SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

A DIVERSIDADE DA ARTE DO POVO BRASILEIRO! DÁ VIDA A ESCOLA E O CURRÍCULO!

 


Ficamos fascinados vendo o povo africano dançar, esquecemos que somos um dos países que mais recebeu descendentes de africanos no mundo. Os prendemos, escravizamos e matamos no Brasil vidas negras não importam.  



As raizes do Jazz assim como do samba contada pelos historiadores vem da saudade do passado, sofrimento e alegria do nosso povo negro com muito orgulho. Eles inauguram novas estéticas, sons, danças, diálogos profundos com a natureza que celebram a diversidade de nosso povo mas essa arte e estas historias estão distantes de nossas escolas e currículos.


Negamos nossa cultura para celebrar e ser colonizados por outras.



Chamamos de Escolas e Universidades as grades curriculares que aprisionam a liberdade de nosso povo e outras formas de pensar e viver, necessitamos nos descolonizar principalmente através da arte que transforma nossas razões, sentimentos, atitudes e imaginações .



A Amazônia brasileira sobreviveu em nossa terra graças a cultura do povo indígena, devemos a eles a conservação das florestas, devemos a eles a celebração da natureza com sua arte através das danças, pinturas, artesanato, histórias e outros. Essa arte que não requer tecnologia, nem grande escolas artísticas, mas apenas a clareza de que ela faz parte de nossa vida, cultura e DNA.  



Sim a cultura européia faz parte de nossa história mas nem ela é toda ocidental, são culturas e artes híbridas que se misturam devido a migrações e guerras. Nela celebramos a música, teatro, cinema, pintura, literatura e outras que foram se tornando brasileiras com as misturas com as culturas africanas, indígenas, asiáticas, americanas e claro latino americanas. Latino americanos que juntos vivemos um realismo fantástico em nossas vidas e infelizmente em nossa política e economia. Aqui é o país do possível e do impossível, do futuro e do presente, onde a fome, miséria, brutais violências e desigualdades se transformam em samba, carnaval e rap como os racionais. Como escreveu Machado de Assis aqui se muda tudo para tudo permanecer no mesmo lugar. O Brasil das ilusões é uma país que não valoriza a sua identidade, cultura, arte e povo. Por isso o ensino da arte é essencial.



O nosso ensino da arte tem que ser diverso assim como nossa cultura brasileira. A imaginação e a criatividade de nossas crianças e jovens dependem do cultivo da arte em suas mentes e corações assim como a capacidade crítica em entender a história de nosso povo e dos povos que imigraram para compor nossa diversidade. O ensino da arte não pode ser reduzido a uma técnica mas uma jornada de despertar e descobertas onde a arte expressa um olhar para vida e para o mundo. 




Aprender a ler, e compreender a arte que vive e sobrevive em nosso cotidiano, educar nosso olhar, palavras e gestos para se abrir e dialogar com outros olhares, palavras e gestos faz parte da prática pedagógica artística. Como disse Goethe e Nietzsche ao viajarem a Itália “ perdi minha subjetividade, mas encontrei o mundo”. Não foi a cultura alemã que produziu os pensamentos desses grandes autores mas o diálogo com outras culturas, artes e formas de ser e viver que ampliaram seus horizontes.



O inesperado, o milagre, a miragem simbólica, novos sentidos, e alegrias educam a razão pela arte . A revolução francesa foi antes cantada em versos, literatura e livros considerados proibidos na época. A socialização da aristocracia e burguesia violenta se deu pela arte. A hegemonia do trabalho em nossa cultura vem perdendo sua centralidade pelo amor a arte, a natureza e a espiritualidade . Essas são razões que buscam que a arte liberte as escolas e currículos do sonho americano para criar e vivermos o sonho brasileiro. 



A arte não pode ser pensada como uma história intelectual e teoria política muito menos transformada em ciência como querem alguns cursos de graduação formadores de artistas ? Ironia de um tempo que massacra a cultura e querem domesticá-la e racionalizá-la para dominar sua explosão natural e humana. 



Hoje todos nós vivemos nossa dimensão artística e nem a escola nem o currículo consegue mais isolar ou dominar a arte. Uma sociedade em rede que se move e busca interiorizar sentidos através de narrativas que circulam nas redes sociais, em nossa capacidade de produzir vídeos para propagar nossa arte, realizamos eventos em busca de socializar nossas vidas em nossas tribos, portanto há tempos e como sempre a arte sobrevive sem as escolas e currículos mas que bem elas fariam cumprindo suas missões de educar, transformar vidas e não aprisionar e negar suas existências, cotidiano e culturas. 



Por isso que resolvi criar um instrumento artístico usando tecnologia no celular para as pessoas expressarem seu ser de diversas formas, se tornando personagens de sua própria história, tornando a vida o próprio currículo e o mundo uma sala de aula para que as pessoas vivam existências belas. Esse foi o meu TCC e projeto de formação em Cinema pela UFC.



segunda-feira, 26 de outubro de 2020

ARTE COMO ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO, DEMOCRACIA E ECONOMIA por Egidio Guerra.



Arte liberta o corpo, os olhos, a voz… A nossa trajetória com a arte é a história escrita e filmada por mim de libertação de nossa vida buscando outros olhares, sons, gestos, movimentos, sonhos, imaginação e perspectivas de novos horizontes, éticas, e estéticas; inaugurando outras formas de educar, de aprofundar a democracia e libertar a economia com outras formas de ser, viver e governar. 



Arte nos deixa dúvida ou certeza de sermos loucos porque ela não se encaixa em uma disciplina, ela não é apenas uma expressão humana mas é a própria vida . Os livros que li e escrevi , os filmes que assisti e filmei, o teatro, a música, a dança….me formaram mais que a Escola e a Universidade. Eu não posso escolher apenas algumas artes e negar minha trajetória ou melhor as formas que escolhi viver a educação, o social , a democracia e a economia com arte. 



Meu primeiro artigo foi sobre os cabelos longos de Che que gostaria de ter, uma mudança no corpo que a arte me possibilita imaginar e realizar. O segundo é sobre a fuga da Sininho da Terra do nunca, afinal cada um de nós carregamos a infância de Peter Pan e o amor a Sininho em nossos corações. O terceiro sobre uma oração de um jovem matemático dinamarques que soluciona a equação quíntica que nenhum grande matemático conseguiu até aquela época. A Deus ele ora com arte pedindo “ pai nosso que estais no céu me dá pão e cerveja “ . Assim podemos um a um reunir os 10 mandamentos da arte, escrevi um roteiro do meu blog O ROTEIRO DA JORNADA DO BLOG : De um pequeno grão de terra à Terra da Sabedoria e um mapa para que possamos navegar e fazer essa jornada com outros habitantes de uma Terra da Sabedoria. Aonde podemos compreender os bastidores, o palco e a platéia que me levaram a ganhar um prêmio em Bilbao na Espanha, outro no Chile, Bósnia e na ONU em Nova York. A Arte também foi o caminho para uma peça teatral que escrevi e dirigi no Crato para ONU. " " A ONU Sr. Raimundo! " Escrevi e escrevo os vários ciclos e acontecimentos que marcam minha trajetória de vida usando o blog como instrumento educacional, democrático e econômico incluindo artigos que falam da trajetória de artistas como Dostoievski  Pesquisar Dostoiévski! O saber, a complexidade, e a autonomia da vida e da arte nem científica nem tecnológica. e como sua arte e de outros mudaram a educação, política e economia em sua época ou muito tempo depois como hoje com as cores de Van Gogh pintamos o mundo.



Esses artigos são frutos de atitudes e escolhas que realizei na vida , de projetos que empreendi, livros que li e filmes que assisti.  O Prêmio Nobel de Literatura Islandês e seu livro  “ Gente independente “ me ensinou a me libertar e lutar pelos Miseráveis de Victor Hugo e de Charles Dickens visando realizar juntos nossas “ Grandes esperanças “ Porém não perdi meu coração latino e minha alma romântica graças a Gabriel Garcia Marques vivendo o " o amor em tempos de guerra”, nem a brasilidade achando a “ Pedra do Reino” de Ariano Suassuna. "Meninas sem qualidade" contrapõe a " Insustentável leveza do ser" com esses romances de formação em minha psique que luta por um mundo melhor pelas palavras que sentimos com atitudes. Sim a Terra da Sabedoria é minha Terra média inspirada pelo Senhor dos Anéis de Tolkien assim como minha imaginação vive o fantástico iluminada por Philip K Dick. Nesses quase dois mil livros lidos um dos que mais brilha meus olhos é do escritor Jack London com a autobiografia romanceada dele “ Martin Eden “ de um trabalhador que se torna um  escritor e exerce um papel político determinante em sua época não se reduzindo ao capitalismo nem o socialismo, buscando novas formas de pensar a democracia, economia e novas formas de ser e viver. Escrevi nessa jornada quatro livros o primeiro para compreender a mim e o mundo que vivemos “ Quando amar é proibido “ seguido pelo reencontro com o amor em “Sociedade da Paixão” sempre “ Em busca de uma Terra da Sabedoria” visando “ Novas formas de ser, viver e governar.” 



A minha vida como de todos é como um filme como “Grandes esperanças” e de um eterno amor e respeito às mulheres em “ 8 e 1/2 “ e “Nine “. A arte me leva a misturar o imaginário e o real como no “ O mundo imaginário de Dr. Parnauss” para transformar a educação como em “ Sociedade dos Poetas Mortos” e a vida e democracia machista como em “ Billy Eliot” . O filmes me ensinaram a lutar como “ Spartacus”  e “ Gladiador “, e ser herói quando o bem se mistura com o mal em “Batman: O Cavalheiro da Trevas “. Filmes históricos como “ Rainha Margot “ são minha paixão para mudar a história  precisamos  compreender como chegamos até aqui. Livros que viraram filmes como “ Perfume “ que refletem a sociedade que vivemos E como “ Taxi Driver” nos ensina o poder dos homens comuns e da arte.  Por fim biografias filmadas como a de Mozart, Frida, Pina Bausch e El sistema nos ensina como a arte é a própria vida .



Depois de ver mais de 2 mil filmes resolvi filmar ou editar imagens em homenagem ao Maio de 68 atualizando para os dias de hoje com “ 68 High Tech” . Fiz vídeos sobre os estudantes chilenos e sua luta por educação e Occupy nos EUA. Roteiros de vários filmes como sobre o Destino de várias pessoas de profissões  e países diferentes que vivem na praia de Canoa Quebrada visando compreender sua jornada de vida assim como escrevi “ Insensíveis “ sobre como os olhares e modos de viver são tão violentos e produtores de violência quanto aqueles que intitulamos de criminosos. A arte humaniza as pessoas. Outros filmes sobre projetos artísticos e sociais como MH2O, IEP, EDISCA que durante os últimos 25 anos ajudo a empreender apresentam a solução para muitos desafios da sociedade que vivemos. 



O Teatro impactou minha vida de diversas formas porque a quarta parede de Brecht dialoga diretamente com a vida e a sociedade que vivemos nos deixando lições profundas em como podemos ser personagens de nossa própria historia, subindo ao palco nossas dores e sonhos. " As cangaceiras" fazem uma leitura de um sertão liderado pelas mulheres assim como o grupo teatral A barca de corações partidos homenageia toda obra de Ariano Suassuna num musical. Todo homem será rei é uma releitura do Rei Arthur na busca de construir uma Sociedade alternativa como a Terra da Sabedoria. Os momentos mais felizes de minha vida foi assistindo na Broadway o Fantasma da Ópera, Chaplin, Miseráveis e Peter Pan como podemos ver quer seja nos livros, filmes e no teatro com musicais essas obras são minhas referências de vida. Porém também puder contribuir com o Teatro da Fundação Casa Grande de Alemberg no Cariri e o Teatro de rua do Boal. 



A música conversa diariamente com minha mente e coração iluminando palavras e imagens nos filmes e no teatro da vida . As diversas formas de arte viram uma teia orgânica e singular cantada por Queen ao vivo dizendo “ Eu quero me libertar”, por Gorillaz que nos pede para viver nossa alma, Michael Jackson que nos convida a olhar o homem no espelho e mudar sua forma de pensar, Negro dama e o grito dos Racionais, levanta e anda com Emicida, e todas as musicas do Legião urbana são refrões de minha vida, luta e alma. Aprendi a dançar no escuro com Bruce Springsteen, a sangrar com Gonzaguinha, ser romântico como Eros Ramazzotti e o hino de mina vida se chama Liberta de Al Bano and Romina Power do filme Modigliani, sim o Pintor que amo sua obra.  



Essa jornada pela Democracia , educação e economia pelos caminhos da arte me fez aprender bastante nos Museus de Arte em Nova York nas cores atuais refletidas nas obras de Vicent Van Gogh , incluindo o museu sobre ele na Holanda, assim como o Surrealismo de Dali em Madrid, as andanças de Sherlock Holmes em Londres, e a Revolução Francesa no Louvre em Paris e a paixão pela vida de Modigliani mas sem esquecer as páginas de internet que me alimentam todo os dias com a guerrilha art libertar nossos olhares e imaginação.



Sim por fim gritei, cantei, e dancei em shows do Legião, Green Day , U2 e vários shows de rock no Lollapalooza. Cada obra de arte é um ingrediente vivo em minha vida impactando minhas atitudes, valores , ideias, visão de mundo, projetos que criei, sonhos , causas e lutas políticas. Convivi e me formei em Cinema no ICA misturando aulas de cinema com teatro, dança e música. Em todas as artes enxergo seus impactos na Educação, Democracia e Economia como fez a leitura da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt mas gostaria de ressaltar aspectos positivos da arte muito além do entretenimento . A música Domingo sangrento domingo do U2 nos conscientiza sobre a liberdade religiosa, assim como filmes, livros e teatros nos educam e nos incentivam a lutar apesar de serem grandes indústrias culturais com amplo poder econômico em sociedades onde o espetáculo e as imagens dominam tudo.  Agora vivemos uma sociedade da internet cada vez mais dominada por games, outra grande paixão artística mas esse é outro texto. Sim nós transformamos um Game numa bússola para vida nos conectando a oportunidades no mundo real transformando vidas.   





sexta-feira, 23 de outubro de 2020

ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO. Semeando novas formas de pensar, ser, viver e governar.

 


No mundo da interdisciplinaridade e complexidade cada vez mais a educação é convidada a dançar com outras ciências e buscar desenvolver outras dimensões humanas pouco exploradas. A educação durante muito tempo deu muita relevância as relações sociais e políticas extremamente essenciais para pensar a educação porém reduzida a elas se torna míope e dogmática. 

O pensar desde os pré-socráticos e Sócrates foi se expandindo do diálogo a incorporação da fé na idade média como prática pedagógica que depois se mistura com a razão. No Iluminismo vemos a razão se libertar para junto com a Reforma Protestante e Revolução Francesa dar vida a industrialização e modernidade que
vivemos ainda hoje. Neste percurso a razão se soma o estudo da percepção, a teoria crítica de Frankfurt, a imaginação, neurociência e outros processos de aprendizagem que ampliam nossa compreensão do que hoje chamamos educação mas alguns preferem chamar de Ciências da Cognição.



Nessa jornada educacional a Psicanálise como Galileu descobre que nós não somos o centro do Universo, o inconsciente destrona a razão, e a Antropologia destrona a cultura ocidental do seu lugar de verdade única. Os ensinamentos de outras culturas nos desafia a recolocar o lugar da educação, economia e política em nossa sociedade, passamos a enxergar outras formas de ser, viver e governar. Vem o maio de 1968 onde explode ao mesmo tempo o surgimento de novas tecnologias que vão dar vida a internet e a cibernética, e uma ética ambiental, espiritual e política que visa nos lembrar que a tecnologia, a natureza, e espiritualidade vão fazer parte do debate da educação de forma cada vez mais incisiva e ampla . Se abre novos horizontes e desafios para educação ser pensada e transformada por múltiplos olhares e perspectivas. Entre eles o estudo do cérebro e a neurociência obrigam a repensar muitas de nossas teorias educacionais que sobreviveram sem pesquisas em campo nem provas.



Hoje assim como a Biologia, a Antropologia além do olhar histórico que sempre pautou o debate, o futuro entra no debate da educação diante dos desafios da pandemia, mudanças climáticas, inovações tecnológicas que visam alterar a natureza e o homem com a biotecnologia, robótica, e inteligência artificial. A Antropologia inaugura nos EUA um campo do saber para redesenhar futuros e impacta definitivamente os rumos da Educação.



Agora não é apenas mais as vozes dos diversos e brutalmente desiguais seres humanos que importa, incluindo os refugiados, mas as vozes e Big datas dos computadores e das redes sociais, soma- se os gritos da natureza em desastres ambientais com as vozes e as formas de aprender dos animais . Resultando num novo Iluminismo não mais centrado na razão e no ser humano. Desperta assim o casamento entre Antropologia e Educação como um novo paradigma que inaugura uma nova era geológica, o Antropoceno com seus desafios e a necessidade de uma imaginação e consciência universal. Não existe separação entre a teia da vida, econômica, educacional, tecnológica, ambiental e espiritual na verdade elas formam uma teia do saber sobre a evolução desse e de outros Universos em eterna expansão e destruição criadora ampliando nossos limites, horizontes e capacidades de pensar e nos educar.



Vivemos uma era que mais importante que conceitos, representações e conclusões precisamos saber unir saberes de forma complexa, compreender o outro e o diferente, pesquisar rastros e caminhos que trouxeram a humanidade até aqui, aprender com os sinais da natureza e dos animais de como eles podem nos ensinar sobre nossa condição terrestre.



Lembramos que a aranha e a formiga tem distintas formas de vida assim como os polvos e seus cérebros nossos ancestrais na teia da evolução que nos trazem importantes lições sobre partes que compõem nossos corpos como a ligação entre a visão, o tato e o pensar no que hoje chamamos mente corpo. Recentemente uma pesquisa provou que a trajetória dos passarinhos nos EUA é mais precisa que em prever furacões do que enormes Big Datas. A tecnologia está provando cada dia mais seus limites provocando e acelerando desastres, em mostrar a insuficiência dos Big datas e inteligência artificial em solucionar problemas humanos até mesmo na produção de novos remédios tem sido reduzida as novas descobertas.  



Necessitamos aprender as diferenças e complementaridade entre a vida individual e coletiva dos animais e nossa no desenho da teia da vida. Se somos um super organismo ou nos guiamos por instintos, como a teia composta por material orgânico como as bactérias e minerais impactam nosso destino, como nos comunicamos e interagimos em malhas feitas pela natureza que se transformaram em cidades que hoje nos mostram seus limites, o ecossistema da vida, a dança entre o pensar e o fazer em nossa culturas, entre simetrias e dicotomias, movimentos e percepções, necessitamos aprender com a Antropologia essas e outras questões que impactam a educação e as formas como nos movimentamos na Terra com profundas perturbações no ambiente geradas por nossa formas de pensar e viver.  




Cada vez mais seguindo os passos dos Antropólogos Bruno Latour e Tim Ingold aprendemos a nos tornar um ator rede mais preocupados em descrever trajetórias do que apenas representar ou argumentar. Lembrar que objetos são feitos de múltiplas camadas ligadas as teias se tivemos capacidade educacional de enxerga-las, ir além de nossos pontos de vista ou pontos de qualquer lugar para enxergar o movimento que não se reduz aos limites de uma disciplina ou território que pre classificamos, unir a beleza com a objetividade de forma empírica, compreender que cada ator e pesquisador possui seus quadros de referência, teorias, contextos, metafísica e ontologias e temos que dialogar com os diferentes.


Encontrar singularidades que não se reduzem a padrões, informações que se transformam pelo movimento da vida, entender a vida e a aprendizagem como laboratório de testes, experimentos e simulações, aprender a expandir, relacionar, comparar e organizar as diferente formas de conhecer que são impactadas por leis, realidades e perturbações, e que cada um de nós pode fazer a diferença nesse mundo agindo com sabedoria. Esses são alguns frutos que pude colher da plantação que a Antropologia e Educação estão semeando novas formas de pensar, ser e viver.    


quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A indústria educacional fortalece o domínio da barbárie e das violências.



Hoje a violência se tornou cultura através dos programas policiais na TV, filmes, games e sua respectivas consequências nos comportamentos econômicos, políticos e sociais. A política também usa a violência como estratégia de medo e ataque às populações excluídas de seus direitos, incluindo o acesso a uma educação de qualidade capaz de desenvolver capacidades críticas e ter autonomia para construírem sua cidadania. A maioria de nossa população vive em estados de exclusão social provocados pelos governos, milícias e crime organizado onde impera barbáries e diversas violências que hoje fazem parte de nossa cultura destruindo vidas, comunidades, cidades e sociedades como o Rio, México, ou várias periferias e cidades brasileiras.    


Porém a melhor a forma de lidar com esses absurdos e ignorâncias é fortalecer nossa educação e suas capacidades críticas e criativas como defende Adorno da Escola de Frankfurt.   


Se para Adorno da Escola de Frankfurt há mais de 70 anos a cultura tinha se transformado em entretenimento, ou seja uma forma de dominar a percepção e a estética para o consumo. Neutralizando assim o desenvolvimento da consciência crítica e as forças das classes trabalhadores em se libertar das algemas da pobreza e brutais desigualdades. Imagina hoje quando a cultura dissemina a estética da violência fortalecendo a guerra entre os pobres, empoderando personagens das milícias e crime organizado, as práticas da extrema direita, a disseminação de fake news, racismos, violências contra a mulher e os indígenas, destruição da natureza e outros, dessa forma caminhamos a passos largos para várias formas de barbáries.  A escola tem mínimas condições de reagir a isso como frisou Adorno.



No pensamento de Adorno a Educação pode ter a função de impedir a barbárie mas sobre qual educação ele está falando ? com certeza não se trata da educação dominada por novas tecnologias, nem por formatos que transformaram as escolas em meios para passar no vestibular, muito menos por Universidades que vendem diplomas ou formam repetidores de palavras sem as capacidades críticas e criativas, consideradas de nível superior visando transformar suas vidas e as sociedade que vivemos. Resultando assim numa Indústria Educacional incapaz de educar e fazer frente aos desafios do mundo que vivemos. Na educação para Adorno precisamos falar de amor. 



Adorno e a Escola de Frankfurt nos desafia com sua Teoria crítica a pensar as relações sociais e como elas impactam sobre o funcionamento das escolas e seus objetivos de escolarização moldando comportamentos, práticas escolares, e currículos. Da mesma forma que a cultura se transformou numa Indústria cultural para Adorno, a educação está se transformando em Indústria educacional, o que tem fortalecido ainda mais o domínio da barbárie e de diversas violências em nossa sociedade sem amor, justiça e verdade.  



Adorno busca libertar as pessoas com uma Educação para Autonomia com ações comprometidas com todos segmentos sociais incluindo é claro a voz das mulheres, negros, índios e pobres visando o desenvolvimento da consciência critica sobre a cultura e praticas libertadoras inclusivas onde possam fortalecer as várias culturas que existem, não reduzidas as formas de entretenimento.


O patrimônio educacional e cultural da humanidade pertence a todos e não é uma mercadoria exclusiva de uma classe, ele é elemento essencial para formação de identidades solidárias e comprometidas com a justiça social. Assim como os membros da Escola de Frankfurt exerceram suas pesquisas e papéis determinantes em nossa história como nos conta esse livro que tive a oportunidade de ler e compreender suas trajetórias de vidas como educadores, militantes e intelectuais.


Adorno contribui com uma visão hermenêutica sobre a Educação que foi apropriada pela pedagogia crítica na Alemanha.  É importante frisar que a pesquisa social empírica, a não neutralidade da ciência, o compromisso político do pesquisador para alterar a ordem social, e a tolerância intelectual são elementos essenciais para apresentar a função da educação como antídoto a barbárie e a violência com as quais Adorno e outros membros da Escola Frankfurt conviveram durante as atrocidades da segunda guerra mundial de onde seus pensamentos emergiram.



Adorno como estudioso da Psicanálise talvez pudesse afirmar hoje como em sua época que convivemos com pessoas neuróticas que disseminam ilusões ideológicas de esquerda ou direita, defensores de Stalin ou Hitler. Essas pessoas são frutos de censuras e ameaças difundidas pelas redes sociais que vão perdendo a capacidade crítica, sem capacidade de reflexão é alienado, age como o compulsivo, faz o que se estabeleceu que deva fazer, assume sem reflexão ter que fazer como os outros para ser como os outros. 



Assim como a Escola de Frankfurt era interdisciplinar misturando a ciência, a economia, a política e a arte devemos pensar a educação e o currículo de forma interdisciplinar, com um olhar sistêmico e crítico para sociedade que vivemos, complexo, fortalecendo nossas capacidades e autonomia para transformar o mundo que vivemos. 


A abertura para a pluralidade de contribuições teóricas e também ideológicas é vital para contribuição de Adorno na Educação, não reduzindo aos neuróticos de esquerda e direita mencionados acima, visando ao mesmo tempo libertar a educação da indústria cultural, educacional e econômica e suas diversas relações de poder e violências. 


Na época de Adorno se vivia uma profunda crise econômica, social e diria ambiental como hoje onde os modelos, métodos e ideologias apresentados eram insuficientes para compreender os desafios de sua época, e ao invés de se buscar ampliar as capacidades críticas e criativas explodiram guerras, violências e dogmas.


Adorno busca romper com as teorias tradicionais, gerar uma nova concepção no entendimento da relação teoria e prática, fundar uma ciência contextualizada, não neutra, engajada na transformação do mundo. A Teoria Crítica visava apreender a sociedade e suas instituições na totalidade da vida social concreta, buscando desvendar as relações dos acontecimentos sociais na dialética das relações sociais historicamente determinadas. 

 

Seguindo essa jornada poderemos compreender as diversas raízes e caminhos pelos quais são produzidas as diversas violências e barbáries com uma educação, pedagogias e currículos sem capacidade crítica de se libertar e compreender os papéis e os poderes que exercem as indústrias econômica, cultural e educacional em nossa sociedade para que possamos criar novas formas de ser, viver e nos governar . 



Assim, na Teoria Crítica, não existe lugar para uma crítica sem conseqüências, 

“quem é capaz de exercer a crítica deve, também, ser capaz de dizer como pode ser feito de melhor forma” (Schweppenhaeuser, 2003: 18). Criticar significa ser capaz de destacar as diferenças e ser capaz de decidir com fundamento. A lógica dessa dialética do esclarecimento, conforme Adorno e Horkheimer, é uma lógica da dialética da negação, da recusa determinada de ser conformado com o estabelecido: “a finalidade última da dialética negativa é alcançar o melhor, a saber, buscar o que pode ser positivo, consiste na negação do que é estabelecido e na busca positiva de fazer de outro modo” (Schweppenhaeuser, 2003: 19). Nessa concepção, esclarecimento (crítica esclarecedora/crítica com o engajamento da razão), como projeto epistemológico, tem o sentido de permitir a libertação dos homens da sua incapacidade de perceber o que é real, “é libertá-lo da culpa auto-infligida, conseqüência de sua falta de consciência social, de ter que ser responsável individualmente pela sua própria conformação a um destino social de injustiça e de sofrimentos” (Schweppenhaeuser, 2003: 22). Essa dimensão esclarece porque, para A teoria crítica da educação de Adorno e sua apropriação para análise das questões atuais sobre currículo e práticas escolar, a crítica é a essência da democracia e não as ilusões ideológicas disseminadas por neuróticos . 



Esclarece, também, o projeto de construção de uma crítica da ideologia da sociedade industrial, na qual as idéias de emancipação de todas as formas de dominação, de autonomia e cidadania plena estão interligadas, porque essas três dimensões formam a chave para explicar porque os homens, sob a aparência de vida social livre, continuam legitimando as formas tradicionais de dominação (Horkheimer e Adorno, 2003). Essa dimensão esclarece porque a Teoria Crítica é uma teoria engajada na mudança social. 



“A Teoria Crítica almeja a mudança da sociedade como um todo. O seu critério normativo para alcançar a mudança pretendida é a eliminação de tudo aquilo que está deformando o homem, de tudo aquilo que oprime o incapacita para se opor à injustiça. Nesse sentido, a crítica da sociedade é uma crítica auto-reflexiva, crítica que tem que se basear no conhecimento real da realidade criticada, pois, para Adorno, a primeira empreitada da crítica é confrontar a realidade com as normas que a estruturam porque é da compreensão desta relação que se pode apreender a verdade sobre a realidade. É preciso deslindar como essas normas atuam sobre os sujeitos. Assim, a sociedade poderá ser avaliada na medida em que permitir desvendar como as relações sociais estabelecidas não possibilitam para os homens uma vida social digna e correta, e como pode ser de outra forma”.(Schweppenhaeuser, 2003: 24) 


Portanto, a Teoria Crítica almeja o esclarecimento do Homem sobre a sua condição de agente histórico de produção de suas condições de vida e das relações sociais às quais está submetido, a fim de criar as condições capazes de mobilizá-lo para uma ação transformadora. Para Adorno e Horkheimer, esse empreendimento não é um mero projeto da razão, mas, sim, uma tarefa com a finalidade de diagnosticar a realidade social, negar o estabelecido pela sua iniqüidade, e criar uma conseqüente práxis social capaz de intervir na sua mudança (Horkheimer e Adorno, 2003). 



Entre Utopias e distopias , entre industrias culturais e educacionais que atuam como Big Brothers, o melhor caminho é libertar pela educação nossas capacidades criticas e criativas para superar as barbáries e violências que vivemos. 

terça-feira, 20 de outubro de 2020

A MAIOR LIÇÃO QUE APRENDI NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO.

 


Uma palavra serve para despertar novos horizontes, assim como a história pode ser contada de diversas formas e por múltiplos caminhos podemos conhecer a teia do qual somos frutos da colheita da aprendizagem de outros. Por outro ângulo entender como fomos formados ou deformados é tão importante, o olhar crítico sobre a história da educação, assim como  compreender como pensamos, aprendemos ou como criticamos ou criamos nosso próprio discurso. A nossa trajetória de vida se une com a história da educação e as raízes como ela foi moldada em estruturas e processos pedagógicos.


Muitos pensam que a educação é tudo mas esquecem que a história, a política, os poderes, os pensadores e personagens de uma época buscam moldar a educação para alimentar um sistema que eles dominam. Talvez essa seja a principal história da educação que temos que apreender como ela foi se libertando dos sistemas e das épocas onde surgiram para emergir outras épocas, outros desafios, outras histórias e libertar o potencial de cada ser humano para construir suas vidas com mais autonomia, dignidade e amor.  


Infelizmente muitos querem apenas que a gente decore e repita palavras sem libertar das correntes muitas vezes camufladas por conceitos, autores e metodologias que foram significativas em suas épocas mas que hoje exigem nossa capacidade de atualizar os conhecimentos para os seres e desafios de nossa época.  Essas correntes querem nos punir antes de pensar e assim formamos decoradores ao invés de educadores. 


É importante lembrar que pensar é também imaginar, sonhar e viver. As trajetórias de vidas dos melhores educadores da humanidade refletem muito mais sua caminhada pela floresta da vida como fez Rousseau,o biólogo Jean Piaget e seu amor pela natureza, a paixão pelo Cinema e a resistência francesa durante a segunda guerra mundial de Edgar Morin , ou a luta por justiça do advogado Paulo Freire. Todos foram profanos em suas épocas para iluminar nossa vida e Educação hoje. 


Assim como ao estudarmos o que acontecia com a Educação antes de existirem Escolas ou Universidades nos jardins da Grécia, no Egito ou nas sinagogas hebraicas onde se aprendeu a ler e escrever a Bíblia que educou muitos, da mesma forma como a educação foi sendo moldada pela idade média, renascimento e o mundo moderno. Porém mesmo nestas épocas muitos pensadores escaparam e lutaram contra as correntes e poderes de sua época para gerar outros caminhos de libertação. Sócrates bebeu cicuta, Giordano Bruno  foi queimado, Spinoza expulso do Judaísmo, Walter Benjamin se suicidou antes que os nazistas os matassem, Paulo Freire difamado por bolso minions, e outros pagaram ou pagam ainda hoje um preço com suas vidas pela ideia simples de que cada ser humano tem um poder maior de se educar muito além do que as instituições e métodos oficiais de ensino e avaliação querem impor.


Talvez seja esse o desafio de nossa época nos libertar das novas correntes da tecnologia, quebrar as paredes da sala de aula e ofertar às crianças e juventude vivências que amplie suas trajetórias de vidas como fizeram os melhores educadores,  porque tão importante quanto aprender a história da educação é ter coragem e capacidade de continuar a escrevê-la como educador. Essa é a maior lição que o Professor Ary nos convidou a caminhar com ele em sua jornada pela história da educação , um olhar livre e desperto para dialogar questões atuais e desafios de nossa época, nos fez misturar esses ingredientes para criticar, imaginar e criar novos caminhos que também foram dialogados com a participação de todos. Ele foi Maestro e Mestre dessa sinfonia onde cada um pode expressar sua voz, instrumentos e ideias para que juntos pudéssemos aprender e ensinar a história da educação , refletindo com ele o impacto sobre nosso processo de formação como educadores. Não podia ser diferente a última nota dessa sinfonia quando ele nos convida a expressar nosso pensamento, nosso aprendizado nesta jornada, a fazer sua parte para nos libertar das correntes que negam nossas vozes, existências e plantar assim as sementes em nosso corpo, mente e corações de que a educação deve caminhar lado a lado com o despertar e a realização de nosso potencial crítico e criativo como seres humanos para lutarmos juntos contra os poderes de nossa época que destroem e castram bilhões de vida e destroem nossa casa a Terra.


Nosso desafio não é passar na disciplina e sim seguir os bons passos e colher as sementes de educadores como o Professor Ari  nos deixam, em virtude desse legado com sabedoria podemos plantar e gerar novas colheitas por outros caminhos, métodos e histórias em mais corações e mentes ousando novas formas de ser, viver e nos governar.