SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

SEM CÂMARA DE FILMAR, SEM CURSO DE CINEMA, 100 VEZES VONTADE E TALENTO – Revolução Social feita em casa mostra de Alagoas via YOU TUBE, a Derrubada pelo Governo de SP do Pinheirinho.

 http://www.youtube.com/watch?v=-OqKwup0b8c

100 anos antes do You tube.

Não faz muito tempo algumas décadas atras além das câmeras,  a película era carérrima, ainda tinha a revelação, distribuição, exibição, que em quase sua totalidade , quem fazia filmes eram os Grandes Studios e seus profissionais.  Ainda se acreditava no poder de “Grandes Câmeras” como o Estado e a Democracia e seus poderes de dirigir, filmar e representar a todos. Se lutava para que o Socialismo ocupasse o Poder, que o Paraíso vinha junto, com a ética e a estética de Lenim e Eisenstein.

Veio 1968 , os filmes de Godard e os textos de Marcuse foram lidos nas ruas em lutas contra a Guerra do Vietnam,  por Liberdades e Direitos civis , e nos Países Colonizados ou Socialistas pelo fim da ética de Stalins e outros Impérios.

Aí o Anjo da história se enganou , mandou Thatcher e Reagan , uma Baronesa e um ator, para dirigir o Neo liberalismo que culminou no domínio do Mercado Financeiro sobre o mundo e numa Revolução tecnológica com computadores, internet, câmeras, celulares, facebook, you tube, redes sociais...

Chegou a nossa era quando uma geração  de estudantes de cinema precisava de uma garagem, computadores e câmeras para realizar um bom filme. E agora mesmo a milhares de Kilômetros de distância,  sem a presença no local, sem câmera , sem curso de cinema,  jovens do mundo todo como em 1968 , lutaram e fizeram seus documentários sobre a Primavera Árabe, Ocuppy,  a luta por Educação de estudantes Chilenos e Espanhóis e outros roteiros de nossas vidas.  

Enquanto isso em Alagoas , Fabiano Amorim , produzia o roteiro da sua vida sobre outras vidas,  capturava imagens na internet sobre a desocupação do Pinheirinhos, um bairro/comunidade em São Jose dos Campos/SP pela policia numa operação de guerra .Imagens da chegada da policia e da população buscando formas de se defender e proteger seus lares e famílias. 

Ele se preparava para realizar  um documentário sobre uma guerra, um conflito civil,  porem a guerra não era só contra a policia , o Judiciário , a Prefeitura de São Jose dos Campos, o Governo de São Paulo e o Governo Federal mas principalmente contra a grade mídia . De cada lado da trincheira, éticas e estéticas a serem filmadas de forma distintas , pela grande mídia e redes sociais , modos de produção e exibição diferentes , de casa para o mundo , do lado de cá , faltava câmeras e cursos , mas sobrava vontade e talento.

“Ou seja, o grande desafio dos tempos atuais é conseguir reorganizar toda essa imensa quantidade de material já disponível, e fazer uma reflexão crítica, separar o joio do trigo, e tirar conclusões. É isso o que faz Fabiano Amorim em “Derrubaram o Pinheirinho” e é nisso o que reside a sua contemporaneidade.” Citação de um dos primeiros Blogs a popularizar o documentário.

A História vira as histórias de cada um , modos de produção coletivos,  e metodologias não cientificas para decodificar éticas, estéticas e politicas de uma geração.

Claro que o Professor Ikeda de Cinema da UFC , outro a difundir o documentário nas redes , poderia em sua cadeira sobre Linguagem crítica do Cinema falar sobre a era dourada do Cinema e seus “grandes” filmes ou sobre 1968 , os filmes de Godard , e o Impacto deles nesta época, tempos que não voltam mais. Porem ele preferiu mostrar a sua geração à sua própria geração, a sua forma de produção em garagens ou em casa. Suas referências são “cineastas”mais novos que ele. Ao ligar a sala de aula com as ruas e os filmes desta geração, cria caminhos para que possamos atualizar os conhecimentos , inclusive estão online na internet , http://www.cinemadegaragem.com , e debater e viver as questões éticas, políticas e estéticas do agora. 

O livro que adotou Cinema de Garagem também é escrito por jovens pensadores e realizadores que abrem as portas da gestação desta contemporaneidade do cinema em suas vidas .
Assim como Fabiano Amorim em seu documentário sobre o Pinheirinho milhares de outros “cineastas” buscam caminhos éticos, estéticos e políticos por trajetórias e lugares singulares. Há tempos em suas origens e em suas realizações.

No Ceara

Lugares como o Alpendre da Vila atuam como catalizadores que ligam artistas de várias origens com o despertar de novas estéticas...“ a dilatação do tempo, o investimento no cromatismo dos planos, a valorização dos vazios nos quadros e o som desnaturalizado com ruídos amplificados. “ Segundo Camila Vieira , em um dos artigos do livro on-line Cinema de garagem, significa uma enorme radicalidade estética no Filme Vilas Volantes de Alexandre Veras. Este cineasta emerge destas metodologias estéticas e coletivos de produção para contar as histórias de Comunidades de Pescadores em relação as suas memorias e as Dunas que se movem como a memória dos moradores.

Os caminhos no Ceara se entrelaçam  em um mosaico com a chegada do Alumbramento Filmes em 2007. Eles mesmos propõe em seus filmes estes caminhos como “ desta especie de deriva urbana, motivada pelo encontro com estas pessoas e por seguir seus percursos pela cidade...” um relato sobre o filme Sábado a noite realizado por eles. Porém o encontro não se efetiva, a realidade nega sua proposta estética, então eles filmam  olhares singulares e contemplativos sobre Fortaleza. “Um sentimento de espera por algo que pudesse irromper numa cidade vazia...” ou talvez pudessem ter rompido as fronteiras e limites de propostas éticas e estéticas como no caso do Pinheirinhos ou em milhares de outros lugares ,aonde não há espaço nem tempo, para que tantas singularidades se expressem.  

Assim os realizadores motivados pela amizade e amor ao cinema desejam viver a sua utopia.  Revelarem seus imaginários afetivos enquanto colaboram na criação do roteiro, da fotografia, do som e da montagem, em coletivos que nascem em atelies, na produção de curtas em políticas públicas, como o Vila das Artes. Os filmes começaram a circular em Festivais e passaram a a ter repercussão nacional. Depois surge neste jornada o Curso de Cinema da UFC com “um dialogo mais rigoroso com a história do cinema e a arte contemporânea “  

Do qual Ikeda em suas disciplinas vai fazer todo resgate e compreensão de uma geração sobre estes processos históricos mas singulares que emergem de coletivos de garagens , de cursos e de de suas casas através de filmes que revelam éticas, estéticas e politicas. São filmes “que assumem a imperfeição e o inacabado como estratégia politica de um cinema possível  de ser feito no Ceara “ segundo CamilaVieira.

Uma pausa visual para o impossivél!

Neste ponto faço uma pequena pausa também visual                                para emergir um olhar critico e reflexões sobre estes filmes em relação a “Derrubaram o Pinheirinho “e outras propostas áudio visuais que emergiram com a Primavera Árabe, Ocuppys e outros.

As realidades mesmos subjetivas que registramos podem e devem ser alteradas e transformadas está é umas das questões éticas, estéticas e politicas mais importantes de nosso tempo. Neste sentido e com respeito as afetividades a arte sempre ousou, além de denunciar opressões e violências , que castram a subjetividades  de milhões de pessoas.

Torna-se vital imaginar novos caminhos. Dar visibilidade à imaginários e vidas excluídas , que possam ser vistas para enriquecer nossas subjetividades , diante de milhares de realidades e possibilidades de outros mundos , que impactariam na construção de nosso ser , principalmente como artistas.

É urgente no meio do vazio , do mais do mesmo, ou filmes para minha família e amigos ver que as injustiças ganhem a hegemonia das imagens, inclusive as nossas. No momento em que fugas subjetivas nos afastam de nossos desafios coletivos e mesmos pessoais , se fabricam seres e filmes cada vez mais iguais.  Fazer um filme de qualquer jeito e sobre qualquer caminho talvez não seja o melhor caminho que a arte desafia seus realizadores.

Milhares de Pinherinhos e subjetividades invisíveis são derrubados todos os dias & Métodos singulares ou coletivos sem câmeras, nem cursos de cinema, com os recursos da vontade e do talento. Dando visibilidade e arte , as éticas, estéticas e politicas que gritam do nosso lado.

No outro lado da Revolução temos , Fabiano Amorim , que apreende com Michel Moore a apresentar os personagens da história que gerou o problema ou injustiça , resgatar o passado usando desenhos gráficos e a misturar imagens de TV com entrevistas e outras técnicas de documentário apreendidas por ele pela internet. Ele cria dispositivos como uma TV dentro do filme para usar como um aliado na própria luta contra a grande mídia e suas Histórias. Uma voz em off nos conduz por uma jornada entre matérias jornalisticas, depoimentos e dados. A história é construída temporalmente como que vivenciássemos o processo na justiça, a angustia dos moradores, as manobras do donos do terreno , da Prefeitura, dos Governos e dos advogados do Pinherinhos. Um  jogo , um documentário , que não evolui para um final feliz.

Os efeitos do Documentário “Derrubando Pinheirinhos “ são muito maiores!

Os efeitos se multiplicam para alem do caso do Pinheirinho em outras fronteiras. Hoje são mais de 10 mil acessos. Serve como grito em redes que visam despertar o Brasil em milhares de situações como essa do Pinheirinho ou outras tragedias como a Boate Kiss em Santa Catarina. Gostaríamos muito de saber toda a história , contada de forma independente , do que esta por de trás ou embaixo, dos bastidores dos poderes que tudo fazem menos as suas obrigações públicas , tornando se reféns de interesses privados.

Este documentário incentiva outros jovens a percorrer este caminho e abordar outros assuntos/temas.  Ele abre oportunidades para que comunidades, ONGS, ativistas ambientais, e outros crie uma agenda de transparência e controle social da mídia , utilizando esta produção em  rede como alternativa de um poder social. Sim a internet e o You tube podem gerar documentários inteligentes e poderosos em suas mensagens e conscientização. Desde que como observamos no inicio " o grande desafio dos tempos atuais é conseguir reorganizar toda essa imensa quantidade de material já disponível, e fazer uma reflexão crítica, separar o joio do trigo, e tirar conclusões.
 
Sem interlocutores, ele mesmo conclui sua jornada, para conquistar milhares de interlocutores.

O Impacto maior se dá quando Fabiano Amorim encerra o documentário com a seguinte fala:   
“Este documentário não foi produzido por mim , mas por cada pessoa que tirou uma foto, que fez uma filmagem, que fez uma reportagem na TV, na internet, que fez um artigo em seu blog, que fez uma charge, que compartilhou nas redes sociais, que fez um documentário, que brigou pelo Pinheirinho. Sem eles este documentário jamais teria sido produzido. Sem eles o Pinheirinho estaria hoje numa situação bem pior.”

E termina com um pedido “ a esperança, a esperança, depende de você agora denunciar o poder público que fez isto. Nós brasileiros não podemos permitir que esta história fique assim, extremamente mal contada" “
Como foi pela grande mídia, e talvez seria pelo Studio, mas neste modelo temos a oportunidade de contar esta história de milhares de formas, mesmo que nos falte câmeras e cursos de cinema nunca faltara vontade e talento de milhares de jovens neste país.Os protestos, éticas, estéticas, politicas tem que sair das garagens e casas de amigos para ganhar o mundo e a vida de espectadores cada vez mais emancipados pela arte, pelo cinema, bons documentários e pela internet. 

 http://www.youtube.com/watch?v=-OqKwup0b8c
  


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