Muito se fala no mundo sobre a importância de educar a criança de 0 a 6 anos mas se ampliar um pouco até os 10 anos ou seja a quinta série? Da educação infantil, direitos e condições sócio econômicas de seus pais e da comunidade onde vive dessa criança pode surgir de verdade um novo Brasil! Essas crianças vão se encontrar agora com uma nova geração de professores que passaram no concurso para Professor pedagogo da Rede de Educação infantil da PMF que vem das mesmas condições sócio econômicas que os alunos e que passaram pelo menos 4 anos estudando na Faculdade de Educação da UFC, incluindo os estágios, neste período de Pandemia onde crianças, Escolas e Universidades foram impactadas de diversas formas.
Essas são as primeiras impressões que estamos tendo pós pandemia desses reencontros onde as tecnologias avançaram sobre a sala de aula e as vidas das pessoas, as desigualdades, o crime entra na escola, e os efeitos das mudanças climáticas atingem o ensino fundamental. Nossas observações, participação e intervenções refletem esse momento histórico em condições singulares de cada escola. Não é possível tratar a rede de escolas com um padrão único, assim como as crianças e os professores. Não podemos lhe negar mais do que a história lhe negou. Sim temos que ver como a falta de equidade incluindo as questões da pobreza, raça, gênero tem impactado as vidas dessas crianças e de suas famílias e comunidades.
Não podemos ter uma abordagem conteudista e avaliação via testes como se fossem suficientes para lidar com essa diversidade e apenas a imaginação e a criatividade são suficientes para lidar com questões estruturais. Torna-se urgente a Pedagogia Histórica crítica cumprir sua missão de gerar solidariedade e justiça na escola dialogando sobre questões éticas estéticas que são silenciadas pelo gerencialismo e desumanização da escola. A capacidade crítica, autonomia, e amorosidade são ingredientes freireanos necessários ao despertar das consciências em forma de atenção, memória, percepção e linguagem aprendidas pelo corpo e pela capacidade de compreender a realidade sócio econômica que vivemos.
Sim, as crianças conhecem a geografia da fome e da miséria em suas casas, conhecem o abandono de seus pais e as violências nas comunidades em que vivem. Não podemos criar mundos paralelos negando a compreensão da vida de nossos alunos, temos que nos desafiar como professores a ir além da BNCC e dos sistemas de avaliação.
Foi o início dessa jornada que percorri no estágio observando não só o conteúdo e as práticas dos professores com seus alunos, mas suas vidas, atitudes, e sofrimentos. Buscar saber onde vivem, quem são seus pais que muitas vezes os tiveram quando tinham 14 e 15 anos. Participei de vários espaços na escola incluindo a cozinha, o pátio e a biblioteca. Buscando gerar intervenções que dialogassem além dos conteúdos, mas que lidassem com afetos e outras práticas pedagógicas capazes de dialogar com seus cotidianos e contextos ou seja as atividades principais que realizamos carregam missões educadoras ao mesmo tempo para nós, os alunos e a comunidade escolar. Onde compartilhamos uma ética que visa construir outra sociedade que não continue a escravizar e excluir de diversas formas as pessoas e sim realizar outra economia que torne possível a plena realização do potencial humano das cem linguagens que cada criança carrega em seu ser e vida. De um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria.
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