Claro que causas e lutas nas trajetórias de vidas dos gestores públicos representam a vocação e são os fatores principais na seleção de bons gestores públicos. Na minha visão durante anos empreendendo e lutando por políticas públicas são tão importantes quanto técnicas e gestão. O compromisso pelas vidas são observados com muita frequência em projetos sociais do terceiro setor e comunidades, e muitas vezes geram mais impacto que as políticas públicas; isso proporcionalmente e apesar de grandes orçamentos e gestores públicos concursados e qualificados.
Outra palavra chave além de causas na seleção de gestores públicos é o impacto gerado, a gestão é um meio e não um fim para transformar vidas e cidades. O que compreendemos sobre transformar vidas e comunidades? A qualidade do gestor e da política pública depende dos impactos positivos e negativos que geram mas principalmente da capacidade de integrar e não fragmentar políticas públicas; assim como da escuta da voz do cidadão.
Esse é outro paradigma de como gerar uma nova geração de políticas públicas e gestores que tenham pensamento complexo, transdisciplinar e sistêmico, atuando em rede com outros setores da sociedade, indo além da burocracia, mas sobretudo não ficando refém de políticos, e da noção de poder que muitas vezes é usado contra o cidadão, em resumo sem ética, estética e justiça social. O paradigma atual baseado em gestão de tecnocratas, tecnologia, e privatização do estado público revelam a podridão dos poderes incompetentes em seus impactos.
Por isso que muitos gestores públicos querem esquecer dos privilégios herdados e dados de presente, sem seleção, assumem cargos e gerem orçamentos, mas eles estão a serviço de partidos, oligarquias e elites que estão preocupados com votos, corrupção e mais privilégios. Esses privilégios alimentam ciclos de desigualdades, pobreza, violências; facilitam e geram corrupção, compra de votos, e desperdício de dinheiro público em políticas ditas públicas sem impacto para inglês ver. A escravidão continua a mesma !
Pensar a mudança cultural a médio e longo prazo do paradigma de políticas públicas e de seleção de gestores públicos nos faz enxergar a profundeza do iceberg da nossa democracia.
Hoje máfias privatizaram o estado público e mantêm feudos eleitorais com compra de votos com dinheiro que é fruto da corrupção durante décadas. Oligarquias, partidos e elites dividem o Estado entre famílias, incluindo cargos, orçamentos, e feudos geográficos; onde as políticas públicas se tornam privadas sobre o controle das famílias. Nas eleições se discute os graves problemas sociais, desigualdades, violências e miséria e o Governo ganha a eleição para transformar essa realidade e a vida das pessoas. Porem ao assumir o governo os velhos interesses das oligarquias, partidos e elites se mantêm intactos há décadas, sem mudança e ruptura real com essas estruturas que produzem as desigualdades, pobreza e violências para enriquecer alguns com incentivos fiscais, corrupção, cargos, orçamentos públicos e privilégios. Dessa forma inviabiliza a Democracia com a ditadura das oligarquias e corrupção, pouco importa o impacto, a qualidade e a seleção dos gestores públicos. O critério é a violência e a mentira, e quem roubar e mentir mais ganha a eleição.
Mudar ou permanecer os mesmos titulares da Secretaria da Fazenda, Governador ou outro cargo tanto faz! Afinal não muda os incentivos fiscais, a distribuição de cargos, orçamentos e feudos entre famílias.
Gestores públicos samambaias decoram salas e ficam reféns de Máfias, atuam no teatro político sem poder, sem leis e sem investigar corrupção, pois seus chefes controlam vários poderes. A nível federal essa lógica perversa levou ao impeachment de Dilma e o centrão poderia ter derrubado o Bolsonaro a qualquer momento se não tivesse dado o que eles pediram. As ameaças, a corrupção e as violências políticas são o óleo do sistema “democrático” brasileiro. É assim no Ceará e em vários Estados do Nordeste que são os novos coronéis das Oligarquias de sempre, donos do poder de uma República inacabada. Eles não são punidos por corrupção há décadas, e com esse dinheiro inviabilizam a Democracia, pois não importa se as políticas públicas não tem impacto afinal os gestores vão ser os filhos, netos, bisnetos das mesmas famílias.
Se você acha que votar no Lula pode mudar muita coisa? Não esqueça que essa estrutura permanece intacta, políticos como Lula podem ter sido usados para eleger fantoches desse esquema que está sobre o controle das oligarquias, partidos e elites que enriquecem com incentivos fiscais e corrupção. Gestores públicos muitas vezes não mandam em nada, nem os Secretários, apenas tristes e mortas samambaias enfeitando os corredores da máfia sem Democracia. Outros se aproveitam dos incentivos fiscais, enquanto a maioria das empresas pagam os incentivos com seus impostos. Empresários juntos com políticos inviabilizam a Economia no feudalismo da nobreza sem capitalismo sem Revolução Francesa, Americana ou Russa.
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