SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

domingo, 24 de setembro de 2023

INTEGRAR PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO: ( L + MC X EI ) Lógica L e método científico MC X Experiência E e Imaginação I = Conhecimento com ética e estética.


 

O que significa experiência hoje no mundo das redes sociais, tik tok, cada um no seu quadrado e bolha no mundo dos espetáculo e algoritmos ? Como pensar a Universidade e a Escola para além da sala de aula no mundo da busca pelo Google e IA ?



Antes as pessoas se orientavam por narrativas e provérbios que conferiam sentido e unidade às suas ações. No advento da ciência moderna a experiência perde força. A experiência passa a ser regulada pela ciência, a vida como laboratório em busca de certezas. Experiência regulada, medida, controlada pelo próprio sujeito do conhecimento em sua lógica e método científico. A incerteza, a impureza, a ambiguidade, frutos de experiências fora dos laboratórios, extrapolam conceitos e potencializam a imaginação que são negadas pela modernidade e capitalismo. Walter Benjamin propõe a experiência não a partir da dicotomia entre sujeito e objeto ou do caminho reto Kantiano da razão, mas segundo a articulação do conhecimento a totalidade concreta do conhecimento. É hora de dar voz aos vencidos e fazer emergir as urgências do presente de acordo com a dimensão ética e estética da condição histórica e social da existência. Encontrar outros devires alternativos de como pode ter sido a história ou como podemos ser anjos da história e mudá-la agora. A consciência passa a se relacionar com as coisas pela mediação de outras narrativas, mais do que pelo pensamento conceitual de modo a criar perspectivas éticas e estéticas para a vida e o conhecimento. A experiência educativa adquire novos contornos e dimensões criando sentidos que florescem do pensar, dizer, agir, imaginar.. 



Os avanço da técnica, a reprodutibilidade da arte, o mimetismo tecnológico, o consumo, a separação da natureza, a rendição a falsa promessa do progresso, e outros formas de comando sobre o próprio homem lhe custaram a autonomia, as interações sociais, a solidariedade e os afetos vividos em comunidades. Hoje somos estimulados a atender violentamente os estímulos do tempo presente, toda nossa atenção e energia são consumidos pelo vazio da sociedade dos espetáculos. Esse regime de nossas pequenas urgências que trava a capacidade de conferir sentido ao que nos acontece. Como conferir sentido e valor ao que nos acontece? 


 

Vivemos no meio de ruínas, ausências, perdas, mortes que foram esquecidas ou negadas pelo progresso triunfante! Necessitamos resgatar os fracassos, as derrotas, as desgraças sobre as quais se sustentam a ideia do progresso histórico e dominação capitalista. Entre a interrupção do presente e das ruínas que dele emergem encontramos as experiências capazes de ser pesquisadas e ensinadas e porque não imaginadas? Isso requer uma rememoração do passado em função da transformação do presente indo além dos conceitos e da história. De nossa capacidade de construir imagens, alegorias, refletindo sobre o presente. A liberdade do conceitual por um pensamento de imagens. A CONSciência de nossa condição no presente, o contemporâneo em sua nudez.


 

A Escola e a Universidade estão hoje distantes do mundo e do presente, onde o espírito lúdico, livre e democrático do aluno foi substituído pela ideia de obrigação e deveres. O controle do tempo do aprendizado e obrigações inadiáveis e individualizadas. A Escola e a Universidade não podem formar sem dialogar com os alunos sobre estas questões que afetam seus presentes e futuros, negando suas existências. O saber fazer e a ciência não podem negar outras dimensões pedagógicas e educacionais que escapam ao domínio do saber científico. Onde estão as dúvidas, o indeterminado, a subjetividade, o complexo, o sistêmico não fragmentado e linear, a incerteza, a experimentação? Pensar a tensão entre o oficial e o não oficial? Os desafios presentes em nossa sociedade? 



Temos que dizer ao progresso e à ciência que não somos seres humanos perfeitos, que causamos muitos sofrimentos e destruição com o uso da ciência e da tecnologia. É hora de estender outros amanhãs. Não podemos repetir as barbáries, a educação porta uma dimensão ética e demanda uma reflexão sobre a memória do passado. A Educação nos ensina a sonhar sonhos coletivos para além das particularidades do indivíduo. Como acessar essas sobras que transbordam ao conceito e ao ensino e impõe sérios limites à própria linguagem que insiste em dizê-los ? É preciso aprimorar nossos sentidos para apalpar e provar antes de refletir. A liberar o que foi reprimido pelo progresso e a história, dar voz ao sofrimento e à imaginação. Conhecer não significa dominar!  A indignação ética perante o sofrimento ganha expressão na estética e na experiência. Novos sentidos para o que acontece no presente. 



Muitas coisas na história não podem ser nomeadas nem conceitualizadas, que compõem o resto e as sobras do progresso e da ciência visualizadas em imagens. O inacessível ao pensar traz as marcas da indeterminação e da incerteza. É necessário reinventar as narrativas em educação, quebrar a rigidez e as paredes que separam ensino, pesquisa e extensão. Aprender palavras que cabem a lógica, método científico, experiência, imaginação, aprendendo a somá-las e multiplicá-las para diminuir a matemática da dor e do sofrimento que destrói vidas. Essa aprendizagem está grávida de uma atitude ética e estética, de repensar a Escola e a Universidade, de romper com as forças reguladoras que fazem dela um lugar triste e porco afeito à reinvenção para torná-la VIVA E DEMOCRÁTICA.   




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