SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quinta-feira, 18 de março de 2021

Sangrando pela arte e vidas brasileiras ! 1450 dias.


COVID se expandiu

E o terror já domina o Brasil

Faz denúncia Olodum Pelourinho

E lá vou eu


E o que me importa

É não estar vencido

Minha vida, meus mortos

Meus caminhos tortos

Meu Sangue Latino

Minh'alma cativa


Só vive da luta quem não desisti.

Qualquer que seja a luta aprenda a dizer NÃO! 

Quando o povo vai cumprir seu destino de ser povo.

É a sina de ser junto de ser muito e ser bravo. 

Quando a hora já sabida vai virar realidade. 


Quem me dera ao menos uma vez

Como a mais bela tribo

Dos mais belos índios

Não ser atacado por ser inocente


Aqui ninguém vai pro céu

Não precisa morrer pra ver Deus

Não precisa sofrer pra saber o que é melhor pra você


Nas noites de frio é melhor nem nascer

Nas de calor, se escolhe, é matar ou morrer

E assim nos tornamos brasileiros

Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro

Transformam um país inteiro num puteiro

Pois assim se ganha mais dinheiro


Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue


Dos humilhados e ofendidos

Explorados e oprimidos

Que tentaram encontrar a solução

São cruzes sem nomes, sem corpos, sem datas

Diz que homem não chora

Tá bom, falou

Não vai pra grupo irmão, aí

Jesus chorou!



Quando eu soltar a minha voz,

Por favor, entenda...

Que palavra por palavra eis aqui uma pessoa

Se entregando...

Coração na boca, peito aberto,

Vou sangrando...

Sao as lutas dessa nossa vida,

Que eu estou cantando.

Quando eu abrir minha garganta,

Essa força tanta...

Tudo aquilo que você ouvir esteja certa

Que estarei vivendo...

Veja o brilho dos meus olhos

E o tremor das minhas mãos.

E o meu corpo tão suado,

Transbordando toda raça emoção.

E se eu chorar e o sal molhar o meu sorriso,

Nao se espante, cante que o teu canto é minha força pra cantar.

Quando eu soltar a minha…



Só vive da luta quem não desisti.

Qualquer que seja a luta aprenda a dizer NÃO! 

Quando o povo vai cumprir seu destino de ser povo.

É a sina de ser junto de ser muito e ser bravo. 

Quando a hora já sabida vai virar realidade.

Quando o bravo sepultado vai virar canção de novo.



Ela é um poço de bondade

E é por isso que a cidade

Vive sempre a repetir


Joga pedra na Geni

Joga pedra na Geni

Ela é feita pra apanhar

Ela é boa de cuspir

Ela dá pra qualquer um

Maldita Geni


Um dia surgiu, brilhante

Entre as nuvens, flutuante

Um enorme zepelim

Pairou sobre os edifícios

Abriu dois mil orifícios

Com dois mil canhões assim


A cidade apavorada

Se quedou paralisada

Pronta pra virar geléia

Mas do zepelim gigante

Desceu o seu comandante

Dizendo: Mudei de idéia

Quando vi nesta cidade

Tanto horror e iniquidade

Resolvi tudo explodir


Mas posso evitar o drama

Se aquela formosa dama

Esta noite me servir

Essa dama era Geni

Mas não pode ser Geni

Ela é feita pra apanhar

Ela é boa de cuspir

Ela dá pra qualquer um

Maldita Geni


Mas de fato, logo ela

Tão coitada, tão singela

Cativara o forasteiro

O guerreiro tão vistoso

Tão temido e poderoso

Era dela prisioneiro


Acontece que a donzela

E isso era segredo dela

Também tinha seus caprichos

E a deitar com homem tão nobre

Tão cheirando a brilho e a cobre

Preferia amar com os bichos


Ao ouvir tal heresia

A cidade em romaria

Foi beijar a sua mão

O prefeito de joelhos

O bispo de olhos vermelhos

E o banqueiro com um milhão


Vai com ele, vai Geni

Vai com ele, vai Geni

Você pode nos salvar

Você vai nos redimir

Você dá pra qualquer um

Bendita Geni


Foram tantos os pedidos

Tão sinceros, tão sentidos

Que ela dominou seu asco

Nessa noite lancinante

Entregou-se a tal amante

Como quem dá-se ao carrasco

Ele fez tanta sujeira

Lambuzou-se a noite inteira

Até ficar saciado

E nem bem amanhecia

Partiu numa nuvem fria

Com seu zepelim prateado

Num suspiro aliviado

Ela se virou de lado

E tentou até sorrir


Mas logo raiou o dia

E a cidade em cantoria

Não deixou ela dormir

Joga pedra na Geni

Joga bosta na Geni

Ela é feita pra apanhar

Ela é boa de cuspir

Ela dá pra qualquer um

Maldita Geni



Quem me dera ao menos uma vez

Explicar o que ninguém consegue entender

Que o que aconteceu ainda está por vir

E o futuro não é mais como era antigamente


Quem me dera ao menos uma vez

Provar que quem tem mais do que precisa ter

Quase sempre se convence que não tem o bastante

Fala demais por não ter nada a dizer


Quem me dera ao menos uma vez

Que o mais simples fosse visto como o mais importante

Mas nos deram espelhos

E vimos um mundo doente


Quem me dera ao menos uma vez

Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três

E esse mesmo Deus foi morto por vocês

E sua maldade então, deixaram Deus tão triste


Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda

Assim pude trazer você de volta pra mim

Quando descobri que é sempre só você

Que me entende do início ao fim


E é só você que tem a

Cura pro meu vício de insistir

Nessa saudade que eu sinto

De tudo que eu ainda não vi


Quem me dera ao menos uma vez

Acreditar por um instante em tudo que existe

Acreditar que o mundo é perfeito

E que todas as pessoas são felizes


Quem me dera ao menos uma vez

Fazer com que o mundo saiba que seu nome

Está em tudo e mesmo assim

Ninguém lhe diz ao menos obrigado


Quem me dera ao menos uma vez

Como a mais bela tribo

Dos mais belos índios

Não ser atacado por ser inocente



Não existe amor em SP

Um labirinto místico

Onde os grafites gritam

Não dá pra descrever

Numa linda frase

De um postal tão doce

Cuidado com doce

São Paulo é um buquê

Buquês são flores mortas

é um lindo arranjo

Arranjo lindo feito pra você

Não existe amor em SP


Os bares estão cheios de almas tão vazias

A ganância vibra, a vaidade excita

Devolva minha vida e morra

Afogada em seu próprio mar de fel

Aqui ninguém vai pro céu


Não precisa morrer pra ver Deus

Não precisa sofrer pra saber o que é melhor pra você

Encontro duas nuvens

Em cada escombro, em cada esquina

Me dê um gole de vida

Não precisa morrer pra ver Deus

Não precisa morrer pra ver Deus



Nas noites de frio é melhor nem nascer

Nas de calor, se escolhe, é matar ou morrer

E assim nos tornamos brasileiros

Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro

Transformam um país inteiro num puteiro

Pois assim se ganha mais dinheiro


A tua piscina 'tá cheia de ratos

Tuas ideias não correspondem aos fatos

O tempo não para

Eu vejo o futuro repetir o passado

Eu vejo um museu de grandes novidades

O tempo não para

Não para não, não para



                 Como beber dessa bebida amarga?

Tragar a dor, engolir a labuta?

Mesmo calada a boca, resta o peito

Silêncio na cidade não se escuta

De que me vale ser filho da santa?

Melhor seria ser filho da outra

Outra realidade menos morta

Tanta mentira, tanta força bruta


Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue


Como é difícil acordar calado

Se na calada da noite eu me dano

Quero lançar um grito desumano

Que é uma maneira de ser escutado

Esse silêncio todo me atordoa

Atordoado eu permaneço atento

Na arquibancada pra a qualquer momento

Ver emergir o monstro da lagoa


Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue


De muito gorda a porca já não anda

De muito usada a faca já não corta

Como é difícil, pai, abrir a porta

Essa palavra presa na garganta

Esse pileque homérico no mundo

De que adianta ter boa vontade?

Mesmo calado o peito, resta a cuca

Dos bêbados do centro da cidade


Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue


Talvez o mundo não seja pequeno

Nem seja a vida um fato consumado

Quero inventar o meu próprio pecado

Quero morrer do meu próprio veneno

Quero perder de vez tua cabeça

Minha cabeça perder teu juízo

Quero cheirar fumaça de óleo diesel

Me embriagar até que alguém me esqueça



Memória de um tempo onde lutar

Por seu direito

É um defeito que mata

São tantas lutas inglórias


São histórias que a história

Qualquer dia contará

De obscuros personagens

As passagens, as coragens


São sementes espalhadas nesse chão

De Juvenais e de Raimundos

Tantos Júlios de Santana

Dessa crença num enorme coração


Dos humilhados e ofendidos

Explorados e oprimidos

Que tentaram encontrar a solução

São cruzes sem nomes, sem corpos, sem datas


Memória de um tempo onde lutar por seu direito

É um defeito que mata

E tantos são os homens por debaixo das manchetes

São braços esquecidos que fizeram os heróis


São forças, são suores que levantam as vedetes

Do teatro de revistas, que é o país de todos nós

São vozes que negaram liberdade concedida

Pois ela é bem mais sangue


Ela é bem mais vida

São vidas que alimentam nosso fogo da esperança

O grito da batalha

Quem espera, nunca alcança


Ê ê, quando o Sol nascer

É que eu quero ver quem se lembrará

Ê ê, quando amanhecer

É que eu quero ver quem recordará


Ê eu, não posso esquecer

Essa legião que se entregou por um novo dia

Ê eu quero é cantar essa mão tão calejada

Que nos deu tanta alegria

E vamos à luta





Bantos, indonésios, árabes

Integram-se a cultura Malgaxe

Raça varonil alastrando-se pelo Brasil


Sankara Vatolay faz deslumbrar toda a nação

Merinas, povos, tradição

E os mazimbas foram vencidos pela invenção


Iê êê

Sakalavas oná ê

Iá áá

Sakalavas oná á

Iê êê

Sakalavas oná ê

Iá áá

Sakalavas oná á

Madagascar

Ilha, ilha do amor

Madagascar

Ilha, ilha do amor

Madagascar

Ilha, ilha do amor

Madagascar

Ilha, ilha do amor


E viva Pelô, Pelourinho

Patrimônio da humanidade

É Pelourinho, Pelourinho

Palco da vida e das negras verdades


Protestos, manifestações

Faz Olodum contra o Aphartheid

Juntamente com Madagáscar

Evocando igualdade, liberdade a reinar



Posso sair daqui para me organizar

Posso sair daqui para desorganizar

Posso sair daqui para me organizar

Posso sair daqui para desorganizar


Da lama ao caos, do caos à lama

Um homem roubado nunca se engana

Da lama ao caos, do caos à lama

Um homem roubado nunca se engana


O sol queimou, queimou a lama do rio

Eu ví um chié andando devagar

E um aratu pra lá e pra cá

E um caranguejo andando pro sul

Saiu do mangue, virou gabiru


Ô Josué, eu nunca vi tamanha desgraça

Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça


Peguei um balaio, fui na feira roubar tomate e cebola

Ia passando uma véia, pegou a minha cenoura

"Aí minha véia, deixa a cenoura aqui

Com a barriga vazia não consigo dormir"

E com o bucho mais cheio comecei a pensar

Que eu me organizando posso desorganizar

Que eu desorganizando posso me organizar

Que eu me organizando posso desorganizar



O que é, o que é?


Clara e salgada

Cabe em um olho e pesa uma tonelada

Tem sabor de mar

Pode ser discreta

Inquilina da dor

Morada predileta

Na calada ela vem

Refém da vingança

Irmã do desespero

Rival da esperança

Pode ser causada por vermes e mundanas

E o espinho da flor


Cruel que você ama

Amante do drama

Vem pra minha cama

Por querer, sem me perguntar me fez sofrer

E eu que me julguei forte

E eu que me senti

Serei um fraco quando outras delas vir

Se o barato é louco e o processo é lento

No momento

Deixa eu caminhar contra o vento


Do que adianta eu ser durão e o coração ser vulnerável?

O vento não, ele é suave, mas é frio e implacável

(É quente) Borrou a letra triste do poeta

(Só) Correu no rosto pardo do profeta

Verme, sai da reta

A lágrima de um homem vai cair

Esse é o seu B.O. pra eternidade

Diz que homem não chora

Tá bom, falou

Não vai pra grupo irmão, aí

Jesus chorou!



Força e pudor

Liberdade ao povo do Pelô

Mãe que é mãe no parto sente dor, mas mesmo assim

E lá vou eu


Declara a nação

Pelourinho contra a prostituição

Faz protesto, manifestação

E lá vou eu


COVID se expandiu

E o terror já domina o Brasil

Faz denúncia Olodum Pelourinho

E lá vou eu


Brasil liderança

Força e elite da poluição

Em destaque o terror, Cubatão

E lá vou eu


Io io io io io

La la la la la la la

Io io io io io

La la la la la la la

E lá vou eu


Brasil nordestópia

Na Bahia existe etiópia

Pro nordeste o país vira as costas

E lá vou eu


Nós somos capazes

Pelourinho a verdade nos trás

Monumento caboclo da paz

E lá vou eu


Io io io io io

La la la la la la la

Io io io io io

La la la la la la la

E lá vou eu


Desmound tutu

Contra o apartheid lá na África do Sul

Vem saudando o Nelson Mandela

O Olodum


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