A escolha e formação dos diretores de escola são pilares da gestão estratégica e participativa das escolas. Infelizmente a tutela de Governos sobre as escolas gera centralização e aparelhamento político como temos hoje nas escolas públicas do Governo do Ceará, ao invés de autonomia e busca de seus próprios objetivos em relações dinâmicas entre a comunidade e a escola; entre esses objetivos não somente o desempenho escolar.
Diante dos três objetivos tratados pela pesquisa na rede municipal de escolas de Juiz de Fora gostaríamos de apresentar alguns pontos complementares em relação à política de seleção, formação, apoio e acompanhamento dos gestores escolares na rede; (ii) as possíveis deficiências em termos de formação, apoio e acompanhamento do gestor escolar na referida rede, frente ao dia a dia da gestão e aos desafios impostos às escolas pelas avaliações em larga escala; e por último sobre as alternativas para ampliar a formação dos gestores na rede, com foco no desenvolvimento de competências para o planejamento, e a gestão estratégica e participativa.
Entre gerenciar a pobreza e escolarizar diante de condições desiguais da educação brasileira, entre escolas da mesma rede, ou entre as comunidades na mesma cidade, observamos como estes fatores reduzem o papel estratégico e participativo da gestão e avaliação, e suas funções de co-responsabilidade, corrigir rumos e melhorar desempenho. Interferem o personalismo, gestão abstrata longe da concretude do fatos, e o isolamento do Diretor que são ao mesmo tempo fatores culturais e burocracias que carregam em si tragédias educacionais na vida de milhões de alunos, e ausência de mudanças, mesmo em médio e longo prazo em suas vidas e comunidades.
A escola deve ser algo mais que escolarização, mas nem isso alcançamos, nem mesmo boas médias em disciplinas essenciais para formação do aluno. E assim vamos reduzindo o foco da gestão em problemas imediatos sem mediar, gerir e liderar as capacidades e potenciais que os professores , alunos, rede de escolas, e comunidades podem ter numa gestão estratégica e participativa em melhorar esses resultados de forma dinâmica e sistêmica.
Porém qual a seleção de Diretor com esse perfil de maestro , uma formação adequada e respectivos apoios necessários para lidar com essas questões de forma sistêmica e complexa, sem reduzir a um ponto ou outro ? Os respectivos PPP e o PDE são músicas complexas que para serem tocadas pela comunidade escolar no dia a dia da escola, e no médio e longo prazo, necessitam de instrumentos e equipes adequadas para lidar com a pobreza, desempenho escolar, autonomia e interações com as comunidades.
As competências mais duradouras para esses processos são a visão sistêmica e as capacidades de transformá-la em estratégia e planejamento; incluindo o monitoramento e avaliação das atividades desenvolvidas em rede pela comunidade escolar. Incluindo os caminhos pelos quais democratizam o acesso às informações, assim como o apoio e a descentralização de ações, que juntos impactam pontos críticos e aproveitam oportunidades que as escolas têm para gerar suas mudanças, principalmente culturais de médio e longo prazo. Gestando o denominado pensamento catedral.
Na hora da seleção observamos um desafio que é como avaliar valores, autonomia e capacidade de gestão através de um processo de escolha democrático, assim como outros processos de escolha coletiva presentes em nossa Democracia, colocam muitas vezes os limites dessa escolha para o bem estar coletivo e melhores resultados da escola em várias dimensões .
Por essas razões os sistemas de apoio e avaliação são fundamentais para preencher essas lacunas e melhorar os processos e formação das pessoas ao mesmo tempo. O nome disso é estratégia, fruto de uma visão sistêmica sobre os limites de nossas capacidades pessoais e organizacionais que podem ser superadas em redes.
Entre essas capacidades precisamos melhorar a condução das questões pedagógicas e gestão de conflitos, a capacidade de unir teorias e práticas no cotidiano escolar, criando processos que tragam a gestão estratégica e participativa para o dia a dia, entre outros. Sermos mais horizontais exige uma mudança de paradigma nas relações entre a Escola, Secretaria de Educação e comunidades, pois os problemas e desafios da gestão emergem nesses pontos e têm causas e efeitos em rede, exigindo ações articuladas entre eles.
Entre o PPP e ações como respostas aos acontecimentos diários como falta de professores, observamos a energia da escola não ser usada em questões estratégicas essenciais que exigem o pensar, ou seja apagam incêndios que já duram décadas colocando mais fogo. Necessitamos de novas práticas de gestão nas escolas e na administração central da rede, capazes de criar uma gestão ágil, dinâmica e comunicativa para empreendermos o plano de ação. A importância da formação e da qualificação dos gestores educacionais, reafirmam a necessidade de uma capacitação mais abrangente e compatível com as demandas dos diretores escolares. Como conclui o texto “A capacitação dos gestores deveria pautar-se no desenvolvimento de competências inerentes à função, e assim propiciar visão sistêmica; pensamento estratégico; e a devida utilização do planejamento como ferramenta de gestão.
A singularidade da história de vida, aprendizagem e autonomia de cada aluno, o contexto socioeconômico dos alunos, o uso da tecnologia, e espaços educacionais não escolares são outros elementos essenciais na gestão estratégica da escola, porém serão abordados em outros textos.
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