            Evolução em outras Dimensões / Processos Econômicos, Sociais, e Ambientais.

2.0   OBJETIVOS.

2.1   Inclusão Econômica e social de jovens – O cartão dá acesso a um conjunto de serviços aos jovens nas áreas econômicas, sociais, esporte, educacionais e cultura como Línguas, Informática, pré-vestibular, Cursos Profissionalizantes, Assessoria no desenvolvimento de Negócios por Universitários, Micro-credito, Escolinhas de esporte, Cinema,  aquisição de livros e outros produtos/serviços. Estes serviços são Políticas Públicas, Projetos de ONGS e Ações de Responsabilidade Social de Empresas que atuam de forma integrada e complementar,  realizando passo a passo o plano e objetivos de vida dos  jovens. Porem para ter acesso a estes direitos, ele tem que atuar em projetos sociais em suas comunidades. 

2.2   Fortalecimento de Pequenas e médias empresas nas Economias Locais/ Comunidades- Fortalecimento de uma Economia local de uma cidade via comunidades sustentáveis através da circulação de renda e consumo entre funcionários das ONGS, Universidades, ONGS, Empresas Públicas e Privadas em PMEs da região. Usando um cartão de debito que tem renda e moeda social para acesso a direitos e troca/compra de serviços e produtos que realizam planos de vida individuais e coletivos que visam contribuir com a sustentabilidade econômica, social e ambiental das comunidades.  

2.3 Criação de um Fundo pra Sustentabilidade do projeto – Criação de um fundo que financia gratuitamente os serviços prestados para inclusão econômica e social de jovens excluídos pagos através de um pequeno percentual sobre o consumo da pessoa com renda que usa o cartão em PMEs que aderiram a Economia da Inclusão.

3.0   FUNCIONAMENTO DO CARTÃO.

O jovem recebe o cartão via correio quando entra no Portal/ Jogo TERRA DA SABEDORIA, se inscreve, começa a redigir o diário e o filme de sua vida, recebe as missões e com elas passa a usar o cartão para acessar seus direitos nas Políticas Públicas, projetos sociais das ONGS, e ações de responsabilidade social das empresas atuando de forma integrada para realizar  os objetivos de vida. Ele recebe também pelo cartão os prêmios pelas missões realizadas e adquire produto nas PMEs credenciadas. Tornado- se um habitante da Terra da Sabedoria ele usa o cartão  pelos seguintes ambientes do jogo e da vida real:

•             Habitat do jovem: Apartamento, guarda roupa e produtos ícones disponíveis para missões.
•             Gráficos pessoais e da comunidade para verificar as metas dos objetivos econômicos, sociais, educacionais, culturais e outros buscando o equilíbrio entre os valores e poderes dos jovens e a sustentabilidade da comunidade.
•             Diário da sua vida : Perguntas, reflexões, atitudes em cada uma das áreas da vida visando gerar as missões que impulsionam novos caminhos/ trajetórias.
•             Filme da sua vida: Roteiros, fotos, videos das missões / trajetórias / jornadas que geram o filme de sua vida.
•             Missões e objetivos:  12 Missões nos mundos econômicos, educacionais, sociais, culturais,e outros que através das experiências vividas pelos jovens geram “poderes “e aprendizados. Estas missões estão baseadas no desenvolvimento de valores como Amor, Justiça, Liberdade, Fraternidade , Fé e outros vividos em cada um dos mundos.
•             MAPAS DOS LUGARES NA CIDADE E COMUNIDADES aonde  se realizam as Missões e seus trajetos.
•             FORME SEU GRUPO NA TERRA PARA CUMPRIR AS MISSÕES.
•             FORMAÇÃO PARA MISSÕES: Capacitações, Videos, Educação a distância, desafios, tarefas..
•             COMUNICAÇÃO NA TERRA: via emails, celulares, relatórios e outros.
•             BANCO TERRA: Prêmios das missões, câmbios, etc..

domingo, 17 de fevereiro de 2013

SEM CÂMARA DE FILMAR, SEM CURSO DE CINEMA, 100 VEZES VONTADE E TALENTO – Revolução Social feita em casa mostra de Alagoas via YOU TUBE, a Derrubada pelo Governo de SP do Pinheirinho.

 http://www.youtube.com/watch?v=-OqKwup0b8c

100 anos antes do You tube.

Não faz muito tempo algumas décadas atras além das câmeras,  a película era carérrima, ainda tinha a revelação, distribuição, exibição, que em quase sua totalidade , quem fazia filmes eram os Grandes Studios e seus profissionais.  Ainda se acreditava no poder de “Grandes Câmeras” como o Estado e a Democracia e seus poderes de dirigir, filmar e representar a todos. Se lutava para que o Socialismo ocupasse o Poder, que o Paraíso vinha junto, com a ética e a estética de Lenim e Eisenstein.

Veio 1968 , os filmes de Godard e os textos de Marcuse foram lidos nas ruas em lutas contra a Guerra do Vietnam,  por Liberdades e Direitos civis , e nos Países Colonizados ou Socialistas pelo fim da ética de Stalins e outros Impérios.

Aí o Anjo da história se enganou , mandou Thatcher e Reagan , uma Baronesa e um ator, para dirigir o Neo liberalismo que culminou no domínio do Mercado Financeiro sobre o mundo e numa Revolução tecnológica com computadores, internet, câmeras, celulares, facebook, you tube, redes sociais...

Chegou a nossa era quando uma geração  de estudantes de cinema precisava de uma garagem, computadores e câmeras para realizar um bom filme. E agora mesmo a milhares de Kilômetros de distância,  sem a presença no local, sem câmera , sem curso de cinema,  jovens do mundo todo como em 1968 , lutaram e fizeram seus documentários sobre a Primavera Árabe, Ocuppy,  a luta por Educação de estudantes Chilenos e Espanhóis e outros roteiros de nossas vidas.  

Enquanto isso em Alagoas , Fabiano Amorim , produzia o roteiro da sua vida sobre outras vidas,  capturava imagens na internet sobre a desocupação do Pinheirinhos, um bairro/comunidade em São Jose dos Campos/SP pela policia numa operação de guerra .Imagens da chegada da policia e da população buscando formas de se defender e proteger seus lares e famílias. 

Ele se preparava para realizar  um documentário sobre uma guerra, um conflito civil,  porem a guerra não era só contra a policia , o Judiciário , a Prefeitura de São Jose dos Campos, o Governo de São Paulo e o Governo Federal mas principalmente contra a grade mídia . De cada lado da trincheira, éticas e estéticas a serem filmadas de forma distintas , pela grande mídia e redes sociais , modos de produção e exibição diferentes , de casa para o mundo , do lado de cá , faltava câmeras e cursos , mas sobrava vontade e talento.

“Ou seja, o grande desafio dos tempos atuais é conseguir reorganizar toda essa imensa quantidade de material já disponível, e fazer uma reflexão crítica, separar o joio do trigo, e tirar conclusões. É isso o que faz Fabiano Amorim em “Derrubaram o Pinheirinho” e é nisso o que reside a sua contemporaneidade.” Citação de um dos primeiros Blogs a popularizar o documentário.

A História vira as histórias de cada um , modos de produção coletivos,  e metodologias não cientificas para decodificar éticas, estéticas e politicas de uma geração.

Claro que o Professor Ikeda de Cinema da UFC , outro a difundir o documentário nas redes , poderia em sua cadeira sobre Linguagem crítica do Cinema falar sobre a era dourada do Cinema e seus “grandes” filmes ou sobre 1968 , os filmes de Godard , e o Impacto deles nesta época, tempos que não voltam mais. Porem ele preferiu mostrar a sua geração à sua própria geração, a sua forma de produção em garagens ou em casa. Suas referências são “cineastas”mais novos que ele. Ao ligar a sala de aula com as ruas e os filmes desta geração, cria caminhos para que possamos atualizar os conhecimentos , inclusive estão online na internet , http://www.cinemadegaragem.com , e debater e viver as questões éticas, políticas e estéticas do agora. 

O livro que adotou Cinema de Garagem também é escrito por jovens pensadores e realizadores que abrem as portas da gestação desta contemporaneidade do cinema em suas vidas .
Assim como Fabiano Amorim em seu documentário sobre o Pinheirinho milhares de outros “cineastas” buscam caminhos éticos, estéticos e políticos por trajetórias e lugares singulares. Há tempos em suas origens e em suas realizações.

No Ceara

Lugares como o Alpendre da Vila atuam como catalizadores que ligam artistas de várias origens com o despertar de novas estéticas...“ a dilatação do tempo, o investimento no cromatismo dos planos, a valorização dos vazios nos quadros e o som desnaturalizado com ruídos amplificados. “ Segundo Camila Vieira , em um dos artigos do livro on-line Cinema de garagem, significa uma enorme radicalidade estética no Filme Vilas Volantes de Alexandre Veras. Este cineasta emerge destas metodologias estéticas e coletivos de produção para contar as histórias de Comunidades de Pescadores em relação as suas memorias e as Dunas que se movem como a memória dos moradores.

Os caminhos no Ceara se entrelaçam  em um mosaico com a chegada do Alumbramento Filmes em 2007. Eles mesmos propõe em seus filmes estes caminhos como “ desta especie de deriva urbana, motivada pelo encontro com estas pessoas e por seguir seus percursos pela cidade...” um relato sobre o filme Sábado a noite realizado por eles. Porém o encontro não se efetiva, a realidade nega sua proposta estética, então eles filmam  olhares singulares e contemplativos sobre Fortaleza. “Um sentimento de espera por algo que pudesse irromper numa cidade vazia...” ou talvez pudessem ter rompido as fronteiras e limites de propostas éticas e estéticas como no caso do Pinheirinhos ou em milhares de outros lugares ,aonde não há espaço nem tempo, para que tantas singularidades se expressem.  

Assim os realizadores motivados pela amizade e amor ao cinema desejam viver a sua utopia.  Revelarem seus imaginários afetivos enquanto colaboram na criação do roteiro, da fotografia, do som e da montagem, em coletivos que nascem em atelies, na produção de curtas em políticas públicas, como o Vila das Artes. Os filmes começaram a circular em Festivais e passaram a a ter repercussão nacional. Depois surge neste jornada o Curso de Cinema da UFC com “um dialogo mais rigoroso com a história do cinema e a arte contemporânea “  

Do qual Ikeda em suas disciplinas vai fazer todo resgate e compreensão de uma geração sobre estes processos históricos mas singulares que emergem de coletivos de garagens , de cursos e de de suas casas através de filmes que revelam éticas, estéticas e politicas. São filmes “que assumem a imperfeição e o inacabado como estratégia politica de um cinema possível  de ser feito no Ceara “ segundo CamilaVieira.

Uma pausa visual para o impossivél!

Neste ponto faço uma pequena pausa também visual                                para emergir um olhar critico e reflexões sobre estes filmes em relação a “Derrubaram o Pinheirinho “e outras propostas áudio visuais que emergiram com a Primavera Árabe, Ocuppys e outros.

As realidades mesmos subjetivas que registramos podem e devem ser alteradas e transformadas está é umas das questões éticas, estéticas e politicas mais importantes de nosso tempo. Neste sentido e com respeito as afetividades a arte sempre ousou, além de denunciar opressões e violências , que castram a subjetividades  de milhões de pessoas.

Torna-se vital imaginar novos caminhos. Dar visibilidade à imaginários e vidas excluídas , que possam ser vistas para enriquecer nossas subjetividades , diante de milhares de realidades e possibilidades de outros mundos , que impactariam na construção de nosso ser , principalmente como artistas.

É urgente no meio do vazio , do mais do mesmo, ou filmes para minha família e amigos ver que as injustiças ganhem a hegemonia das imagens, inclusive as nossas. No momento em que fugas subjetivas nos afastam de nossos desafios coletivos e mesmos pessoais , se fabricam seres e filmes cada vez mais iguais.  Fazer um filme de qualquer jeito e sobre qualquer caminho talvez não seja o melhor caminho que a arte desafia seus realizadores.

Milhares de Pinherinhos e subjetividades invisíveis são derrubados todos os dias & Métodos singulares ou coletivos sem câmeras, nem cursos de cinema, com os recursos da vontade e do talento. Dando visibilidade e arte , as éticas, estéticas e politicas que gritam do nosso lado.

No outro lado da Revolução temos , Fabiano Amorim , que apreende com Michel Moore a apresentar os personagens da história que gerou o problema ou injustiça , resgatar o passado usando desenhos gráficos e a misturar imagens de TV com entrevistas e outras técnicas de documentário apreendidas por ele pela internet. Ele cria dispositivos como uma TV dentro do filme para usar como um aliado na própria luta contra a grande mídia e suas Histórias. Uma voz em off nos conduz por uma jornada entre matérias jornalisticas, depoimentos e dados. A história é construída temporalmente como que vivenciássemos o processo na justiça, a angustia dos moradores, as manobras do donos do terreno , da Prefeitura, dos Governos e dos advogados do Pinherinhos. Um  jogo , um documentário , que não evolui para um final feliz.

Os efeitos do Documentário “Derrubando Pinheirinhos “ são muito maiores!

Os efeitos se multiplicam para alem do caso do Pinheirinho em outras fronteiras. Hoje são mais de 10 mil acessos. Serve como grito em redes que visam despertar o Brasil em milhares de situações como essa do Pinheirinho ou outras tragedias como a Boate Kiss em Santa Catarina. Gostaríamos muito de saber toda a história , contada de forma independente , do que esta por de trás ou embaixo, dos bastidores dos poderes que tudo fazem menos as suas obrigações públicas , tornando se reféns de interesses privados.

Este documentário incentiva outros jovens a percorrer este caminho e abordar outros assuntos/temas.  Ele abre oportunidades para que comunidades, ONGS, ativistas ambientais, e outros crie uma agenda de transparência e controle social da mídia , utilizando esta produção em  rede como alternativa de um poder social. Sim a internet e o You tube podem gerar documentários inteligentes e poderosos em suas mensagens e conscientização. Desde que como observamos no inicio " o grande desafio dos tempos atuais é conseguir reorganizar toda essa imensa quantidade de material já disponível, e fazer uma reflexão crítica, separar o joio do trigo, e tirar conclusões.
 
Sem interlocutores, ele mesmo conclui sua jornada, para conquistar milhares de interlocutores.

O Impacto maior se dá quando Fabiano Amorim encerra o documentário com a seguinte fala:   
“Este documentário não foi produzido por mim , mas por cada pessoa que tirou uma foto, que fez uma filmagem, que fez uma reportagem na TV, na internet, que fez um artigo em seu blog, que fez uma charge, que compartilhou nas redes sociais, que fez um documentário, que brigou pelo Pinheirinho. Sem eles este documentário jamais teria sido produzido. Sem eles o Pinheirinho estaria hoje numa situação bem pior.”

E termina com um pedido “ a esperança, a esperança, depende de você agora denunciar o poder público que fez isto. Nós brasileiros não podemos permitir que esta história fique assim, extremamente mal contada" “
Como foi pela grande mídia, e talvez seria pelo Studio, mas neste modelo temos a oportunidade de contar esta história de milhares de formas, mesmo que nos falte câmeras e cursos de cinema nunca faltara vontade e talento de milhares de jovens neste país.Os protestos, éticas, estéticas, politicas tem que sair das garagens e casas de amigos para ganhar o mundo e a vida de espectadores cada vez mais emancipados pela arte, pelo cinema, bons documentários e pela internet. 

 http://www.youtube.com/watch?v=-OqKwup0b8c
  


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A sala de aula de Renan no Senado Brasileiro e suas perversas lições.


Se numa sala de aula, poucos alunos que não tem as melhores notas nem inteligência , mas uma doença pelo poder. Tomassem a decisão de dominar a escola controlando a agenda do que é feito, quem faz o que na sala de aula e para onde vai os ganhos dos pontos positivos pelos trabalhos ? O que aconteceria ?

A primeira providência é pegar os piores alunos para liderar pontos estratégicos da escola como lanchonete, biblioteca, festas, transportes, esportes, sala de informática e outros. De forma que ninguém possa fazer nada sem passar por eles. Depois pega os mais medrosos e abestados e enche a a bola deles dizendo que são o máximo  desde que sigam os lideres em tudo, cumprindo ordens. Ai começa a trocar o acesso a lanchonete, biblioteca, jornal, computador, esportes e outros por votos. E manda os alunos votarem nos mais medrosos e abestados.

Enquanto os dividendos das festas, transporte escolar, biblioteca, lanchonete e outros são repartidos entre os chefões. Uma parte eles transformam em negócios para sócios tomarem de conta e a outra compra mais alunos principalmente os que não tem o que comer, nem livros para estudar. E diz assim “olha eu estou te dando uma chance de viver e melhorar de vida, seja grato, vote em mim , e não perca a minha confiança, se não lhe lasco.”

Por fim bloqueia ou privilegia o acesso de um ou dois no máximo ao Diretor da Escola ou Professores de forma que apenas os chefões do grupo possam contar o que acontece na escola ! E pelos “serviços prestados “ e “confiança” ou seja deixa que eu cuido da boiada dos alunos e dos líderes políticos para você. Ainda invisto no jornal da escola para que todos fiquem famosos , propagando ao máximo sem questionamentos, as besteiras que estamos fazendo. E que apenas um detalhe são muito caras para impressionar outros abestados  e o percentual do roubo ser maior. Assim exigem que comandem aquela sala de aula , depois outras, e cada vez mais escolas de eleitores. 

Como esta situação prolonga por muito tempo, vira regra e depois lei nas escolas. Ate os líderes da esquerda apreendem porque é a forma mais fácil de se manter no poder. Enquanto aqueles poucos que sobram , que não entram neste jogo , são isolados pelas forças do poder brutal, violento e covarde. Até as  ditaduras no mundo não negaram sua verdadeira cara e geraram resistências e oposições de verdade. Por aqui sorrir, mentir, e roubar falando em Democracia e Politicas públicas que são privatizadas nas “escolas e salas de aula” brasileiras é normal. Por aqui as Instituições e os Direitos viram negócios das escolas e seus falsos líderes , ora os piores ora os mais covardes, obedecem o que os chefões mandam. 

Ao controlar a agenda e o que é feito , elimina a possibilidade de que outros alunos,  não concordem , e construam outros caminhos na Escola. Se mantem o poder pela força. Elimina a possibilidade de que o Debate livre aconteça , as melhores ideias floresçam, surjam outros caminhos, até mesmo que as pessoas sonhem porque à força os destroem ate pelo estomago. Insisto os discursos dos chefões e lideres vão dizer várias coisas delirantes e fantasiosas porem as praticas sempre são as mesmas há 513 anos.  Por aqui o que se chama de Partidos ou Governos são cartórios que legitimam negócios ou  Bancos pois eles transformam cargos e orçamentos em dinheiro e votos.

Nós lutamos por outro tipo de escola e salas de aulas para que seus alunos não sejam reféns de lideres ora covardes ora mafiosos. Nós lutamos para que os alunos digam, gritem e denunciem que a biblioteca, lanchonete , transporte , livros são deles. A Educação e a Politica se constrói com Autonomia e liberdade de pensar, construir outros caminhos e de sonhar. Nós lutamos não para eliminar conflitos com acordos mas para gerar pontes e diálogos entre diferentes. Nós lutamos para que todos conheçam os chefões e seus esquemas de poder e que estes não finjam ter vergonha ou busquem iludir com propagandas e bonitos prédios que não funcionam e não tem impacto na vida das pessoas. Nós lutamos para que se possível todos apreendam seus poderes para que possam viver suas vidas de forma ética e estética  Nós lutamos para que as pessoas conheçam os jogos vorazes construídos em nome de Deuses ou das Democracias. Nós lutamos.

Mais as paredes das escolas e das salas de aula estão caindo, e pudemos nos conectar. O que antes era feito em gabinetes agora fazem em qualquer lugar. Não tem vergonha mais de suas entranhas e da podridão de seus poderes. Criam na marra lideranças e acordos.

Enquanto nós lutamos, nós cantamos, por novas formas de ensino e fazer politica.  E nós não temos vergonha nem de nossos sonhos nem de nossa pobreza. Os grandes poderes caem sozinhos ou por revoltas,  e pagam todas as suas maldades. Porem as trajetórias de alunos que apenas querem mudar a vida de outros alunos , construindo ideias , compartilhando sonhos, não tem medo de enfrentar e lutar contra qualquer louco pelo poder. Eles ficam sem saída. Porque se eles souberem fazer contas simples de matemática não tem como comprar todos os interesses e além disto quando uma gota de choro de um , se junta com o suor do trabalho destruído do outro , as multidões se formam com o aumento do sofrimento dos massacrados, os rios se formam , descendo em grandes cachoeiras, levando tudo que esta no caminho para o rio seguir por novos cursos e horizontes nas vidas das pessoas. Assim se faz a História de lideres de verdade.        

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

SONS QUE ORQUESTRAM SERES - Uma jornada com Consigla.




SONS QUE ORQUESTRAM SERES - Uma jornada com Consigla

E se cada um de nós se transformasse na nota de uma musica sem partitura ou no instrumento de uma orquestra sem maestro ? Se tiver que criar uma musica andando pela cidade com outras pessoas que não conhecemos ? E conseguíssemos ouvir alguns sons que tocam dentro de nós ? E buscássemos interagir com os sons dos ambientes  e das pessoas que encontramos nos caminhos por onde passamos ?

MUSICA.

Cada ação, um som. Ver o som tornar-se o centro de tudo foi encontrar o som como arte. Emitir o som de outro também foi uma experiência lúdica que me ensinou a buscar interpretar  o que vejo por sons. Outro passo na Jornada de Consigla. Entre um som curto e um longo apreendi a duração. De nota em nota, ou gesto em gesto, fui apreendendo como elas interagem entre si formando um ritmo. Uma musica construída com os corpos e a percepção.

Sinto que as palavras que não consigo canta-las é porque meu corpo não pode ouvi-las nem vê-las. Chega a hora de sentir a pulsação de nosso corpo na vida. Sons e movimentações corporais se articulando sozinhos para emergir em grupos. Neste ritmo dos sons e atos mais simples aos complexos, fomos construindo uma musica do grupo, com seus sons e corpos, a partitura era gerada pela interação com o outro. Aos poucos fomos apreendendo a identificar padrões e segui-los. Encontrar o silêncio de cada um foi tão importante quanto o som. Aprender e escutar o som , inclusive o nosso, nos ensina outras percepções não somente sobre a musica, mais sobre o mundo e cada um de nós.Entender como a musica ajudou a construir mundos e subjetividades é um desafio.

a musica ajudou a construir mundos e subjetividades...

Bater uma palma, tentando manter a regularidade e a velocidade do pulso, com cuidado para não antecipar ou atrasar o tempo. Escutar o pulso enquanto a vida passa me ensina a autonomia do som. Ir além da repetição que se rompe com a diferença para mim representa o nascimento da arte e da cultura. O ritmo, ganha vida em cada cultura, varia em altura, em intensidade, em timbre, em velocidade e em duração.

Sentir e viver a musica é o grande ensinamento de Consigla. Ampliar e dançar com nossa percepção muda horizontes e integra o interior com o exterior.

Cada um de nós quer interagir com os grupos que vivemos, mas cada um no seu ritmo, buscando construir de forma coletiva uma musica para estes acontecimentos e a vida que deles emerge. A criatividade era limitada por regras e condições. O som/movimento que fazia tinha haver com minha personalidade mas muito com ambiente e trocas que ali aconteciam .A cada som/movimento que era acrescentado ao organismo mas energia fluía para o resto do grupo. Descondicionamos o som como repetição ou como musica decorada e passamos a viver aquele momento com o que ele tinha de desafio e de construção. Comecei a observar como a musica, o teatro, o cinema, a dança estão pulsando ali nos atos das pessoas na vida real. Se pudéssemos extrair momentos, seus encontros, a energia viva que circula tem seus efeitos em sons, movimentos, cenas, e outros.

Educar o ouvido é bem diferente do que o olhar. Estes exercícios me ensinaram que as cores e os sons tem tons , mas que os sons se combinam de forma diferente que as imagens. Os sons se sobrepõe, combinam, interagem, mesmo em tons diferentes talvez forme um ritmo ? ou não ? No cotidiano podemos apreender a vida pelos sons.

 apreender a vida pelos sons....

“Em um instrumento melódico não é possível executar mais de uma nota musical simultaneamente, ou seja, não é possível executar um acorde. Já os instrumentos harmônicos executam acordes, porque tem essa característica de poder executar mais de uma nota simultaneamente. Alguns instrumentos podem exercer características harmônicas e melódicas, dependendo da forma como ele é tocado, exemplos destes são o piano e o violão.
E o ser para ser humanizar tem que apreender a tocar a vida ora de formas harmônicas ora melódicas escrevendo sua musica na arte de viver de forma ética e estética.

Durante a jornada de Consigla fui apreendendo a unidade entre voz, olhar e movimento formando um único conjunto que não sei se é o corpo mas a vida porque interage todo tempo com os ambientes naturais, sociais, culturais e mesmo com o saber que temos sobre eles. Acho que vivemos sempre buscando a batida perfeita em nossa vida. Algo como ao nos movermos à musica e a imagem ganhasse vida, ora um, ora outro, nos conduzisse a novos movimentos ora harmônicos ora melódicos.

Os sons pode nos ajudar a nos organizar de outras formas para alem das imagens. Perceber vários detalhes de nossa existência. Primeiro se conseguíssemos nos escutar ? e ao nos escutar, escutar o outro, a vida, o mundo, observaríamos eles falando de várias formas , e muitas vezes gritando ou silenciando diante de imagens, atitudes que não gostamos, mas que a fuga e não os sons tem sido a resposta.

Acredito que quando “criamos musicas ou sons ”estamos tocando pela primeira vez, vivendo, testando, buscando melodias...e nem todas as batalhas são vitoriosas porque o processo flui ao redor de trocas que fazemos entre nós e o mundo buscando uma certa melodia possível dos temas que orientam nossos sentidos.

A organização da música provoca diferentes paisagens sonoras, evocando sensações e sentimentos a partir da música. A busca de singularidades e menos de padrões me anima como artista porque fortalece a autonomia dos artistas para além dos sucessos ou formulas impostas pelas industrias.

Busco cada vez mais como a diferença de cada artista , melodia , é construída ? Como ele ilumina novas áreas antes silenciadas ou excluídas em suas sonoridades? De alguma forma elas sobrevivem fora dos contextos ate que outros começam a perceber sua magia, seu som, seu encantamento que iluminam novos contextos “ melódicos”.

Fico pensando quantas musicas guardo na memória ou de repente surgem pelas histórias que contam e que tem haver com o que estou vivendo naquele momento. Acho que a musica busca um relacionamento biológico conosco algo que nosso corpo e alma se sintoniza melhor com a musica do que com a razão morta de vibrações, de timbres,de melodias...Talvez porque a musica nos ensina a sentir e pensar junto, ousando como um sonho, timbres que nosso corpo não aguentam naquele momento, mas que os ajuda a expandir ou seja o corpo sentido de outras formas.

E quando em coletividade aprendemos que timbrar é ajustar o seu som , o mais próximo do som , que a outra pessoa está fazendo.

Toda vez que assisto o filme  “ O segredo de Betthowen”ele começa a nona sinfonia com uma frase “hoje a musica mudara para sempre” Eu não entendo mas para mim uma coletividade de vozes, acontecimentos, instrumentos estão ali dialogando, dançando, brigando, sonhando, e os sons expressam a minha alma ora conflito seguido de paz,  paz que vira amor, mas que se revolta, sonha. Explode e cala será isto os timbres ?

Como um maestro fico imaginando por exemplo como Hans Zimmer cria as musicas que se tornam trilhas sonoras de filmes? Qual o impacto que aqueles instrumentos,  movimentos , sons tem sobre as pessoas? Fico imaginando o cajado como um maestro vivo que apontasse o encontro do ritmos dos vários personagens e cenas vividas por eles ? No meu caso pequenos gestos neste contexto teriam os mesmos efeitos ?
Entre Mozart e Hans Zimmer temos uma distância temporal mas acho que os dois com seus recursos criavam e dialogavam com personagens, cenas e ambientes a sua volta.

De várias formas vivenciais Consiglia nos ensina  a entender as notas em nosso corpo como pulsos, nosso corpo como instrumento, o ritmo, a melodia, como trocas entre eles em momentos e tempos distintos, a composição como encontro e dialogo entre sons que interagem para realizar a musica.Somos orquestras e nos tornamos orquestras com outros de acordo com as musicas que vivemos.

Somos orquestras e nos tornamos orquestras com outros de acordo com as musicas que vivemos.

Amo Musicais e Operas porque a razão é cantada e dançada em uma História musicalizada por uma orquestra que toca ao mesmo tempo o ambiente, os personagens, a História e o publico, uma magia de conexões entre artes. Bem os musicais nos convidam a ver o teatro pela orquestra assim como os filmes por suas trilhas.

E se toda imagem tivesse um som em nossa mente ?  E se nossa forma de ler as imagens , os padrões e grafias dos sons , reduzisse nossa compreensão dos mundos em que vivemos ? Porque alguns encontram singularidades de sons e outros apenas a repetem e se maravilhavam com a repetição sem diferença ? Porque não podemos criar e ouvir ao mesmo tempo os sons que emergem de nossa alma, de nossos sonhos, atitudes, vontades, vida ?

Acho que a pesquisa que Consigla realiza encontra caminhos para esta nossa época ou paradigma ético e estético capaz de cada um de nós viver a sua musica e o seu filme!

Talvez se buscássemos as origens das linguagens na humanidade , em gestos com sons que não eram palavras , mas buscavam situações e sentidos. Não estranharíamos estes procedimentos pela lógica da razão e da história. Porem ao nos colocar no processo em contextos semelhantes. Sentimos dificuldade em expressar não palavras mas sons que venham de dentro e não de fora e transforme em gestos que signifiquem o que sentimos. Nossa sociedade talvez focou demais em comunicar , do que em ter algo a dizer , em algo que seja significativo para inventar nossas palavras,  sons , gestos , mas principalmente novas formas de se comunicar e interagir com si e os outros que lide com as diferenças e não apenas com os padrões . E a jornada apenas começou....

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O SAGRADO É O CORPO - Ensaio para uma Coreografia de Dança e um filme entre a Bailarina e a Professora na vida do palco.



O SAGRADO É O CORPO - Ensaio para uma Coreografia de Dança e um filme entre a Bailarina e a Professora na vida do palco.


OS ESPAÇOS TEMPO COMPOSTO DE DANÇAS NO PENSAMENTO DE THEREZA ROCHA!


Ensaio para uma Coreografia de Dança e um filme entre a Bailarina e a Professora na vida do palco.   


1.    RESUMO

Tudo começa pelo um corpo que se movimenta ou um pensar que move o corpo ? talvez bem antes....Como nos lembra Thereza “a escrita sobre arte pela escrita de arte fazendo da pesquisa em/de/sobre arte um exercício desafiado pela hibridação entre o seu formato e a natureza do objeto investigado.” Ou seja pela dança entre palavras e os corpos, vou seguir suas palavras para ver como elas dançam em minha mente-corpo.

A primeira e mais importante critica do texto é que a fluidez não é um conceito do Bauman e sim uma atitude ética no mundo. Esta fluidez sem classificações nos leva pelo texto a uma jornada de perguntas as vezes ao espectador, outras a academia, aos corpos e aos pensamentos; que não deixam ser fotografados em conceitos, mas que se transformam em movimentos nos corpos. Afinal é o corpo que faz perguntas como nos lembra Helena Katz citada por ela.

Antes da Genealogia de Foucalt que é baseada na Antropologia de Kant.

Kant  nos faz lembrar que  o experiencial , que gera singularidades na fluidez dos tempos e dos espaços, é a fusão de entendimentos e sensibilidades nos corpos.

E a escrita de Thereza , sobre a dança que se observa, constroem em mim experienciais que se misturam as leituras do texto e outros contextos de danças e bailarinas que convivi . Observo suas palavras ressoarem em outras singularidades e danças, inclusive na minha singularidade , como também alguém que pensa ou dança.

A DANÇA DAS COREOGRAFIAS EM CONTEXTOS DISTINTOS- A busca da singularidade da dança em corpos diferentes!

A alienação e opressão econômicas, sociais e psicológicas sofridas pela natureza da mente-corpo de bailarinas que vivem em comunidades pobres e que as transformam em danças na EDISCA; é uma boa jornada, talvez, para iluminar reflexões quando o tempo e os espaços agem de forma distintas entre os corpos de uma coreografa profissional e uma iniciante em dança oriunda de uma comunidade pobre.

Assim seguimos nossa jornada em mais um passo de um Thereza “Inaugura-se no corpo como corpo um processo de invenção impulsionado pela busca da dança “de cada um (Isadora Duncan em Arte da dança: ‘a mesma dança não pode pertencer a duas pessoas’)” (LOUPPE, 2004, p. 44)Ou conjunto de passos .... a busca por transformar um modo particular de mover, em dança.... Trata-se talvez de uma espécie de fabricação de si como diferença em relação a si mesmo; uma espécie de autopoiese, um trabalho estético-político de criação de si.

Acompanhei nos Festivais de dança em Fortaleza, uma oficina aonde jovens bailarinas oriundas de projetos sociais, tentavam seguir os passos de Ana Botafogo. O que ali se denominava técnica, reproduzindo padrões e lógicas de espaço e tempo, ao invés de libertar aprisionava mais este seres. Na verdade não eram seus corpos ou sua mentes que estavam dançando mais sim mecanismos institucionais.

A alteridade, expansão ...não aconteciam.  “Relações mais abertas para a pluralidade, para a inauguração do novo e para a expressão da diferença “

Como afirma Thereza o corpo das meninas não vira processo, a descontinuidade entre técnica e estética é latente. E ela conclui : A aula que eu faço não é mais a dança que eu danço, pois o corpo passa a inventar movimento e esse é um caminho que o levará quase inevitavelmente às danças contemporâneas.

2.       OS ESPAÇOS TEMPO COMPOSTO DE DANÇAS NO PENSAMENTO  DE THEREZA ROCHA!

Theresa faz com que as palavras e os corpos dancem para além do palco na vida das pessoas. Ela leva o movimento para as fonteiras entre o imaginário e os corpos. Porque se antes quem dançava era os corpos muitas vezes repetindo movimentos. Agora quem dança é o pensamento buscando anular os movimentos que repetem trajetórias não singularizadas.

Os ingredientes da Dança Contemporânea para alem do espaço e do tempo agora se misturam com as complexidades  sociais e estéticas do mundo que passou a ser o palco para quase todas as artes.

Antes de serem corpos são pessoas e suas singularidades, antes de serem pessoas , são tecidas por mundos que tensionam ou deixam fluir seus corpos e seus movimentos. O olhar do artista sobre as pessoas e seus mundos, seus corpos em movimento, diante de uma fluidez sem precedentes, faz com que as coreografias transcendam algumas ideias simples que buscavam sintetizar a percepção da dança para seu publico.

Porem precisamos conectar estas passagens que nos levaram a dançar no infinito, na incerteza, sobre a diversidade de olhares,  incluindo os não presentes. Esta rebeldia cria novas histórias ao invés de representar uma . A Dança conquista assim sua autonomia  ao se deixar cair para se erguer de diversas  formas. De padrões para singularidades a jornada começa  pelo fim dos corpos e sua unidade na dança.

De que forma pensamos estes movimentos e as singularidades que registram ? Quais os passos que geram conceitos?  Os sentidos agora invertidos não devem mais favores há palcos, ritmos, grupos, nem mesmo a musica.


3.0 A DANÇARINA SAGRADA DO BALE EDISCA ENSINA A COREOGRAFIA DA LIBERDADE DO CORPO E DA VIDA.

Ensaio para uma Coreografia de Dança e um filme entre a bailarina e a Professora na vida do palco.
  
Alguns movimentos dos corpos em sociedade entre a bailarina pobre, a coreografa, o espetáculo,  espectador e pensadores precisam se tornar visíveis pelas ideias que formulamos sobre eles.

O Sagrado é o Corpo! De que adianta “libertar” a razão ? Se é sobre os corpos que atuam várias formas de violências, de disciplinas, de políticas que visam tirar de cada um de nós a autonomia de nossos movimentos.
Por que não podemos falar em Dança sem inseri-la no contexto maior da vida ? Porque a Dança é também uma forma de terapia, de cura , de arte , de liberdade, de emergência de singularidades do corpo em movimento. É a busca do seu primeiro passo, do grito do corpo, anestesiado por torturas que calam sua expressão natural , pelo medo de não obedecer a mente.

O que é visível na dança ? O que podemos nomear destes movimentos ? O que busca tornar invisível na ideia de corpo em movimento para que a ideia de dança seja possível?

3.1 A Jornada da bailarina e da coreografa antes de dançar!

“Ela talvez tivesse um nome e era: Fátima. E de repente o vinho virou água. E a ferida não cicatrizou. E o limpo se sujou. E no terceiro dia ninguém ressuscitou”

Fátima ? acorda, tá na hora! O corpo não quer se levantar. Agora você faz Bale na Edisca. Igual a filha da patroa que estuda na Escola do Hugo Bianchi. Esse sempre foi meu sonho.O Corpo quer imaginar o que é sonhar ? Fátima é uma das 500 crianças que concorreram por uma das 40 vagas na EDISCA. Lá ela vai ter aulas de dança, reforço escolar, cuidados médicos , alimentação , apoio psicológico e outros. Ela mora no Bom Jardim um dos bairros mais violentos de Fortaleza. Recentemente as garotas da EDISCA tem sido assediadas para prostituição , porque são bonitas e bem cuidadas , chama a atenção dos cafetões em seu bairro. Um dos alunos bailarinos da EDISCA foi morto por traficantes, arrastado o corpo pelas ruas da comunidade, porque “se achava demais.”

O Contexto da vida e os contornos do corpo são inscritos ao mesmo tempo na coreografia fora do palco e no palco.

Uma das cenas mais belas do Bale Sagrado -
http://www.youtube.com/watch?v=vm6vlBJhhdA.
É quando elas dançam na água , sinônimo estético de vida. Outros contextos gerados pela arte tensionam o corpo e a mente da bailarina. A abertura dos movimentos do corpo não se fecham. Ele se expandem a todo momento ora interagindo com o outro bailarino, ora com o meio da água  A água é o espaço onde a vida e a dança acontece, por isso é sagrada como Fátima.

Eles deslizam entre suas sombras e seus corpos, entre as luzes, o movimento é dançar com água para conhecer seu corpo e a vida que se forma através dela. A dança agora distensiona o corpo unindo a musica, as luzes e água. O Imaginário do espectador talvez também consiga dançar ?

“ Fátima “entra carregada pela mão do bailarino, ela gira em espirais, ela busca integrar o seu corpo com a natureza do planeta. Essa é a proposta de vida orquestrada pelo Palco Sagrado da dança.
“A gente esta ensaiando aqui a tarde inteira, tá sendo bem puxado, bem difícil  as vezes machuca, as vezes doí, mas a gente esta lá continuando...”  
http://www.youtube.com/watch?NR=1&feature=endscreen&v=Lmpuhg8JSyE

Quanto o corpo aguenta das tensões da vida sem se render ? sem responder com os fantasmas da razão justificando ou negando os gestos ? Sem que as condições sociais destrua , domestique, limite estes corpos pela economia, sexualidade, ou pela cultura ? Não sera a Ciência ou psicologia a nos dar estas respostas, mas como diz Guattari “a capacidade de formulação e compreensão de paradigmas éticos e estéticos “que  fazem com que Fátima, a Coreografa, o palco e a vida dancem.

Formas de viver, apreender, mitos e ritos de nossa sociedade, mas também sintomas, afetos, angustias que lidam com nossas inibições e pulsões que movimentam nossos corpos.

Freud já falava dos processos de singularização semiótica que considera a subjetividade pelo Angulo de sua produção e portanto de seus movimentos.Movimentos da juventude em suas casas, nas relações com os pais e a sociedade. Movimentos de uma bailarina que tem a oportunidade de dançar com a vida de outras formas. O cruzamento dos fatos de sentido, materiais e sociais, cria novos universos de referência para Dança. Estes novos possíveis no corpo da bailarina podem gerar efeitos em sua alteridade como ser coextensivas ao real , ao palco , a vida.

A   Resistência orquestrada pelo ensino e pratica da dança por garotas pobres , liberta seus corpos de vários poderes que atuam sobre ele. Ela cria novos caminhos serem explorados a interface Arte-Filosofia- Ciência no ensino da dança e na produção de espetáculos que traga a tona esta dança que ocorre nos corpos dos seres entre sua subjetividade, singularidades e os mundos em que vive.

“Do paradigma cientificista ao ético-estético. Admitir que cada indivíduo, cada grupo social veicule sua modelização de subjetividade através de cartografias, de demarcações cognitivas, míticas e rituais em relação aos seus afetos, angústias, inibições e pulsões.” É o que busca ou constrói de alguma forma as subjetividades das bailarinas no processo ético-estético da EDISCA. “A tecnociência, o seu processo criativo (estético) e a criatividade tendem a encontrar uma especificação artística, mas o paradigma estético implica uma instância ético-política.”

A Bailarina” Fátima torna-se assim um pouco mais livre da dança sagrada transformada em ritos e programas de beatificação dos palcos mas do que em arte. Começa a buscar caminhos estéticos em sua dança que insiram uma instância ético-política na sua arte e na relação com os pais, a comunidade, a escola e a vida . Porem agora ela tem que ser coreografa de seu corpo, mundo, movimentos e vida. A tensão agora com a coreografa desenha os contornos do palco, do espetáculo,  da vida.

3.2 A Jornada da Coreografa antes de dançar!

E quando os coreógrafos tem que desconstruir para construir ? Não há limites mas passagens, processos , jornadas, que o caminho é a própria dança que emerge na vida e nos palcos.

Sylvia tinha estreado o Bale em 2011.
http://www.youtube.com/watch?v=k4500qfCC1A.
A musica ditava os passos e as palmas.O sonho europeu comandava seus gestos e sua mente. Enquanto dançava sua mente era disciplinada, seus gestos medidos, seu controle elogiado. As pessoas assistiam “onde esta minha filha agora ? “Fotografias, videos, ...a representação da arte , mas também do palco e da vida, e a dança ? A coreografa Sylvia quer deixar sua marca, este é o seu sonho administrado etapa por etapa ate o espetáculo  a noite onde tudo se justifica. Os sentidos foram se adestrando a cada etapa da coreografia, eles remetem sempre  a mais do mesmo, e qual é o problema ?

Enquanto um aluno de Teresa Rocha da disciplina Pensamento e Dança escrevia seu texto como um filme.Ele buscava desconstruir a ideia de dança para os corpos e realidades de vários personagens: Entre eles Fátima e sua mãe, Edisca e o Sagrado, Silvia, Hugo Bianchi e sua coreografias, professora Teresa , seu aluno Egidio e os pensadores da arte. Formando um Ecossistema capaz de lhe dar com a multiplicidade e singularidades dos corpos, com tempos líquidos e espaços fluidos, movimentos e a dança fora do palco e no palco. Era preciso desconstruir os espetáculos de dança e o formato do textos que falam sobre os vários Universos da dança onde os corpos e pensamentos se comunicam.

Egidio tentava resumir que para Derrida, a teoria da desconstrução consiste em desfazer o texto a partir do modo como este foi organizado originalmente. Assim, aparecem significados que o autor escondeu a princípio. Não se trata de destruir o significado dado pelo autor, mas de buscar uma pluralidade de discursos e de interpretações possíveis. Neste caso sobre a dança. O discurso e o conhecimento necessitam ser construídos de forma diferenciada. O autor pós-moderno localiza suas interpretações na estruturação e lógica dos textos, por serem estes as fontes primárias dos discursos políticos, sociais e culturais. Também, é através dos textos que os atores sociais transmitem suas idéias, como reflexo de seus pensamentos.

A mãe de Fátima,  a dançarina da EDISCA, tinha sido convidada para assistir a filha da patroa no Teatro, era o seu presente de Natal.  Ela resolveu ir afinal queria comparar se era melhor Sylvia ou o Sagrado que a filha estava ensaiando?

A Silvia cearense repete espetáculos, palcos, coreografias...Os alunos também, o ciclo continua , a dança é mais um atividade a ser cumprida pois faz parte da formação de qualquer menina. Porem no caso de Silvia ela se tornou a coreografia da própria vida !

http://www.youtube.com/watch?v=sq8m5jS8xdE

“Madame Millu era uma francesa que tinha no Rio de Janeiro, que dançava com Grande Othello. Hugo é um rapaz bom, fica. Porque eu ia assistir o filme do Fred Asterid e sai dançando depois. Eu dançava Guarani com uma musica estrangeira europeia. E depois acharam uma musica para mim . Hugo vale mais do que pensa. Quando voltei montei a Academia, ai montei Vale dos Cisnes, Carmem, Othelo foi o ultimo que dancei.” 

Derrida considera que tudo pode ser interrompido . Todas as coisas encontram os limites de seu controle. Todas encontram o seu Destino e Errância ,  é o caso gerado pelo Vírus que paralisa todos programas ou danças de um computador. Num bale, nas coreografias, na arte a mudança não é apenas tecnológica  mas tecnologicopoeticamente, um novo paradigma ético e estético emerge na vida dos Coreógrafos, bailarinos, espectadores e quem escreve e pensa sobre eles.

 “ E fora da de uma instituição, a desconstrução esta operando, quer se goste ou saiba ou não, em campos que não tem nada haver com que é especificamente filosófico ou discursivo. “

O Bale Sylvia e sua coreografia ao mesmo tempo que estava terminando, estava sendo desconstruída na cabeça da mãe de Fátima  Ela queria mais corpos em movimento como tinha visto no ensaio de Sagrado, ela queria que aquela dança tivesse outras belezas e falasse mais da vida das pessoas.Era um espectador emancipado que não estava ali para bater palmas , mas também para falar, se possível dançarem.

Mas Fátima ainda não tinha encontrado Silvia. Indo para o Via sul para estreia do Bale Sagrado, a mãe de Fátima se encontra com Silvia no Shopping. Ela convida Silvia a assistir Sagrado. Eu também estava lá , escrevendo meu artigo e filme, com todos os pensamentos de Teresa, Guattari, Derrida, Ranciere . Todos ao mesmo tempo fora e dentro do palco, dançavam com o pensamento, os corpos, a arte e a vida. 

3.3 O Encontro das vidas , dos corpos em movimento, na Coreografia Fora e dentro do palco.

Enquanto continuava a escrever o texto de minha pesquisa sobre a dança tinha entrevistado Fátima e sua mãe, Sylvia, Bailarinos da EDISCA, e outros. Tinha saído da aula de Dança e Pensamento para assistir a estreia de Sagrado. Enquanto não começava lia o livro de Ranciere, recomendado por Teresa Rocha.

“A estética e a política são maneiras de organizar o sensível: de dar a entender, de dar a ver, de construir a visibilidade e a inteligibilidade dos acontecimentos. “

Ranciere me ensina que há outras formas de fazer ou escrever sobre arte , sobre a dança...” O romance torna-se grande arte quando a vida de qualquer um se transforma em arte. A fotografia no cinema não é só uma forma de mostrar o visível, mas mostra que uma cena de rua ou a vida de qualquer pessoa tem direito de ser citada na arte. 

Sagrado vai começar... Fátima sobe no palco da vida, da dança e do pensamento. Sylvia não acredita que o Bale possa ser ensinado para garotas de periferia e ter espetáculos em Paris.  A Dança vira curso universitário na UFC, Ex-bailarinas passam no Vestibular e se preparam para realizar suas performances e ser professoras. Um novo ciclo ...

http://www.youtube.com/watch?v=ltzYw5pwhos

“Ela vem do interior, seu pai é pescador e sua mãe costureira por ser deficiente de um olho, acabou não exercendo uma profissão. A educação da arte ajuda não só uma área da minha vida, ela mexe com todas. Se eu sou determinada no palco eu também sou determinada na minha vida. Tem que ter  a mesma vontade de transformar os aplausos do palco nos aplausos da vida. Entrar numa Faculdade.”

No meio do espetáculo Fátima para no palco e convida Sylvia a dançar o pensamento de Teresa e todos os seus autores.

“ a pausa é uma pergunta que o corpo faz ao fluxo acerca do seu processo desejante; é a possibilidade de inaugurar e reinaugurar a todo momento o processo desejante/singularizante/ que distingue, na intimidade de um gesto dançado, o prazer de executar, o gosto de fazer. E isso é um a política. “

Fátima entra na UFC e se torna aluna de Teresa. Ela esta lendo o texto tempos líquidos e Espaços fluidos.
Egidio aluno de cinema , resolveu escrever sobre dança , usando também os conceitos de Tempos líquidos e Espaços fluidos para o cinema. Os personagens, seus tempos líquidos e os espaços fluidos, os conectam neste ensaio e filme para uma Coreografia de Dança entre a bailarina e a Professora na vida do palco.

A bem da verdade escondida neste texto como nos lembra Derrida , a professora não era da EDISCA nem Sylvia , o Bale de Hugo Bianchi. Mas Teresa Rocha que nos leva como alunos emancipados a construir caminhos e horizontes para Dança, Cinema, Teatro e Musica capazes desafiar paradigmas éticos e estéticos de nossa época. E novas formas de escrever e ensinar. 
  

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Somos filhos de nossas histórias



A vida também é um biblioteca onde guardamos nossos livros em nossa alma. Cada dia uma história, uma pagina, e como diria Galeano somos filhos de nossas histórias. Vivemos as cenas de nosso filme, ao mesmo tempo, que a vida continua com as mesmas coisas e se abre horizontes múltiplos.  Sim as palavras as vezes se comunicam com as imagens e as atitudes que tomamos no dia a dia mas quando se encontram abre um novo ciclo. Palavras, imagens, atitudes nos despertam aos caminhos e planos de nossa vida. Porem são as Histórias que as conectam em estratégias e equações que de alguma forma mágica define o prioritário e o vital em nosso ser. Entender esta mágica pedagógica é o desafio de misturar o sonho e real, o individuo e o coletivo, entender que não há oposições entre elas mas formação de singularidades éticas e estéticas raras em nossa vida.   

Foucault em um livro que não poderia ter titulo melhor “  A coragem da verdade “nos convida assim como os gregos há ter uma especie de diário para que possamos escrever sobre si  , “seja para coligir e meditar as experiências tidas ou leituras feitas, seja também para contar a si mesmo, ao despertar, seus sonhos..”

O que se busca com este diário é encontrar é um regime de vida que comporte o regime das paixões ou seja um modo de vida sob todos os aspectos. 

O que se busca é tentar ligar os pontos não em um seta mas em outras formas tridimensionais aonde cada ponto que se conecta altera a forma/imagem do que esta ganhando vida. Estes seres se expandem as vezes de forma orgânica ou caótica. O tempo não existe o que existe é o movimento.

Sim eu estava numa aula de dança, discutindo o pensar em movimento, e depois fui dançar na aula de musica para percebe-la não somente com os ouvidos mas com todo corpo.  De lá filmei a cidade observando o teatro das pessoas ate que cheguei a livraria para encontrar com Galeano que me dizia que sou filho de minhas histórias. Esta história deu a ideia de fazer o mesmo que ele, todo dia contar uma história sobre o que  vivi , outra história. Outras formas de contar são filmes .

As imagens  de um policial vivendo numa cidade corrupta a espera de anjos.  A imagem de um anjo dominada por um gangster demônio que só pode ser libertada pelo amor. A imagem de um amor ,  de amigos e de uma causa é o que no fim sobra para vencer uma guerra. As palavras do livro de Deleuze sobre Foucault me falavam que são estes enunciados que comandam a vida e que as atitudes que tomamos são construídas de fora para dentro. Escolhemos resistir ou obedecer aos poderes. E a poesia do sentido do que vivemos ou do não sentido tem sempre uma camada mais profunda das histórias para entende-las .

A final. Somos filhos de nossas histórias- palavras, imagens e atitudes da vida diária.