SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

A IGNORÂNCIA E A POBREZA DO CAPITAL HUMANO! OS NOVOS MISERÁVEIS!



"Se a miséria dos pobres não é causada pelas leis da natureza, mas pelas instituições, é grande o nosso pecado." Essa é uma frase de Charles Darwin. Me pergunto se é possível domar o touro, as armas tecnológicas e engenharia genética com o poder do bem, belo e do justo com uma educação sistêmica do capital humano?




Olá, eu gostaria de conversar com os dois lados do seu cérebro. Um racional e outro emocional. Um que pensa a curto prazo e outro longo. Um que pensa só em você e outro na sociedade e na Terra. Sim eu sei que você não é bipolar, nem esquizofrênico, mas nosso mundo e vidas se tornaram. Um que pensa a economia e outro as consequências sociais e ambientais que toda humanidade e o planeta paga com a vida. Eu sei que você está acostumado a transformar a economia num jogo, e que você tem grande capital humano, acostumado a ler em hipertexto e planilhas várias coisas ao mesmo tempo . Que tal falar de economia e ética ao mesmo tempo sem se enganar a si e aos outros ?



A teoria do capital humano de Schultz, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, foi realizada à luz de suas interpretações do pós-guerra. Segundo ele educação é um investimento individual e coletivo. Schultz coloca a educação no debate econômico porque ela tem uma compensação instantânea ou futura. Investimento em educação gera produtividade, lucro, inovação e pesquisas. Portanto, a educação de um sujeito faz com que ele tenha um valor de mercado, assim como Bourdieu coloca o valor do diploma, estratificação social e poder simbólico. A educação vira insumo, incluindo suas relações familiares e redes. Afinal qual o valor de sua vida ? Quanto dinheiro vai produzir ? e as consequências de seu capital humano quem paga ? Essa teoria foi feita também sem calcular a escravidão, guerras, pandemia, tragédias naturais e outras. 



Aristoteles falava que para cada ser deve haver um bem de acordo com a sua natureza e sua essência ( ou capital humano ? ), quanto mais complexo é o ser, mais complexo será o seu bem (ou bens). Será que podemos calcular quanto vale o capital humano do bem e da ignorância por não pensar de forma sistêmica e complexa ? Enquanto Sócrates queria viver honestamente sem cometer nenhuma injustiça, podemos calcular o impacto social dessa atitude ? Se a cidade deveria ser o lugar onde o bem e a justiça andam juntas, ( as empresas e os governos não ? ) o que é bom para o indivíduo deveria ser para sociedade, afinal como o ser humano pode conhecer a si e viver bem ? e como podemos aprender com essas relações múltiplas e diversas entre as pessoas e a busca de seu bem pessoal e coletivo? pela Ética ? essa ciência da moral ? Onde a busca do exercício pleno do ser, de todo potencial de seu capital humano e da cidadania pode se chocar com os outros interesses da política e da economia, será que podemos tornar justas as leis e o mercado ? O agir humano em vários setores da sociedade na busca de bens materiais, simbólicos e políticos é estudado desde a Grécia, mas no Século XXI o debate sobre capital humano tem ampliado nossas ignorâncias do que revelado nossa sabedoria. 



Afinal somos sujeitos livres e tudo que nos foi ensinado vamos usufruir ( incluindo a pandemia, mudanças climáticas, e brutais desigualdades e violências). Afinal ninguém consegue tirar de nós a educação como dizem nossos pais, mas nossos avós morreram na guerra, outros na escravidão, porém para Schultz isso é um mercado. Portanto o ser humano pode ser quantificável , afinal desde Smith quanto mais trabalhadores tiver uma nação, ela vai ser mais rica. Porém agora não estamos mais falando de um trabalhador padrão, essa noção precária, manual, pouco instruída, sindicalizada. Agora temos que falar sobre pessoas que fazem mais em menos tempo, qualidade total com just time, inovam e geram lucro para quem investe. O ser humano, o empregador e o Estado agora vão investir no mercado para ter lucro com capital humano e se possível desde a Escola, Universidade, e treinamento nas empresas, portanto o homem se torna um investimento. 




Quanto capital humano em especial do mercado financeiro tem produzido bens ou impactos sociais ? Quanto capital humano temos desempregados hoje no mundo ? Quantos miseráveis são produzidos pelo capital humano de alguns ? A educação tem se voltado para produzir capital humano, mas para que mundo e sociedade ? As externalidades hoje, seus efeitos e consequências são bem drásticas se comparamos com o que produzimos. Mas eu não quero discutir virtudes e sim conhecimento e capital humano no século XXI.  Necessitamos também discutir o capital humano de nossos governantes que se corrompem e portanto não conseguem produzir o bem que prometeram, nem a justiça em suas próprias casas e economia, corrompendo outras casas e economias pelo mundo. Isso nos leva a Kant sobre autonomia e liberdade de cada ser quando diz : “ age como se a máxima de tua ação se devesse tornar pela tua vontade, em lei universal “  Reescrevo assim de um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria.



A sabedoria e a ética não, mas a escola, os materiais, as redes sociais, os dados pessoais, as relações, tudo isso é um investimento que tem um capital humano. Esse capital lhe dá condições de se vender no mercado em busca de mais rentabilidade, porém é humano porque está ligado a pessoa segundo Schultz. Eu não posso transferir esse capital para outra pessoa e quem deve financiar é quem está lucrando. Portanto isso encaixa no neoliberalismo, faz mais com menos, muda o modo de produção e coloca a educação nisso, mais esquece a ética e os impactos econômicos e sociais. 



De que serve a tua liberdade e capital humano sem autonomia e ética ? Fazer a coisa certa e justa sem gratificações é a verdadeira liberdade que prova que o capital infelizmente não tem tido limite ético, humano, econômico e social. Kant considera que leva gerações para que possamos alcançar o bem e que a educação pode transformar nossa animalidade em humanidade, através da aquisição da consciência ética tornando se autônoma e livre para usar o seu “capital humano” na vida pessoal, social e profissional. Mas para nos realizarmos como profissionais temos que nos realizar como seres humanos. 



O capital humano escolhe fins, seleciona meios, formula juízos e reflete sobre seus impactos econômicos e sociais? Infelizmente não, somos ignorantes sobre isso e miseráveis em nossas escolhas. Isso vai influenciar a sociedade em que vivemos assim como somos influenciados por outras pessoas. Porém onde estão as vacinas éticas que as instituições deveriam aplicar para gerar justiça e o bem e corrigir nossos erros ? nas escolas ? na educação ? Onde o indivíduo vai dançar com o social, uma música ética para qual seu capital humano foi educado na família, escola, cidade e mercado? O refletir ético profissional do capital humano é urgente em nome de nossa felicidade, clientes e sociedade. Não há mercado, ciência, e política sem ética, mesmo que queiramos nos enganar, as consequências e impactos não desaparecem; incluindo nossa ignorância e os miseráveis que produzimos.  A ética profissional começa pelo conhece a ti mesmo, desde a Grécia até o Século XXI, mas o que estão fazendo nossas Escolas e Universidades ?



A educação agora do Estado tem que dar retorno, formando as pessoas para o mercado para que a nação e nossa economia seja competitiva com melhor capital humano do que as nações concorrentes. A educação básica fica com o Estado, mas depois cabe a família e empresa financiar porque vai dar retorno a pessoa, isso vai individualizar as notas, o resultado e sucesso. Isso vai gerar o gerencialismo nas escolas para alcançar essas metas e resultados com os bons alunos, os outros podem ir para o crime visando sobreviver ? Agora o investimento cabe às empresas, o Estado vai dar condições desiguais a todo mundo, e portanto o ensino médio vai encaminhar os melhores alunos para Universidade ou mercado, privilegiando aqueles que têm melhor desempenho, e na Universidade cada um paga seu investimento. Isso vai gerar reformas educacionais à luz do capital humano, gerando mudanças nas Empresas, Estado e Burocracias com a individualização das carreiras e premiações à luz dos melhores. Na esteira se privilegia o ser individual e abandona os resultados e impactos coletivos. Entre agora os discursos do empreendedorismo, auto ajuda, startups e coaching pois tem mais haver com melhorar seu produto ou capital humano do que falhas do mercado. Agora os trabalhadores têm que fazer muito mais e melhor. A ruptura acontece de vez quando o capital humano passa a “ser” o que gera o ter, e abandona de vez a ética , a sociedade e a natureza. Seres bilionários que produzem startups sem os meios de produção, muitas vezes sem trabalhadores assalariados, financiados pelo cassino do mercado financeiro e sem arcar com as consequências de suas tecnologias como a uberizaçãão da vida, da sociedade e do amor. 

 


Afinal pergunto ao meu cérebro, agora um Big data com inteligência artificial,  o capital humano pode tornar o mundo melhor ? O algoritmo responde baseados nos dados das tragédias que produzimos: depende de como educamos e de como nossas empresas e governos agem. Nós estamos destruindo a natureza e gerando desigualdades em nome do mercado, sociedade e ciência. Mentira, nós estamos também destruindo o mercado, os governos e a ciência por outros objetivos ;em nome de alguns em torno de 1%, as custas da humanidade e da Terra.  Mas sim, sem dualismos, é possível preservar a natureza, economia e sociedade se entendermos a importância da tecnologia chamada ética. Tempo não é dinheiro, nem consciência é tecnológica nem científica, nem capital humano é religião muito menos amor. E apesar de nossos discursos terem que mudar as práticas, falar em liberdade, democracia e sustentabilidade ambiental não é possível com as formas que tentamos reduzir seres humanos à capital. Nós conhecemos bem os caminhos que geram a barbárie . Será que podemos caminhar juntos em busca de sabedoria , será que a educação pode nos ensinar ética e superar nossas ignorâncias e miseráveis eis a nossa missão . Uma educação, economia e saúde na Teia da Vida.





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