SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

AS QUESTÕES DA PROVA DO ENEM E A CRITICIDADE ENTRE ESCOLARIZAÇÃO E EDUCAÇÃO.



 

A maioria das questões do Enem exige uma compreensão crítica, incluindo da linguagem do mundo em que muitos não vivem, nem têm acesso a ele devido a pobreza e violências. A verdade é que muitas das respostas das questões do ENEM se encontram em processos de letramento educacionais que se dão na vida, no mundo ou na paz de sua mesa em casa fazendo outras coisas que não se reduz ao que a escola exige. Mas infelizmente desde a infância muito da curiosidade, autonomia, e rebeldia é massacrada e negada em processos de escolarização que negam a educação e o despertar das cem linguagens das crianças e seus modos de expressão. Muitas vezes para manter o silêncio e a disciplina em sala de aula, quando um tipo de aula é ministrada, para quem conseguir acompanhar, não importa quantos estão aprendendo e as diferentes formas de aprender entre eles. Não importa que o problema da violência e indisciplina tem a ver com outros fatores cognitivos, sociais e às vezes biológicos que a Educação necessita urgente lidar como fizeram os principais sistema de ensino no mundo, integrando política educacional, social, saúde, e outras.  




Mas muitas vezes as escolas são usadas para alimentar as neuroses de capitães do mato que se saciam com "tarefismos" e métricas inúteis que servem para esconder a verdade e os limites de um modelo escolar conteudista. É importante lembrar que os melhores sistemas de ensino devem ser medidos pelas piores escolas em que estão os alunos com maiores dificuldades, violências e desigualdades. Numa fábrica quando um modelo de carro dá problema tentam identificar o lote e a causa. Parece incrível mas é verdade que com seres humanos no que se chama de escolas fazem o mesmo! O que foi algum problema no algoritmo escolar naquela nota ? Tem que ser muito malvado ou ignorante para querer transformar a educação por esses caminhos. Afinal para isso deve simplesmente dizer que a maioria das piores escolas e notas não deu certo ainda; porque ainda não encontraram a fórmula mágica ou seus manuais oficiais de educação tentam negar pensadores que construíram juntos em seus países a História da educação. Que tal estudar Dewey, Wallon, Vygotsky, Morin? Mas eles insistem em colocar na marra fake news de fundações empresariais ou políticos que transformaram educação em bom negócio para alguns. 



A relação com o tempo é fundamental na educação, ainda não somos feitos de chips, além do exterior da escola e do interior da casa, tem muitos lugares físicos e virtuais que passamos e não adianta fechar os olhos, podemos ser críticos e criativos a eles ou nos deixar adestrar para a novidade ou prova da hora. O amor ao saber é que nos torna humanos e ele é anti-cartesiano. Situações da vida são ambivalentes e complexas e não podemos enxergar apenas o superficial ou querer calcular até porque com o computador e a inteligência artificial esse não é mais o problema. Não se reduz as respostas mas as perguntas que fazemos, que depende de como lemos o mundo e o nosso ser, de como imaginamos o inimaginável diante de tantas guerras, mudanças climáticas, pobreza e criminalidade cometidos por poderosos e ricos impunes no mundo sem lei para eles. Como é o caso das Lojas Americanas no Brasil, a nossa Enron, de donos de escolas privadas que querem impor um modelo na escola pública pela força das violências como fizeram durante o Governo Temer sem escutar professores, alunos e famílias.


Na arte de viver o mundo presente despertado pela educação, o saber se alimenta da ética e da estética do pensamento em ação com crítica e criatividade. A criança deve experimentar o mundo pela escola, sem submeter as métricas da ciência de hoje nem do mercado. Ainda estamos presos nas certezas sem física quântica, em um mundo irreversível que chamamos cíclicos de apocalipses, retorno ao Paraíso ou viagens a Paris como consumo de shoppins. A razão é cega para si mesma e nunca vamos livrar-nos do medo mesmo que alguns se tornam senhores de escravos de suas vidas. A escolarização é uma prisão com suas grades, disciplinas, e capitães do mato. A escola da falsa utilidade e meritocracia não nos torna pessoas melhores para o mundo ainda não aprendemos isso ? Não tira a maioria da pobreza cercada pelo crime há décadas, e nega um espaço verdadeiro livre para criação sem nota, para vontade e poesia da infância. Necessitamos lidar com nossa capacidade crítica para os diversos choques de realidade que o mundo nos desafia todos os dias e refletir sobre eles, não esconder ou negar enquanto nos preparamos para a próxima prova de um sistema de avaliação qualquer que não avalia o mundo que eles criaram com seu dinheiro e poderes. Esvaziamos as crianças e jovens de sua própria vida. Ensinamos várias máscaras e fugas em processos escolares que negam a solidariedade, o amor e a justiça em nome de uma competitividade idiota e irracional. A nossa memória não é de computador, ela carrega experiências que não cabem no currículo e mudam a história, vida e as escolas apesar de vocês, os amanhãs já são outros dias. Afirmar a pobreza dessas tristes realidades escolares para construir outros mundos e educação ricas em vida e alegres pelo aprender com seu corpo e alma que não transforma nossas mentes em zumbis. Mesmo diante da destruição, podemos reconstruir outras escolas vivas e democráticas.   



Como diria Nietzsche " e se um certo dia às 12 horas eu não tiver nada de verdadeiramente pensado a dizer? " Como infelizmente muitos jovens hoje estão deformados por nossas escolas e Universidades. Gerações negam a elas o coletivo a fim de se tornar refém de seus egos. Como Freud escreveu a consciência nasce onde acaba o traço repetitivo, infelizmente repetir é a moda dos tik tok e redes sociais. Vivemos tempos sem memória, sem sentido que nos priva de experiências educacionais, que os agora aprisionados no presente possam ser libertados. Escolas ou Jogos Vorazes? Alguns macacos querem destruir a sabedoria da educação que humaniza? Ou alguns imperadores não eleitos usando cargos e dinheiro público? 



          

 


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